"Ao fim das crônicas conheça os poemas do autor"

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quarta-feira, 30 de outubro de 2013

DAS DUAS, UMA


Ou o governo está apoiando o vandalismo (faria parte do seu projeto de governo “eterno”) ou não tem pulso para acabar com o mesmo. Senão, vejamos. Desde o movimento iniciado em junho quando, após as fantásticas passeatas dos internautas, os Black block promoveram as primeiras destruições no Rio de Janeiro, todo mundo sabia que aquilo não era legal. No entanto, os baderneiros desde o início das manifestações tem sido tratado com um cuidado que é quase um respeito, como se as autoridades estivessem tratando com irmãs de caridade ou crianças de jardim de infância: “pisando em ovos”. A impressão que temos é que apesar de toda insegurança que estamos vivemos, de todo prejuízo ao país, de todo o transtorno por que passa a população... Depois de tudo, mesmo sem a devida proteção ao cidadão e ao bem público, o governo sai mais prestigiado. Sinceramente, o cidadão honesto que paga seus impostos não consegue entender...
Estarrecido, o povo assiste diariamente, há mais de quatro meses, a um desfile de escaramuças, de vandalismo, de praça de guerra, de bem publico depredado, de bens particulares incendiados, milhões e milhões em prejuízo, população de periferia refém das balas perdidas e, consequentemente, o povo se revoltando com o que está ocorrendo em todo o país, principalmente, no triangulo Rio, São Paulo, Belo Horizonte, onde já está impraticável andar de ônibus ou de trem. Dá para o cidadão viver assim? Claro que não! Quantas notícias de “saidinhas de banco” envolvendo aposentados (que já faz um tremendo malabarismo para ver chegar ao dia do próximo pagamento). E, as mulheres, que já procuram cursos de defesa pessoal para proteger seus celulares, suas bolsas, sua honra, sua vida... parece tudo entregue aos vândalos.
A vida deixou de ser julgada por uma Justiça questionável para ser julgada por tribunais do crime; ou, defendida, muitas vezes com riscos, quando o cidadão decide pelo enfrentamento para proteger os seus bens e a sua família. É duro constatarmos a realidade que estamos vivendo. E, um partido que prometia o paraíso terrestre (em forma de “bolsas”, inclusive para presidiários, e de Copa do Mundo onde, devido ao alto custo, poucos poderão ter acesso...), tenta se perpetuar no poder fazendo as mais esdrúxulas jogadas como acordos com antigos adversários comprovadamente corruptos; tratando as grandes empresas nacionais como fontes de renda para seus projetos; para agradar a Cuba, trás de lá “batalhões” de médicos, quando poderia aproveitar os nossos, desde que lhes dessem condições mínimas de trabalho no interior.
A insatisfação é grande. Inúmeras são as classes que reivindicam melhorias para suas dificuldades financeiras, para o deleite dos Black bloc, que veem mais chances para a sua livre atuação destruidora. Parece estar tudo errado. Enquanto isso, a presidente tentando “tapar o sol com a peneira”, sorridente e se multiplicando nos meios de comunicação, procura justificativas para dizer que nunca houve um governo igual a esse. Pensando bem, é verdade: nunca houve nada igual ao que estamos obrigados a assistir!

sábado, 19 de outubro de 2013

A QUE PONTO CHEGAMOS...



Tornou-se banal, corriqueiro, nós brasileiros convivermos com o crime. Ele está ao nosso lado vinte e quatro horas por dia. E, o que é pior: comandado, em grande parte, por aqueles que nós nos  acostumamos chamar de “futuro da Nação”. Como é que pode o Brasil chegar a uma situação dessas? Se ainda havia alguma dúvida a respeito do problema relacionado à violência no seio da nossa juventude, o episódio exibido nos jornais televisivos desta semana vem esclarecer: um adolescente, na garupa de uma moto, tenta roubar outra moto, ameaçando seu ocupante com um revolver. Para sorte do dono do moderno veículo, um policial militar ativo e consciente do seu dever, passava na ocasião e evitou que o crime se consumasse, baleando o menor criminoso e recuperando a moto para o seu dono.
A cena que a televisão exibiu chocou a sociedade brasileira. Não foi apenas o dono daquela moto que se viu ameaçado. Quem ali estava sob a mira de uma arma, era a própria sociedade refém, em grande parte, de uma juventude entregue às drogas e ao crime, quando deveria estar em boas escolas, com professores bem pagos, estudando em turnos integrais para amanhã ou depois estar no mercado de trabalho como um profissional competente e de responsabilidade, livre do futuro que espera essa garotada que ora se encontra praticando crimes, como o que vimos...
Não se trata aqui de tecermos elogios gratuitos a quem quer que seja. No entanto, a ideia de Darci Ribeiro e Leonel Brizzola, se fosse levada a sério, certamente teríamos hoje no país outro quadro educacional: com menos jovens delinquindo e mais estudantes em cursos modernos. E, não são apenas eles que merecem citações. Cristóvão Buarque, por exemplo, tem debatido constantemente o assunto na tribuna; e Paulo Freire, um idealista, que não viu o seu sonho de erradicar o analfabetismo no país se tornar realidade. Afinal, para tudo dependemos da política, coisa que aqui não é levada a sério. A meta dos que entram para a Política neste País, na grande maioria, é “encher os seus bolsos”, da sua família e de seus amigos e correligionários. O resto... bem, o resto nós, que agimos com seriedade, pagando os nossos impostos e, acima de tudo, amamos o nosso maltratado Brasil, somos obrigados a assistir diariamente pela televisão...

