"Ao fim das crônicas conheça os poemas do autor"

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terça-feira, 25 de outubro de 2011

ADMIRAÇÃO E ALGUNS CONSELHOS

Minha cara leitora...,

          Devo confessar que seus textos bem produzidos causaram-me uma bela surpresa. Sinto, no entanto, você ansiosa por divulgá-los... o que, na minha opinião, é natural a todos aqueles que amam escrever. Por isso, vou passar um pouco da minha experiência nesta arte. No meio jornalístico, principalmente. A minha vivência como cronista (dois jornais em Campos, 3 anos de INTERNET, ensinou-me que a simplicidade na utilização das palavras é essencial, por mais complexo que seja o tema. O leitor, em geral, não se identifica com um autor que opta pelo rebuscamento, com palavras que pedem a utilização constante de um dicionário. Não. Escrever não é mostrar (ou querer mostrar!) esnobismo ou erudição. Por outro lado, a mensagem deve ser bem cuidada, revista quantas vezes forem necessárias. Muitas vezes, uma simples palavrinha que você esqueceu de deletar, ou de  substituir corretamente, vai gerar  uma grande diferença no contexto. Daí, a necessidade de cuidar bem do ofício pelo qual você optou, revendo com carinho os textos produzidos...

          Você, como mulher, sabe perfeitamente o valor de um bom acessório, não é verdade? A combinação correta da pulseira ou do colar com o traje que você escolheu... A pintura, tão importante no cotidiano da mulher atual, também pode servir de exemplo. Assim é um belo texto: uma boa idéia, com complementos corretos (adjetivos, sinônimos, figuras de linguagem, etc.) que contribuirão para o todo. Ter cuidado para não adjetivar tudo o que encontre pela frente, é muito importante... como também é importante, sempre que possível, usar frases curtas. Torna o texto mais ágil, além de não confundir o leitor.

 
          Gostei dos textos que você me apresentou. Talvez, na ânsia de apresentar as suas idéias, você se estenda um pouco nas descrições. Mas, nada que tire o seu valor. Persista na produção dos mesmos. A ferramenta adequada para a construção, você possui: o seu ótimo conhecimento da língua. Agora é colocar "mãos à obra", com coragem e determinação... Como em todo começo, baseando-se em determinada opinião ou no seu próprio julgamento, o autor  pode achar que o resultado não foi o esperado. Mas, não desanime! A coisa funciona assim mesmo para quem se aventura a escrever no Brasil. Como já descobri a sua persistência, a sua garra, imprescindíveis para quem resolve escrever, não vejo como você não ser bem sucedida nesse novo ofício.

        Receba os meus sinceros votos de sucesso!

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

DIA DA CRIANÇA

Cenário: sala de estar do apartamento de uma família média alta.
Personagens: Mãe; Izabella, filha, de 8 anos; e Romarius, filho, de  7.
Ato único.
 
O que a garota Izabella, que já possui o baton, o himel, o estojo de maquiagem, a sandalinha, a bolsinha, as botinhas, a maria-chiquinha, a camisetinha, o dvdzinho, tudo da linha “X” altamente divulgada, e que concede status à menininha mais simples, gostaria de receber de presente no Dia da Criança? Interrompendo a leitura da sua revista favorita, “Bocas”, a mãe volta a insistir com a filha:
- Então, filha, vai querer a boneca mesmo, não é?...
- Bo-neeee-ca?! Mas... nem pensar! Quero é me inscrever no curso de modelo. Ou, então... no de estrelinha de novela!
A mãe, que costuma embelezar a filhinha com o baton, o himel, o estojo de maquiagem, a sandalinha, a botinha, a Maria-chiquinha, a camisetinha, tudo da linha “X”, se espanta:
- Mas, minha filha! Você ainda não tem idade!...
- Se não for possível, então eu quero é uma roupa indiana para a dança do ventre, igual a das meninas da novela, e um CD com as músicas. Se liga, mãe! “Boneca”, tá por fora!...
- Oh, Deus!... E o meu querido “Rominha”, vai querer a bola que viu naquela vitrine?
Rominha é o apelido familiar do filho Romárius. Ele, que já possui a bola do time, a camisa do time, o calção do time, o tênis do time, o álbum do time, o caneco do time, a mochila do time, o caderno do time, o estojo do time, o lápis do time, a borracha do time; já visitou até a sede do time, quando foi ao Rio, foi taxativo:
- Quero um celular igual ao do David!
- Mas, o celular David o pai dele trouxe dos Estados Unidos, filho. E você, não já tem um?
- Mas não faz o que o do David faz! (uma pausa) Então, o Laptop!
- Você é muito novo para um Laptop!...
- Pronto: um computador. Mas, só pra mim!
- Computador? Só pra você?...
- Isso mesmo. Todo amigo meu tem computador no seu quarto. Já dei a lista que você pediu. Agora, é você quem decide!...
A mãe, já quase entrando em desespero:
- Meus filhos, ouçam bem: quando sua mãe era criança...
- Ih, mãe, sem essa de sermão, tá?! (para o irmão) Ela agora deu pra fazer sermão... igual ao pastor da televisão.
- Tá bom... tá bom... Hoje, que é dia da visita do seu pai, vou falar pra ele o que vocês querem ganhar... 
- Se vier com uma bola, eu dou um bico pela janela! Tô avisando! 
- E, se trouxer uma boneca, eu pego a faca do churrasco e esquartejo ela todinha, boto no saco e deixo na lixeira, igual o cara fez com a mulher na televisão...
 
