"Ao fim das crônicas conheça os poemas do autor"

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segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

O BANCO DO BRASIL E A VISÃO DE FELIPÃO

Se há uma instituição que merece respeito, por tudo que já representou na história do país, ela se chama Banco do Brasil. É verdade que os tempos são outros: tempo de desvalorização do construído com seriedade, com sangue, suor e lágrimas. Essa foi a saga do Banco do Brasil durante muitas décadas, desde a sua fundação, no tempo do império. Ao longo dos anos houve privilégios para seus funcionários? Sim, houve. Mas, como não se oferecer vantagens a funcionários que iriam entrar para um regime especial, misto de militar, sacerdócio e vastos conhecimentos.

Confesso que sempre tive grande admiração por esta casa que durante muitos anos foi tão desejada pelos jovens de todo o país (a princípio, apenas os do sexo masculino; só muitos anos depois ele passaria a admitir mulheres nos seus quadros) Cheguei mesmo a prestar um exame para os seus quadros quando ainda era adolescente, sem obter sucesso, tal o índice de dificuldade nas suas provas. Entrar para o BB era uma aventura. E, ela se concretizava ao ser o novo funcionário geralmente designado para os lugares mais inóspitos do pais. Era comum a gente perguntar a qualquer funcionário onde fora a sua posse, e recebermos as mais estranhas respostas: sul do Pará, Rondônia, sertão da Bahia, Rio Grande do Sul. Como num regime militar, o jovem, ao entrar, tomava conhecimento da rigidez das leis da casa, da sua seriedade, bem distante da família, da namorada, dos amigos... Era uma missão de bandeirantes, onde o novo funcionário do BB desbravaria matas, conheceria a realidade da região seca, ou aportaria em regiões muito distantes, muitas vezes limítrofes a outros países sul-americanos, porque esta era a sua função: assumir onde uma agência nova tivesse sido implantada ou onde houvesse carência de funcionários. E, com o ímpeto característico da juventude, lá ia o novo funci do BB de peito estufado, enfrentar a luta, de avião, navio ou por terra, enfrentando estradas precárias porque, tão valioso quanto vencer um vestibular para medicina, engenharia ou direito, (até alguns anos atrás) era passar num concurso para o Banco do Brasil...

Muitos anos depois, mais precisamente com 35 anos de idade, tentei outro exame para o BB. Dessa vez, passei. Vibrei. Mas a época era outra, com política financeira bem desfavorável às nossas instituições. Mesmo assim, assumi o emprego tão almejado na juventude. Entretanto, já não fui bandeirante, nem gozei de muitas vantagens outrora oferecidas, até porque diante das inúmeras transformações que aconteciam, o próprio banco chegou a ser ameaçado de alienação...

Há pouco tempo, o novo técnico da seleção brasileira de futebol, foi deveras infeliz ao tentar diminuir o brilho de uma casa tão importante para o país. Sempre ouvi dizer que quando "a boca fala é porque o coração está cheio" Daí, eu chegar à seguinte conclusão: o senhor Felipão (que infelizmente muito contribuiu para o rebaixamento da equipe do Palmeiras para o Campeonato Brasileiro do ano que vem) deve, na sua juventude, ter tentado sem êxito passar num concurso para o BB. Ou, então, a sua declaração infeliz faz parte da bagunça generalizada que se abateu sobre o nosso país, onde a filosofia do BBB, por exemplo, vale bem mais do que uma casa de tradição e honradez que sempre foi o nosso Banco do Brasil.

domingo, 2 de dezembro de 2012

EU SOU DO TEMPO...

Além das novidades que a Internet cria para facilitar as comunicações entre os seus usuários (algumas delas bastante sofisticadas), os próprios usuários também inserindo novidades, participando, debatendo, trazendo temas para análises ou recordações: uma comunicação bastante participativa, mesmo sem a presença física do interlocutor. E, quem tem uma idade mais avançada, como eu, costuma ser beneficiado com os temas em questão. Além das críticas ao governo pelos desgovernos que estamos assistindo desde algum tempo, a parte musical, por exemplo, está sempre em evidência, e, é sempre bom receber, de repente, vídeos que alguém nos envia, de apresentações de Beattles, dos franceses Charles Aznavour ou Edith Piaf que, juntamente com os italianos, se tornaram raros na nossa mídia.
               “Eu sou do tempo...”, é uma dessas invenções. A pessoa descreve como foi o seu tempo de maneira lírica ou humorística.  O poeta Antonio Roberto introduziu no Café Literário um longo e irônico poema com esse título, causando admiração e riso entre os de mais idade.  Entre tantas coisas, lembro-me de que o autor falava da brilhantina Glostora, do Leite de Rosas, do Polvilho Granado, das camisas Ban-Lon, das calças de Nycron (que não amassam!), da colônia Avon, do rádio e da vitrola portáteis, da cerveja Brahma, do Rum Montila... Muitos dos tais produtos resistem ao tempo, outros porém, acabaram por ser substituídos por produtos mais modernos, saindo de cena... Lembro-me bem de que na minha mocidade usei praticamente todos aqueles que o autor relembrava na poesia. Principalmente para encontrar com a namorada; levá-la ao cinema, ou para encontrar amigos para jogar sinuca.
               No Rio, já mais “escolado”, continuei a usá-los para ir ao cinema, ao teatro, ou ao encontro de alguma paquera, em qualquer lugar da cidade e, sem nenhuma preocupação com o retorno para casa, fosse a que hora fosse... E, como era gostoso saltar do ônibus, a brisa fresca soprando no rosto, como num antigo sucesso musical, que dizia: “Rio de Janeiro, gosto de você...”, e caminhar tranquilamente rumo à casa, sem preocupação de chegar vivo, ileso, sem ter sido assaltado, nem ter tido o ônibus incendiado.
               Afinal, “Eu sou do tempo...”, melhor dizendo: “Eu vivi um tempo...” de paz e de tranquilidade, numa cidade maravilhosa, sob todos os aspectos...

sábado, 24 de novembro de 2012

QUEM VIU... VIU!

