Se você neste final de 2010 vai saudar alguém mandando cartão, e-mail ou, na última hora, utiliza-se do telefone, preste atenção: caso se dirija àqueles velhos parentes, muitos já aposentados, ou àqueles trabalhadores que suam a camisa o mês inteiro para garantir um salário digno; ou os que na incerteza do serviço informal, vive entre o suor e a ameaça de ver confiscado todo o seu material de trabalho, de uma hora para outra; parentes ou conhecidos nossos que fazem malabarismo para sustentar suas famílias (o comando, muitas vezes, nas mãos de uma mulher); pois bem, nesse caso a saudação correta é aquela mesma, tradicional, cheia de fé, perseverança e muita humildade, exatamente como ensinou, na sua trajetória pela terra, o aniversariante do dia 25:
- FELIZ NATAL! Com muita paciência e resignação para agüentar o tranco da vida, cada vez mais complicada e difícil...
Agora, se você é um privilegiado por conta de favores políticos (recebe sem trabalhar ou tem outros privilégios!), é familiar ou deve favores eleitorais e, quer levar a sua saudação àqueles que parecem ganhar “tão pouco” para o “muito” que trabalham – nossos queridos deputados e senadores! – que resolveram se locupletar da sua função para jogarem seus ganhos para o limite máximo possível, desrespeitando todo e qualquer índice salarial proclamado e defendido pelo próprio governo, vocês, por favor, não desejem Feliz Natal, mas sim:
- BOAS FESTAS! BOA FESTANÇA! BOA FARRA! BOM CARNAVAL! BOM FORRÓ! BOA QUADRILHA! Agora que a animação no Congresso ficou completa com a presença de um palhaço “oficial”, esses pobres coitados que ganham tão pouco, certamente estarão muito felizes com o belo ato praticado, que além de beneficiar a senhora presidente, ministros, os próprios senadores e deputados federais, ainda concorrerão para o polpudo aumento, dentre outros, dos senhores governadores, deputados estaduais, prefeitos e vereadores, além dos enormes stafs de cada um. Pensando bem... como o Brasil nada em dinheiro, o que representa um aumentozinho “tão insignificante como esse?”
Afinal de contas, a festa vai recomeçar mais uma vez, e, para a farra, o baile, o carnaval, a quadrilha, os pobres dos políticos carecem de mais dinheiro nosso, dos contribuintes, nos seus bolsos. Enquanto isso, os inativos vêem suas aposentadorias chegarem a nível “astronômico” e, claro, sem nenhum problema financeiro, gastam os seus milhões se divertindo nas mais alegres e caras estações nacionais ou internacionais.
"Ao fim das crônicas conheça os poemas do autor"
...
quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
sábado, 11 de dezembro de 2010
É NATAL!
Aleluia! Glória a Deus nas alturas e Paz na terra aos homens de boa vontade! É época de confraternização, de alegria; de presentes, de agito comercial e de famílias reunidas; de orações, de encontros, de presépios, de glorificarmos ao Senhor. É sempre assim, todo final de ano. E... se o nascimento de Jesus fosse festejado mais vezes, como fazem com o Carnaval, que é reprisado, com várias denominações, por todo o país... A razão da proposta? Observe o Jornal Nacional. Esse jornal que já foi o noticioso da família, discreto, tranquilo, hoje bem que poderia se chamar “Jornal Criminal”, tal a violência instalada no país, que ele diariamente noticia. E, olha que não estou me referindo apenas aos acontecimentos recentes do Morro do Alemão. Não!
Tornou-se comum assistirmos, diariamente, a crimes de arrepiar que são divulgados nos jornais televisivos, com o maior requinte da tecnologia, e com direito ao “charme” dos apresentadores que trocam olhares enigmáticos no meio de cada notícia dada, como se isso contribuísse para a sua maior autenticidade. “Charmes globais” a parte, o que assusta, realmente, é a constância de crimes bárbaros que vem acontecendo por todo o país. Maus tratos a idosos, como uma mulher de São Paulo, focalizada há poucos dias, que parecia sentir prazer no tratamento que dava a uma irmã mais velha: ela batia, esmurrava, puxava o cabelo da idosa com tamanha crueldade que era de estarrecer! E, o que dizer de uma garotinha de 8 anos sequestrada e abusada por uma irmã de 14 e seu namorado(?), um elemento com mais de 40 anos, pedindo socorro à polícia, de madrugada, com a voz trêmula mas consciente do seu drama?
Está tudo complicado. Parece que a palavra “crime” perdeu o seu significado. O desamor é grande, o culto ao dinheiro (não importa se ganho honestamente!) é assustador; o controle familiar na classe menos favorecida inexiste; e, muito precocemente meninas e meninos são levados para o crime sexual e das drogas, gerando violência familiar. Aberrações com as quais aos poucos nos familiarizamos, por estarem tão presentes nos jornais televisivos, sejam eles especializados no assunto (Datena e cia.) ou nos jornais que já não são mais modelos de sobriedade e de leveza...
Como o Natal é época de doação, de amor, não custa nada sonhar. Sonhar como seria bom se incorporássemos o espírito natalino mais vezes no ano, na busca de um mundo mais fraterno. De menos violência, menos poder do dinheiro que leva ao poder da morte. Um mundo tão sonhado pelos poetas, onde reine mais a alegria, a confraternização, a caridade, fazendo cada vez mais presente a real mensagem do menino que veio ao mundo para nos salvar!
Feliz Natal para todos!
Tornou-se comum assistirmos, diariamente, a crimes de arrepiar que são divulgados nos jornais televisivos, com o maior requinte da tecnologia, e com direito ao “charme” dos apresentadores que trocam olhares enigmáticos no meio de cada notícia dada, como se isso contribuísse para a sua maior autenticidade. “Charmes globais” a parte, o que assusta, realmente, é a constância de crimes bárbaros que vem acontecendo por todo o país. Maus tratos a idosos, como uma mulher de São Paulo, focalizada há poucos dias, que parecia sentir prazer no tratamento que dava a uma irmã mais velha: ela batia, esmurrava, puxava o cabelo da idosa com tamanha crueldade que era de estarrecer! E, o que dizer de uma garotinha de 8 anos sequestrada e abusada por uma irmã de 14 e seu namorado(?), um elemento com mais de 40 anos, pedindo socorro à polícia, de madrugada, com a voz trêmula mas consciente do seu drama?
Está tudo complicado. Parece que a palavra “crime” perdeu o seu significado. O desamor é grande, o culto ao dinheiro (não importa se ganho honestamente!) é assustador; o controle familiar na classe menos favorecida inexiste; e, muito precocemente meninas e meninos são levados para o crime sexual e das drogas, gerando violência familiar. Aberrações com as quais aos poucos nos familiarizamos, por estarem tão presentes nos jornais televisivos, sejam eles especializados no assunto (Datena e cia.) ou nos jornais que já não são mais modelos de sobriedade e de leveza...
Como o Natal é época de doação, de amor, não custa nada sonhar. Sonhar como seria bom se incorporássemos o espírito natalino mais vezes no ano, na busca de um mundo mais fraterno. De menos violência, menos poder do dinheiro que leva ao poder da morte. Um mundo tão sonhado pelos poetas, onde reine mais a alegria, a confraternização, a caridade, fazendo cada vez mais presente a real mensagem do menino que veio ao mundo para nos salvar!
Feliz Natal para todos!
terça-feira, 30 de novembro de 2010
GUERRA DO RIO
Foi, seguramente, o meu record de tempo em frente a uma televisão. Afinal, o país tinha acabado de entrar numa guerra. Não numa Copa do Mundo qualquer, mas numa guerra pra valer, sujeita a confrontos, mortes, atos de heroísmo, enlutamento de famílias. E, o pior: o combate era entre: Brasil x Brasil. Claro que era o Brasil do Bem contra o Brasil do Mal. Neste caso, a torcida só podia ser a favor do Brasil do Bem.
À medida que o tempo passava, torcia bastante para que os traficantes se entregassem, atendendo à legislação universal sobre guerras, saindo segurando os armamentos com os braços levantados sobre a cabeça, para evitar o pior. Imaginava ver, após o ataque final, fileiras ou amontoados de cadáveres vencidos após o derradeiro confronto. A possibilidade de ver brasileiros mortos ou feridos no confronto me assustava. Eu aguardava, atento, todos os acontecimentos. O olho não se desgrudava da tela. A rendição, no entanto, não aconteceu.
No dia seguinte, por volta das 8,00 horas, lembrando grandes filmes de guerra de Hollywood, o tanque da Marinha tomou posição; soldados carregando seus fuzis seguiam “para a morte”. Eram jovens como os meus filhos, e nessa hora o peito fica mais dolorido. Foram momentos de suspense, na busca da vitória sobre o inimigo (o Brasil do Mal). Entretanto, usando de toda a sua esperteza, o exército do tráfico ali instalado, não esperou e fugiu para a mata e para o labirinto da favela que tão bem conhecia, deixando ao comandante do Bem a obrigação de proclamar uma vitória “meio vazia” mas, felizmente, sem derramamento de sangue!
A fortaleza do tráfico que eles julgavam inexpugnável caiu aos pés da força solidária do Brasil do Bem. Mas com a evacuação antecipada da praça de guerra, restou aos homens do bem a tarefa de vasculhar casa a casa da enorme favela, na busca do inimigo, de armamentos e da droga causadora da guerra.
Durante a invasão ao território inimigo, ficou-se conhecendo a grande variedade de armas e de drogas apreendidas. O luxo exibido nas mansões dos chefes do trafico era impressionante. Terrível era o domínio que esses traficantes exerciam sobre seus subordinados, e dolorosa, a decisão de pais que entregaram seus filhos para a polícia, no afã de livrá-los das drogas. Emocionante, o hasteamento das bandeiras do Brasil e do estado do Rio, após a reconquista do território, a brava a atuação das forças armadas e a solidariedade da população. Parabéns! Viva o Brasil do Bem! Viva as forças que derrotaram o Brasil do Mal!
Mas... espere aí! Se houvesse derramamento de sangue, ao fim do combate, só correria sangue brasileiro por terra. Do Bem ou do Mal, era sangue pátrio, nativo, brasileiro. Portanto, muita coisa está errada, concorrendo para essa guerra estúpida entre irmãos. É muito grande o ônus que todos nós brasileiros acabamos pagando. Principalmente os cidadãos honestos das favelas. Muita coisa precisa ser revista para que não presenciemos mais vezes guerras estúpidas como esta! Seria bom que políticos sérios – e não palhaços! – começassem a pensar no Brasil com mais seriedade e patriotismo.
À medida que o tempo passava, torcia bastante para que os traficantes se entregassem, atendendo à legislação universal sobre guerras, saindo segurando os armamentos com os braços levantados sobre a cabeça, para evitar o pior. Imaginava ver, após o ataque final, fileiras ou amontoados de cadáveres vencidos após o derradeiro confronto. A possibilidade de ver brasileiros mortos ou feridos no confronto me assustava. Eu aguardava, atento, todos os acontecimentos. O olho não se desgrudava da tela. A rendição, no entanto, não aconteceu.
No dia seguinte, por volta das 8,00 horas, lembrando grandes filmes de guerra de Hollywood, o tanque da Marinha tomou posição; soldados carregando seus fuzis seguiam “para a morte”. Eram jovens como os meus filhos, e nessa hora o peito fica mais dolorido. Foram momentos de suspense, na busca da vitória sobre o inimigo (o Brasil do Mal). Entretanto, usando de toda a sua esperteza, o exército do tráfico ali instalado, não esperou e fugiu para a mata e para o labirinto da favela que tão bem conhecia, deixando ao comandante do Bem a obrigação de proclamar uma vitória “meio vazia” mas, felizmente, sem derramamento de sangue!
A fortaleza do tráfico que eles julgavam inexpugnável caiu aos pés da força solidária do Brasil do Bem. Mas com a evacuação antecipada da praça de guerra, restou aos homens do bem a tarefa de vasculhar casa a casa da enorme favela, na busca do inimigo, de armamentos e da droga causadora da guerra.
Durante a invasão ao território inimigo, ficou-se conhecendo a grande variedade de armas e de drogas apreendidas. O luxo exibido nas mansões dos chefes do trafico era impressionante. Terrível era o domínio que esses traficantes exerciam sobre seus subordinados, e dolorosa, a decisão de pais que entregaram seus filhos para a polícia, no afã de livrá-los das drogas. Emocionante, o hasteamento das bandeiras do Brasil e do estado do Rio, após a reconquista do território, a brava a atuação das forças armadas e a solidariedade da população. Parabéns! Viva o Brasil do Bem! Viva as forças que derrotaram o Brasil do Mal!
Mas... espere aí! Se houvesse derramamento de sangue, ao fim do combate, só correria sangue brasileiro por terra. Do Bem ou do Mal, era sangue pátrio, nativo, brasileiro. Portanto, muita coisa está errada, concorrendo para essa guerra estúpida entre irmãos. É muito grande o ônus que todos nós brasileiros acabamos pagando. Principalmente os cidadãos honestos das favelas. Muita coisa precisa ser revista para que não presenciemos mais vezes guerras estúpidas como esta! Seria bom que políticos sérios – e não palhaços! – começassem a pensar no Brasil com mais seriedade e patriotismo.
terça-feira, 16 de novembro de 2010
FALTOU WALNIZE NA BIENAL
Minha querida Walnize Carvalho, acredito que compromissos geográficos ou familiares tenham determinado a sua ausência nesta festa fantástica que foi a VI Bienal do Livro de Campos dos Goytacazes. Por isso, tento em breve relato passar para você o que foi o acontecimento que agitou a cidade durante dez dias. Devo informar-lhe que você não foi a única da Pedralva que esteve ausente ao espetáculo. O acadêmico Amir Barbosa, por exemplo, encontra-se na Beneficência Portuguesa onde, em breve, será operado.
Mas, vamos às notícias do evento. A Bienal deste ano foi uma festa! A começar pela criançada que no afã de aproveitar o máximo a novidade, percorria a feira fazendo alvoroço pelos corredores, mais parecendo – na busca por seus primeiros livros! – um chilrear de pássaros na hora matinal do seu alimento, ou à noitinha quando retornam em bandos. Desta vez, a boa localização e a ótima estrutura implantada que cobria as duas praças em frente à catedral, tornaram bem maior a afluência do público à feira. Para você ter uma idéia, no último dia, faltando poucas horas para o encerramento, a lotação era quase total e o público super animado.
Uma atração à parte. A estátua do soldado no centro da praça (homenagem aos pracinhas brasileiros mortos na II Guerra Mundial) normalmente ignorada pelo campista que por ela cruza diariamente na sua luta pelo ganha pão, virou atração. Por ser mais alta que o teto comum da bienal ela ganhou uma espécie de cúpula que a cobria e, conforme a iluminação, reproduzia beleza toda especial.
Você, cronista e poeta como eu, iria adorar o bate-papo desses dois mestres da crônica brasileira moderna: Luiz Fernando Veríssimo e Zuenir Ventura, que num humor refinado divertiram uma arena lotada de pessoas interessadas nas opiniões dos autores de “O analista de Bagé” e de “1968 - o ano que não acabou”. Falaram, dentre outras coisas, da amizade que os une e das suas esposas, com quem estão sempre viajando pelo Brasil.
Devo dizer que por estar dando uma atenção ao stand da Academia Pedralva, não tive oportunidade de assistir a todas as palestras que desejava. No entanto, conhecer “ao vivo e a cores” o pensamento de Cora Ronai, de Rui Castro, de Moacir Scliar e de Ivan Junqueira foi sensacional. Como sensacional foi trocar palavras com essa extraordinária mulher chamada Suzana Vargas, que fez de tudo na Bienal: mediou debates, lançou livro, e acima de tudo foi a curadora desse fantástico evento literário em terras campistas.
Houve falhas? Houve, sim. Num projeto gigantesco como esse seria impossível que uma ou outra não acontecesse: ausência de conferencista; carpetes levantando em determinados locais provocando tombos; sons e gritaria próximos ao Café Literário, tirando um pouco o brilho da palestra, por exemplo... Nada, no entanto, que impedisse que o evento ganhasse o entusiasmo e o aplauso da população. De parabéns, portanto, os seus organizadores
Mas, vamos às notícias do evento. A Bienal deste ano foi uma festa! A começar pela criançada que no afã de aproveitar o máximo a novidade, percorria a feira fazendo alvoroço pelos corredores, mais parecendo – na busca por seus primeiros livros! – um chilrear de pássaros na hora matinal do seu alimento, ou à noitinha quando retornam em bandos. Desta vez, a boa localização e a ótima estrutura implantada que cobria as duas praças em frente à catedral, tornaram bem maior a afluência do público à feira. Para você ter uma idéia, no último dia, faltando poucas horas para o encerramento, a lotação era quase total e o público super animado.
Uma atração à parte. A estátua do soldado no centro da praça (homenagem aos pracinhas brasileiros mortos na II Guerra Mundial) normalmente ignorada pelo campista que por ela cruza diariamente na sua luta pelo ganha pão, virou atração. Por ser mais alta que o teto comum da bienal ela ganhou uma espécie de cúpula que a cobria e, conforme a iluminação, reproduzia beleza toda especial.
Você, cronista e poeta como eu, iria adorar o bate-papo desses dois mestres da crônica brasileira moderna: Luiz Fernando Veríssimo e Zuenir Ventura, que num humor refinado divertiram uma arena lotada de pessoas interessadas nas opiniões dos autores de “O analista de Bagé” e de “1968 - o ano que não acabou”. Falaram, dentre outras coisas, da amizade que os une e das suas esposas, com quem estão sempre viajando pelo Brasil.
Devo dizer que por estar dando uma atenção ao stand da Academia Pedralva, não tive oportunidade de assistir a todas as palestras que desejava. No entanto, conhecer “ao vivo e a cores” o pensamento de Cora Ronai, de Rui Castro, de Moacir Scliar e de Ivan Junqueira foi sensacional. Como sensacional foi trocar palavras com essa extraordinária mulher chamada Suzana Vargas, que fez de tudo na Bienal: mediou debates, lançou livro, e acima de tudo foi a curadora desse fantástico evento literário em terras campistas.
Houve falhas? Houve, sim. Num projeto gigantesco como esse seria impossível que uma ou outra não acontecesse: ausência de conferencista; carpetes levantando em determinados locais provocando tombos; sons e gritaria próximos ao Café Literário, tirando um pouco o brilho da palestra, por exemplo... Nada, no entanto, que impedisse que o evento ganhasse o entusiasmo e o aplauso da população. De parabéns, portanto, os seus organizadores
domingo, 7 de novembro de 2010
RACISMO
Qualquer forma de racismo é nociva ao ser humano. Quem se envolve com essa prática, principalmente utilizando-se desse instrumento aparentemente inocente e tranqüilo que é a Internet, ou quer aparecer, ou não tem idéia do dano que pode causar à sociedade. Estou me referindo, obviamente, à estudante (de Direito!) que apareceu na Internet culpando os nordestinos pelos males feitos a São Paulo e pelo resultado da recente eleição presidencial.
Não vi fotos dessa jovem. Pela idade, se é o caso de querer aparecer, acredito que ela teria outra maneira de fazer sucesso, a exemplo da jovem do micro-vestido cor-de-rosa de universidade paranaense, que foi selecionada para um programa televisivo e já faturou um ensaio sensual, descobrindo, assim, um modo fácil de ganhar a vida...
Se essa moça não tem idéia do que está fazendo, eu posso lhe enviar material fotográfico sobre o extermínio de judeus pelos nazistas, na II Guerra Mundial, para ela sentir o que representa essa loucura do ser humano, essa escalada do ódio contra irmãos. Não sei do grau de influência em que ela está envolvida. Talvez, as cenas dantescas a que me refiro, dependendo do que lhe vai na cabeça, até aumente o ódio pelos nordestinos, a quem ela gostaria de ver afogados, e mude de idéia para a câmara de gás... Acorda, menina!
São Paulo é muito diferente! Uma cidade que acolhe tão bem gente de todos os lugares do Brasil e do mundo de repente também produz figuras estranhas, alienadas (aparentemente, sem família e sem Deus!) querendo aparecer, fazendo o que eles julgam mais fácil: perseguir, nordestinos, negros, gays e outras minorias. Enganam-se profundamente esses grupos, engana-se a mocinha da faculdade de Direito (como agiria uma advogada com uma mentalidade dessas, hein?). Eu aconselho a pessoas ou grupos como esses, a trocarem um pouco de lugar com esses trabalhadores, acostumados desde cedo à dureza da vida. Botar o capacete e irem para as obras; suar o uniforme; buscar um significado para a sua existência. Sentir o gosto do seu salário suado no final do mês. Amar. Constituir família. Pensar em Deus.
