"Ao fim das crônicas conheça os poemas do autor"

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sexta-feira, 11 de setembro de 2009

UM EPISÓDIO LAMENTÁVEL

O episódio envolvendo Nelsinho Piquet que bateu o seu carro numa corrida de Fórmula-1 do ano passado para favorecer o seu companheiro de equipe na Renault me deixou, como brasileiro, bastante constrangido. Esse rapaz beneficiado com a fama conseguida por seu pai, não precisava se envolver num escândalo de tamanha proporção! Com a sua entrada num grupo tão restrito já facilitada, não precisava mais do que talento (comprovado com o seu retrospecto em outras fórmulas), garra (também comprovada) e... paciência. Só isso! O tempo se encarregaria do restante.
Na minha juventude, não havia tantos brasileiros fazendo sucesso nos esportes lá fora. Lembro-me de Maria Ester Bueno, tenista campeã por diversas vezes em Wimbledon; de Éder Jofre, grande campeão do boxe; de Ademar Ferreira da Silva, campeão olímpico, único brasileiro a conseguir duas medalhas individuais em Olimpíadas... todos, comprovadamente, vencedores por seus próprios méritos. Assim como os automobilistas Emerson Fittipaldi, Nélson Piquet, e Airton Senna que mais tarde, com muita luta triunfariam na Fórmula Um.
Em 1958, na Suécia, os bons ventos começavam a soprar para o nosso país. Nesse ano o Brasil se tornou campeão mundial de futebol. Título conseguido com talento, garra e paciência. O dinheiro fácil só faria a cabeça dos jogadores anos mais tarde pois, ainda em 1962, quando fomos bi-campeões no Chile, Garrincha conheceu a fama, mas chegou tarde para a fortuna e morreu pobre.
Depois, veio a consagração de ídolos isolados (Nélson e Rodrigo Pessoa, Torben e Lars Grael, Popó e Guga) e dos times brasileiros de basquete, vôlei, vôlei de praia, futebol de salão, de praia, etc., sempre com atletas com talento, garra e muita luta. Acredito que faltaram essas qualidades ao filho do grande corredor Nelson Piquet.
Infelizmente, vivemos num país onde não existem maiores referências morais. Os nossos dirigentes são os primeiros a dar maus exemplos. Um percentual muito grande deles encontra-se envolvido em corporativismo, “toma lá, dá cá”, maracutaias... A famosa Lei de Gérson (que ao fim de uma antiga propaganda televisiva, dava um sorriso meio “cínico” e dizia: “Gosto de levar vantagem em tudo. Certo?”) parece continuar em pleno vigor, o que não traz nenhum benefício à mente do jovem que busca o seu caminho.
Felizmente, por educação ou por índole, mesmo num meio adverso, os nossos jovens vão à luta! Já faz algum tempo que eles, em nome do desenvolvimento, como modernos bandeirantes, deixavam a sua casa e partiam para tomar posse numa agência qualquer do Banco do Brasil, nos confins do país; hoje, como bravos pioneiros, trabalham em alto mar para produzir petróleo e gerar divisas para a Nação; não esquecendo o que as nossas Forças Armadas enfrentam para garantir a nossa segurança. Em razão de atitudes positivas como essas, ainda é possível acreditar no futuro deste país. Mas, não assistindo a espetáculos grotescos como esse do Nelsinho Piquet...