 Para mim, foi uma longa maratona encerrada ontem à noite no teatro do SESC de Campos dos Goytacazes. Na verdade, uma maratona desigual, onde nós (autor, diretor, atores, iluminadores, etc) que montamos “Cida, Cidinha, Aparecida” competíamos com outros espetáculos locais e, principalmente, com a 7ª. Bienal de Campos: Elba Ramalho era a atração.
           Sem querer “puxar a brasa para a minha sardinha”, devo dizer que tinha consciência de que o meu texto (escrito numa das minhas inúmeras rodoviárias ao Nordeste) tinha agradado, a magistral interpretação de Pryscilla Gomes para aquela bela nordestina envolvida com político desonesto (seria pleonasmo?) Até a sua chegada a São Paulo onde é acolhida por um irmão que lá mora há alguns anos, onde ganha dinheiro como cabelereiro.
           A direção irretocável de Fernando Rossi resultou nessa bela montagem. Utilizando-se de parcos recursos, além da boa marcação da atriz em cena, ele optou por trazer para o espetáculo a excelente cantora Maria Fernanda acompanhada pelo violonista Sebastião, que deram um suporte maior ao texto falado, além de terem a oportunidade de nos presentearem com clássicos do cancioneiro do Nordeste.
           Com estacionamento cada vez mais complicado, tomei um susto ao notar que faltando 10 minutos para as 20,00hs. não havia chegado ninguém. Seria uma frustração total. Mas, aos poucos, eles foram aparecendo, reclamando da longa distância do estacionamento dos seus veículos. Chegando... Chegando... o início atrasou meia hora mas, quando o sinal soou 3 vezes tínhamos, pelo menos 30 expectadores-amigos ou amigos-expectadores, valendo cada um por 10, tal a amizade, o talento e o amor de cada um pelas coisas aqui produzidas.
           Quem viu... Viu! Um senhor espetáculo! Produzido com recursos modestos, por gente da cidade. Alguém poderia dizer ao notar o auditório um tanto vazio: “Campos não tem tradição em Teatro...” – NÃO É VERDADE! Pode até ser que o ato criminoso que foi a demolição do magnífico Teatro Trianon, onde até os anos 50 ao lado das grandes companhias também pontuavam grupos campistas com textos de Gastão Machado, por exemplo, tenham construído esta idéia... Naquela época os autores e intérpretes locais esbanjavam talento nos palcos campistas. Hoje em dia, com a divulgação feita pela televisão, qualquer garoto ou garota, muitas vezes com textos(?) duvidosos, e repetindo chavões televisivos, levam montanhas de dinheiro nosso, dinheiro que bem poderia ser melhor aproveitado na reconstrução de um respeitável teatro campista.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

FALANDO DE ATIVIDADES LITERÁRIAS

Depois de me ver incluido, com muita honra, num blog da Prefeitura municipal de Campos, intitulado "Autores Campistas"; depois de assistir a talentosa
Maria Helena interpretar meus poemas no Café Literário; depois de me relacionar com tanta gente inteligente, em Campos, Natal, Mossoró e Teresina/PI,
onde conheci o "Sarau dos amigos do poeta Cineas" - que lembra muito o nosso querido Café Literário; guardo forças agora para a apresentação
do monólogo que escrevi, intitulado "Cida, Cidinha, Aparecida", que o grande diretor campista Fernando Rossi resolveu levar aos palcos.
E, não vou dizer que trata-se da minha última aventura literária, num ano tão generoso para esse humilde "amante das letras" como está sendo este 2012!
Sim, porque se Deus quiser, pretendo, até o final do ano, publicar mais um livro, que deverá se chamar "Prestação de Contas". Por enquanto,
gostaria de passar para meus queridos amigos, o cartaz que Fernando Rossi e seu grupo prepararam para o espetáculo.


terça-feira, 23 de outubro de 2012

PERSONAGENS

Uma coisa que gosto de fazer é me aventurar em viagens rodoviárias Nordeste-Rio, Rio-Nordeste, buscando nas mesmas conhecer pessoas, tipos, personagens. Com o passar dos anos e, algumas vezes, utilizando-me do avião, a colheita de tipos ficou até mais reduzida. Por exemplo, para pegar ainda o velório de um cunhado falecido em Mossoró, tive de pegar um enorme avião; fazer escala em Salvador; chegar alta madrugada em Natal; e, pegar o primeiro carro para a zona oeste do estado. Uma correria que contou com a colaboração da mana Dodora e da sobrina-afilhada Juliana que me levaram pela fria madrugada natalense à rodoviária, onde aguardei o primeiro ônibus para Mossoró. Eu falava sobre apreciação de novos tipos. Porém, em um gigante onde mal dá para se locomover, guardando as emoções para um breve encontro familiar, pouco sobra para observar personagens. No início da viagem, tentando ser o mais concentrado possível na leitura da revista semanal que tratava do processo do Mensalão, lançando de repente, um olhar sobre uma coisa redonda chamada janela (são milhares delas!) e presencio, piscando, do lado de fora uma coisa imensa chamada asa, pronta para decolar, mas que me maltratava com a demora provocada pelo tempo chuvoso. Devido a um temporal grande que caiu sobre o Rio de Janeiro, fomos obrigados, devidamente "encaixotatos" numa minúscula poltrona, a aguardar mais de uma hora pela orientação do piloto que por algumas vezes se utilizou do microfone para informar das condições para levantar voo, tranquilizar(?) os passageiros e dar outras orientações.