CAI O PANO.   

sábado, 1 de outubro de 2011

O ÉBRIO E OS VICIADOS EM CULTURA

A ACIC (Associação Comercial e Industrial de Campos, na comemoração dos seus 120 anos de existência, promoveu uma bonita festa no seu auditório, no 16º. andar do edifício Ninho das Águias, centro da cidade, com entrega de comendas e show com artistas locais.
Em razão dos últimos acontecimentos políticos envolvendo a prefeita e a justiça eleitoral, o Café Literário que aconteceria no CCAG (Centro Cultural Antony Garotinho) na última quinta-feira não foi realizado. deixando o nosso grupo, sempre ávido de diversão e cultura, buscando outras opções...
Diante do fechamento do CCAG nessa noite, restou àqueles que se encaminhavam para o Café Literário, dirigir-se ao imponente prédio da ACIC, no edifício Ninho das Águias, para assistir a um espetáculo comandado pelo ator Toninho Ferreira. E, quem lá esteve não se decepcionou. Às 21 horas, o som do local entra com a possante voz de Vicente Celestino interpretando a sua criação maior, “O Ébrio”. Logo em seguida, é a vez de Toninho Ferreira entrar em cena para interpretar o texto que, no disco, antecede à música. Confesso que me emocionei ao ver Toninho interpretando magistralmente as palavras com que Vicente Celestino preparava o público para a sua inesquecível criação. Simplesmente fantástico! Fez-me lembrar os antigos espetáculos que o Cine Pax, de Mossoró, promovia de vez em quando, com os monstros sagrados da nossa música ou do nosso teatro. De cara limpa, sem os andrajos que o grande tenor vestia para caracterizar o personagem, o ator conseguiu empolgar a platéia. Muitos dos que assistiam ao espetáculo, certamente, nunca ouviram falar em Vicente Celestino, nem das desventuras sofridas pelo personagem criado pelo grande tenor brasileiro, que empolgava multidões onde se apresentava, chegando a se apresentar nos maiores teatros, e ser adorado pelas classes mais influentes. Vem a sua decadência, motivada por traições e por mortes na família. É quando ele se entrega à bebida, acabando por levar vaias no picadeiro de circos miseráveis. Durante a interpretação, notei senhoras mais idosas levando o lencinho aos olhos, enxugando as lágrimas diante da magistral interpretação desse notável ator campista.
Se o espetáculo preparado pela ACIC para festejar a data, compreendesse apenas esse texto vivido pelo Toninho Ferreira, eu já estaria satisfeito. No entanto ainda havia outras boas surpresas, como a marcante interpretação de Adriana Medeiros para o seu poema “Amante” (ou seria “A Poesia”?), vencedor de um dos últimos concursos de poesia falada da FCJOL. Maria Fernanda, muito afinada desfilando pérolas da MPB, e Daniele Nunes em gostosos números musicais e belas declamações. Parabéns para a ACIC e sucesso para os autores do espetáculo.