Sinceramente, acho que o que está faltando a certas pessoas ou grupos de São Paulo é justamente isso. Desconhecendo o valor do trabalho, por comodismo ou má educação, elas se apegam a idéias radicais, extravagantes, buscando nos mais fracos(?) um motivo para aplacar as suas frustrações...
Não vi fotos dessa jovem. Pela idade, se é o caso de querer aparecer, acredito que ela teria outra maneira de fazer sucesso, a exemplo da jovem do micro-vestido cor-de-rosa de universidade paranaense, que foi selecionada para um programa televisivo e já faturou um ensaio sensual, descobrindo, assim, um modo fácil de ganhar a vida...
Se essa moça não tem idéia do que está fazendo, eu posso lhe enviar material fotográfico sobre o extermínio de judeus pelos nazistas, na II Guerra Mundial, para ela sentir o que representa essa loucura do ser humano, essa escalada do ódio contra irmãos. Não sei do grau de influência em que ela está envolvida. Talvez, as cenas dantescas a que me refiro, dependendo do que lhe vai na cabeça, até aumente o ódio pelos nordestinos, a quem ela gostaria de ver afogados, e mude de idéia para a câmara de gás... Acorda, menina!
São Paulo é muito diferente! Uma cidade que acolhe tão bem gente de todos os lugares do Brasil e do mundo de repente também produz figuras estranhas, alienadas (aparentemente, sem família e sem Deus!) querendo aparecer, fazendo o que eles julgam mais fácil: perseguir, nordestinos, negros, gays e outras minorias. Enganam-se profundamente esses grupos, engana-se a mocinha da faculdade de Direito (como agiria uma advogada com uma mentalidade dessas, hein?). Eu aconselho a pessoas ou grupos como esses, a trocarem um pouco de lugar com esses trabalhadores, acostumados desde cedo à dureza da vida. Botar o capacete e irem para as obras; suar o uniforme; buscar um significado para a sua existência. Sentir o gosto do seu salário suado no final do mês. Amar. Constituir família. Pensar em Deus.
Sinceramente, acho que o que está faltando a certas pessoas ou grupos de São Paulo é justamente isso. Desconhecendo o valor do trabalho, por comodismo ou má educação, elas se apegam a idéias radicais, extravagantes, buscando nos mais fracos(?) um motivo para aplacar as suas frustrações...
sábado, 30 de outubro de 2010
LEMBRANDO O POETA
O poeta Antonio Roberto, que nos deixou há quase dois anos, gostava, de vez quando, no comando do Café Literário, de falar esta trova: “Poeta não é somente/ quem faz verso sobre um tema/ poeta é principalmente/ quem faz da vida um poema”. Uma bela trova filosófica por ele utilizada quando queria se referir a alguém que, embora não sendo poeta, levasse a vida com lirismo.
Confesso que o meu relacionamento com ele, embora lhe devesse alguns favores literários, não era dos mais íntimos. Eu o conhecia do banco em que trabalhamos, sabia da sua fama de poeta, mas, só quando nos aposentamos é que passamos a ter mais contatos. Ele, diretor da Biblioteca Municipal, com muitas idéias na cabeça; eu, viúvo recente, buscando na literatura uma ocupação. No sub-solo do Palácio da Cultura, onde fora improvisada uma sala de aula, freqüentei junto com Walnize Carvalho, Sueli Petrucci e outros amigos amantes das letras um curso sobre Poesia, por ele ministrado.
Pouco tempo depois, ele criaria o seu Café Literário. Cheio de atrações, como era do seu feitio. Emocionante era ver a sua luta para apresentar grandes atrações a cada noite. Num dos nossos primeiros encontros, a poetisa Lysa Castro reservou a sua cadeira cativa naquela atração literária. Tão carismática quanto o poeta, ela apesar da idade avançada, enriqueceu bastante os nossos saraus com os seus versos e a sua cultura. Para mim foi uma dádiva conhecer esses dois.
Eu me lembro de dois fatos curiosos vividos por nós três. Primeiro, um revellion que deveríamos passar degustando vinho e salgadinhos na casa de Lysa, “jogando literatura fora”... O papo ia longe e pensávamos (eu e Lysa) que fosse entrar pela madrugada. Mas, a certa altura, ele foi interrompido pelo poeta dizendo que já ia, pois precisava dar atenção a D. Djanira, sua mãe que, idosa e adoentada, gostava que ele estivesse sempre por perto. E, se foi, privando-nos de uma passagem de ano muito especial... De outra feita, retornando de um encontro literário em Cambuci, já quase meia-noite, seu carro pifou próximo a Campos. A noite era chuvosa. Mas, quem disse que o poeta ficou nervoso? A sua preocupação era uma só: não atrasar muito, por causa da mãe. Felizmente, veio a ajuda e logo chegamos a Campos...
Muitas opiniões a respeito daquele poeta tranqüilo, culto, amigo, franzino na aparência, mas gigante quando entrava na seara da literatura, ainda serão emitidas. E, nada mais justo que ele seja sempre lembrado por tudo que fez pela cultura da região.
Há dois anos, na primeira reunião realizada na Academia Pedralva após a sua morte, o acadêmico Roberto Acruche, em meio a um pronunciamento inflamado, perguntou: qual o poema mais bonito deixado por Antonio Roberto? Diversas opiniões já eram ouvidas pelo salão lotado, quando ele interrompeu:
- Nenhum desses, senhores! Seu maior poema foi a sua Lição de Vida! E, não houve quem não concordasse com ele...
Confesso que o meu relacionamento com ele, embora lhe devesse alguns favores literários, não era dos mais íntimos. Eu o conhecia do banco em que trabalhamos, sabia da sua fama de poeta, mas, só quando nos aposentamos é que passamos a ter mais contatos. Ele, diretor da Biblioteca Municipal, com muitas idéias na cabeça; eu, viúvo recente, buscando na literatura uma ocupação. No sub-solo do Palácio da Cultura, onde fora improvisada uma sala de aula, freqüentei junto com Walnize Carvalho, Sueli Petrucci e outros amigos amantes das letras um curso sobre Poesia, por ele ministrado.
Pouco tempo depois, ele criaria o seu Café Literário. Cheio de atrações, como era do seu feitio. Emocionante era ver a sua luta para apresentar grandes atrações a cada noite. Num dos nossos primeiros encontros, a poetisa Lysa Castro reservou a sua cadeira cativa naquela atração literária. Tão carismática quanto o poeta, ela apesar da idade avançada, enriqueceu bastante os nossos saraus com os seus versos e a sua cultura. Para mim foi uma dádiva conhecer esses dois.
Eu me lembro de dois fatos curiosos vividos por nós três. Primeiro, um revellion que deveríamos passar degustando vinho e salgadinhos na casa de Lysa, “jogando literatura fora”... O papo ia longe e pensávamos (eu e Lysa) que fosse entrar pela madrugada. Mas, a certa altura, ele foi interrompido pelo poeta dizendo que já ia, pois precisava dar atenção a D. Djanira, sua mãe que, idosa e adoentada, gostava que ele estivesse sempre por perto. E, se foi, privando-nos de uma passagem de ano muito especial... De outra feita, retornando de um encontro literário em Cambuci, já quase meia-noite, seu carro pifou próximo a Campos. A noite era chuvosa. Mas, quem disse que o poeta ficou nervoso? A sua preocupação era uma só: não atrasar muito, por causa da mãe. Felizmente, veio a ajuda e logo chegamos a Campos...
Muitas opiniões a respeito daquele poeta tranqüilo, culto, amigo, franzino na aparência, mas gigante quando entrava na seara da literatura, ainda serão emitidas. E, nada mais justo que ele seja sempre lembrado por tudo que fez pela cultura da região.
Há dois anos, na primeira reunião realizada na Academia Pedralva após a sua morte, o acadêmico Roberto Acruche, em meio a um pronunciamento inflamado, perguntou: qual o poema mais bonito deixado por Antonio Roberto? Diversas opiniões já eram ouvidas pelo salão lotado, quando ele interrompeu:
- Nenhum desses, senhores! Seu maior poema foi a sua Lição de Vida! E, não houve quem não concordasse com ele...
domingo, 17 de outubro de 2010
MISS BRASIL
Houve um tempo em que concurso de miss era uma febre nacional. Começou com Marta Rocha em 1954 e a famosa polêmica em torno das polegadas a mais, causadoras da sua derrota no Miss Universo. A bela baiana, preterida pelas polegadas que realçavam ainda mais a sua beleza anatômica, incendiou os corações brasileiros. A partir de então, a cada certame, torcidas organizadas de candidatas faziam plantão em frente ao Hotel Serrador, onde as belas se hospedavam no Rio, e chegavam ao auge do entusiasmo no Maracanãzinho, quando a vencedora era proclamada.
Hoje, sem a mesma grandeza, ele resiste mais como uma maneira de revelar belas mulheres para a televisão ou para as passarelas da moda. O mais interessante nesse concurso, foi a influência que o mesmo acabou provocando em duas idades diferentes: na infância e na terceira idade. Na infância, pais orgulhosos passaram a cumprir o desejo de filhas pequenas desembaraçadas, acompanhando-as a concursos de beleza mirim. Já na terceira idade, uma desinibição repentinamente surgida depois que elas, viúvas ou divorciadas, passaram a freqüentar os Bailes da Saudade e os Clubes da Terceira Idade, pode ter causado o interesse. Com a liberdade e a desinibição ao seu favor, senhoras da terceira idade ganharam a passarela...
Noite dessas, no Teatro Trianon, (um dos orgulhos da cidade!) com a lotação esgotada, aconteceu em Campos a eleição para Rainha da Terceira Idade. Os apresentadores deram início ao certame, convocando os jurados, passando instruções de praxe e chamando todas as candidatas ao palco para uma apresentação em conjunto, como nos áureos tempos do Miss Brasil. O teatro veio abaixo com torcidas organizadas explodindo nos mais diversos lugares dos dois amplos espaços da casa, totalmente lotados. Durante longos minutos, uma gritaria ensurdecedora irrompeu em meio a um levantar de faixas e cartazes em apoio às mais diferentes candidatas.
Num concurso onde as “misses” variavam dos 50 aos 80 anos, alguns itens do certame, teriam de ser suprimidos. O desfile em traje típico e, principalmente, o desfile em traje de banho... Dessa forma, o certame ficou por conta somente do desfile em traje de gala. Os modelos confeccionados pelas mãos mais habilidosas da cidade, ao lado do desembaraço da maioria das candidatas foi certamente um espetáculo, um luxo! Uma glória para as vovós desinibidas...
Foi com a imagem de belas candidatas em meio a outras de bengala, andando com cautela, ou dando leves tropeços, naquela noite surreal, que a gente ficou na espera do resultado. Nessa ocasião, ocorre um momento cultural entrando em cena os poetas Hilda, e depois Neguinho, distraindo a plateia com belos poemas relativos à “melhor idade”. Não demora muito e os apresentadores retornam com o resultado. A proclamação das três vencedoras, unanimidade junto à platéia, parece ter coincidido com a escolha das concorrentes que, ao final, se abraçavam alegremente. Foi uma festa diferente. Um encontro tocante. Digno da terceira ou “melhor” idade. De parabéns os organizadores!
Ponto negativo: por que se deixou de arrecadar quase uma tonelada de alimentos naquela noite? Com várias casas de caridade participando do evento de alguma forma, nada mais natural que se solicitasse um quilo de alimento não perecível a título de ingresso. Os velhinhos e as velhinhas dos asilos que não puderam vir desfilar ou torcer por suas candidatas ficariam muito agradecidos, com o reforço alimentar!...
Hoje, sem a mesma grandeza, ele resiste mais como uma maneira de revelar belas mulheres para a televisão ou para as passarelas da moda. O mais interessante nesse concurso, foi a influência que o mesmo acabou provocando em duas idades diferentes: na infância e na terceira idade. Na infância, pais orgulhosos passaram a cumprir o desejo de filhas pequenas desembaraçadas, acompanhando-as a concursos de beleza mirim. Já na terceira idade, uma desinibição repentinamente surgida depois que elas, viúvas ou divorciadas, passaram a freqüentar os Bailes da Saudade e os Clubes da Terceira Idade, pode ter causado o interesse. Com a liberdade e a desinibição ao seu favor, senhoras da terceira idade ganharam a passarela...
Noite dessas, no Teatro Trianon, (um dos orgulhos da cidade!) com a lotação esgotada, aconteceu em Campos a eleição para Rainha da Terceira Idade. Os apresentadores deram início ao certame, convocando os jurados, passando instruções de praxe e chamando todas as candidatas ao palco para uma apresentação em conjunto, como nos áureos tempos do Miss Brasil. O teatro veio abaixo com torcidas organizadas explodindo nos mais diversos lugares dos dois amplos espaços da casa, totalmente lotados. Durante longos minutos, uma gritaria ensurdecedora irrompeu em meio a um levantar de faixas e cartazes em apoio às mais diferentes candidatas.
Num concurso onde as “misses” variavam dos 50 aos 80 anos, alguns itens do certame, teriam de ser suprimidos. O desfile em traje típico e, principalmente, o desfile em traje de banho... Dessa forma, o certame ficou por conta somente do desfile em traje de gala. Os modelos confeccionados pelas mãos mais habilidosas da cidade, ao lado do desembaraço da maioria das candidatas foi certamente um espetáculo, um luxo! Uma glória para as vovós desinibidas...
Foi com a imagem de belas candidatas em meio a outras de bengala, andando com cautela, ou dando leves tropeços, naquela noite surreal, que a gente ficou na espera do resultado. Nessa ocasião, ocorre um momento cultural entrando em cena os poetas Hilda, e depois Neguinho, distraindo a plateia com belos poemas relativos à “melhor idade”. Não demora muito e os apresentadores retornam com o resultado. A proclamação das três vencedoras, unanimidade junto à platéia, parece ter coincidido com a escolha das concorrentes que, ao final, se abraçavam alegremente. Foi uma festa diferente. Um encontro tocante. Digno da terceira ou “melhor” idade. De parabéns os organizadores!
Ponto negativo: por que se deixou de arrecadar quase uma tonelada de alimentos naquela noite? Com várias casas de caridade participando do evento de alguma forma, nada mais natural que se solicitasse um quilo de alimento não perecível a título de ingresso. Os velhinhos e as velhinhas dos asilos que não puderam vir desfilar ou torcer por suas candidatas ficariam muito agradecidos, com o reforço alimentar!...
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
É...
É... analisando os prós e os contras, o resultado não foi dos piores. Nessa eleição, foram pontos positivos: a votação tranqüila, a cobertura das mídias nacional e internacional; a candidata Marina Silva que, com a sua expressiva votação, provocou o segundo turno, quando muitos julgavam que a coisa já estava resolvida; e, a reação do povo nas urnas. Foi ela que mandou para casa figurões acostumados às mordomias e benesses que o congresso oferece. O eleitor, de todos os partidos, parece ter analisado bastante antes de teclar o seu voto. Afinal, ele parece estar cansado de promessas vãs, da futilidade dos trios elétricos, dos showmícios, do foguetório, do voto por pequenos favores, de todas as mazelas que durante anos foram se enraizando na nossa política, para benefício exclusivo do político profissional, sua família, seus amigos...
É... não era a dupla de candidatos que muitos brasileiros desejavam ver na final. De qualquer forma, a honestidade, a firmeza, o amor à Pátria demonstrados pela senadora do Acre, certamente, serão levados em consideração. Convém lembrar, da mesma forma, o jovem deputado distrital José Antonio Reguffe, exemplo de honestidade e lisura na maneira como exercer um cargo público, o que o fez ser eleito – justo em Brasília! – o deputado mais votado, em todo o país, proporcionalmente. Os novos candidatos eleitos, inclusive o novo presidente, certamente estarão ligados na onda verde, no patriotismo e na honestidade da candidata Marina e do deputado de Brasília. Até porque já passou da hora de pensarmos o país e as nossas instituições com mais seriedade. Novo Collor de Mello não seria interessante para ninguém!
É... parece que São Paulo destoou um pouco elegendo um palhaço para a Câmara dos Deputados. Por que penso assim? Ora, se falta trabalho digno para o povo, se a discrepância entre as classes é enorme, e se por outro lado, grande parte dos candidatos eleitos agem de maneira irresponsável com o país e a coisa pública, seria até razoável pensar-se num protesto eleitoral. Porém, substituir maus elementos por palhaços (incluindo-se nessa lista não apenas Tiririca, mas todos aqueles que abominam o trabalho honesto, preferindo BBB, espaços em televisão de onde podem sair para capa de revista ou outro lugar de ganho fácil) pode até não dar no mesmo, mas certamente não é a solução.
É... Deus criou o Brasil, nossa pátria amada, que muitas vezes só é lembrada durante as copas do mundo, como um lugar grandioso, rico em tudo que se possa imaginar e livre de desastres ecológicos maiores. A ganância do homem que aqui habita, é que é o problema... Há, até uma piada nesse sentido e, como toda piada tem um fundo de verdade... Basta ver a devastação das nossas matas – enquanto o povão brasileiro vive a custa de esmola oficial! – para sentirmos a dimensão do problema. Tudo aqui é imenso, por isso, as decisões deveriam ser cautelosas e honestas ao extremo. Nesse sentido, as nossas leis são muito brandas. Aqui, o político profissional, além de não dar a devida atenção aos projetos nacionais, preferindo aqueles dos quais possa tirar vantagem, pode desviar verbas o tempo inteiro, continuar sendo eleito, e, mesmo que tudo seja descoberto, ao alcançar determinada idade, ficar sem nenhuma punição. Feliz, como o mais ilibado dos cidadãos honestos do país. Estou mentindo, por acaso?
É... a resposta dos eleitores nas urnas foi de que eles estão atentos e querem um país bem administrado. Como elegermos candidatos, sem a certeza de que não corresponderão aos nossos interesses? Seria interessante que eles pensassem no assunto. Não podemos continuar buscando soluções paliativas para o povo, quando na realidade ele precisa de trabalho honesto, saúde digna, educação competente, segurança para ir e vir. Muitos dos que estão no poder hoje, brigaram por isso lá atrás, nos anos 60. E, é bom que não se esqueçam de outra lição aprendida naquela ocasião: o grito da juventude provocou a queda do regime militar. E a juventude está começando a gritar, novamente.
É... não era a dupla de candidatos que muitos brasileiros desejavam ver na final. De qualquer forma, a honestidade, a firmeza, o amor à Pátria demonstrados pela senadora do Acre, certamente, serão levados em consideração. Convém lembrar, da mesma forma, o jovem deputado distrital José Antonio Reguffe, exemplo de honestidade e lisura na maneira como exercer um cargo público, o que o fez ser eleito – justo em Brasília! – o deputado mais votado, em todo o país, proporcionalmente. Os novos candidatos eleitos, inclusive o novo presidente, certamente estarão ligados na onda verde, no patriotismo e na honestidade da candidata Marina e do deputado de Brasília. Até porque já passou da hora de pensarmos o país e as nossas instituições com mais seriedade. Novo Collor de Mello não seria interessante para ninguém!
É... parece que São Paulo destoou um pouco elegendo um palhaço para a Câmara dos Deputados. Por que penso assim? Ora, se falta trabalho digno para o povo, se a discrepância entre as classes é enorme, e se por outro lado, grande parte dos candidatos eleitos agem de maneira irresponsável com o país e a coisa pública, seria até razoável pensar-se num protesto eleitoral. Porém, substituir maus elementos por palhaços (incluindo-se nessa lista não apenas Tiririca, mas todos aqueles que abominam o trabalho honesto, preferindo BBB, espaços em televisão de onde podem sair para capa de revista ou outro lugar de ganho fácil) pode até não dar no mesmo, mas certamente não é a solução.
É... Deus criou o Brasil, nossa pátria amada, que muitas vezes só é lembrada durante as copas do mundo, como um lugar grandioso, rico em tudo que se possa imaginar e livre de desastres ecológicos maiores. A ganância do homem que aqui habita, é que é o problema... Há, até uma piada nesse sentido e, como toda piada tem um fundo de verdade... Basta ver a devastação das nossas matas – enquanto o povão brasileiro vive a custa de esmola oficial! – para sentirmos a dimensão do problema. Tudo aqui é imenso, por isso, as decisões deveriam ser cautelosas e honestas ao extremo. Nesse sentido, as nossas leis são muito brandas. Aqui, o político profissional, além de não dar a devida atenção aos projetos nacionais, preferindo aqueles dos quais possa tirar vantagem, pode desviar verbas o tempo inteiro, continuar sendo eleito, e, mesmo que tudo seja descoberto, ao alcançar determinada idade, ficar sem nenhuma punição. Feliz, como o mais ilibado dos cidadãos honestos do país. Estou mentindo, por acaso?