De início, a minha intenção era falar nesta crônica sobre personagens interessantes que descobri (na viagem de volta) em ônibus do sertão para a cidade de Campos. Como a descrição do meu pavor pela viagem aérea já levou quase metade deste trabalho, vou ter que falar mais detalhadamente sobre os mesmos em outra oportunidade. Eu que já me referi aqui a figuras curiosas como um chinês que procurava conhecer melhor a nossa língua e, na brincadeira que se torna uma constante entre os passageiros em viagens desse tipo, algumas vezes, era induzido a aprender significados de palavras diferentes da realidade por rapazes gozadores que vão ao sudeste em busca de trabalho. Desta vez, descobri pelo menos três personagens curiososos: um circunspecto senhor de atitudes "suspeitas" que retirava de uma bem guardada moxila coisas que distribuia a jovens (bem jovens mesmo!) que foram recrutados para trabalhar no sudeste. Descobri mais tarde, a atitude cuidadosa do homem em relação aos jovens: era alimento que distribuia aos mesmos, dois deles eram seus filhos... Outro personagem: um contorcionista que, na sua poltrona, utilizava-se das mais diferentes formas para dormir, indo até o chão do carro e muitas vezes dobrando-se na forma de um celular, transformando-se numa compacta e estranha figura; finalmente uma ex-dançarina de grupo de forró, agora funcionária de uma multinacional, igualzinha às piriguetes que aparecem na televisão, que pegou o coletivo na Bahia, com destino ao Espirito Santo. Pelo seu tipo exuberante, ela chamava a atenção de qualquer pessoa. Entretanto, quase chegando, depois de revelar que estava sem comer desde o dia anterior, acabou por me levar a última e deliciosa fatia do bolo "mesclado", preparado com muito carinho pela minha nora, lembrando as atenções da minha mãe quando das minhas primeiras viagens ao Rio...

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

RETORNO DO CAFÉ AO PALÁCIO

Na noite de 30.08.12, quando o Café Literário foi convidado a retornar ao seu espaço original no Palácio da Cultura de Campos, fiz o seguinte pronunciamento, para os que, emocionados, participavam da reunião:


Senhoras e Senhores,

A vida é uma sucessão de acontecimentos, pessoas, lugares. Vamos passo a passo, a cada dia, galgando os nossos bons e não tão bons momentos. Conhecemos lugares, pessoas, participamos de acontecimentos. Hoje, aqui no Palácio da Cultura, eu participo de um acontecimento memorável: A volta do Café Literário ao seu lugar de origem. Isto vem a ser o reconhecimento do belíssimo trabalho literário apresentado durante oito anos consecutivos por este grande homem que foi o poeta Antonio Roberto Fernandes.

No início da década passada, estava eu abalado pelos anos de padecimento e pela morte, em junho de 2000, da minha esposa Neli. Triste, melancólico com o acontecido, tive a chance de conhecer um movimento cultural em curso na cidade, onde pontuava o poeta Antonio Roberto, com seus poemas marcantes, seu carisma e a capacidade de aglutinar admiradores. O Café Literário do poeta foi a minha muleta, o meu amparo que ajudou a suportar perda tão grande... Dentro da Cultura local, o poeta foi uma pessoa que na sua imensa simplicidade conseguiu atrair para o seu "café" muitos amantes da literatura e da cultura, dividindo com todos seu conhecimento e sua alegria, no agradável encontro que era levado no Palácio da Cultura todas as quintas feiras.

Assim, foram 8 anos de grandes atuações, aqui e em outras salas da região, com importantes participações nacionais como Adélia Prado e Ferreira Gullar. Em determinada ocasião, tivemos o privilégio de acompanhá-lo ao Rio de Janeiro para receber um prêmio que o seu "sarau" havia ganho. Era assim, o Café do poeta. Café que, sob o seu comando, difundia cultura e descobria valores tantas vezes escondidos, nesta vasta planície goitacá.

Mas, tudo na vida acaba um dia e, como no dito popular, "o que é bom, dura pouco". O poeta que foi um ícone na cultura campista após um mês de padecimento num leito hospitalar, morre... deixando órfãos de poesia e de cultura nós, os seus amigos e admiradores, e por que não dizer, toda a cidade de Campos e o norte fluminense.

"O Café Literário morreu com o poeta!" Por algum tempo, a frase dita por alguém influente na cultura local, procurava (quem sabe?) acabar com o movimento criado pelo poeta. Apesar da convicção com que fora pronunciada, uma dezena de frequentadores daquele incrível sarau, mostraram que a realidade poderia ser outra... E, fizeram um pacto. Fariam novas reuniões em qualquer lugar, nem que fosse debaixo da ponte... Hoje, quatro anos após a morte do poeta, o novo café literário volta a ser convidado para retornar ao seu lugar original. E, com muito garbo, para mostrar a sua arte, aqui estão os antigos companheiros, os amantes das letras e da cultura, os familiares, todos para reverenciar o poeta Antonio Roberto e a sua obra que há tantos anos leva cultura e literatura, contribuindo para o saber e a alegria de todos, inclusive do próprio poeta que, lá de cima, certamente estará vibrando pelo auspicioso acontecimento. Salve Poeta!

sábado, 1 de setembro de 2012

CANGAÇO NACIONAL?

