"Ao fim das crônicas conheça os poemas do autor"

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sexta-feira, 8 de outubro de 2010

É...

É... analisando os prós e os contras, o resultado não foi dos piores. Nessa eleição, foram pontos positivos: a votação tranqüila, a cobertura das mídias nacional e internacional; a candidata Marina Silva que, com a sua expressiva votação, provocou o segundo turno, quando muitos julgavam que a coisa já estava resolvida; e, a reação do povo nas urnas. Foi ela que mandou para casa figurões acostumados às mordomias e benesses que o congresso oferece. O eleitor, de todos os partidos, parece ter analisado bastante antes de teclar o seu voto. Afinal, ele parece estar cansado de promessas vãs, da futilidade dos trios elétricos, dos showmícios, do foguetório, do voto por pequenos favores, de todas as mazelas que durante anos foram se enraizando na nossa política, para benefício exclusivo do político profissional, sua família, seus amigos...

É... não era a dupla de candidatos que muitos brasileiros desejavam ver na final. De qualquer forma, a honestidade, a firmeza, o amor à Pátria demonstrados pela senadora do Acre, certamente, serão levados em consideração. Convém lembrar, da mesma forma, o jovem deputado distrital José Antonio Reguffe, exemplo de honestidade e lisura na maneira como exercer um cargo público, o que o fez ser eleito – justo em Brasília! – o deputado mais votado, em todo o país, proporcionalmente. Os novos candidatos eleitos, inclusive o novo presidente, certamente estarão ligados na onda verde, no patriotismo e na honestidade da candidata Marina e do deputado de Brasília. Até porque já passou da hora de pensarmos o país e as nossas instituições com mais seriedade. Novo Collor de Mello não seria interessante para ninguém!

É... parece que São Paulo destoou um pouco elegendo um palhaço para a Câmara dos Deputados. Por que penso assim? Ora, se falta trabalho digno para o povo, se a discrepância entre as classes é enorme, e se por outro lado, grande parte dos candidatos eleitos agem de maneira irresponsável com o país e a coisa pública, seria até razoável pensar-se num protesto eleitoral. Porém, substituir maus elementos por palhaços (incluindo-se nessa lista não apenas Tiririca, mas todos aqueles que abominam o trabalho honesto, preferindo BBB, espaços em televisão de onde podem sair para capa de revista ou outro lugar de ganho fácil) pode até não dar no mesmo, mas certamente não é a solução.

É... Deus criou o Brasil, nossa pátria amada, que muitas vezes só é lembrada durante as copas do mundo, como um lugar grandioso, rico em tudo que se possa imaginar e livre de desastres ecológicos maiores. A ganância do homem que aqui habita, é que é o problema... Há, até uma piada nesse sentido e, como toda piada tem um fundo de verdade... Basta ver a devastação das nossas matas – enquanto o povão brasileiro vive a custa de esmola oficial! – para sentirmos a dimensão do problema. Tudo aqui é imenso, por isso, as decisões deveriam ser cautelosas e honestas ao extremo. Nesse sentido, as nossas leis são muito brandas. Aqui, o político profissional, além de não dar a devida atenção aos projetos nacionais, preferindo aqueles dos quais possa tirar vantagem, pode desviar verbas o tempo inteiro, continuar sendo eleito, e, mesmo que tudo seja descoberto, ao alcançar determinada idade, ficar sem nenhuma punição. Feliz, como o mais ilibado dos cidadãos honestos do país. Estou mentindo, por acaso?

É... a resposta dos eleitores nas urnas foi de que eles estão atentos e querem um país bem administrado. Como elegermos candidatos, sem a certeza de que não corresponderão aos nossos interesses? Seria interessante que eles pensassem no assunto. Não podemos continuar buscando soluções paliativas para o povo, quando na realidade ele precisa de trabalho honesto, saúde digna, educação competente, segurança para ir e vir. Muitos dos que estão no poder hoje, brigaram por isso lá atrás, nos anos 60. E, é bom que não se esqueçam de outra lição aprendida naquela ocasião: o grito da juventude provocou a queda do regime militar. E a juventude está começando a gritar, novamente.