É... a resposta dos eleitores nas urnas foi de que eles estão atentos e querem um país bem administrado. Como elegermos candidatos, sem a certeza de que não corresponderão aos nossos interesses? Seria interessante que eles pensassem no assunto. Não podemos continuar buscando soluções paliativas para o povo, quando na realidade ele precisa de trabalho honesto, saúde digna, educação competente, segurança para ir e vir. Muitos dos que estão no poder hoje, brigaram por isso lá atrás, nos anos 60. E, é bom que não se esqueçam de outra lição aprendida naquela ocasião: o grito da juventude provocou a queda do regime militar. E a juventude está começando a gritar, novamente.
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
O PARAÍSO É AQUI.
Há pouco tempo foi notícia na mídia que no Ceará uma cooperativa do ramo de confecções abriu um curso para costureiras com a finalidade de empregá-las. Terminado o curso a quase totalidade das participantes teria desistido do ofício, simplesmente, para não perder a tal Bolsa Família.
Por outro lado, é sabido que, de um tempo para cá, homens e mulheres do Brasil, mais precisamente os das roças, mesmo sem terem contribuído, começaram a receber aposentadorias comprometendo, como era de se esperar, os benefícios daqueles que pagaram à previdência durante toda a sua vida de trabalhador. Quem não vive o drama, pode até exclamar: - Como o Brasil está bem! Acabando com a pobreza... Amparando a velhice... Mas, estariam fazendo de maneira correta?
Creio que não. Ainda que vivêssemos sentados sobre montanhas de ouro e de diamante, por exemplo, o povo, os jovens principalmente, precisariam de instrução e de trabalho dignos para pagar a previdência e sustentar a si e à sua família. E, o Brasil possui um imenso interior que podia ser explorado, na busca de trabalho honesto... para o brasileiro.
Nós vemos que quando uma nova atividade é posta a funcionar, o trabalhador aparece. Com o seu entusiasmo, após rápidos cursos, torna-se apto à tarefa. O brasileiro não é malandro! Tanto que, só quando não vislumbra mais nenhuma saída para ganhar para o seu sustento, ele busca trabalho no tráfico, fomentando uma atividade onde o fim pode ser de duas maneiras: a morte ou a prisão. E, ao contrário de outros países que cobram a estadia do detento, dando-lhe opções de trabalho, ele aqui, na ociosidade que lhe é oferecida, tira férias por conta do governo.
É uma situação complicada. Enquanto isso, aqueles que obedeceram à lei e, rigorosamente, pagaram suas contribuições previdenciárias, vêem logo após se aposentar, o seu beneficio ser achatado, ano após ano. O que deveria ser um benefício perene, corrigido, não acontece. Parece que o objetivo da nossa previdência é nivelar todos pelo mínimo. Até porque quanto mais miséria, mais fácil fica oferecer programas sociais: “Cheque isso”, “Cheque aquilo”; “Bolsa isso, “Bolsa aquilo”; TUDO POR 1 REAL: farmácia, transporte, restaurante, o que você pensar... O Paraíso é aqui!
Falando sério. Fica até difícil o brasileiro insistir em viver com honestidade, pagando rigorosamente os seus impostos, confiando em quem tem obrigação de confiar. Mas, quem pensa que os beneficiários desses planos mirabolantes vão receber tudo de graça, está enganado. Periodicamente, vai ter que prestar contas. Nova data está chegando. Aqueles inocentes, diante de tantos “benefícios” recebidos, perguntam:
- Mas, precisamos pagar alguma coisa?
- Não. Vocês não precisam pagar, nada! Basta irem lá, na urna, e digitar os votos. Vocês já aprenderam a fazer tudo direitinho!...
Por outro lado, é sabido que, de um tempo para cá, homens e mulheres do Brasil, mais precisamente os das roças, mesmo sem terem contribuído, começaram a receber aposentadorias comprometendo, como era de se esperar, os benefícios daqueles que pagaram à previdência durante toda a sua vida de trabalhador. Quem não vive o drama, pode até exclamar: - Como o Brasil está bem! Acabando com a pobreza... Amparando a velhice... Mas, estariam fazendo de maneira correta?
Creio que não. Ainda que vivêssemos sentados sobre montanhas de ouro e de diamante, por exemplo, o povo, os jovens principalmente, precisariam de instrução e de trabalho dignos para pagar a previdência e sustentar a si e à sua família. E, o Brasil possui um imenso interior que podia ser explorado, na busca de trabalho honesto... para o brasileiro.
Nós vemos que quando uma nova atividade é posta a funcionar, o trabalhador aparece. Com o seu entusiasmo, após rápidos cursos, torna-se apto à tarefa. O brasileiro não é malandro! Tanto que, só quando não vislumbra mais nenhuma saída para ganhar para o seu sustento, ele busca trabalho no tráfico, fomentando uma atividade onde o fim pode ser de duas maneiras: a morte ou a prisão. E, ao contrário de outros países que cobram a estadia do detento, dando-lhe opções de trabalho, ele aqui, na ociosidade que lhe é oferecida, tira férias por conta do governo.
É uma situação complicada. Enquanto isso, aqueles que obedeceram à lei e, rigorosamente, pagaram suas contribuições previdenciárias, vêem logo após se aposentar, o seu beneficio ser achatado, ano após ano. O que deveria ser um benefício perene, corrigido, não acontece. Parece que o objetivo da nossa previdência é nivelar todos pelo mínimo. Até porque quanto mais miséria, mais fácil fica oferecer programas sociais: “Cheque isso”, “Cheque aquilo”; “Bolsa isso, “Bolsa aquilo”; TUDO POR 1 REAL: farmácia, transporte, restaurante, o que você pensar... O Paraíso é aqui!
Falando sério. Fica até difícil o brasileiro insistir em viver com honestidade, pagando rigorosamente os seus impostos, confiando em quem tem obrigação de confiar. Mas, quem pensa que os beneficiários desses planos mirabolantes vão receber tudo de graça, está enganado. Periodicamente, vai ter que prestar contas. Nova data está chegando. Aqueles inocentes, diante de tantos “benefícios” recebidos, perguntam:
- Mas, precisamos pagar alguma coisa?
- Não. Vocês não precisam pagar, nada! Basta irem lá, na urna, e digitar os votos. Vocês já aprenderam a fazer tudo direitinho!...
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
O ESTERNO
A passagem fora comprada com atenção a fim de aproveitar mais o tempo da viagem, mas com cuidado para que o desembarque na capital se desse ainda com a luz do sol. Ultimamente, o Rio de Janeiro assustava diante do noticiário policial. Isso passou a amedrontá-lo a ponto de adiar várias vezes a visita ao parente operado. A família é que insistia com a viagem, lembrando os favores prestados pelo parente, quando eles lá residiam. Finalmente, decidiu: – É hoje! E, embarcou... O que ele não contava é que obras que estavam sendo realizadas em inúmeros pontos da rodovia, atrasassem a viagem, a ponto de chegar ao Rio de noite.
Pela ponte admirou o “colar de diamantes” que é a baia de Guanabara à noite. Ficou receoso com a escuridão lá fora. Na Rodoviária, retirou a sua valise do bagageiro e se preparou para descer. Começou a rezar a oração que a mãe lhe ensinara para se livrar dos perigos. O corredor congestionado impedia que saísse mais rápido do ônibus. Lá fora, ligou para a esposa do operado. Ela não mandara ninguém pegá-lo na rodoviária, porque os meninos tinham ido fazer um concurso... Estava nas mãos de Deus!
Um guarda informou-lhe o ônibus que o levaria mais próximo do edifício do parente operado. O ônibus estava estacionado. Entrou. Acomodou-se. Admirou a trocadora: nova, simpática, quase uma menina e, no entanto, ali estava jogada às feras do trânsito louco do Rio. Buscou um bom lugar, já que o ônibus demoraria 20 minutos. Aproveitou para observar os passageiros. Dentre eles, chamou-lhe a atenção uma turista que falava espanhol, com vistoso bolero, e cabelos negros que sacudia vez ou outra, sobre os ombros:
- Olla! Vai a Copacabana?
- Vai, sim. Respondeu a trocadora.
- Quanto costa? A trocadora informou, ela pagou. Depois deu outra sacudida no cabelo, passou com dificuldade pela roleta, fez “caras e bocas” e acomodou-se no primeiro banco. Ele pensou: seria uma Larissa genérica? ou uma Riquelmes do Paraguai (aí já seria um pleonasmo, não é verdade?) O certo é que a garota era bonita e falava espanhol, como a Musa da Copa.
Logo o motorista dá partida e atravessa ruelas escuras que mais pareciam tiradas de filmes policiais americanos. Depois, alcança a Av. Venezuela e ele vê, próximo à Praça Mauá, um grande abrigo de passageiro. Foi ali, nos anos 60 que desembarcou pela primeira vez no Rio para tentar a vida. Apesar do reflexo na janela e da semi-escuridão lá fora, recorda que foi nessa área do centro que iniciou a sua vida no Rio. A rua Marechal Floriano, onde começou a trabalhar num escritório de representações, a Candelária, a Rio Branco, a Cinelândia onde fez pré-vestibular e foi a cinema e teatro. O Hotel Serrador, o relógio da Mesbla, o Passeio Público o Aterro do Flamengo, onde se localizava o restaurante dos estudantes, todos lugares familiares nos seus primeiros anos de Rio. Com nostalgia lembrou o chafariz da Praça Paris, que o metrô levou... A igrejinha da Glória não conseguiu ver. Apreciou a sequência: Glória, Catete, Flamengo, Botafogo; o Pão de Açúcar, de um lado, o Cristo do outro. Os túneis, e finalmente, Copacabana! Oh, Rio de Janeiro, de tantas belezas que fascinavam! Mas, que agora, assusta!
Desceu na Barata Ribeiro e foi na direção da praia até chegar à N.S. de Copacabana. Passou pelo Teatro Copacabana que exibe cartazes nostálgicos da época de ouro do teatro. Um pouco mais de caminhada, sempre observando os personagens da noite boêmia da Princesinha do Mar, hoje refúgio dos aposentados, ele finalmente chega ao apartamento do operado.
- Rapaz! Como você está bem!
- É... o pior já passou...
- Não me esqueci do chuvisco que você adora. Trouxe dos dois:
em calda e cristalizado. Está uma delícia. A esposa interferiu:
-NÃO! Ela, transformada em rígida enfermeira, foi taxativa.
Depois, o parente operado levantou a camisa para mostrar-lhe o tórax. Bem no centro, ele, o esterno, raspado, rasgado, explorado, apesar de tudo revelava apenas uma discreta cicatriz, que ele cuidava com atenção, tomando coquiteis de remédios e cruzando a toda hora, os braços sobre o peito, como quem carrega algo super valioso, sagrado enfim, o símbolo de um novo homem.
Pela ponte admirou o “colar de diamantes” que é a baia de Guanabara à noite. Ficou receoso com a escuridão lá fora. Na Rodoviária, retirou a sua valise do bagageiro e se preparou para descer. Começou a rezar a oração que a mãe lhe ensinara para se livrar dos perigos. O corredor congestionado impedia que saísse mais rápido do ônibus. Lá fora, ligou para a esposa do operado. Ela não mandara ninguém pegá-lo na rodoviária, porque os meninos tinham ido fazer um concurso... Estava nas mãos de Deus!
Um guarda informou-lhe o ônibus que o levaria mais próximo do edifício do parente operado. O ônibus estava estacionado. Entrou. Acomodou-se. Admirou a trocadora: nova, simpática, quase uma menina e, no entanto, ali estava jogada às feras do trânsito louco do Rio. Buscou um bom lugar, já que o ônibus demoraria 20 minutos. Aproveitou para observar os passageiros. Dentre eles, chamou-lhe a atenção uma turista que falava espanhol, com vistoso bolero, e cabelos negros que sacudia vez ou outra, sobre os ombros:
- Olla! Vai a Copacabana?
- Vai, sim. Respondeu a trocadora.
- Quanto costa? A trocadora informou, ela pagou. Depois deu outra sacudida no cabelo, passou com dificuldade pela roleta, fez “caras e bocas” e acomodou-se no primeiro banco. Ele pensou: seria uma Larissa genérica? ou uma Riquelmes do Paraguai (aí já seria um pleonasmo, não é verdade?) O certo é que a garota era bonita e falava espanhol, como a Musa da Copa.
Logo o motorista dá partida e atravessa ruelas escuras que mais pareciam tiradas de filmes policiais americanos. Depois, alcança a Av. Venezuela e ele vê, próximo à Praça Mauá, um grande abrigo de passageiro. Foi ali, nos anos 60 que desembarcou pela primeira vez no Rio para tentar a vida. Apesar do reflexo na janela e da semi-escuridão lá fora, recorda que foi nessa área do centro que iniciou a sua vida no Rio. A rua Marechal Floriano, onde começou a trabalhar num escritório de representações, a Candelária, a Rio Branco, a Cinelândia onde fez pré-vestibular e foi a cinema e teatro. O Hotel Serrador, o relógio da Mesbla, o Passeio Público o Aterro do Flamengo, onde se localizava o restaurante dos estudantes, todos lugares familiares nos seus primeiros anos de Rio. Com nostalgia lembrou o chafariz da Praça Paris, que o metrô levou... A igrejinha da Glória não conseguiu ver. Apreciou a sequência: Glória, Catete, Flamengo, Botafogo; o Pão de Açúcar, de um lado, o Cristo do outro. Os túneis, e finalmente, Copacabana! Oh, Rio de Janeiro, de tantas belezas que fascinavam! Mas, que agora, assusta!
Desceu na Barata Ribeiro e foi na direção da praia até chegar à N.S. de Copacabana. Passou pelo Teatro Copacabana que exibe cartazes nostálgicos da época de ouro do teatro. Um pouco mais de caminhada, sempre observando os personagens da noite boêmia da Princesinha do Mar, hoje refúgio dos aposentados, ele finalmente chega ao apartamento do operado.
- Rapaz! Como você está bem!
- É... o pior já passou...
- Não me esqueci do chuvisco que você adora. Trouxe dos dois:
em calda e cristalizado. Está uma delícia. A esposa interferiu:
-NÃO! Ela, transformada em rígida enfermeira, foi taxativa.
Depois, o parente operado levantou a camisa para mostrar-lhe o tórax. Bem no centro, ele, o esterno, raspado, rasgado, explorado, apesar de tudo revelava apenas uma discreta cicatriz, que ele cuidava com atenção, tomando coquiteis de remédios e cruzando a toda hora, os braços sobre o peito, como quem carrega algo super valioso, sagrado enfim, o símbolo de um novo homem.
terça-feira, 7 de setembro de 2010
FERNANDO PESSOA
No nosso próximo café literário, no qual cantores entoarão clássicos de Amália Rodrigues e de Francisco José, numa festa em que homenagearemos Portugal, escolhi falar sobre o extraordinário poeta português Fernando Pessoa. Eu me lembro que tempos atrás quando o nome do poeta era mencionado, logo vinham à tona os famosos versos do poema “Autopsicografia”: “O poeta é um fingidor/ Finge tão completamente/ Que chega a fingir que é dor/ A dor que deveras sente”, ou então os não menos famosos versos de “Mar português”: “Oh mar salgado, quanto do teu sal/ são lágrimas de Portugal!” e, mais adiante “Valeu a pena? Tudo vale a pena/ Se a alma não é pequena”...
Agora, para cumprir o meu intento, diante da complexidade da obra do poeta, voltei aos livros e descobri que, nos versos do "poeta dos heterônimos" além de revelações pessoais, há coisas belas pela simplicidade ou pelos questionamentos que fazem. Por exemplo, Alberto Caeiro, no seu poema XIV, falando do modelo clássico da poesia, diz: “Não me importo com as rimas. Raras vezes/ Há duas árvores iguais, uma ao lado da outra.” E, no poema XVIII, ele fala versos que exprimem humildade: “Quem me dera que eu fosse o pó da estrada/ e que os pés dos pobres me estivessem pisando...”
Outro dos heterônimos seus, Ricardo Reis, dá a impressão de ser mais solto, de gostar de brincar com as palavras. Vejam, por exemplo, neste poema: “Sim, sei bem/ Que nunca serei alguém./ Sei de sobra/ Que nunca terei uma obra/ Sei enfim/ Que nunca saberei de mim/ Sim, mas agora,/ Enquanto dura esta hora/ Este luar, estes ramos,/ Esta paz em que estamos,/ Deixem-me crer/ O que nunca poderei ser.”
Já Álvaro de Campos é autor de poemas longos. Apesar de utilizar-se de poemas menores, poemetos, seus trabalhos em geral são apresentados em forma de narrações ou louvações a grandes feitos. Num deles, intitulado “Lisboa Revisitada”, referindo-se à sua cidade natal, assim fala: “Outra vez te revejo./ Cidade da minha infância pavorosamente perdida.../ Cidade triste e alegre, outra vez sonho aqui...” E, fechando o poema: “Outra vez te revejo,/ Mas, ai, a mim não me revejo!/ Partiu-se o espelho mágico em que me revia idêntico,/ E em cada fragmento fatídico vejo só um bocado de mim/ Um bocado de ti e de mim!...”
Em Fernando Pessoa, como ele mesmo, encontram-se os citados poemas “Autopsicografia” e “Mar Português". Ele, também, nos fala sobre as façanhas marítimas de Portugal, a nobreza, as praias, enfim, o fascínio português pelo mar...
Sem qualquer visão crítica da minha parte, acompanho aqueles que viram angústia e confusão emocional na obra do grande poeta português. Para concluir, busquei os versos de “Opiário”, com os quais o seu heterônimo Álvaro de Campos encerra o poema, que são quase um grito de desespero: “E afinal o que quero é fé, é calma/ E não ter estas sensações confusas./ Deus que acabe com isto! Abra as eclusas - E basta de comédias em minh’alma!”
Agora, para cumprir o meu intento, diante da complexidade da obra do poeta, voltei aos livros e descobri que, nos versos do "poeta dos heterônimos" além de revelações pessoais, há coisas belas pela simplicidade ou pelos questionamentos que fazem. Por exemplo, Alberto Caeiro, no seu poema XIV, falando do modelo clássico da poesia, diz: “Não me importo com as rimas. Raras vezes/ Há duas árvores iguais, uma ao lado da outra.” E, no poema XVIII, ele fala versos que exprimem humildade: “Quem me dera que eu fosse o pó da estrada/ e que os pés dos pobres me estivessem pisando...”
Outro dos heterônimos seus, Ricardo Reis, dá a impressão de ser mais solto, de gostar de brincar com as palavras. Vejam, por exemplo, neste poema: “Sim, sei bem/ Que nunca serei alguém./ Sei de sobra/ Que nunca terei uma obra/ Sei enfim/ Que nunca saberei de mim/ Sim, mas agora,/ Enquanto dura esta hora/ Este luar, estes ramos,/ Esta paz em que estamos,/ Deixem-me crer/ O que nunca poderei ser.”
Já Álvaro de Campos é autor de poemas longos. Apesar de utilizar-se de poemas menores, poemetos, seus trabalhos em geral são apresentados em forma de narrações ou louvações a grandes feitos. Num deles, intitulado “Lisboa Revisitada”, referindo-se à sua cidade natal, assim fala: “Outra vez te revejo./ Cidade da minha infância pavorosamente perdida.../ Cidade triste e alegre, outra vez sonho aqui...” E, fechando o poema: “Outra vez te revejo,/ Mas, ai, a mim não me revejo!/ Partiu-se o espelho mágico em que me revia idêntico,/ E em cada fragmento fatídico vejo só um bocado de mim/ Um bocado de ti e de mim!...”
Em Fernando Pessoa, como ele mesmo, encontram-se os citados poemas “Autopsicografia” e “Mar Português". Ele, também, nos fala sobre as façanhas marítimas de Portugal, a nobreza, as praias, enfim, o fascínio português pelo mar...
Sem qualquer visão crítica da minha parte, acompanho aqueles que viram angústia e confusão emocional na obra do grande poeta português. Para concluir, busquei os versos de “Opiário”, com os quais o seu heterônimo Álvaro de Campos encerra o poema, que são quase um grito de desespero: “E afinal o que quero é fé, é calma/ E não ter estas sensações confusas./ Deus que acabe com isto! Abra as eclusas - E basta de comédias em minh’alma!”
domingo, 29 de agosto de 2010
FICHA LIMPA x TIRIRICAS
Eu gostaria hoje de fazer uma crônica bem festiva que retratasse a minha felicidade pela marca dos 5000 acessos alcançada por este blog recentemente. Mas, como fazê-la? Não vou ser tão pessimista ao ponto de dizer que não há nada de positivo no panorama nacional. Há, sim. A Lei da Ficha Limpa está aí, e a moralidade dá sinal com a punição de políticos reconhecidamente corruptos. Mas, cabe aqui uma perguntinha: a lei não deveria ser para todos?...