Em criança eu me assustava com as histórias que ouvia sobre Lampião e seu bando: as suas atrocidades no sertão nordestino. A "lei do cangaço" era perversa e as sentenças para quem ousasse desafiá-las eram ainda mais cruéis. Iam das mutilações à morte, e a execução (em geral, para servir de exemplo!), era feita sem dó nem piedade. Durante muitos anos o bando espalhou o terror pela região. Por medo, respeito ou admiração, importantes fazendeiros ou gente de poder, em posições geograficamente estratégicas, davam-lhes cobertura, acoitando-os nos seus deslocamentos. Além disso, acostumados ao clima inóspito da região, o grupo também se protegia em grutas escondidas por vegetação seca e retorcida, debaixo de um sol inclemente. Foi justamente num lugar como esse, que o bando de Lampião foi pego de surpresa e exterminado, acabando com o reinado e a fama do Rei do Cangaço. Suas cabeças, durante muitos anos, foram expostas como troféus em Salvador...
Nos dias atuais, o desgoverno, a impunidade, a "lei de Gérson", levam-nos a um panorama que, em alguns casos, se assemelham àqueles terríveis anos de cangaço. Com uma diferença: o clima de pânico já não está mais circunscrito ao Nordeste dos anos 20. Tristemente, concluímos que ele alcança toda a nação, com bandos tão aterrorizantes quanto o do Capitão Virgulino Ferreira. As famílias brasileiras não podem mais sair à noite, frequentar shoppings ou restaurantes. Os jovens para frequentar escolas noturnas correm sérios riscos. Pessoas inocentes viram presas fáceis desses novos cangaceiros, e uma vez dominadas ficam sujeitas aos crimes mais cruéis de que se tem notícia... jovens que cedo entram para a delinquência, acabam virando líderes do terror. E, quando a gente pensa já ter visto de tudo, uma "Maria Bonita" moderna ganha as manchetes policiais ao matar, esquartejar e tentar dar sumiço ao corpo do seu companheiro...
A gente fica a meditar: O que está acontecendo? É a facilidade de corromper com o dinheiro público? É o poder das drogas? É a falta de acompanhamento familiar? É a Educação errada? É a falta de Deus? - "Falta de Deus", não era para ser... Com milhares de novas igrejas arrebanhando multidões com a mágica dos incríveis milagres, com a promessa do enriquecimento rápido, com a "moleza" ambicionada, por elas prometida! Algumas coisas, porém podemos constatar: há muito tempo, o Trabalho no Brasil deixou de ser virtude, para se tornar "coisa de trouxa"; o Estudo foi trocado por reallity shows, que proporcionam ganhos glamourosos (moeda de fácil troca!), e a Política, em época de economia complicada, acabou se tornando o meio "mais fácil e seguro" de se enriquecer...
A cada dia a coisa fica mais esquisita na nossa sociedade.. O que vemos hoje, são os bandidos que estão cada vez mais armados com armas poderosas, ultramodernas tomando conta das ruas enquanto as famílias tornam-se prisioneiras nos seus próprios lares. Quem pensou que em apartamentos ou condomínios estava protegido, se enganou redondamente. Assim como quem imaginou que indo para o interior estaria salvo, também se enganou. Porque, aparentemente, até agora, parece que os nossos códigos foram concebidos somente para dar proteção a bandidos. Porque a Lei brasileira não distingue o dinheiro sujo do ganho honestamente. E, advogados brilhantes posam ao lado de ladrões, mesmo sabendo que não está defendendo gente honesta e os honorários que receberão provém do crime. Enfim, esquecemos que estamos no Brasil...
Mas, ALELUIA! Parece que tem luz cintilante brilhando no fim do longo túnel negro da corrupção e da impunidade brasileira; Da legislação que distingue muito bem a lei dos poderosos, dos colarinhos brancos, da lei dos miseráveis, dos ladrões de galinha... Três processos em andamento no Judiciário e no Legislativo sinalizam com bons resultados para todo e qualquer brasileiro porque, afinal, pela nossa Lei Magna somos todos iguais. Ou, não?... Como temos mania de copiar a fantasia e a futilidade que acontecem no exterior, nos EUA em primeiro lugar, seria muito importante se ao lado do MENSALÃO, que o Supremo está julgando para servir como modelo de honestidade; do CACHOEIRA, que torcemos para que siga a mesma linha; e da reforma do caduco Código Penal, com o que esperamos dotar o país de legislação moderna, severa e que doravante possa cumprir corretamente a sua finalidade.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