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

NORMA BENGELL



O cinema sempre me fascinou. Na minha infância havia apenas um cinema na cidade e nos divertíamos com os filmes de cowboys do tipo Roy Rogers, que passavam colados ao seriado. O seriado que mais me impressionou em criança foi o de Flash Gordon. Mais tarde, vieram as famosas chanchadas da Atlântida, onde se destacavam: Oscarito, Grande Otelo, José Lewgoy, Eliana, Fada Santoro, Dercy Gonçalves, Violeta Ferraz, Zezé Macedo, Zé Trindade e tantos outros...
A essa altura, na adolescência, eu já frequentava as sessões noturnas. E, como era divertido! Havia um frequentador na cidade que era uma alegria extra, em virtude de sua gargalhada espalhafatosa que contagiava toda a plateia. Oscarito não podia “atropelar” Grande Otelo numa fuga, na história, sem que ele não disparasse a sua estridente gargalhada. E, o público vinha junto.
Foi numa dessas chanchadas da Atlântida, cujo tema era espionagem e tratava do satélite russo “Sputinik” que teria caído no interior do Brasil, que eu a contemplei pela primeira vez no cinema. No filme, algumas nações se interessavam pelo objeto e providenciavam agentes para obtê-lo. Engraçado é que um dos agentes americanos era Jô Soares, no início da sua carreira. Mas, sem dúvida, a grande estrela de “O homem do Sputinik”, era ela: NORMA BENGELL. Parodiando Brigitte Bardot, na época o grande apelo sexual do cinema, a nossa Norma ficava dengosa e fazia inúmeros trejeitos para cima do Oscarito, dono da casa onde caíra o tal objeto, tentando conseguir pistas que levasse os espiões franceses ao tal Sputinik. Foi uma participação curta, mas marcante, desta grande atriz brasileira falecida recentemente. 
Depois, ela fez dois grandes filmes: “Noites Vazias” e “Os Cafajestes”. No primeiro, foi protagonista, com outra grande estrela do nosso cinema, Odete Lara, de cenas quentes entre duas mulheres; já no segundo, ela era vítima de uma curra (ou estupro!) pelos “cafajestes” Daniel Filho e Jece Valadão, no filme de Ruy Guerra. Além disso, deslumbrou o país ao apresentar a famosa cena de sexo frontal feminino explicito (Hoje, o “Amor e Sexo” da TV, já exibe ambos os sexos frontais e explícitos...). Nos dois filmes, a despeito do apelo sexual, a artista demonstrou talento tão grande que passou a ser escolhida pelos melhores diretores brasileiros, entre eles Anselmo Duarte, que consagrou, com “O Pagador de Promessa” o nosso cinema, com a obtenção da “Palma de Ouro” do festival de Cannes, o que levou a nossa Norma ao estrelato internacional.
A partir daí, ela participou de uma série de películas italianas e francesas, tornando-se – excetuando atuações em Hollywood – a grande estrela brasileira do Cinema Mundial.
Depois, eu vim embora para o Rio. Depois, a televisão tomou o lugar do cinema, que foi vendido a supermercados e igrejas evangélicas, e Norma Bengell, nossa grande estrela, ficou um tempo esquecida. Até que alguém inventou que, ao contrário da sua marcante sensualidade feminina, ela poderia ser um grande trunfo no papel de “sapatão”, no seriado de TV,  “Toma lá, dá cá”. Não sei se por dinheiro ou se por estar sempre pronta a qualquer desafio, ela (atuante até nos movimentos contra a Ditadura!) que ultimamente reclamava da falta dos amigos que sumiram, topou. Topou e, apesar da doença que a vitimou, ainda foi fazer sucesso na televisão com um personagem que não tinha nada a ver com a sua trajetória de deusa do Cinema Brasileiro.