É sempre bom quando a gente vê uma semente do bem ser plantada. Quem sabe não teremos, um dia, um congresso composto por pessoas íntegras, bem intencionadas, com o firme propósito de lutar pelo país? Coisa que hoje em dia contamos nos dedos. Amanhã, quem sabe, poderemos contemplar uma casa de parlamentares à altura do Brasil e do que ele se propõe a ser daqui para a frente no cenário internacional.
Porque, convenhamos: como confiar num congresso composto por deputados como Dedé, Tiririca e Batoré, Maguila, Romário, Vampeta, Marcelinho Carioca, KLB, Reginaldo Rossi, Frank Aguiar, Renner, Simony, Pedro Manso, Netinho de Paula, Mulher Pera (apoiada pelo senador Suplicy!) Tati Quebra Barraco e Ronaldo Esper...??? A eleição desse elenco, desse time, dessa trupe, seria uma consagração ao que existe atualmente: um grupo de interesseiros que pouco ou nada fazem, a não ser encher os seus bolsos e os da sua família com o dinheiro do contribuinte e com repetidas falcatruas...
Por parte do TSE deveria haver mais rigor no registro de certas candidaturas. Principalmente com o surgimento da Lei da Ficha Limpa que parece querer dar uma melhorada na imagem do combalido congresso.
É bem verdade que no mesmo saco em que foram colocadas as “figuras” acima, existem profissionais sérios como Stephan Nercesian e Wagner Montes, que já demonstraram não estar fazendo política apenas pelas benesses que ela oferece. Há neles o idealismo de que o país precisa.
Sinceramente, eu sinto vergonha de participar de uma eleição onde um candidato faz assim a sua propaganda: “Eu sou o Tiririca da televisão. (como se a televisão fosse um milagre que abrisse qualquer porta.) O que faz um deputado federal? Na realidade, não sei. Mas vote em mim que eu te conto. (E conclui triunfal!) Tirica, pior do que tá, não fica!” Aí entra o forró, ele dança e tudo é festa!
Tenham paciência, senhores. Em época de FICHA LIMPA, permitir palhaçadas de despreparados e de aproveitadores que fazem qualquer negócio por dinheiro é uma lástima, que o Brasil e o povo brasileiro não merecem!
É sempre bom quando a gente vê uma semente do bem ser plantada. Quem sabe não teremos, um dia, um congresso composto por pessoas íntegras, bem intencionadas, com o firme propósito de lutar pelo país? Coisa que hoje em dia contamos nos dedos. Amanhã, quem sabe, poderemos contemplar uma casa de parlamentares à altura do Brasil e do que ele se propõe a ser daqui para a frente no cenário internacional.
Porque, convenhamos: como confiar num congresso composto por deputados como Dedé, Tiririca e Batoré, Maguila, Romário, Vampeta, Marcelinho Carioca, KLB, Reginaldo Rossi, Frank Aguiar, Renner, Simony, Pedro Manso, Netinho de Paula, Mulher Pera (apoiada pelo senador Suplicy!) Tati Quebra Barraco e Ronaldo Esper...??? A eleição desse elenco, desse time, dessa trupe, seria uma consagração ao que existe atualmente: um grupo de interesseiros que pouco ou nada fazem, a não ser encher os seus bolsos e os da sua família com o dinheiro do contribuinte e com repetidas falcatruas...
Por parte do TSE deveria haver mais rigor no registro de certas candidaturas. Principalmente com o surgimento da Lei da Ficha Limpa que parece querer dar uma melhorada na imagem do combalido congresso.
É bem verdade que no mesmo saco em que foram colocadas as “figuras” acima, existem profissionais sérios como Stephan Nercesian e Wagner Montes, que já demonstraram não estar fazendo política apenas pelas benesses que ela oferece. Há neles o idealismo de que o país precisa.
Sinceramente, eu sinto vergonha de participar de uma eleição onde um candidato faz assim a sua propaganda: “Eu sou o Tiririca da televisão. (como se a televisão fosse um milagre que abrisse qualquer porta.) O que faz um deputado federal? Na realidade, não sei. Mas vote em mim que eu te conto. (E conclui triunfal!) Tirica, pior do que tá, não fica!” Aí entra o forró, ele dança e tudo é festa!
Tenham paciência, senhores. Em época de FICHA LIMPA, permitir palhaçadas de despreparados e de aproveitadores que fazem qualquer negócio por dinheiro é uma lástima, que o Brasil e o povo brasileiro não merecem!
domingo, 22 de agosto de 2010
FILHO, CHAMA O ELEVADOR!
Uma incumbência muito especial, um amigo meu me confiou: acompanhar sua esposa e seu filho na visita a alguns apartamentos para aluguel. Uma exigência sua era que deveria ser na região da Pelinca, próximo a confrades da Academia Pedralva e do Palácio da Cultura. Do Espaço Garotinho e da Casa da Carne, onde atualmente são realizados os Cafés Literários Poeta Antonio Roberto Fernandes.
Com pontualidade britânica, eles se aproximam às dez horas. Feitos os cumprimentos de praxe, fomos à luta. Tínhamos primeiro que localizar o senhor Adalberto, que nos mostraria uma unidade interessante, segundo a imobiliária que os atendeu. Com o porteiro, procuramos saber preço de condomínio, qualidade da vizinhança, tamanho dos imóveis, etc. Encontramos o Seu Adalberto, mas, como estava preso a outro compromisso, sugeriu-nos que visitássemos primeiro outras unidades. Como a esposa do meu amigo havia trazido mais chaves da imobiliária, fomos conhecer outro apartamento. Um viçoso “comigo-ninguém-pode” dividia as duas portas de entrada, onde o ap. que buscávamos se encontrava. Lá dentro, o susto: no chão pisos soltos; nas paredes descascados, buracos de tamanhos diversos, na cozinha, uma mesa que deveria ser presa à parede pendia, denunciando o total desprezo. Os armários embutidos, aparentemente o que de melhor havia, infestado por cupins, observou a senhora, comerciante com o marido em cidade vizinha. O filho do casal amigo chamou a atenção do quarto de empregada também em péssimo estado.
- Engraçado, parece que nesses prédios toda empregada tem que ser anã... Comentou. Ele, que estagia num clube de futebol da cidade e possui mais de 1,80m.
Nos dirigimos ao ap. do senhor Adalberto, dois blocos adiante. Familiares cuidavam em desmontar o imóvel. O chão estava todo tomado por caixas, e numa delas um rico aparelho de jantar me chamou a atenção. Lembrei-me do poema “Os pratos de vovó”, de Antonio Roberto, e perguntei para mim mesmo: “quantas vezes ele teria sido usado...? ou será que, conforme os pratos dos versos nunca tinham saído da cristaleira?...”
Seu Adalberto explicava que ali morava a sua mãe que falecera recentemente. Mãe e filho se entreolharam. O proprietário cuidou de falar das outras vantagens: “A coluna é a mais fresca de todo o conjunto. Chega a fazer frio... se quiser alugamos com ou sem os móveis. Na verdade, se formos alugar mobiliado tenho de comprar fogão e geladeira que os daqui, a sobrinha levou...”
Já nos despedíamos, ficando de voltar com a proposta definitiva, quando uma velhinha, vizinha do lado veio ao nosso encontro:
- É o senhor que está alugando?...
- Não senhora! São os meus amigos que querem vir para Campos...
- Ah! Seja bem vinda! (falou fitando bem a esposa do meu amigo). Eu ainda estou tão chocada com a morte da minha amiga. Nós jogávamos todos os dias... mas ela era cardíaca, e começou a piorar. A ter crises... cada vez mais... até que naquela noite ela não suportou e, parece que... explodiu! Foi muito triste... (sorriu um sorriso melancólico para a esposa do meu amigo) Agora eu fiquei sem a minha parceira... tomara que a senhora venha para cá. A senhora gosta de jogar, não gosta?... Mãe e filho voltaram a se entreolhar. Assustados com aquela presença, a mãe então apressou-se:
- Filho, chama o elevador! Temos que ver outros apartamentos!
Com pontualidade britânica, eles se aproximam às dez horas. Feitos os cumprimentos de praxe, fomos à luta. Tínhamos primeiro que localizar o senhor Adalberto, que nos mostraria uma unidade interessante, segundo a imobiliária que os atendeu. Com o porteiro, procuramos saber preço de condomínio, qualidade da vizinhança, tamanho dos imóveis, etc. Encontramos o Seu Adalberto, mas, como estava preso a outro compromisso, sugeriu-nos que visitássemos primeiro outras unidades. Como a esposa do meu amigo havia trazido mais chaves da imobiliária, fomos conhecer outro apartamento. Um viçoso “comigo-ninguém-pode” dividia as duas portas de entrada, onde o ap. que buscávamos se encontrava. Lá dentro, o susto: no chão pisos soltos; nas paredes descascados, buracos de tamanhos diversos, na cozinha, uma mesa que deveria ser presa à parede pendia, denunciando o total desprezo. Os armários embutidos, aparentemente o que de melhor havia, infestado por cupins, observou a senhora, comerciante com o marido em cidade vizinha. O filho do casal amigo chamou a atenção do quarto de empregada também em péssimo estado.
- Engraçado, parece que nesses prédios toda empregada tem que ser anã... Comentou. Ele, que estagia num clube de futebol da cidade e possui mais de 1,80m.
Nos dirigimos ao ap. do senhor Adalberto, dois blocos adiante. Familiares cuidavam em desmontar o imóvel. O chão estava todo tomado por caixas, e numa delas um rico aparelho de jantar me chamou a atenção. Lembrei-me do poema “Os pratos de vovó”, de Antonio Roberto, e perguntei para mim mesmo: “quantas vezes ele teria sido usado...? ou será que, conforme os pratos dos versos nunca tinham saído da cristaleira?...”
Seu Adalberto explicava que ali morava a sua mãe que falecera recentemente. Mãe e filho se entreolharam. O proprietário cuidou de falar das outras vantagens: “A coluna é a mais fresca de todo o conjunto. Chega a fazer frio... se quiser alugamos com ou sem os móveis. Na verdade, se formos alugar mobiliado tenho de comprar fogão e geladeira que os daqui, a sobrinha levou...”
Já nos despedíamos, ficando de voltar com a proposta definitiva, quando uma velhinha, vizinha do lado veio ao nosso encontro:
- É o senhor que está alugando?...
- Não senhora! São os meus amigos que querem vir para Campos...
- Ah! Seja bem vinda! (falou fitando bem a esposa do meu amigo). Eu ainda estou tão chocada com a morte da minha amiga. Nós jogávamos todos os dias... mas ela era cardíaca, e começou a piorar. A ter crises... cada vez mais... até que naquela noite ela não suportou e, parece que... explodiu! Foi muito triste... (sorriu um sorriso melancólico para a esposa do meu amigo) Agora eu fiquei sem a minha parceira... tomara que a senhora venha para cá. A senhora gosta de jogar, não gosta?... Mãe e filho voltaram a se entreolhar. Assustados com aquela presença, a mãe então apressou-se:
- Filho, chama o elevador! Temos que ver outros apartamentos!
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
...E, NO ENTANTO, É PRECISO CANTAR!
Muitas vezes, você chateado com acontecimentos desagradáveis que não pode mudar, se desanima, se decepciona e quer largar tudo, Mas... aí vem à lembrança aquele famoso verso do poeta Vinícius de Morais que diz: “e, no entanto é preciso cantar!” No auge da Ditadura, aconteceu algo parecido com a música “Caminhando”, de Geraldo Vandré. E, por que esse assunto hoje? Elementar, caro leitor: a coisa está muito esquisita. À noite, você liga a televisão para ver o noticiário e mais parece um programa policial, diante de tantos crimes noticiados. Principalmente crimes sentimentais, onde o homem encerra quase sempre a sua relação com a mulher, de maneira criminosa... No jornal que você compra pela manhã, só lê noticiário sobre catástrofes, provocadas por terremoto, tsunami, furacão e outros acidentes climatológicos, além dos desastres aéreos, ferroviários, e de trânsito que matam diariamente milhares de seres humanos. Isto tudo, sem falar da ambição desmedida e louca de certos governantes ou seus agentes provocando acidentes que poluem o mar, destroem florestas e, o pior... com um simples aperto de botão podem provocar uma hecatombe universal!
“... e, no entanto, é preciso cantar!” Até a musa inspiradora dos poetas já não é mais a mesma. Ao que parece as conquistas femininas e a revolução sexual contribuíram de alguma forma para o fim do romantismo. As facilidades que as mulheres conquistaram, equiparando-se em quase tudo aos homens, alteraram radicalmente os tradicionais conceitos de relação homem/mulher/família. Na relação quem leva a pior, certamente, são os filhos que, apavorados e com traumas (que os acompanharão pelo resto da suas vidas!), assistem a conflitos familiares que na maioria das vezes evoluem para a tragédia. É o desamor ocupando o lugar do amor. As conquistas femininas certamente contribuíram para o acesso da mulher às funções masculinas, e para o advento das “Marias Chuteiras”, dos bailes funk, das acompanhantes de executivo, das garotas de programa, do corpo moldado por silicone, meios através dos quais muitas acreditam garantir mais facilmente o seu futuro, mas que, na realidade, as levam ao ponto de lamentarmos a situação das nossas filhas e irmãs que acabam buscando para não parecerem retrógradas uma ou outra das citadas opções.
Não sei se o ser humano está extrapolando, agindo como feras, como não sei se Deus já começou a fazer cobrança, na expectativa da Sua visita à terra. Mas, que a coisa “está preta”, está!
“... no entanto, é preciso cantar!” Como ensinava o poeta Vinícius de Moraes, diante de uma decepção amorosa ou diante das fatalidades que a vida nos reserva... Por isso, apesar das negatividades com que nos deparamos diariamente, volto hoje a colocar Poesia no meu blog, divulgando poemas meus que mais tenham se destacado. Como não tenho o dom da declamação, conforme os meus amigos Aldiney, Acruche, Gildo, Celso, Thelmo, Carlos Augusto, Agostinho, Neiva, Glayde, Berenice e Aparecida, entre outros, que estão sempre a enriquecer com suas performances o Café Literário Antonio Roberto, em Campos, aproveito este espaço para divulgar os meus. É só descer com a barra de rolagem para chegar até eles.
“... e, no entanto, é preciso cantar!” Até a musa inspiradora dos poetas já não é mais a mesma. Ao que parece as conquistas femininas e a revolução sexual contribuíram de alguma forma para o fim do romantismo. As facilidades que as mulheres conquistaram, equiparando-se em quase tudo aos homens, alteraram radicalmente os tradicionais conceitos de relação homem/mulher/família. Na relação quem leva a pior, certamente, são os filhos que, apavorados e com traumas (que os acompanharão pelo resto da suas vidas!), assistem a conflitos familiares que na maioria das vezes evoluem para a tragédia. É o desamor ocupando o lugar do amor. As conquistas femininas certamente contribuíram para o acesso da mulher às funções masculinas, e para o advento das “Marias Chuteiras”, dos bailes funk, das acompanhantes de executivo, das garotas de programa, do corpo moldado por silicone, meios através dos quais muitas acreditam garantir mais facilmente o seu futuro, mas que, na realidade, as levam ao ponto de lamentarmos a situação das nossas filhas e irmãs que acabam buscando para não parecerem retrógradas uma ou outra das citadas opções.
Não sei se o ser humano está extrapolando, agindo como feras, como não sei se Deus já começou a fazer cobrança, na expectativa da Sua visita à terra. Mas, que a coisa “está preta”, está!
“... no entanto, é preciso cantar!” Como ensinava o poeta Vinícius de Moraes, diante de uma decepção amorosa ou diante das fatalidades que a vida nos reserva... Por isso, apesar das negatividades com que nos deparamos diariamente, volto hoje a colocar Poesia no meu blog, divulgando poemas meus que mais tenham se destacado. Como não tenho o dom da declamação, conforme os meus amigos Aldiney, Acruche, Gildo, Celso, Thelmo, Carlos Augusto, Agostinho, Neiva, Glayde, Berenice e Aparecida, entre outros, que estão sempre a enriquecer com suas performances o Café Literário Antonio Roberto, em Campos, aproveito este espaço para divulgar os meus. É só descer com a barra de rolagem para chegar até eles.
domingo, 8 de agosto de 2010
PRIMEIRO DIA DOS PAIS
Rodrigo,
No seu primeiro Dia dos Pais, venho lhe abraçar e rogar a Deus que a sua missao de pai seja sempre abençoada. Que os obstáculos surgidos ao longo da estrada sejam sempre menores do que o sorriso que, sem nada cobrar, o Leozinho lhe ofereçe, e que voce encontre sempre, como pai, a força e a sabedoria de (junto com a Lucinha) educar com carinho e dedicação essa jóia de criança que Deus lhes deu.
Conhecemos os obstáculos da vida, que parecem se tornar maior a cada ano que passa. Os ecológicos, que vocês como biólogos conhecem tão bem; os sociais, que através das diferenças de classe, de poder, faz com que os seres humanos se vejam e se enfrentem com incabíveis diferenças; os políticos, que levam o homem a temerosos impasses na sua medição de força; e, finalmente os religiosos, onde o ser humano, cada vez mais afastado de Deus, parece querer sempre suplantar Seus poderes e Sua posição de Criador do homem e da natureza...
Diante disso é que, nesse seu primeiro Dia dos Pais de uma jóia de valor incalculável, não posso deixar de lhe trazer o meu mais carinhoso abraço de Pai e de Avô do Leonardo, rogando a Deus que lhe conceda sempre Saúde, Paz, Persistência e Coragem para honrar esse tílulo que você agora ostenta: PAI!
Um feliz Dia dos Pais! E que Deus Todo Poderoso cubra de bênçãos o lar de vocês.
Do pai, sogro e avô José Gurgel dos Santos.
No seu primeiro Dia dos Pais, venho lhe abraçar e rogar a Deus que a sua missao de pai seja sempre abençoada. Que os obstáculos surgidos ao longo da estrada sejam sempre menores do que o sorriso que, sem nada cobrar, o Leozinho lhe ofereçe, e que voce encontre sempre, como pai, a força e a sabedoria de (junto com a Lucinha) educar com carinho e dedicação essa jóia de criança que Deus lhes deu.
Conhecemos os obstáculos da vida, que parecem se tornar maior a cada ano que passa. Os ecológicos, que vocês como biólogos conhecem tão bem; os sociais, que através das diferenças de classe, de poder, faz com que os seres humanos se vejam e se enfrentem com incabíveis diferenças; os políticos, que levam o homem a temerosos impasses na sua medição de força; e, finalmente os religiosos, onde o ser humano, cada vez mais afastado de Deus, parece querer sempre suplantar Seus poderes e Sua posição de Criador do homem e da natureza...
Diante disso é que, nesse seu primeiro Dia dos Pais de uma jóia de valor incalculável, não posso deixar de lhe trazer o meu mais carinhoso abraço de Pai e de Avô do Leonardo, rogando a Deus que lhe conceda sempre Saúde, Paz, Persistência e Coragem para honrar esse tílulo que você agora ostenta: PAI!
Um feliz Dia dos Pais! E que Deus Todo Poderoso cubra de bênçãos o lar de vocês.
Do pai, sogro e avô José Gurgel dos Santos.
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
POR QUE BRUNO AINDA RI?
Ambição. Fama. Dinheiro. Poder. Orgia. Crime. Banalidade. Rotina.
Diante do riso sem graça do goleiro Bruno nas suas entradas e saídas dos estabelecimentos e veículos policiais de Minas, numa exposição talvez até maior do que a desfrutada no seu tempo de Flamengo, me surpreendo com o espanto do povo e da mídia! Levando em conta o bárbaro crime em que ele se encontra envolvido e a radical mudança de vida que experimenta o jogador, alguns dias atrás muitos perguntaram: “Por que Bruno ainda ri?
Para mim, não tem mistério. Ele ri porque no Brasil nós todos fazemos parte do grande circo da impunidade, do endeusamento, do “faça o que quiser, você pode”, do “levar vantagem em tudo”, do absurdo sobre todos os aspectos, que coloca no mesmo palco, na mesma novela, no mesmo picadeiro social, ao lado gente simples, de bem, personagens que usam e abusam do direito de se envolver em atos criminosos, indiferentes a uma Lei que deveria ser para todos, mas que, por tradição, muitos a consideram “apenas” para Pobre, Preto e Prostituta...
Para todo bom espetáculo, são necessários ótimos diretores (muitos contratados a peso de ouro!) para que, ao final, produzam os resultados esperados por seus clientes... No espetáculo circense como na vida real (e, atualmente acontecem tantos, com desfechos trágicos para a mulher!), um talentoso “diretor” procura orientar cuidadosamente o show, alterando o rumo do roteiro; não permitindo que seus atores falem mais; mudando scripts; arranjando até novos elementos, como uma sósia da personagem principal, para confundir a história... Tudo para anular um ato de selvageria digno do esquadrão da morte ou do cangaço, o que, na sua visão, seria “o máximo” para o espetáculo e, obviamente... para a sua trajetória profissional!