SOBRE NÉLSON RODRIGUES

O jornalista Chico Pinheiro tem produzido uns saraus para homenagear artistas vivos ou que já partiram para a outra vida, mas que completam no ano corrente uma data redonda (50, 70, 100 anos, por exemplo) contando para isso com depoimentos de amigos e familiares dos homenageados. Aqui mesmo no painel eu, nesse novo formato do blog, já reproduzi a sua bela homenagem/sarau para homenagear os 100 anos de nascimento de Luiz Gonzaga.
Outro grande artista provavelmente já homenageado pelo Chico Pinheiro é o também pernambucano como o Rei do Baião, que chegou ao Rio de Janeiro bem jovem, tornou-se jornalista, apaixonou-se pelo futebol e pelo modo de vida do carioca, que ele retratou como nenhum outro nas suas magníficas peças teatrais.
Como jornalista e torcedor apaixonado do Fluminense, levou para as páginas do jornal o clima, a epopeia dos grandes encontros cariocas entre o seu clube de coração e o Flamengo, o Vasco e o Botafogo, tratando-os sempre de maneira inflamada, de acordo com a paixão de cada time. Grandes ídolos, como Roberto, do Vasco, e Rivelino, do Fluminense, mereceram crônicas imortais do Nélson Rodrigues.
Porém, tão ou mais apaixonante que a sua torcida pelo futebol, foi o seu amor pelo teatro. Retratando nos seus textos teatrais, os conflitos sentimentais entre membros da família carioca, numa época em que os relacionamentos eram mais discretos, ele conseguiu tocar nas feridas sociais, trazendo a baila assuntos como adultério, relações homossexuais, traições, dia a dia dos bordéis e de "inocentes" colegiais, com a maestria que só os grandes dramaturgos poderiam conceber. A sua criação com "Vestido de Noiva" é tida como um marco, uma revolução no teatro brasileiro. Nélson Rodrigues é um desses escolhidos por Deus para inovar, tirar do marasmo a sua arte, assim como o foram nas suas concepções, os poetas Manoel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade, bem como o também centenário neste ano, o romancista Jorge Amado.
Nélson Rodrigues também se notabilizou na construção de frases que ficaram, às vezes cunhadas com uma certa irreverência ou crueza, mas sempre com criatividade. Uma das mais conhecidas e que eu também admiro muito é a que diz: "Toda unanimidade é burra!" Nada mais simples, óbvio e democrático, não é verdade?...

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

AS OLIMPÍADAS

Estou, provavelmente, há dez dias em frente à televisão, torcendo por resultados favoráveis ao Brasil nas Olimpíadas e... nada! Ou, quase nada, para quem pretende ser potência olímpica e vai sediar os próximos Jogos. Senão, vejamos, quantos dias ficamos na dependência das 3 medalhas ganhas no início dos jogos? A de bronze, do judô; a de prata, da natação; e a de ouro, também do judô. Sobre esta última, que nos encheu de orgulho durante muitos dias dos jogos, é muito emblemático notar que foi conquistada por uma singela piauiense, que nem de longe deixava transparecer a garra e o amor que dedicava ao esporte e à pátria.
Sarah Menezes nos deu uma lição de como honrar a camisa do seu time, do seu país. Enfrentando de igual para igual, sem temor algum, as adversárias, ela provou que nem é preciso sofisticados treinamentos nos Estados Unidos ou em outro grande centro esportivo, para lutar por medalha de ouro e por glória para o país. Com treinamento modesto, lá mesmo na brava e fraterna Teresina ela, na hora do "vamos ver", transformou-se numa leoa, e não deu chance a nenhuma adversária da sua categoria, no judô. Por comprovar que quando se deseja com ardor uma conquista tudo é possível, a nossa pequenina, mas gigante Sarah, não só nos emocionou, como nos encheu de orgulho pátrio. Parabéns! O povo de Teresina, como é da índole de todo nordestino soube, com muito entusiasmo, prestar grande homenagem à conterrânea vencedora.
Foi preciso uma semana sem grandes destaques para que Arthur Zanetti, um jovem nascido em São Paulo, também nos desse outra medalha de ouro, desta vez na ginástica olímpica, nas argolas. Foi outro feito digno de admiração de todos, bastando verificarmos as modestas instalações onde o mesmo treinava... No sentido contrário temos casos de atletas consagrados que, aparentemente, poderiam aumentar o número das nossas medalhas douradas, mas que decepcionaram. Para alguns, aparentemente, a competição era apenas uma exibição, desta feita, na terra da rainha. Para tanto, era importante, na sua torcida, a presença do pai, da mãe, dos irmãos, da família inteira em Londres. Infelizmente, tal aparato não trouxe bons resultados olímpicos. O pior de tudo, é levar seus próprios instrumentos esportivos e se desclassificar precocemente, deixando frustrados uma legião de fãs e torcedores.
Eu não esperava um declínio tão grande na classificação do Brasil que, no início, chegou a ocupar o quarto lugar e hoje (08/08), encerra o dia em vigésimo quinto, atrás de Belarus, Irã, Cazaquistão, Ucrânia, Nova Zelândia e Coreia do Norte, entre outros países... Uma posição que deixa decepcionados todos aqueles que querem ver o país sempre à frente. É verdade que nem tudo está perdido: estão aí na luta as equipes em conjunto (vôlei, futebol, etc.) que, por contar com apoios mútuos, ainda resistem... Acho que já é tempo de acabarmos com esse clima de suspense, de "haja coração", e assumirmos com orgulho a camisa do time a que pertencemos. Exemplos de vencedores, nós temos: Sara e Artur, nossos únicos medalhistas de ouro até agora, que, para chegarem ao pódio se esforçaram muito, sem qualquer regalia.
De qualquer forma, aquela belíssima abertura dos jogos, com Israel, Irã, China, Rússia, Estados Unidos, Brasil, e praticamente todos os países do mundo, (rivais, inimigos, ou não), numa confraternização fantástica, faz-nos acreditar que vale a pena acreditar no amor fraterno e na paz universal.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

sábado, 21 de julho de 2012

ÀS VÉSPERAS DAS 10 MIL VISITAS

Próximo de conseguir o marco de 10 mil visitas a este blog que criei com a preciosa ajuda do meu filho que mora no Piauí, numa autêntica demonstração de que o mundo já não é mais o mesmo, (confirmando o que apregoavam os teóricos da globalização, pelos idos dos anos 60/70), queria festejar antecipadamente, e abraçar fraternalmente cada um dos meus queridos leitores. Como sei que isto é impossível, buscarei dar o melhor de mim naquilo que mais me envolve atualmente: escrever.

É bem verdade que, desde a minha infância, a escrita sofreu uma incrível evolução. Devo esclareço, a bem da verdade, que eu não sou da era do papiro, nem nunca me expressei em hieróglifos. No entanto, passei por diferentes fases, na maneira de como escrever... do lápis, do grupo escolar, à caneta tinteiro, do ginásio. Depois foi a famosa esferográfica de longa vida e grande variedade, que continua firme nos dias atuais...

Mais por necessidade de trabalho, na adolescência, frequentei, em Mossoró, o curso de Datilografia da escola do professor Antonio Amorim, o que me facilitaria, mais tarde, na obtenção de empregos no Rio de Janeiro, bem como no gosto pela arte de escrever, agora mais facilitada. Nas horas vagas nos meus primeiros empregos, eu datilografava muita coisa que havia escrito a lápis e em papel de pão na padaria do meu pai. E, depois do curso me empolguei, e passei a datilografar os meus textos, até por que os escritos a mão, muitas vezes ficavam difíceis de ler. Daí, a atenção dada à datilografia onde, através da prática, cheguei a bater "200 toques por minuto", o que era o máximo na época. No telex da EMBRATEL, nos anos 70, digitei muita coisa na bancada de operação nas horas ociosas. Principalmente, quando trabalhava pela manhã, que era o horário mais tranquilo. Quando vim para Campos em 80, eu me orgulhava de possuir uma máquina portátil "Olivetti Letera", o que me facilitava muito, datilografando alguns trabalhos nos momentos em que os garotos mais velhos me permitiam, ou seja, lá pela meia noite. Mas, como tinha boa rapidez, dava para passar rascunhos a limpo e ainda produzir novos textos...

Em Campos eu fui funcionário público e trabalhei em um banco. No primeiro caso, ainda com aquela máquina pesadona. A elétrica era somente para antigos funcionários digitarem atas. No banco já trabalhava com máquinas elétricas ou com teclados anexos aos computadores que eram tão leves para digitar quanto as primeiras. Em qualquer caso, felizmente, eu sempre me dei bem, graças ao curso de três meses do "asdfg" do saudoso professor Antonio Amorim... No Rio de Janeiro, e depois em Campos, muita gente se admirava de eu datilografar/digitar sem olhar para o teclado. Eu, ao contrário, achava curioso como colegas conseguiam certa habilidade com apenas... dois dedos.

Pois é, em linguagem de informática, tudo o que falei aí em cima seria o meu "hardware"; já a maneira como eu tenha trabalhado, no banco, os cálculos, os lançamentos, etc, seria o meu "software". No meu dia a dia de aposentado, entretanto, o meu software, tem sido cuidar das minhas produções literárias (poemas, crônicas, e teatro, que este ano estou tentando trazer a público!) e dar atenção à minha querida Academia Pedralva, onde cheguei a ser presidente e aprendi muito com os meus pares.

Para completar esse período de software poético, publicados no blog Painel do Gurgel, eu não poderia deixar de agradecer à preciosa e vital colaboração do meu filho Rodrigo que, da quente, bela e hospitaleira Teresina, dá a sua fantástica colaboração para que o blog torne-se cada vez mais belo visualmente e questionador na sua participação social. Pois, apesar das dificuldades, do constante aumento da miséria e da violência nos jornais televisivos tenho sempre em mente os versos de Vinícius de Moraes: ..."e, no entanto é preciso cantar!"


Um abraço e obrigado a todos os leitores e amigos.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

OBRA LITERÁRIA DA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMPOS

Caros leitores e amigos,

A prefeitura de Campos dos Goytacazes divulgará ainda este ano (provavelmente na Bienal do Livro, em setembro) um trabalho sobre autores campistas ou aqui residentes, que está sendo preparado, na Internet, pela pesquisadora Dilcéa Smiderle, com a colaboração do mecenas das letras de Campos, Dr. Wellington Paes.

Adianto aqui a referência ao meu nome no citado trabalho:

AUTORES CAMPISTAS


José Gurgel dos Santos


Nasceu em Mossoró (RN), em 27 abril de 1944. Filho de Juvenal dos Santos Sobrinho e de Dalila Gurgel dos Santos. Após o término do curso científico, deixa seu estado natal, em 1965, para tentar a sorte no Rio de Janeiro, meta de tantos jovens daquela época.

Trazendo consigo seus escritos de adolescentes amarelados na bagagem, encontra o Rio em convulsão, com a batalha dos estudantes contra os policiais da Ditadura Militar. Faz cursinho pré-vestibular para Medicina, mas não obtém aprovação. Época de empregos fartos, passa num concurso para a Embratel.

No final dos anos 1970, com os filhos crescendo e já vislumbrando dificuldade na sua educação na capital, transfere-se para a Planície Goitacá — terra da esposa— onde assume uma vaga na Junta de Conciliação e Julgamento (TRT). Trabalhando na Junta, vê surgir um novo concurso para o Banco do Brasil. Como esse sempre fora o seu sonho de criança, enfrenta o concurso, passa, e vai assumir em Macaé, onde permanece por dois anos.

No Banco, que, devido a transformações políticas, nem de longe era mais "aquele dos seus sonhos", José se inscreve em concursos literários, dentre os quais o de poesia, patrocinado pela Febraban. Consegue classificação e publicação do poema "Como um Passarinho" no livro "Banco de Talentos", 1995. Retirando do esquecimento seus poemas de adolescente, compõe o primeiro livro de poesia — Sobrevivências, de 1996. Nesta época, passa a escrever a crônica semanal "Painel do Gurgel" para o jornal "Monitor Campista", inspirada no trabalho do jornalista mossoroense Dorian Jorge Freire.