Apesar do terrível e cruel script inicial, do cuidadoso aparato policial e do dinheiro que o contribuinte paga para a realização desse milionário espetáculo, Bruno ainda ri! Por quê? Seguramente, não há razão. Mas, a gente se esquece que ele nasceu e participou de um evento criminoso... no Brasil! E, quem, neste país, tendo poder através do dinheiro ou da fama, precisa se preocupar com a Justiça?
Diante da impunidade que campeia na nossa sociedade, “celebridades” do tipo políticos, jornalistas, empresários, juízes, funcionários públicos, fazendeiros, religiosos, atletas, artistas, gente da mídia ou com muito dinheiro, desde muito tempo desrespeitam sistematicamente a nossa legislação... passando por cima dos nossos códigos, que parecem ter sido criados exclusivamente para incriminar os miseráveis, os sem força e os sem voz... Sim, porque aqui, quem tem dinheiro, e pode contratar advogados famosos, ou renomados escritórios, não precisa se preocupar com o que reza a Lei. O crime, como um mal estar passageiro – garantem esses agentes da Lei – para uma pequena parcela da sociedade, tem preço! Logo, logo, para os seus clientes, tudo estará resolvido, e eles ganharão vida nova, com... ficha limpa, e tudo o mais que o dinheiro possa comprar!
Diante do riso sem graça do goleiro Bruno nas suas entradas e saídas dos estabelecimentos e veículos policiais de Minas, numa exposição talvez até maior do que a desfrutada no seu tempo de Flamengo, me surpreendo com o espanto do povo e da mídia! Levando em conta o bárbaro crime em que ele se encontra envolvido e a radical mudança de vida que experimenta o jogador, alguns dias atrás muitos perguntaram: “Por que Bruno ainda ri?
Para mim, não tem mistério. Ele ri porque no Brasil nós todos fazemos parte do grande circo da impunidade, do endeusamento, do “faça o que quiser, você pode”, do “levar vantagem em tudo”, do absurdo sobre todos os aspectos, que coloca no mesmo palco, na mesma novela, no mesmo picadeiro social, ao lado gente simples, de bem, personagens que usam e abusam do direito de se envolver em atos criminosos, indiferentes a uma Lei que deveria ser para todos, mas que, por tradição, muitos a consideram “apenas” para Pobre, Preto e Prostituta...
Para todo bom espetáculo, são necessários ótimos diretores (muitos contratados a peso de ouro!) para que, ao final, produzam os resultados esperados por seus clientes... No espetáculo circense como na vida real (e, atualmente acontecem tantos, com desfechos trágicos para a mulher!), um talentoso “diretor” procura orientar cuidadosamente o show, alterando o rumo do roteiro; não permitindo que seus atores falem mais; mudando scripts; arranjando até novos elementos, como uma sósia da personagem principal, para confundir a história... Tudo para anular um ato de selvageria digno do esquadrão da morte ou do cangaço, o que, na sua visão, seria “o máximo” para o espetáculo e, obviamente... para a sua trajetória profissional!
Apesar do terrível e cruel script inicial, do cuidadoso aparato policial e do dinheiro que o contribuinte paga para a realização desse milionário espetáculo, Bruno ainda ri! Por quê? Seguramente, não há razão. Mas, a gente se esquece que ele nasceu e participou de um evento criminoso... no Brasil! E, quem, neste país, tendo poder através do dinheiro ou da fama, precisa se preocupar com a Justiça?
Diante da impunidade que campeia na nossa sociedade, “celebridades” do tipo políticos, jornalistas, empresários, juízes, funcionários públicos, fazendeiros, religiosos, atletas, artistas, gente da mídia ou com muito dinheiro, desde muito tempo desrespeitam sistematicamente a nossa legislação... passando por cima dos nossos códigos, que parecem ter sido criados exclusivamente para incriminar os miseráveis, os sem força e os sem voz... Sim, porque aqui, quem tem dinheiro, e pode contratar advogados famosos, ou renomados escritórios, não precisa se preocupar com o que reza a Lei. O crime, como um mal estar passageiro – garantem esses agentes da Lei – para uma pequena parcela da sociedade, tem preço! Logo, logo, para os seus clientes, tudo estará resolvido, e eles ganharão vida nova, com... ficha limpa, e tudo o mais que o dinheiro possa comprar!
segunda-feira, 26 de julho de 2010
E-BOOK
Vou começar a tirar das prateleiras os meus velhos e queridos livros de papel, me preparando para mais uma mudança radical, desta feita atingindo aqueles que nos trouxeram conhecimento e alegria: os livros. Livros que foram adquiridos por necessidade intelectual ou comprados por motivação passageira; adquiridos em sebos ou feiras de livro; ou acalentados por algum tempo e que nos alegram sempre quando a eles retornamos; os que compramos por indicação e os que não conseguimos passar do primeiro capítulo... todos condenados, democraticamente, a desocupar espaço.
A tecnologia opera maravilhas, mas ao mesmo tempo transtorna a vida das pessoas. Eu costumo brincar com meu filho caçula, dizendo que o ser humano que já colabora com a ciência através das suas digitais e das suas iris/pupilas em programas informáticos, só falta agora colaborar com o seu espirro... espirrou e, junto com aquele discreto ou escandaloso ato, o homem terá todas as suas dúvidas esclarecidas sobre qualquer tema... Tudo personalizado e com a rapidez que a informática exige...
Mas – falando sério! – é incrível como o avanço tecnológico nos obriga constantemente a nos separarmos de tanta coisa que um dia colecionamos com carinho e dedicação. Até a época do rádio, por exemplo, a coisa era menos avassaladora. Durante muitos e muitos anos nos contentamos com esses aparelhos: a princípio enormes, depois em tamanhos mais apropriados, até chegar aos portáteis que já davam sinais do que seria o progresso tecnológico que viria por aí... caminhando lado a lado, a antiga vitrola, fora substituída pela radiola, que conjugava no mesmo objeto rádio e toca-disco no pioneiro e discreto 2em1 da história.
A partir daí, vimos surgir o toca-fitas, e muito rapidamente o toca-cd. E, com o avanço da tecnologia, começou o dilema: “o que fazer?” O que fazer com as pilhas de disco que já haviam substituído o vinil? (long-plays, duplos, simples); Com os sonhos ali contidos: as valsas, os boleros, Nélson, Altemar, Elizeth, Chico, Elis e tantos outros? E, com a radiola desativada? Depois, com o advento do CD, foi a vez de aposentar o toca-fitas, junto com suas caixas... Agora, após tantas seleções e tantos CDs empilhados, vem a possibilidade transformar tudo em lixo, já que um minúsculo aparelho chamado pen-drive é capaz de armazenar tudo o que você deseja em matéria de “som”, transformando-se na mais extraordinária discoteca.
Com os livros também está próximo de acontecer uma mudança radical. Drástica, como toda mudança que chega para promover substituição. Os queridos livros que ao longo da nossa vida foram arrumados cuidadosamente em lugar privilegiado da casa, estarão em breve vestindo uma roupagem nova: despindo-se da forma original de papel, desocupando estantes, ou grandes paredes repletas de importantes obras, estarão dando lugar a uma “única” tabuleta eletrônica que substituirá toda a sua coleção literária, numa atitude bem compatível com as transformações da informática.
Aí, então, aqueles velhos e queridos amigos que folheávamos com prazer, por sua poesia, suas aventuras, seus temas envolventes, promoverão um melancólico “Encontro Marcado”: Machado, Hermingway, Garcia Marques, Vargas, Helder Câmara, Drummond, Bandeira, Adélia, Cecília e Quintana, entre tantos, num misto de festa e velório... partirão para sua nova moradia: uma tabuleta eletrônica, onde viverão todos juntos, calados, sumidos, até serem acionados um dia por um simples botão que lhes dará vida, tudo patrocinado pelo fantástico avanço da Tecnologia.
Certamente que não é para hoje, mas estamos num caminho sem volta. Você pode reagir a essa nova mudança, pranteando o fim da sua bela e bem cultivada biblioteca, ou então, empacotando-a e viajando com ela para o Xingu, em busca do tempo perdido... Isso, se o Xingu ainda existir, após tanta degradação que vem acontecendo na Amazônia...
A tecnologia opera maravilhas, mas ao mesmo tempo transtorna a vida das pessoas. Eu costumo brincar com meu filho caçula, dizendo que o ser humano que já colabora com a ciência através das suas digitais e das suas iris/pupilas em programas informáticos, só falta agora colaborar com o seu espirro... espirrou e, junto com aquele discreto ou escandaloso ato, o homem terá todas as suas dúvidas esclarecidas sobre qualquer tema... Tudo personalizado e com a rapidez que a informática exige...
Mas – falando sério! – é incrível como o avanço tecnológico nos obriga constantemente a nos separarmos de tanta coisa que um dia colecionamos com carinho e dedicação. Até a época do rádio, por exemplo, a coisa era menos avassaladora. Durante muitos e muitos anos nos contentamos com esses aparelhos: a princípio enormes, depois em tamanhos mais apropriados, até chegar aos portáteis que já davam sinais do que seria o progresso tecnológico que viria por aí... caminhando lado a lado, a antiga vitrola, fora substituída pela radiola, que conjugava no mesmo objeto rádio e toca-disco no pioneiro e discreto 2em1 da história.
A partir daí, vimos surgir o toca-fitas, e muito rapidamente o toca-cd. E, com o avanço da tecnologia, começou o dilema: “o que fazer?” O que fazer com as pilhas de disco que já haviam substituído o vinil? (long-plays, duplos, simples); Com os sonhos ali contidos: as valsas, os boleros, Nélson, Altemar, Elizeth, Chico, Elis e tantos outros? E, com a radiola desativada? Depois, com o advento do CD, foi a vez de aposentar o toca-fitas, junto com suas caixas... Agora, após tantas seleções e tantos CDs empilhados, vem a possibilidade transformar tudo em lixo, já que um minúsculo aparelho chamado pen-drive é capaz de armazenar tudo o que você deseja em matéria de “som”, transformando-se na mais extraordinária discoteca.
Com os livros também está próximo de acontecer uma mudança radical. Drástica, como toda mudança que chega para promover substituição. Os queridos livros que ao longo da nossa vida foram arrumados cuidadosamente em lugar privilegiado da casa, estarão em breve vestindo uma roupagem nova: despindo-se da forma original de papel, desocupando estantes, ou grandes paredes repletas de importantes obras, estarão dando lugar a uma “única” tabuleta eletrônica que substituirá toda a sua coleção literária, numa atitude bem compatível com as transformações da informática.
Aí, então, aqueles velhos e queridos amigos que folheávamos com prazer, por sua poesia, suas aventuras, seus temas envolventes, promoverão um melancólico “Encontro Marcado”: Machado, Hermingway, Garcia Marques, Vargas, Helder Câmara, Drummond, Bandeira, Adélia, Cecília e Quintana, entre tantos, num misto de festa e velório... partirão para sua nova moradia: uma tabuleta eletrônica, onde viverão todos juntos, calados, sumidos, até serem acionados um dia por um simples botão que lhes dará vida, tudo patrocinado pelo fantástico avanço da Tecnologia.
Certamente que não é para hoje, mas estamos num caminho sem volta. Você pode reagir a essa nova mudança, pranteando o fim da sua bela e bem cultivada biblioteca, ou então, empacotando-a e viajando com ela para o Xingu, em busca do tempo perdido... Isso, se o Xingu ainda existir, após tanta degradação que vem acontecendo na Amazônia...
quarta-feira, 14 de julho de 2010
AS IMAGENS (Outra fotocrônica)
Diz o ditado que “Uma imagem vale mais do que mil palavras”. Então, se da minha recente viagem ao Nordeste nem tudo consegui captar fotograficamente, ao menos, alguns dos fatos mais marcantes que consegui, gostaria de lhes mostrar. As imagens feitas, a princípio com uma velha Kodak, ganharam mais qualidade, (graças ao mano Tarcísio!), quando passaram geradas a partir de uma digital. Vamos então conferir algumas imagens da viagem?...
Foto 01. Primeira parte da viagem. No ônibus, rumo a Natal.
Foto 02. Em Natal, reunião familiar, com os manos Tarcísio e Dodora, e a cunhada Ione.
Foto 03. Em Mossoró com Caby, criador do “azougue.com”, blog fantástico que consegue revelar a essência da cidade.
Foto 04. Igreja de São Vicente onde a cidade resistiu ao bando de Lampião e onde o espetáculo “Chuva de balas” é encenado anualmente.
Foto 05. Teresina é linda e o palácio do governo, um cartão postal.
Foto 06. O filho Rodrigo e a nora Lúcia, pais de uma jóia chamada Leonardo.
Foto 07. E, aí está ele, pleno de saúde e de beleza. Que Deus o abençoe!
Foto 08. O SALIPI – Salão do Livro do Piauí uma grande festa literária que a cidade realiza anualmente.
Foto 09. Autografando um dos meus livros para uma jovem leitora.
Foto 10. Na tenda de bate papo, com o professor Luiz Romero, um dos organizadores do evento.
Foto 11. Com Assis Brasil, escritor piauiense, ícone da literatura brasileira.
Foto 12. Hora do retornar. As mais de 40 horas da viagem de ônibus nos leva a um relacionamento fraterno, alegre, cúmplice.
E, com a chegada, a rotina nos dá boas vindas...
Foto 01. Primeira parte da viagem. No ônibus, rumo a Natal.
Foto 02. Em Natal, reunião familiar, com os manos Tarcísio e Dodora, e a cunhada Ione.
Foto 03. Em Mossoró com Caby, criador do “azougue.com”, blog fantástico que consegue revelar a essência da cidade.
Foto 04. Igreja de São Vicente onde a cidade resistiu ao bando de Lampião e onde o espetáculo “Chuva de balas” é encenado anualmente.
Foto 05. Teresina é linda e o palácio do governo, um cartão postal.
Foto 06. O filho Rodrigo e a nora Lúcia, pais de uma jóia chamada Leonardo.
Foto 07. E, aí está ele, pleno de saúde e de beleza. Que Deus o abençoe!
Foto 08. O SALIPI – Salão do Livro do Piauí uma grande festa literária que a cidade realiza anualmente.
Foto 09. Autografando um dos meus livros para uma jovem leitora.
Foto 10. Na tenda de bate papo, com o professor Luiz Romero, um dos organizadores do evento.
Foto 11. Com Assis Brasil, escritor piauiense, ícone da literatura brasileira.
Foto 12. Hora do retornar. As mais de 40 horas da viagem de ônibus nos leva a um relacionamento fraterno, alegre, cúmplice.
E, com a chegada, a rotina nos dá boas vindas...
quinta-feira, 1 de julho de 2010
TERESINA, DUAS EMOÇÕES
Conhecer meu neto era o objetivo maior da minha viagem ao Nordeste, em maio deste ano. Quando cheguei a Teresina, como um rei mago que viera de longe para adorar o Rei de todos, não encontrei a criança envolta em auréolas, num ambiente resplandecente, mas dormindo seu sono inocente no silêncio, na penumbra do seu quarto. Seus dois meses de vida, o medo de machucar tão frágil criatura, não me permitiram pegá-lo no colo de imediato. Com quase uma semana de contatos superficiais, num dia em que ele chorava bastante, consegui retirá-lo do berço, sentir o seu arroto retido e sua golfada aliviadora. Depois, acomodado sobre o meu peito, ele dormiu um sono tranqüilo por um bom tempo. Naquela hora, superados os receios e com a camisa suja da sua golfada, eu pude enfim conhecer o verdadeiro significado da palavra Avô.
Amante das letras, também estava reservada para mim, em Teresina, outra grande emoção: a minha participação no SALIPI, na capital piauiense. Minhas atividades culturais em Natal e em Mossoró não foram tão grandes. Em Mossoró, visitei jornais, amigos, participei de lançamentos e comprei livros. Mas, devido à coincidência de datas não pude ficar para ver o “Chuva de balas no país de Mossoró”, cujo texto é de autoria do mano Tarcísio. Felizmente, o interesse da mídia (leia-se Jornal Hoje, da Globo) pelos festejos juninos no Nordeste, que este ano chegou a Mossoró e os recursos da Internet permitiram que, na minha volta, e em meio aos jogos da Copa do Mundo, eu assistisse ao grande evento artístico realizado na cidade, que celebra a resistência do povo mossoroense ao bando de Lampião.
O 8° Salão do Livro do Piauí – SALIPI -, não foi para mim apenas uma grande festa, mas um dos grandes acontecimentos da minha vivência literária. Apesar de não estar relacionado como atração da belíssima festa, me envolvi de tal maneira com o espírito da feira, participando de conferências e debates -, que só tenho a agradecer aos seus organizadores (Luiz Romero, Jasmine Malta, Feliciano Bezerra, Wellington Soares e Cineas Santos), bem como à secretária da Fundação Quixote, Lana, e demais colaboradores, que me abriram as portas do evento, permitindo inclusive que lá autografasse os meus livros.
De prestígio nacional (ver matéria na revista CULT de maio), a feira deste ano foi um êxito total, o que vem compensar a luta ferrenha dos seus organizadores. Com um vasto programa que incluía nomes como Afonso Romano de Santana e Marina Colassanti; contando com a participação do consagrado autor piauiense Assis Brasil, autor de mais de 100 títulos, entre os quais “Beira rio, beira vida” e “Os que bebem como cães” (que na ocasião proferiu palestra sobre a criação literária); a feira de Teresina que não é bienal, como as que conhecemos em outras regiões brasileiras, mas sim “anual” e está na sua 8ª edição, viveu durante uma semana, dias intensos e fascinantes de literatura, principalmente para os alunos pequeninos e barulhentos que, com suas professoras, percorriam enfileirados e com grande curiosidade as alas e os stands da feira.
Foi a minha nora Lúcia quem me alertou para a realização da grande festa das letras do Piauí, quando lhe falei da viagem para conhecer o meu neto: “Venha no início de junho que o senhor aproveita para assistir ao SALIPI”. Foi o que aconteceu. E não me arrependi. Ao contrário, sou-lhe muito grato pelas duas grandes emoções por mim vividas em Teresina.
Prometo marcar presença no ano que vem. Para comemorar o 1º aniversário do Leonardo e para participar do 9ª SALIPI. Se Deus permitir!
Amante das letras, também estava reservada para mim, em Teresina, outra grande emoção: a minha participação no SALIPI, na capital piauiense. Minhas atividades culturais em Natal e em Mossoró não foram tão grandes. Em Mossoró, visitei jornais, amigos, participei de lançamentos e comprei livros. Mas, devido à coincidência de datas não pude ficar para ver o “Chuva de balas no país de Mossoró”, cujo texto é de autoria do mano Tarcísio. Felizmente, o interesse da mídia (leia-se Jornal Hoje, da Globo) pelos festejos juninos no Nordeste, que este ano chegou a Mossoró e os recursos da Internet permitiram que, na minha volta, e em meio aos jogos da Copa do Mundo, eu assistisse ao grande evento artístico realizado na cidade, que celebra a resistência do povo mossoroense ao bando de Lampião.
O 8° Salão do Livro do Piauí – SALIPI -, não foi para mim apenas uma grande festa, mas um dos grandes acontecimentos da minha vivência literária. Apesar de não estar relacionado como atração da belíssima festa, me envolvi de tal maneira com o espírito da feira, participando de conferências e debates -, que só tenho a agradecer aos seus organizadores (Luiz Romero, Jasmine Malta, Feliciano Bezerra, Wellington Soares e Cineas Santos), bem como à secretária da Fundação Quixote, Lana, e demais colaboradores, que me abriram as portas do evento, permitindo inclusive que lá autografasse os meus livros.
De prestígio nacional (ver matéria na revista CULT de maio), a feira deste ano foi um êxito total, o que vem compensar a luta ferrenha dos seus organizadores. Com um vasto programa que incluía nomes como Afonso Romano de Santana e Marina Colassanti; contando com a participação do consagrado autor piauiense Assis Brasil, autor de mais de 100 títulos, entre os quais “Beira rio, beira vida” e “Os que bebem como cães” (que na ocasião proferiu palestra sobre a criação literária); a feira de Teresina que não é bienal, como as que conhecemos em outras regiões brasileiras, mas sim “anual” e está na sua 8ª edição, viveu durante uma semana, dias intensos e fascinantes de literatura, principalmente para os alunos pequeninos e barulhentos que, com suas professoras, percorriam enfileirados e com grande curiosidade as alas e os stands da feira.