Em 2009 cria o blog "Painel do Gurgel", onde busca escrever crônicas e poemas

É membro da Academia Pedralva Letras e Artes, da qual chegou a ser presidente. Como cronista, já colaborou com os jornais "Monitor Campista" e "O Diário". É participante assíduo do projeto Café Literário.

Crente em Deus, sonhador, mas com os pés no chão, retrata sempre as inúmeras transformações sofridas pelo planeta, como a poluição atmosférica, com suas nefastas consequências; o salto dado pela mulher no mercado do trabalho; a computação e o desemprego que vem causando; entre outros problemas atuais do mundo, retratados ora em crônicas, ora em poemas.


Obra:


Sobrevivências (poesia) – 1996

Em Família (poesia) – 2002

Nativo – Uma declaração de amor ao Brasil (poesia e prosa) – 2004

Antologia de poetas e prosadores da Academia Pedralva Letras e Artes (coautor) - 2005

A ponte (crônica) - 2007

Revista dos 60 anos da Academia Pedralva Letras e Artes - 2007

Via Internet (crônica, poesia e poesia de amigos) - 2011

sábado, 7 de julho de 2012

Aniversário da Praia de Copacabana

Não podemos esquecer o aniversário da praia de Copacabana que nesta sexta feira 06/07/2012 completou 120 anos. Parabéns "Princesinha do mar!"

sábado, 16 de junho de 2012

O QUE FOI FEITO DO ROMANTISMO?

Quem tem mais idade lembrará, certamente, dos versos doridos de Noel Rosa que, em época junina como a que estamos vivendo agora, assim escreveu: “Nosso amor que eu não esqueço/ e que teve o seu começo/ numa festa de São João/ morre hoje sem foguete/ sem retrato, sem bilhete/ sem luar e sem violão/...” Havia nos versos da canção vários ingredientes de um romantismo, um lirismo cheio de paz onde os jovens buscavam os seus relacionamentos e que perdurou por muito tempo no cancioneiro popular brasileiro...
Vinícius de Moraes, diplomata que, para o bem da nossa MPB, deixou a carreira da diplomacia para unir-se a parceiros como Tom Jobim, Carlos Lira, Baden Powell, Edu Lobo, entre outros, nos deixou verdadeiras pérolas que embalaram outros casais igualmente românticos, apaixonados, que procurando conhecer melhor a pessoa amada, muitas vezes, buscavam inspiração e apoio nos versos cheios de sentimento do nosso grande poeta romântico... um dos clássicos dele com Carlos Lira uniu muitos casais enamorados da época: “Se você quer ser minha namorada/ ah, que linda namorada você poderia ser/...”
Roberto e Erasmo Carlos parecem ser os últimos da nossa música a inspirar corações enamorados com letras como: “Eu tenho tanto pra lhe falar/ mas, com palavras não sei dizer/ Como é grande o meu amor por você/...” quantos casais não trocaram alianças e juras de amor eterno ao som desse lindo poema musicado pela dupla...
Está certo que já não há mais clima para serenatas ao luar. Mas, o amor não costuma sair de moda. A não ser da maneira como ele está sendo tratado ultimamente, onde os jovens saem como abelhas buscando o mel em qualquer flor que encontre, competindo em festas alucinantes para ver quem beijou mais, quem “ficou mais”...O triste é a gente não encontrar mais amor nos modernos relacionamentos, que são embalados por “pérolas” como: “Vou te levar, na minha humilde residência/ Mas, por favor, tenha um pouco de paciência/ a cama tá quebrada e não tem cobertor”... ou esta outra: “Ex-my love, ex-my love,/ se botar seu amor na vitrine/ ele nem vai valer R$ 1,99”.
Não. Não é apenas o ex-amor do compositor de um dos maiores sucessos da nova MPB que não está valendo nada. No contexto atual, infelizmente, é o próprio AMOR que já não vale mais nada...

segunda-feira, 4 de junho de 2012

SERIA HILÁRIO, SE NÃO FOSSE EMBARAÇOSO

Uma manhã dessas estava me dirigindo à padaria para comprar o pão para o café da manhã quando, ao entrar no corredor da nossa vila que leva à rua, deparei-me com uma cena desagradável: uma jovem senhora segurando a corrente, controlava o seu cachorrinho que nervosamente buscava a melhor posição para fazer suas necessidades fisiológicas na nossa passagem:

- P.Q.P.! Bem em cima do hidrômetro! Fiquei nervoso e irritado por estar começando mal o meu dia e fui conferir a irregularidade... Assustada, porém zelosa com a saúde e o bem estar do seu pequeno e peludo amigo, a mulher esperou impassível pela minha chegada. Enquanto o pequeno animal continuava sua pesquisa do local farejando e rodando em torno de si mesmo, um tanto indeciso... teve uma hora que ele ficou na posição característica da evacuação canina. Foi quando eu cheguei próximo dela...

- Oh, minha senhora, aí, não! Por que não leva seu cachorro para fazer suas obrigações em outro lugar. Quer emporcalhar a entrada da vila!?

Parece que a essa altura, o cãozinho entendeu a situação e desistiu daquele esforço. A mulher, no entanto, tranquila e impassível me encarou:

- Emporcalhar, não senhor! Eu só ando prevenida! (A essa altura, eu notei uma folha de jornal e um saco plástico na sua mão).