Foi a minha nora Lúcia quem me alertou para a realização da grande festa das letras do Piauí, quando lhe falei da viagem para conhecer o meu neto: “Venha no início de junho que o senhor aproveita para assistir ao SALIPI”. Foi o que aconteceu. E não me arrependi. Ao contrário, sou-lhe muito grato pelas duas grandes emoções por mim vividas em Teresina.
Prometo marcar presença no ano que vem. Para comemorar o 1º aniversário do Leonardo e para participar do 9ª SALIPI. Se Deus permitir!
segunda-feira, 21 de junho de 2010
MEU CUNHADO EPAMINONDAS
Meu cunhado Epaminondas chegou aos 80 anos e, apesar do mal de Parkinson, mantém a serenidade que sempre o acompanhou ao longo dos anos, aliada a um espírito atuante, idealista, capaz de se inflamar quando instigado. Funcionário de carreira do Banco do Brasil, banco que levava legiões de brasileiros a se prepararem para seus concursos, verdadeiros vestibulares, com a diferença de que o pretendente a uma vaga não tinha direito de escolha da agência para tomar posse, como o vestibulando escolhe a faculdade para cursar. Com muito esforço e dedicação ao banco, ele construiu aos poucos um respeitável patrimônio que garantiu conforto à família, e boa educação aos filhos. Esse potiguar de Angicos, além da carreira profissional que viveu, manteve-se sempre atualizado, através dos livros, revistas semanais, enciclopédias, discos, fitas, CDs, etc., trazendo para dentro de casa o melhor da cultura publicada no país.
Eu ainda era garoto quando ele conheceu a minha irmã Dodora em Mossoró, por quem se interessou... Obedecendo ao costume da época, namorou, noivou, para só depois casar. Preso ao seu compromisso profissional ele, só depois de aposentado, resolveu trazer à tona a sua veia poética que, entre o humorístico e o social, descreve de maneira singela algumas situações e emoções sentidas, no passado, principalmente.
É bem interessante a maneira como ele expressa o seu primeiro encontro com a mana Dodora: “Conheci uma garota/ numa praça em Mossoró/ com rabinho-de-cavalo/ bonita como ela só./ Com jeitinho inocente/ e astúcia de serpente/ fisgou este (feliz) brocoió./ Logo dois anos depois/ lua-de-mel em Fortaleza/ tudo era sonho e magia/ muita felicidade – que beleza!/ Não tenho de que reclamar/ nosso destino é amar/ hoje e sempre, com certeza!/ Quando casei com você/ não existia computador/ fui movido, pode crer/ somente pelo amor./ Para felicidade e prazer/ Padre Humberto abençoou...” Não fosse a dedicação integral, o amor devotado ao banco, sobrasse um pouquinho mais de tempo para a arte de Bilac, Bandeira, Drummond e Quintana, certamente um maior número de poemas interessantes conheceríamos dele.
Outra coisa. Em conversa informal que tivemos dia desses, ele me contou que gostaria de também mexer na nossa Gramática: “Não é de hoje que penso no assunto. Começou quando os filhos recorriam a mim, para tirar suas dúvidas de português. E elas foram tantas, que a coisa cresceu. Hoje, se houvesse interesse de alguma editora, eu levaria à frente o meu projeto de reforma da gramática."
Bom, esse é o meu cunhado Epaminondas. Uma daquelas pessoas que chamam a atenção pela simplicidade, e que a gente não imagina do que são capazes de produzir e de criar. Saúde, cunhado, e boa sorte!
Eu ainda era garoto quando ele conheceu a minha irmã Dodora em Mossoró, por quem se interessou... Obedecendo ao costume da época, namorou, noivou, para só depois casar. Preso ao seu compromisso profissional ele, só depois de aposentado, resolveu trazer à tona a sua veia poética que, entre o humorístico e o social, descreve de maneira singela algumas situações e emoções sentidas, no passado, principalmente.
É bem interessante a maneira como ele expressa o seu primeiro encontro com a mana Dodora: “Conheci uma garota/ numa praça em Mossoró/ com rabinho-de-cavalo/ bonita como ela só./ Com jeitinho inocente/ e astúcia de serpente/ fisgou este (feliz) brocoió./ Logo dois anos depois/ lua-de-mel em Fortaleza/ tudo era sonho e magia/ muita felicidade – que beleza!/ Não tenho de que reclamar/ nosso destino é amar/ hoje e sempre, com certeza!/ Quando casei com você/ não existia computador/ fui movido, pode crer/ somente pelo amor./ Para felicidade e prazer/ Padre Humberto abençoou...” Não fosse a dedicação integral, o amor devotado ao banco, sobrasse um pouquinho mais de tempo para a arte de Bilac, Bandeira, Drummond e Quintana, certamente um maior número de poemas interessantes conheceríamos dele.
Outra coisa. Em conversa informal que tivemos dia desses, ele me contou que gostaria de também mexer na nossa Gramática: “Não é de hoje que penso no assunto. Começou quando os filhos recorriam a mim, para tirar suas dúvidas de português. E elas foram tantas, que a coisa cresceu. Hoje, se houvesse interesse de alguma editora, eu levaria à frente o meu projeto de reforma da gramática."
Bom, esse é o meu cunhado Epaminondas. Uma daquelas pessoas que chamam a atenção pela simplicidade, e que a gente não imagina do que são capazes de produzir e de criar. Saúde, cunhado, e boa sorte!
terça-feira, 15 de junho de 2010
NORDESTE A 40 HORAS
Depois de um mês de férias pelo Nordeste para visitar familiares e conhecer o mais novo membro da família (o meu neto piauiense, Leonardo), estou de volta para dividir com os amigos leitores o que foi esse mês de viagem a Natal e Mossoró, no Rio Grande do Norte, e a Teresina, no Piauí. As pessoas se assustam quando eu falo que viajo quarenta horas de ônibus galgando esse imenso país como se fora um longo carinho no corpo da pessoa amada... é assim que me sinto quando viajo por terra, pelo Brasil: aflora em mim sentimentos de amor, pátria, chão, gente simples, garra, aspiração, desejos... Essa viagem que se findou no último dia 10, mais uma vez, apesar dos apelos familiares para que viajasse de avião, não abri mão de fazê-la por terra... e não me arrependi, tantos são os sons, as visões, as cores com que nos deparamos a cada instante, em cada lugar alcançado. É bem verdade que os cheiros da Mãe Natureza ficaram um tanto prejudicados com os ônibus “executivos”. Bom mesmo era abrir a janela madrugadinha e sentir o cheiro das plantas orvalhadas que ladeiam a rodovia.
Claro que imprevistos acontecem. Na viagem de ida, antes da primeira parada em Vitória, sofri um bocado com o frio no interior do veículo. Para não incomodar os passageiros, permaneci na minha poltrona no meio do ônibus sofrendo com uma temperatura de 20 graus, já que não havia mais mantas em cada poltrona que aqueciam os passageiros. Depois de buscar agasalhos nas malas e tomar um descongestionante para aliviar a rinite, tive a resposta do motorista para o fim das mantas no veículo:
- Elas foram sendo levadas, levadas, como se os passageiros pensassem: “faz parte do pacote da passagem!” Como não houve reposição, os mais desavisados sofrem...
Como falei acima o asfalto está “um tapete”, como deveriam ser todas as rodovias do país, não apenas as principais. Afinal, todos pagam seus impostos e carecem de um mínimo de conforto, longe da poeira e dos atoleiros... Bom, depois de 40 horas de uma viagem que cortou os estados do Espírito Santo, da Bahia (que consome quase um dia inteiro!), Sergipe, Alagoas, Pernambuco e Paraíba, chego a Natal e sou recebido pelo mano Tarcísio, que deu uma pausa nos seus afazeres literários para me buscar na rodoviária de Natal. A alegria pelo reencontro, as novidades relatadas no trajeto rumo à sua casa, os empreendimentos imobiliários que surgem de todos os lados nesta dinâmica Natal, tudo contribuiu para encurtar o trajeto e logo chegávamos à casa.
O cheirinho da boa comida regional já foi sentido na entrada. E, a surpresa preparada pela cunhada Ione, foi “uma covardia”: carne de sol como carro chefe, acompanhado da passoca, do arroz de leite, e do suco de mangaba. Ave Maria!... diante de tanta maravilha gastronômica há tanto tempo privado, nem sentia mais a reclamação da coluna por tantas horas sentado no ônibus. Mas, aquela deliciosa recepção tinha hora marcada. É que a mana Dodora nos aguardava... fazia questão que eu ficasse na sua casa. Firme, não abria mão de me hospedar, segundo Tarcisio. O que ela confirmou na minha presença:
- O combinado foi o seguinte: Rodoviária e passeios pela cidade, é por conta dele. Estadia, é comigo! (Dodora, a mãezona acostumada com tantos filhos e netos estende aos irmãos distantes a tarefa do acolhimento na capital potiguar.) E concluiu: Já está tudo resolvido. Vai ficar no quarto do Ricardo. Preparei tudo!
É. Trato é trato, e assim foi feito entre eles. Eu apenas concordei com tanta cordialidade.
Claro que imprevistos acontecem. Na viagem de ida, antes da primeira parada em Vitória, sofri um bocado com o frio no interior do veículo. Para não incomodar os passageiros, permaneci na minha poltrona no meio do ônibus sofrendo com uma temperatura de 20 graus, já que não havia mais mantas em cada poltrona que aqueciam os passageiros. Depois de buscar agasalhos nas malas e tomar um descongestionante para aliviar a rinite, tive a resposta do motorista para o fim das mantas no veículo:
- Elas foram sendo levadas, levadas, como se os passageiros pensassem: “faz parte do pacote da passagem!” Como não houve reposição, os mais desavisados sofrem...
Como falei acima o asfalto está “um tapete”, como deveriam ser todas as rodovias do país, não apenas as principais. Afinal, todos pagam seus impostos e carecem de um mínimo de conforto, longe da poeira e dos atoleiros... Bom, depois de 40 horas de uma viagem que cortou os estados do Espírito Santo, da Bahia (que consome quase um dia inteiro!), Sergipe, Alagoas, Pernambuco e Paraíba, chego a Natal e sou recebido pelo mano Tarcísio, que deu uma pausa nos seus afazeres literários para me buscar na rodoviária de Natal. A alegria pelo reencontro, as novidades relatadas no trajeto rumo à sua casa, os empreendimentos imobiliários que surgem de todos os lados nesta dinâmica Natal, tudo contribuiu para encurtar o trajeto e logo chegávamos à casa.
O cheirinho da boa comida regional já foi sentido na entrada. E, a surpresa preparada pela cunhada Ione, foi “uma covardia”: carne de sol como carro chefe, acompanhado da passoca, do arroz de leite, e do suco de mangaba. Ave Maria!... diante de tanta maravilha gastronômica há tanto tempo privado, nem sentia mais a reclamação da coluna por tantas horas sentado no ônibus. Mas, aquela deliciosa recepção tinha hora marcada. É que a mana Dodora nos aguardava... fazia questão que eu ficasse na sua casa. Firme, não abria mão de me hospedar, segundo Tarcisio. O que ela confirmou na minha presença:
- O combinado foi o seguinte: Rodoviária e passeios pela cidade, é por conta dele. Estadia, é comigo! (Dodora, a mãezona acostumada com tantos filhos e netos estende aos irmãos distantes a tarefa do acolhimento na capital potiguar.) E concluiu: Já está tudo resolvido. Vai ficar no quarto do Ricardo. Preparei tudo!
É. Trato é trato, e assim foi feito entre eles. Eu apenas concordei com tanta cordialidade.
domingo, 9 de maio de 2010
ORGULHO MOSSOROENSE
(endereçado ao blog Azougue.com em 07.04.10)
Amigo Cabi, acho que você exagerou um pouco ao se referir à minha pessoa no seu fantástico blog “Azougue.com”, me colocando em destaque por um bom período na página principal do mesmo. Por que penso assim? Porque, para mim, orgulho de um lugar é o operário, na sua árdua luta diária, construindo o progresso; o microempresário, na busca incansável para levar adiante um projeto; o estudante que se esforça e se forma (aí, agora, são inúmeras as oportunidades!); a mestra, que envelhece educando; os médicos que honram o seu juramento; o policial, que garante a segurança; aqueles que persistem na sua labuta diária, reclamando da batalha sob o calor intenso, mas que é compensada, quando à noitinha a brisa refrescante vem farfalhar os carnaubais...
Além do mais, já caminha para 40 anos o tempo que deixei a cidade. De lá para cá, apenas visitas periódicas. Da família do S. Juvenal e de D. Dalila, apenas o casarão, que vai se transformando em comércio, obedecendo à ordem econômica. Cadê as noites tranqüilas, as moças desfilando pela calçada, dobrando a Coronel Gurgel, em direção ao Pax, ao Caiçara, à Churrascaria “O Sujeito”; Cadê a Padaria da Meira e Sá, onde eu e Ninha ajudávamos o pai no fabrico e na venda do pão? Cadê os cantadores na pedra do Mercado? Cadê os carroceiros, as lavadeiras equilibrando grandes trouxas na cabeça? Cadê os melancólicos enterros com o fundo musical do sino da catedral, se arrastando pela Augusto Severo, até o cemitério? O que foi feito, meu amigo, da praça do Pax, onde nos reuníamos e assistíamos a filmes épicos (contrastando com os Fellinis, exibidos no Caiçara)? Cadê Luiz dos jornais, jornais vendidos sempre à noitinha em frente ao cinema? Para onde foram a sorveteria, a sinuca do bar Suez, as danças na churrascaria? O bucólico do rio que cortava uma Mossoró singela, na maioria das vezes quase seco, mas que conseguia o magnetismo de refletir a lua cheia. Os namoros vigiados, cobrados, talvez por isso até mais apaixonantes? No final da noite, eu busco e não encontro mais a zona do meretrício... Dos amigos, os que comigo formavam o quarteto de papo, cerveja e sinuca, Cizinho, Paulo e Berício, já partiram para o andar de cima e estão na boa companhia do Senhor. Ninguém, amigo, consegue deter a marcha do progresso!
Esse que você dá destaque como “Orgulho mossoroense”, deixou Mossoró em 1965, em busca de oportunidades no Rio de Janeiro: queria fazer Medicina. Nas ilusões juvenis, enfrentou difíceis vestibulares, o restaurante Calabouço, a polícia da ditadura, a dureza da vida. Passou para a Embratel (que iniciava suas operações e era orgulho nacional!) Casou-se. Constituiu família. E o velho sonho de voltar médico (não mais para fazer curativos na operação de Tio Altamiro, mas para realizar as suas próprias operações!) se desfez. Quando me descobri, os anos haviam passado e eu estava radicado no “sul maravilha”, como se falava antigamente. No meu livro “Nativo” sou um tanto radical ao dizer: “Não sou mossoroense... Não sou carioca... não sou campista... não tenho naturalidade... tenho nacionalidade: sou Brasileiro!” Porque imenso é o meu amor por esta Pátria, que precisará cada dia mais, de cada um de nós... Como tal, procuro fazer a minha parte como pai de família (agora avô!) e, desde a doença da mulher, escrevo crônicas, dentro do que julgo ser mais coerente.
Agora, amigo Caby... orgulho por orgulho, apesar de tudo o que eu falei, fique sabendo que: estar no seu blog, é um “orgulho danado”!
Em tempo: Nesses breves dias, estarei novamente em Mossoró, para mais uma visita familiar.
Amigo Cabi, acho que você exagerou um pouco ao se referir à minha pessoa no seu fantástico blog “Azougue.com”, me colocando em destaque por um bom período na página principal do mesmo. Por que penso assim? Porque, para mim, orgulho de um lugar é o operário, na sua árdua luta diária, construindo o progresso; o microempresário, na busca incansável para levar adiante um projeto; o estudante que se esforça e se forma (aí, agora, são inúmeras as oportunidades!); a mestra, que envelhece educando; os médicos que honram o seu juramento; o policial, que garante a segurança; aqueles que persistem na sua labuta diária, reclamando da batalha sob o calor intenso, mas que é compensada, quando à noitinha a brisa refrescante vem farfalhar os carnaubais...
Além do mais, já caminha para 40 anos o tempo que deixei a cidade. De lá para cá, apenas visitas periódicas. Da família do S. Juvenal e de D. Dalila, apenas o casarão, que vai se transformando em comércio, obedecendo à ordem econômica. Cadê as noites tranqüilas, as moças desfilando pela calçada, dobrando a Coronel Gurgel, em direção ao Pax, ao Caiçara, à Churrascaria “O Sujeito”; Cadê a Padaria da Meira e Sá, onde eu e Ninha ajudávamos o pai no fabrico e na venda do pão? Cadê os cantadores na pedra do Mercado? Cadê os carroceiros, as lavadeiras equilibrando grandes trouxas na cabeça? Cadê os melancólicos enterros com o fundo musical do sino da catedral, se arrastando pela Augusto Severo, até o cemitério? O que foi feito, meu amigo, da praça do Pax, onde nos reuníamos e assistíamos a filmes épicos (contrastando com os Fellinis, exibidos no Caiçara)? Cadê Luiz dos jornais, jornais vendidos sempre à noitinha em frente ao cinema? Para onde foram a sorveteria, a sinuca do bar Suez, as danças na churrascaria? O bucólico do rio que cortava uma Mossoró singela, na maioria das vezes quase seco, mas que conseguia o magnetismo de refletir a lua cheia. Os namoros vigiados, cobrados, talvez por isso até mais apaixonantes? No final da noite, eu busco e não encontro mais a zona do meretrício... Dos amigos, os que comigo formavam o quarteto de papo, cerveja e sinuca, Cizinho, Paulo e Berício, já partiram para o andar de cima e estão na boa companhia do Senhor. Ninguém, amigo, consegue deter a marcha do progresso!
Esse que você dá destaque como “Orgulho mossoroense”, deixou Mossoró em 1965, em busca de oportunidades no Rio de Janeiro: queria fazer Medicina. Nas ilusões juvenis, enfrentou difíceis vestibulares, o restaurante Calabouço, a polícia da ditadura, a dureza da vida. Passou para a Embratel (que iniciava suas operações e era orgulho nacional!) Casou-se. Constituiu família. E o velho sonho de voltar médico (não mais para fazer curativos na operação de Tio Altamiro, mas para realizar as suas próprias operações!) se desfez. Quando me descobri, os anos haviam passado e eu estava radicado no “sul maravilha”, como se falava antigamente. No meu livro “Nativo” sou um tanto radical ao dizer: “Não sou mossoroense... Não sou carioca... não sou campista... não tenho naturalidade... tenho nacionalidade: sou Brasileiro!” Porque imenso é o meu amor por esta Pátria, que precisará cada dia mais, de cada um de nós... Como tal, procuro fazer a minha parte como pai de família (agora avô!) e, desde a doença da mulher, escrevo crônicas, dentro do que julgo ser mais coerente.
Agora, amigo Caby... orgulho por orgulho, apesar de tudo o que eu falei, fique sabendo que: estar no seu blog, é um “orgulho danado”!
Em tempo: Nesses breves dias, estarei novamente em Mossoró, para mais uma visita familiar.
quarta-feira, 28 de abril de 2010
ANIVERSÁRIOS
Há pessoas que não ligam para a data do aniversário. Para elas, um abraço de parabéns, uma lembrancinha dos mais próximos; um telefonema de alguém mais distante é o suficiente. Eu sou desse time. Para outras, não. A festa é imprescindível. Ivoneide joga nesse. Tudo concorre para a celebração. Que pode ser simples, com um bolinho e refrigerante, para se cantar parabéns, mesmo com um reduzido numero de participantes, ou uma grande festa, como a que a mesma organizou para comemorar os meus 60 anos. Uma festa linda, marcante, com a presença de grande número de amigos, no Café Literário.
Outro que faz parte do segundo bloco (o dos festeiros) é Adriano. Conheci Adriano quando participamos, juntamente com meia dúzia de outros idosos, do curso de informática para adultos do CCAG. Semana passada encontrei-me com ele no supermercado Walmart. Estava ao lado da esposa, empurrando dois carrinhos abarrotados de produtos para festa, principalmente latinhas de cerveja, e, conversador como todo bom carioca, ao me ver foi logo disparando:
- Não vai furar, não, hein! Olhe aqui, a aniversariante... (e me apresentou a sua esposa que, bastante simpática, também reforçou o convite). Ele insistia:
- Você vai, não vai? Para você, “campista” há mais tempo do que eu, chegar lá não vai ser nenhuma dificuldade. É simples: pega a 28 de Março, e... (gastou um tempinho para explicar o itinerário. Eu ouvindo tudo atento). Depois, continuou:
- Bota uma camisa da seleção e chega lá, por volta das oito. Vai ser um barato! No início a coisa é mais “light”... Tem a dança da criançada. Tem dança de salão. Quando a coisa já estiver esquentando, lá pela meia-noite, o sambão entra pra valer. Vira Carnaval! Escola de Samba! Você sabe, nós que viemos do Rio de Janeiro, festejamos mesmo é com samba: com batucada, cantoria, apito, gongozela, o escambau.
- E os vizinhos?... ponderei eu.
- Ah... Os vizinhos gostam... participam. Não temos problema. Nem de som, nem de hora...
Como estava com pouca mercadoria, me dirigi a outro caixa que me liberasse mais rápido. Antes de sair, desejei um feliz aniversário à sua esposa, e uma ótima festa para o “festeiro” Adriano. E, vim para casa imaginando a cena: o som da batucada misturado ao barulho estridente das gongozelas, no silêncio da noite campista, fazendo “bombar” pelos ares, a incrível festa do Adriano.
- Pode deixar, companheiro, que farei tudo para comparecer!
Isso foi semana passada. Agora vou ligar pro meu amigo, para saber como transcorreu o aniversário da sua esposa. Arranjando, logicamente, uma desculpa sensata pelo meu não comparecimento.
Outro que faz parte do segundo bloco (o dos festeiros) é Adriano. Conheci Adriano quando participamos, juntamente com meia dúzia de outros idosos, do curso de informática para adultos do CCAG. Semana passada encontrei-me com ele no supermercado Walmart. Estava ao lado da esposa, empurrando dois carrinhos abarrotados de produtos para festa, principalmente latinhas de cerveja, e, conversador como todo bom carioca, ao me ver foi logo disparando:
- Não vai furar, não, hein! Olhe aqui, a aniversariante... (e me apresentou a sua esposa que, bastante simpática, também reforçou o convite). Ele insistia:
- Você vai, não vai? Para você, “campista” há mais tempo do que eu, chegar lá não vai ser nenhuma dificuldade. É simples: pega a 28 de Março, e... (gastou um tempinho para explicar o itinerário. Eu ouvindo tudo atento). Depois, continuou:
- Bota uma camisa da seleção e chega lá, por volta das oito. Vai ser um barato! No início a coisa é mais “light”... Tem a dança da criançada. Tem dança de salão. Quando a coisa já estiver esquentando, lá pela meia-noite, o sambão entra pra valer. Vira Carnaval! Escola de Samba! Você sabe, nós que viemos do Rio de Janeiro, festejamos mesmo é com samba: com batucada, cantoria, apito, gongozela, o escambau.
- E os vizinhos?... ponderei eu.
- Ah... Os vizinhos gostam... participam. Não temos problema. Nem de som, nem de hora...
Como estava com pouca mercadoria, me dirigi a outro caixa que me liberasse mais rápido. Antes de sair, desejei um feliz aniversário à sua esposa, e uma ótima festa para o “festeiro” Adriano. E, vim para casa imaginando a cena: o som da batucada misturado ao barulho estridente das gongozelas, no silêncio da noite campista, fazendo “bombar” pelos ares, a incrível festa do Adriano.
- Pode deixar, companheiro, que farei tudo para comparecer!
Isso foi semana passada. Agora vou ligar pro meu amigo, para saber como transcorreu o aniversário da sua esposa. Arranjando, logicamente, uma desculpa sensata pelo meu não comparecimento.
terça-feira, 13 de abril de 2010
O MORRO DO BUMBA
Chocado, como o Brasil inteiro, com a tragédia do Morro do Bumba – depósito de lixo sobre o qual autoridades permitiram que incautos cidadãos realizassem o sonho da casa própria, constituíssem família e criassem seus filhos em aparente tranqüilidade, para ver tudo acabar numa terrível avalanche de lixo compactado e chorume – não consigo tirar da cabeça mais essa tragédia nacional anunciada. E, não sei por que razão, de vez em quando me vem à mente uma antiga piada.
Conta essa piada que cidadãos de diversos países foram se queixar a Deus, pelos privilégios por Ele concedidos ao Brasil...
- Por que, Senhor, tanto benefícios para aquele país ? Lá não tem os ciclones como os que castigam o meu... Era o americano.
- Nem guerras, Senhor! Os europeus uniam-se em coro na sua reclamação.
- Senhor, e os terremotos?! O japonês educadamente reclamava: - O meu país tão pequenino sofre tanto com esses abalos!...
Na fila ainda esperavam a vez asiáticos, africanos, latino-americanos, todos com reclamações engatilhadas, quando Deus resolve abreviar a reunião contra o Brasil, falando:
Meus filhos, sérios e inteligentes como vocês são, certamente hão de perceber que estão reclamando sem razão... Queria que vocês meditassem, por exemplo, no “tipo de gente” que Eu coloquei lá!... Após um momento de reflexão, analisando as palavras do Senhor, eles foram aos pouco se retirando...
Eu ouvi pela primeira vez essa piada – que, como toda piada, tem sempre um fundo de verdade - na adolescência. Mas nunca a esqueci por seu incrível humor negro e por sua terrível realidade. Como é que pode administradores permitirem construções em cima de um lixão? É, mas no nosso país pode tudo. Deixa acontecer, se render votos, melhor! Se não... o que representam “apenas” 200 cidadãos mortos, não é verdade?...
Infelizmente, a tragédia do Morro do Bumba tem tudo a ver com esta piada. Do “povim” que o Senhor colocou aqui, destaca-se a pior classe dele: a daqueles que nós elegemos nossos representantes. Os mais inteligentes, os mais espertos. Tão espertos que só fazem leis em benefício próprio, que possam inocentar seus crimes, suas falcatruas. Pensar na Pátria, nos concidadãos sem segurança, educação, moradia digna, aposentadoria justa? Isso é coisa para intelectual... Obras de infra-estrutura?! O importante é construir praças e serviços que possam lembrar o seu governo. Às favas com as obrigações institucionais. Escárnio e desprezo com o povo até a próxima eleição, é esta a lei do político brasileiro.
Conta essa piada que cidadãos de diversos países foram se queixar a Deus, pelos privilégios por Ele concedidos ao Brasil...
- Por que, Senhor, tanto benefícios para aquele país ? Lá não tem os ciclones como os que castigam o meu... Era o americano.
- Nem guerras, Senhor! Os europeus uniam-se em coro na sua reclamação.
- Senhor, e os terremotos?! O japonês educadamente reclamava: - O meu país tão pequenino sofre tanto com esses abalos!...
Na fila ainda esperavam a vez asiáticos, africanos, latino-americanos, todos com reclamações engatilhadas, quando Deus resolve abreviar a reunião contra o Brasil, falando:
Meus filhos, sérios e inteligentes como vocês são, certamente hão de perceber que estão reclamando sem razão... Queria que vocês meditassem, por exemplo, no “tipo de gente” que Eu coloquei lá!... Após um momento de reflexão, analisando as palavras do Senhor, eles foram aos pouco se retirando...
Eu ouvi pela primeira vez essa piada – que, como toda piada, tem sempre um fundo de verdade - na adolescência. Mas nunca a esqueci por seu incrível humor negro e por sua terrível realidade. Como é que pode administradores permitirem construções em cima de um lixão? É, mas no nosso país pode tudo. Deixa acontecer, se render votos, melhor! Se não... o que representam “apenas” 200 cidadãos mortos, não é verdade?...
Infelizmente, a tragédia do Morro do Bumba tem tudo a ver com esta piada. Do “povim” que o Senhor colocou aqui, destaca-se a pior classe dele: a daqueles que nós elegemos nossos representantes. Os mais inteligentes, os mais espertos. Tão espertos que só fazem leis em benefício próprio, que possam inocentar seus crimes, suas falcatruas. Pensar na Pátria, nos concidadãos sem segurança, educação, moradia digna, aposentadoria justa? Isso é coisa para intelectual... Obras de infra-estrutura?! O importante é construir praças e serviços que possam lembrar o seu governo. Às favas com as obrigações institucionais. Escárnio e desprezo com o povo até a próxima eleição, é esta a lei do político brasileiro.
quarta-feira, 31 de março de 2010
A RESPEITO DA 3ª PROFECIA (COMENTANDO UM TABU)
Para mim, o mais interessante da Internet não são as salas de debate, orkut, twit, etc. Para mim, o mais sensacional dessa incrível rede é podermos ter a qualquer momento todo o saber humano ao nosso dispor. Quer um exemplo? Quem foi William Saroyan? Uma rápida busca e o Google logo dá a resposta: “norte-americano, de origem armênia, autor do best-seller “A Comédia Humana”, e complementa com informações diversas sobre o autor e a obra”. Na hora! Obter, sem precisar se deslocar a bibliotecas, arquivos, jornais, etc., as informações de que você precisa seja na ciência, nas artes, na religião, em qualquer outra atividade humana, com um simples click, e no conforto do seu lar, é o máximo! É impressionante como de uns anos para cá as pesquisas se tornaram mais ágeis, os negócios mais práticos, tudo contribuindo para transformar o mundo na famosa “Aldeia Global” que os teóricos dos anos 60/70 proclamavam.
Mesmo tendo trabalhado na Embratel, quando esta dava seus primeiros passos, conhecendo, portanto, as vantagens da moderna telecomunicação, confesso que não costumo tirar o máximo de proveito do que a rede oferece... A minha relação com o computador (que há uns quinze anos, quando comecei era, para mim, apenas uma máquina de escrever “sofisticada”) resume-se na produção de uma crônica e matérias para o Blog que o meu filho que mora no Piauí criou para mim. Fora isso, tenho um e-mail para as minhas correspondências. Blogueiros amigos estão sempre me enviando novidades: Beth: cada e-mail seu é uma jóia da cultura universal; Roberto, cronista/poeta de Campina Grande, tem de plantão o bom nacionalismo ao lado do bom humorismo; Ainda no Nordeste, Ivoneide e Ivanosca estão sempre me remetendo belas mensagens. Em Campos, Neiva, Manolo, Walnize, Quitar e Dr. Redondo freqüentam o meu e-mail constantemente.
No dia 18 de março, recebi do meu amigo Roberto mais de 10 e-mails de uma só vez. Dentre eles, um me impressionou. Na verdade já recebera outros e-mails chocantes como, por exemplo, um que mostra pilhas de cadáveres de judeus na II Guerra Mundial, vítimas da insanidade humana. Já o e-mail a que me refiro agora fala da 3ª profecia de N.S. de Fátima. Ela impressiona porque coincide com as repetidas catástrofes que passamos a viver ultimamente...
Não seria a hora desses milhões de brasileiros alienados que se ligam tanto em Big Brother e outras bobagens televisivas; mais os milhares de “ratos” irresponsáveis que infestam os nossos poderes públicos; e os pervertidos que corrompem a nossa juventude se conscientizar do problema, refletindo seriamente sobre o tema? A impunidade no nosso país, e o achar que se pode fazer tudo, tem contribuído para a bagunça generalizada em que nos encontramos atualmente. E, o segredo de Fátima tem tudo a ver com o momento atual. O próprio Brasil vive situações incomuns: enchentes devastadoras, mudanças climáticas, furacões, abalos sísmicos... Quem sabe se, diante de tantas evidências negativas os católicos e até mesmo os não católicos, sintam que a hora é de meditar na 3ª Profecia de N.S. de Fátima? E, confiantes no Pai Supremo, como cristãos passarmos a agir com mais fé, e como cidadãos com extrema seriedade cívica!
Mesmo tendo trabalhado na Embratel, quando esta dava seus primeiros passos, conhecendo, portanto, as vantagens da moderna telecomunicação, confesso que não costumo tirar o máximo de proveito do que a rede oferece... A minha relação com o computador (que há uns quinze anos, quando comecei era, para mim, apenas uma máquina de escrever “sofisticada”) resume-se na produção de uma crônica e matérias para o Blog que o meu filho que mora no Piauí criou para mim. Fora isso, tenho um e-mail para as minhas correspondências. Blogueiros amigos estão sempre me enviando novidades: Beth: cada e-mail seu é uma jóia da cultura universal; Roberto, cronista/poeta de Campina Grande, tem de plantão o bom nacionalismo ao lado do bom humorismo; Ainda no Nordeste, Ivoneide e Ivanosca estão sempre me remetendo belas mensagens. Em Campos, Neiva, Manolo, Walnize, Quitar e Dr. Redondo freqüentam o meu e-mail constantemente.
No dia 18 de março, recebi do meu amigo Roberto mais de 10 e-mails de uma só vez. Dentre eles, um me impressionou. Na verdade já recebera outros e-mails chocantes como, por exemplo, um que mostra pilhas de cadáveres de judeus na II Guerra Mundial, vítimas da insanidade humana. Já o e-mail a que me refiro agora fala da 3ª profecia de N.S. de Fátima. Ela impressiona porque coincide com as repetidas catástrofes que passamos a viver ultimamente...
Não seria a hora desses milhões de brasileiros alienados que se ligam tanto em Big Brother e outras bobagens televisivas; mais os milhares de “ratos” irresponsáveis que infestam os nossos poderes públicos; e os pervertidos que corrompem a nossa juventude se conscientizar do problema, refletindo seriamente sobre o tema? A impunidade no nosso país, e o achar que se pode fazer tudo, tem contribuído para a bagunça generalizada em que nos encontramos atualmente. E, o segredo de Fátima tem tudo a ver com o momento atual. O próprio Brasil vive situações incomuns: enchentes devastadoras, mudanças climáticas, furacões, abalos sísmicos... Quem sabe se, diante de tantas evidências negativas os católicos e até mesmo os não católicos, sintam que a hora é de meditar na 3ª Profecia de N.S. de Fátima? E, confiantes no Pai Supremo, como cristãos passarmos a agir com mais fé, e como cidadãos com extrema seriedade cívica!
domingo, 21 de março de 2010
O SUMIÇO DE LILI
Foi assim... Charles vivia sozinho. Não podia ver uma perna de moça que logo se chegava e ensaiava inconveniências. Suas atitudes já eram motivo de vergonha para a família, já que Charles não respeitava moças moças, moças adultas, e até moças idosas, como era o caso da vovó... era só a visita chegar, se acomodar na poltrona e lá vinha Charles buscando as pernas das moças com suas demonstrações eróticas. Foi então que os donos se apressaram para arranjar-lhe uma companheira. E, Lili entrou em cena. Chegou com lacinho de fita, perfumada, mas como na música de Chico, ele não deu bola para os enfeite não, “queria mesmo era agarrar, despentear, ir para cama”... E, foram tantos dias dedicados exclusivamente à amada Lili, que as visitas até se viram aliviadas do constante assédio do Charles às suas pernas.
Tantos encontros amorosos e sem nenhum cuidado contraceptivo resultaram que logo, logo, Lili se viu prenhe, não faltaram os elogios masculinos à façanha de Charles, muito parecidos com aqueles da propaganda de cerveja:
- Charlão!... Machão!... Durão!... Paisão!...
Enquanto isso a barriga de Lili crescia, crescia... e pelos cálculos de gestação canina já estava chegando o dia do nascimento dos filhotes. Numa bela noite de sábado, o pânico:
- Lili sumiu!!! Foi um clamor... “Procurou no meu quarto?” – Procurei! “Na cozinha?” – Também! “Lá fora?” – Já revirei tudo, mãe: área, cozinha, banheiro, todos os quartos, lá fora!... A casa do meu vizinho da frente foi tomada por um desespero coletivo:
- Quem deixou a porta aberta? Quem? Quem? Quem? Era mais uma acusação do que uma pergunta propriamente dita.
- Ela não sabe andar por essa Pelinca! – E, com a barriga naquele tamanho! - Pequenininha e mansa como é, com certeza já apanharam! - Meu medo é que seja atropelada. Santo Deus!...
O pai um pouco mais calmo que os demais determina: filho vai na direção da Formosa. Amor, vai pela Pelinca! Até o meu caçula, vendo o clamor instado em razão do torno do sumiço de Lili se prontificou a ajudar, percorrendo de moto ruas adjacentes...
O grupo reunido na frente da casa não tirava o olho da rua, na esperança de que a qualquer hora um dos “caçadores” voltasse com a fujona sã e salva. Chega o primeiro, nada! O segundo, nada! O terceiro ainda não tinha voltado, quando veio o grito de alívio da filha que vasculhando cada palmo da casa acabara descobrindo o esconderijo da Lili, no quarto de objetos usados, num espaço quentinho de um móvel antigo que ela cuidadosamente escolheu como maternidade. Era lá que estava a Lili, indiferente a tanto alvoroço que, sem saber provocara, se preparando para trazer à luz seus filhotes, para orgulho de Charles que dera a pista à filha da casa, montando guarda próximo ao local onde se encontrava Lili.
Daí para a frente, foi só festa, respirar fundo de alívio, risos e agradecimentos ao Pai pelo aparecimento de Lili. Esta, na tranqüilidade do leito que improvisara, já naquela mesma noite pariu o primeiro filhote daquela gestação.
Tantos encontros amorosos e sem nenhum cuidado contraceptivo resultaram que logo, logo, Lili se viu prenhe, não faltaram os elogios masculinos à façanha de Charles, muito parecidos com aqueles da propaganda de cerveja:
- Charlão!... Machão!... Durão!... Paisão!...
Enquanto isso a barriga de Lili crescia, crescia... e pelos cálculos de gestação canina já estava chegando o dia do nascimento dos filhotes. Numa bela noite de sábado, o pânico:
- Lili sumiu!!! Foi um clamor... “Procurou no meu quarto?” – Procurei! “Na cozinha?” – Também! “Lá fora?” – Já revirei tudo, mãe: área, cozinha, banheiro, todos os quartos, lá fora!... A casa do meu vizinho da frente foi tomada por um desespero coletivo:
- Quem deixou a porta aberta? Quem? Quem? Quem? Era mais uma acusação do que uma pergunta propriamente dita.
- Ela não sabe andar por essa Pelinca! – E, com a barriga naquele tamanho! - Pequenininha e mansa como é, com certeza já apanharam! - Meu medo é que seja atropelada. Santo Deus!...
O pai um pouco mais calmo que os demais determina: filho vai na direção da Formosa. Amor, vai pela Pelinca! Até o meu caçula, vendo o clamor instado em razão do torno do sumiço de Lili se prontificou a ajudar, percorrendo de moto ruas adjacentes...
O grupo reunido na frente da casa não tirava o olho da rua, na esperança de que a qualquer hora um dos “caçadores” voltasse com a fujona sã e salva. Chega o primeiro, nada! O segundo, nada! O terceiro ainda não tinha voltado, quando veio o grito de alívio da filha que vasculhando cada palmo da casa acabara descobrindo o esconderijo da Lili, no quarto de objetos usados, num espaço quentinho de um móvel antigo que ela cuidadosamente escolheu como maternidade. Era lá que estava a Lili, indiferente a tanto alvoroço que, sem saber provocara, se preparando para trazer à luz seus filhotes, para orgulho de Charles que dera a pista à filha da casa, montando guarda próximo ao local onde se encontrava Lili.
Daí para a frente, foi só festa, respirar fundo de alívio, risos e agradecimentos ao Pai pelo aparecimento de Lili. Esta, na tranqüilidade do leito que improvisara, já naquela mesma noite pariu o primeiro filhote daquela gestação.
domingo, 14 de março de 2010
PADRÃO GLOBAL
Mudei eu? Ou mudou o famoso Padrão Global, da Rede Globo de Televisão? Ela que primava por uma linha perfeita, séria, charmosa, que encantava o telespectador pela maneira irretocável como os seus programas eram produzidos, hoje em dia já não é a mesma coisa. No jornalismo, por exemplo, são tantas as novidades ditas pelos apresentadores – não sei orientados por quem! – que muitas vezes a gente nem parece que está na poderosa Rede Globo, a Venus Platinada.
Anotei algumas delas. Vejam se concordam comigo: O casal 20 do Jornal Nacional, William Bonner e Fátima Bernardes, de um tempo para cá, passou a ler a notícia e, invariavelmente, se virar para o parceiro. Por que motivo? Como são casados, fico imaginando o dia em que estiverem brigados (ou serão diferentes dos demais casais!) mesmo sem querer, ter que virar o rosto para o parceiro... Me ocorre, também, se com essas viradas constantes que eles estão praticando, não correm o risco de sofrer um inesperado e indesejado torcicolo...
Já a repórter de esportes Glenda K. (sobrenome difícil!), além de dar as notícias encenando golpes de capoeira ou de caratê, chutes, etc., de vez em quando se senta em forma de Buda num móvel qualquer do cenário ou ameaça uma corrida, um salto ou coisa semelhante... Não sei se a excentricidade resulta em IBOPE, mas o certo é que a moça do jornalismo esportivo foi promovida ao comando das transmissões carnavalescas o que fez (talvez por falta dos trejeitos), com uma atuação bem discreta, para não dizer apagada...
Porém, nada supera, a “criatividade” teatral do casal que apresenta o Jornal Hoje. É impressionante a gesticulação, as risadas e os gritinhos, emitidos pela apresentadora Sandra A. (sobrenome também difícil). A impressão que fica é que o jornal da tarde da Globo está sendo transmitido por dois vizinhos que se encontram no portão da casa de um deles “para botar os assuntos em dia”. Engraçado é que o apresentador, rapaz até pouco tempo comedido e correto na leitura das notícias, foi contaminado pelo vírus teatral da parceira e, mesmo sem jeito, entrou na onda...
Não sei se essas novidades todas tem a ver com o BBB que esculhambou de vez a programação global. Ou se, com a concorrência de outras emissoras. É bem verdade que a “eterna vice” em audiência, emissora do dono do Baú, nunca se preocupou com a seriedade da sua programação. O seu negócio sempre foi a Loteria do patrão! O resto era o resto!...
Agora, não! Com outra emissora querendo bater de frente, a coisa muda de figura. Pode ser que resida aí a troca do clássico “padrão global” por um linguajar que, atualmente, não tem nada de sério, clássico, padrão, ou coisa semelhante...
Anotei algumas delas. Vejam se concordam comigo: O casal 20 do Jornal Nacional, William Bonner e Fátima Bernardes, de um tempo para cá, passou a ler a notícia e, invariavelmente, se virar para o parceiro. Por que motivo? Como são casados, fico imaginando o dia em que estiverem brigados (ou serão diferentes dos demais casais!) mesmo sem querer, ter que virar o rosto para o parceiro... Me ocorre, também, se com essas viradas constantes que eles estão praticando, não correm o risco de sofrer um inesperado e indesejado torcicolo...
Já a repórter de esportes Glenda K. (sobrenome difícil!), além de dar as notícias encenando golpes de capoeira ou de caratê, chutes, etc., de vez em quando se senta em forma de Buda num móvel qualquer do cenário ou ameaça uma corrida, um salto ou coisa semelhante... Não sei se a excentricidade resulta em IBOPE, mas o certo é que a moça do jornalismo esportivo foi promovida ao comando das transmissões carnavalescas o que fez (talvez por falta dos trejeitos), com uma atuação bem discreta, para não dizer apagada...
Porém, nada supera, a “criatividade” teatral do casal que apresenta o Jornal Hoje. É impressionante a gesticulação, as risadas e os gritinhos, emitidos pela apresentadora Sandra A. (sobrenome também difícil). A impressão que fica é que o jornal da tarde da Globo está sendo transmitido por dois vizinhos que se encontram no portão da casa de um deles “para botar os assuntos em dia”. Engraçado é que o apresentador, rapaz até pouco tempo comedido e correto na leitura das notícias, foi contaminado pelo vírus teatral da parceira e, mesmo sem jeito, entrou na onda...
Não sei se essas novidades todas tem a ver com o BBB que esculhambou de vez a programação global. Ou se, com a concorrência de outras emissoras. É bem verdade que a “eterna vice” em audiência, emissora do dono do Baú, nunca se preocupou com a seriedade da sua programação. O seu negócio sempre foi a Loteria do patrão! O resto era o resto!...
Agora, não! Com outra emissora querendo bater de frente, a coisa muda de figura. Pode ser que resida aí a troca do clássico “padrão global” por um linguajar que, atualmente, não tem nada de sério, clássico, padrão, ou coisa semelhante...
segunda-feira, 8 de março de 2010
SOLDADO-PASSARINHO
Incorporei, nos dois últimos anos da minha vida (biênio 2008-2009) as figuras de soldado e de passarinho. Muitas vezes, separadamente, outras tantas em conjunto, eu fui soldado e fui passarinho no comando em Campos dos Goytacazes da Academia Pedralva-Letras e Artes.
Me confesso mais familiarizado com a figura do soldado que eu fui há muitos anos no Tiro de Guerra nº 188, em Mossoró. Lá, apesar de ser batalhão de 2ª Divisão, aprendi muito sobre valores essenciais ao homem como: nacionalismo, caráter, sacrifício, forjando assim na minha personalidade uma estrutura de homem cônscio dos seus deveres. O meu lado passarinho eu o cultivo desde a adolescência assistindo a cinema, teatro (onde Kiko e Tarcísio, irmãos meus, integravam o TEAM, grupo vitorioso de lá, que acaba de completar 50 anos. Também e, principalmente, a música, popular ou clássica, estiveram sempre presentes no meu lado passarinho...
Pois bem, eleito presidente da Pedralva, consciente das dificuldades que iria enfrentar, como soldado, acatei a decisão suprema do comando. O passarinho ficou meio ressabiado pois sabia que os seus voos seriam limitados. Um belo dia, o Soldado-Passarinho descobriu que fora aprisionado, engaiolado. O soldado planejou, traçou estratégias, e lutou firme, pois aquela missão lhe fora confiada e ele não poderia abandoná-la. Render-se, jamais! Fossem quais fossem as conseqüência! Durante muito tempo o canto do passarinho foi triste, baixinho, quase oração...
Um belo dia, o sol voltou a brilhar! Terminara, para o militar, a dura missão. O passarinho, ganhando a liberdade, reinventou voos e cantos singelos, como se fossem os primeiros...
Me confesso mais familiarizado com a figura do soldado que eu fui há muitos anos no Tiro de Guerra nº 188, em Mossoró. Lá, apesar de ser batalhão de 2ª Divisão, aprendi muito sobre valores essenciais ao homem como: nacionalismo, caráter, sacrifício, forjando assim na minha personalidade uma estrutura de homem cônscio dos seus deveres. O meu lado passarinho eu o cultivo desde a adolescência assistindo a cinema, teatro (onde Kiko e Tarcísio, irmãos meus, integravam o TEAM, grupo vitorioso de lá, que acaba de completar 50 anos. Também e, principalmente, a música, popular ou clássica, estiveram sempre presentes no meu lado passarinho...
Pois bem, eleito presidente da Pedralva, consciente das dificuldades que iria enfrentar, como soldado, acatei a decisão suprema do comando. O passarinho ficou meio ressabiado pois sabia que os seus voos seriam limitados. Um belo dia, o Soldado-Passarinho descobriu que fora aprisionado, engaiolado. O soldado planejou, traçou estratégias, e lutou firme, pois aquela missão lhe fora confiada e ele não poderia abandoná-la. Render-se, jamais! Fossem quais fossem as conseqüência! Durante muito tempo o canto do passarinho foi triste, baixinho, quase oração...
Um belo dia, o sol voltou a brilhar! Terminara, para o militar, a dura missão. O passarinho, ganhando a liberdade, reinventou voos e cantos singelos, como se fossem os primeiros...
domingo, 21 de fevereiro de 2010
ESPERANDO LEONARDO
Leonardo chegará em abril. Eu estou preocupado. A gente quer sempre oferecer o melhor a quem chega, não é verdade? E, como recebê-lo na tremenda bagunça em que estamos vivendo? Sim, porque certamente virá passar muito tempo entre nós. Como vamos recebê-lo num ambiente desses?
Na hora em que ele chegar, eu gostaria que muita coisa estivesse diferente: o ar despoluído, o mar despoluído, o rio despoluído... Que as pessoas tivessem chances mais reais e pudessem se relacionar com mais alegria. Os representantes do povo poderiam dar exemplos de honradez, de amor aos cidadãos e ao país. É verdade que de vez em quando surge um Magno Malta, um Paulo Paim, um Cristóvão Buarque... É pouco! Vez por outra, uma tênue luz se acende, “mete o dedo na ferida”, quer corrigir (como ocorre agora em Brasília). Mas, até quando? Sabemos que a praga da corrupção é forte e seus tentáculos abrangentes, as veredas cheias de vícios, e o antídoto acaba não dando o resultado esperado. O descaso com o povo sempre foi muito grande. No noticiário sobre as chuvas em São Paulo e nos estados do Sul, a gente vê o quanto ele sofre...
Enquanto a grandeza das nossas matas dá lugar à imensidão de campos de soja e abre espaços que aguçam a cobiça externa, o entrave burocrático e o caos político criam monstros que montados em tratores derrubam plantações, ameaçam e matam... A situação de pessoas que não conseguem um pedaço de terra para sustentar a família continua indefinida, restando a elas pomposas migalhas oficiais e as filas da incerteza e da miséria!
Queria, na chegada do Leonardo, poder dizer que ele desembarcou num país onde a infância é protegida; a velhice é amparada; a saúde atende a todos; a educação é democrática; a segurança, de primeiro mundo; e a justiça igual para todos. Infelizmente, a realidade é bem diferente, apesar de décadas e décadas de lições não aprendidas.
Mesmo assim, quando abril chegar, trazendo com ele o rostinho rosado e risonho do meu primeiro neto, LEONARDO, eu vou continuar torcendo para que as coisas erradas regridam, sejam consertadas, acabem, enfim, para que ele não receba apenas a paz do lar que o aguarda, o amor dos pais, as atenções, as descobertas, o cheirinho de lavanda, as suaves cantigas de ninar...
Para que eu possa, a qualquer hora, levá-lo a passear por ruas limpas, seguras, sem buracos; e por parques floridos, onde não habitem marginais ou predominem comércios ilícitos, onde LÉO e todas as crianças levadas a esses locais se habituem ao canto mavioso dos pássaros; sintam a paz no colorido e na fragrância dos roseirais e, à tardinha, com a magia do por do sol conheçam desde cedo a presença de Deus.
Na hora em que ele chegar, eu gostaria que muita coisa estivesse diferente: o ar despoluído, o mar despoluído, o rio despoluído... Que as pessoas tivessem chances mais reais e pudessem se relacionar com mais alegria. Os representantes do povo poderiam dar exemplos de honradez, de amor aos cidadãos e ao país. É verdade que de vez em quando surge um Magno Malta, um Paulo Paim, um Cristóvão Buarque... É pouco! Vez por outra, uma tênue luz se acende, “mete o dedo na ferida”, quer corrigir (como ocorre agora em Brasília). Mas, até quando? Sabemos que a praga da corrupção é forte e seus tentáculos abrangentes, as veredas cheias de vícios, e o antídoto acaba não dando o resultado esperado. O descaso com o povo sempre foi muito grande. No noticiário sobre as chuvas em São Paulo e nos estados do Sul, a gente vê o quanto ele sofre...
Enquanto a grandeza das nossas matas dá lugar à imensidão de campos de soja e abre espaços que aguçam a cobiça externa, o entrave burocrático e o caos político criam monstros que montados em tratores derrubam plantações, ameaçam e matam... A situação de pessoas que não conseguem um pedaço de terra para sustentar a família continua indefinida, restando a elas pomposas migalhas oficiais e as filas da incerteza e da miséria!
Queria, na chegada do Leonardo, poder dizer que ele desembarcou num país onde a infância é protegida; a velhice é amparada; a saúde atende a todos; a educação é democrática; a segurança, de primeiro mundo; e a justiça igual para todos. Infelizmente, a realidade é bem diferente, apesar de décadas e décadas de lições não aprendidas.
Mesmo assim, quando abril chegar, trazendo com ele o rostinho rosado e risonho do meu primeiro neto, LEONARDO, eu vou continuar torcendo para que as coisas erradas regridam, sejam consertadas, acabem, enfim, para que ele não receba apenas a paz do lar que o aguarda, o amor dos pais, as atenções, as descobertas, o cheirinho de lavanda, as suaves cantigas de ninar...
Para que eu possa, a qualquer hora, levá-lo a passear por ruas limpas, seguras, sem buracos; e por parques floridos, onde não habitem marginais ou predominem comércios ilícitos, onde LÉO e todas as crianças levadas a esses locais se habituem ao canto mavioso dos pássaros; sintam a paz no colorido e na fragrância dos roseirais e, à tardinha, com a magia do por do sol conheçam desde cedo a presença de Deus.
sábado, 6 de fevereiro de 2010
A CRÔNICA INTERNÉTICA DE MOSSORÓ
Concordo que nem tudo é poesia na Internet. Mas, há algumas coisas que apenas ela é capaz de realizar. Por exemplo: um site onde você descobre empolgado tudo o que gostaria de saber, de rever, de “curtir” sobre a sua cidade. Provavelmente, quem lá resida não sinta tamanha emoção. Mas, para o filho ausente, a emoção é grande. E, o sentimento aumenta na quantidade de anos distantes.
Há muitos anos residindo no Rio de Janeiro, embora retornando periodicamente à “capital do oeste potiguar”, fiquei surpreso e ao mesmo tempo feliz quando a amiga Sulena, de Freirinho (que também já mora há anos no Rio) me falou do blog Azougue, criado por uma pessoa dinâmica chamada Caby. Qual a razão da minha euforia? Simplesmente, porque esse moço conseguiu reunir num blog tudo que se relacionasse à cidade, nos seus mais diversos aspectos. São notícias atuais, entrevistas, mossoroenses “out”, fotos do tempo “do bumba”, filhos da terra que acontecem, fotos comparativas da cidade, críticas, etc.
Na seção de fotos de pessoas e famílias da cidade, por exemplo, chamou-me a atenção as do casal Dr. João Monte e Dona Aldiva, pelas transformações causadas pelo tempo que, não obstante, não tirou do casal a antiga simpatia e cortesia tão suas... Os familiares de D. Odete e de D. América, viúvas de dois membros da família Rosado, a mais tradicional da cidade, e seus inúmeros herdeiros, dão uma demonstração da seriedade do trabalho do Caby. Acho até que, nesse empreendimento, falta mais apoio de outras famílias que, com fotos dos seus álbuns, enriqueceriam ainda mais essa crônica internética de Mossoró.
Adorei ver fotos antigas do Cine Pax, onde me viciei em cinema; do antigo pavilhão Vitória, na praça do Pax (essa, em linguagem atual, bem “jurassic”!) Me emocionei com os amigos Cizinho e Berício, que já partiram para o reino de Deus. Mas, ainda descubro inúmeros amigos e conhecidos na seção “Do bumba”, em mais de 300 arquivos pesquisados. O Grande Hotel (hoje mutilado, uma pena!) a Catedral, o Pax, o Caiçara (onde assisti a vários Fellini), a ponte sobre o rio Mossoró, tudo muito meu, muito minha infância, eu revisitei no blog do Cabi!
Eu fico imaginando mossoroenses que trabalham em plataformas de petróleo, na solidão do oceano, por exemplo, se deliciando e ao mesmo tempo se emocionando com essas visões da sua terra. Não sei se o cronista cearense que Mossoró adotou, Cláuder Arcanjo, que é um desses bravos trabalhadores, já teceu comentários sobre o blog Azougue.com. Certamente, com o seu talento, teria muito o que comentar. E, daí, quem sabe, outros amantes da Internet, ao tomarem conhecimento desse que é uma crônica informática da cidade de Mossoró, também não se animem a fazer algo semelhante sobre a sua cidade. Os filhos da terra agradecerão. Os ausentes, principalmente...
Há muitos anos residindo no Rio de Janeiro, embora retornando periodicamente à “capital do oeste potiguar”, fiquei surpreso e ao mesmo tempo feliz quando a amiga Sulena, de Freirinho (que também já mora há anos no Rio) me falou do blog Azougue, criado por uma pessoa dinâmica chamada Caby. Qual a razão da minha euforia? Simplesmente, porque esse moço conseguiu reunir num blog tudo que se relacionasse à cidade, nos seus mais diversos aspectos. São notícias atuais, entrevistas, mossoroenses “out”, fotos do tempo “do bumba”, filhos da terra que acontecem, fotos comparativas da cidade, críticas, etc.
Na seção de fotos de pessoas e famílias da cidade, por exemplo, chamou-me a atenção as do casal Dr. João Monte e Dona Aldiva, pelas transformações causadas pelo tempo que, não obstante, não tirou do casal a antiga simpatia e cortesia tão suas... Os familiares de D. Odete e de D. América, viúvas de dois membros da família Rosado, a mais tradicional da cidade, e seus inúmeros herdeiros, dão uma demonstração da seriedade do trabalho do Caby. Acho até que, nesse empreendimento, falta mais apoio de outras famílias que, com fotos dos seus álbuns, enriqueceriam ainda mais essa crônica internética de Mossoró.
Adorei ver fotos antigas do Cine Pax, onde me viciei em cinema; do antigo pavilhão Vitória, na praça do Pax (essa, em linguagem atual, bem “jurassic”!) Me emocionei com os amigos Cizinho e Berício, que já partiram para o reino de Deus. Mas, ainda descubro inúmeros amigos e conhecidos na seção “Do bumba”, em mais de 300 arquivos pesquisados. O Grande Hotel (hoje mutilado, uma pena!) a Catedral, o Pax, o Caiçara (onde assisti a vários Fellini), a ponte sobre o rio Mossoró, tudo muito meu, muito minha infância, eu revisitei no blog do Cabi!
Eu fico imaginando mossoroenses que trabalham em plataformas de petróleo, na solidão do oceano, por exemplo, se deliciando e ao mesmo tempo se emocionando com essas visões da sua terra. Não sei se o cronista cearense que Mossoró adotou, Cláuder Arcanjo, que é um desses bravos trabalhadores, já teceu comentários sobre o blog Azougue.com. Certamente, com o seu talento, teria muito o que comentar. E, daí, quem sabe, outros amantes da Internet, ao tomarem conhecimento desse que é uma crônica informática da cidade de Mossoró, também não se animem a fazer algo semelhante sobre a sua cidade. Os filhos da terra agradecerão. Os ausentes, principalmente...
sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
CALMA LÁ!
Calma lá, Sr. Pedro Bial! Tá certo que você pode conclamar os cidadãos(?) brasileiros a “espiar” cada vez mais... que agora teremos como atração do programa apreciador desta ou daquela opção sexual... que teremos sala disso ou daquilo... efeito esse ou aquele... tudo bem! Mas, Sr. Pedro Bial chamar de HERÓIS um bando de desocupados que buscam nesse tal BBB alguns momentos de fama para, de modo geral, faturar depois com facilidade nas revistas que exploram o corpo da mulher ou do homem, e em atividades correlatas, no exato momento em que nossos HERÓIS DE VERDADE estavam morrendo em terra distante, à qual foram chamados para socorrer uma população desnorteadas de famintos, miseráveis, é demais para qualquer mente cidadã, por menor cultura que possua.
Tudo bem que você, poeta conhecido, use a sua fala mansa, bem estudada, para arrebanhar para a audiência da emissora milhões e milhões de espectadores. Tudo bem que a consciência política do povo brasileiro há muito tempo foi para o “beleléu”, e aqueles que lutam pela pátria sem tanta regalia nem tanta orgia quanto as existentes no programa que o senhor comanda não tem reconhecimento. Mas, daí, colocar no mesmo saco de deturpações, saltitantes participantes do BBB e pracinhas que em nome da pátria acabaram morrendo em terra distante... da mesma forma, essa moderna heroína brasileira que, não contente em salvar a vida das nossas crianças, foi àquele país depauperado, tentar socorrer uma infância tão sofrida, é uma infâmia!
Tudo bem que a atual mentalidade do brasileiro, pode ser tangida com facilidade por um aboio mais bonito, pela sofisticação que a televisão costuma passar. É o domínio da ilusão. Mas, convenhamos, o senhor que atualmente ganha, aparentemente, só para se dedicar a este programa, deveria cuidar melhor das palavras (recorra aos dicionários para buscar termos que combinem melhor com seus participantes do BBB. HERÓIS, não!!! Colocar a médica Zilda Arns, e os militares mortos heroicamente no Haiti, no mesmo saco da ilusão televisiva, é inconcebível!
Tudo bem que você, poeta conhecido, use a sua fala mansa, bem estudada, para arrebanhar para a audiência da emissora milhões e milhões de espectadores. Tudo bem que a consciência política do povo brasileiro há muito tempo foi para o “beleléu”, e aqueles que lutam pela pátria sem tanta regalia nem tanta orgia quanto as existentes no programa que o senhor comanda não tem reconhecimento. Mas, daí, colocar no mesmo saco de deturpações, saltitantes participantes do BBB e pracinhas que em nome da pátria acabaram morrendo em terra distante... da mesma forma, essa moderna heroína brasileira que, não contente em salvar a vida das nossas crianças, foi àquele país depauperado, tentar socorrer uma infância tão sofrida, é uma infâmia!
Tudo bem que a atual mentalidade do brasileiro, pode ser tangida com facilidade por um aboio mais bonito, pela sofisticação que a televisão costuma passar. É o domínio da ilusão. Mas, convenhamos, o senhor que atualmente ganha, aparentemente, só para se dedicar a este programa, deveria cuidar melhor das palavras (recorra aos dicionários para buscar termos que combinem melhor com seus participantes do BBB. HERÓIS, não!!! Colocar a médica Zilda Arns, e os militares mortos heroicamente no Haiti, no mesmo saco da ilusão televisiva, é inconcebível!
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