- Não senhor! Cachorro meu não deixa sujeira na rua, porque eu tenho consciência que a limpeza tem que ser feita! Eu retiro a sujeira que ele faz todas as vezes que saímos para caminhar...

Mudando o tom da minha voz, diante das justificativas daquela educada senhora, busquei um argumento para a minha atitude:

- A senhora vai me desculpar, mas há de compreender como é desagradável pisar em cocô de cachorro bem cedo, não é verdade?

- Certamente, daí a minha preocupação em limpar as sujeiras dele e, às vezes, até de outros que encontre...

- Olha! Peço-lhe desculpas e dou-lhe os meus parabéns! Raramente a gente vê pessoas agindo assim como a senhora... Caminhar nas calçadas esburacadas, disformes e desniveladas como são as nossas e, ainda por cima, cheias de sujeiras de cachorro... encontrar uma pessoa com a sua atitude, parece até milagre! Eu que imaginava ter perdido o meu dia, por causa do seu cãozinho, acabei ganhando o dia com a sua conscientização. Afinal, nem tudo está perdido (pensei)... Parabéns!

Saímos: eu para a padaria; eles para a árvore mais próxima, onde o animalzinho ficou farejando o local. De longe, dando uma discreta virada e notei a senhora abaixada na louvável tarefa de limpar os excrementos do seu cãozinho, atitude que poucos que passeiam com seus animais de estimação pelas cidade ensolarada costumam praticar...

terça-feira, 15 de maio de 2012

SENTINDO VERGONHA DE SER HONESTO

Está certo que os primeiros habitantes “civilizados” do Brasil foram criminosos que as autoridades portuguesas mandavam para cá para cumprir pena... que, na escola, aprendemos que o país fora surrupiado, durante muitos anos, nas suas grandes riquezas de ouro e de madeira, principalmente... que liberto das amarras de Portugal, a situação, a despeito da atuação de alguns brasileiros patriotas, não se desenvolveu com tanta honestidade quanto necessária... que Rui Barbosa, atuação e mente das mais brilhantes que o país já conheceu, num dos seus textos mais veementes, contra a corrupção que já grassava no país no início do século XX, dizia sobre o contexto: “O HOMEM SENTE VERGONHA DE SER HONESTO”... considerando que os nossos dirigentes sempre “se melindraram” com a famosa frase do General Charles de Gaulle: “O Brasil não é um país sério!”, mas nunca fizeram por onde demonstrar que ele estava errado... frase essa que recentemente um dirigente da FIFA “aprimorou” ao dizer que o nosso país merecia um “pé no trazeiro” por não cumprir contratos corretamente... e, como se nada acontecesse, abraços já foram trocados entre as partes... considerando que Brasília é uma Ilha da Fantasia, onde os conchavos são a lei, e até um indivíduo chamado “Cachoeira” brinca de ser dono do país, presenteando a muitos influentes da República com vultosas quantias, para continuar a sua ilegal, porém boa vida de milionário... e, que bicheiros presos em operações dignas de filmes de Hollywood, a custa de advogados espertos, por isso mesmo, caríssimos, vão logo pra rua... considerando que a política populista, (garantia de êxitos futuros!) implantada pelo governo federal, logo adotada em alguns estados por políticos vivos, ao invés de trabalho, oferece aos brasileiros menos favorecidos esmolas em forma de cheque isso, cheque aquilo, casa feliz, transporte gratuito, farmácia idem, restaurante a 1 real e outras vantagens que leva o cidadão mais necessitado a se esquecer de buscar um ofício, levando-o, muitas vezes a aplicar o seu tempo ocioso em atividades menos honestas, porém mais rentáveis... até porque, quando for preso, a sua família será beneficiada com preciosos auxílios, o que dá para curtir tranquilo o seu breve período de presidiário, com uma vida até melhor do que a que levava lá fora. Considerando que a impunidade e os conchavos para livrar a cara dos infratores poderosos, torna, cada vez mais banal a atividade criminosa no país, que relega a segundo plano o desemprego, a insegurança, o terror e o medo com que o cidadão passou a viver...
         CHEGAMOS, INEVITAVELMENTE, a uma situação hilária, se não fosse trágica, e que revela o câncer que ameaça o nosso querido Brasil: como é que pode uma senhora com cara de honesta e pura, confessar na televisão em rede nacional que, com apoio do marido, e em parceria com dois ilibados (é isso o que se espera das suas condutas!) desembargadores,  ter subtraido dinheiro reservado para pagamento de precatórios do RN e, com a maior naturalidade, que aplicara a sua fatia do bolo em mansões e fabulosas viagens turísticas?!... os gastos com as fatias dos desembargadores, ainda não foram revelados. Pode ser até que entre aí o artifício dos “laranjas”, jogada muito utilizada por políticos expertos, para dificultar as investigações. No entanto, “pelo andar da carruagem”, é de se esperar que “uma panelinha” já esteja agindo para inocentar esses “pobres coitados”, que usaram dinheiro do país/contribuinte pensando que lhes pertencia...
         Sinceramente, não sei o que poderá ainda vir daqui pra frente! Só sei que é muito triste vivermos em um país cheio de corrupção, de incertezas, de inseguranças, de conchavos, de impunidade, de maracutaias e de mutretas, e onde o errado está cada vez mais tomando o lugar do certo. Transformando em Regra aquilo que deveria ser Exceção...

quinta-feira, 26 de abril de 2012

FALANDO DE BLOGS

O que é um blog? É um lugar na Internet onde você expõe as suas idéias para o mundo. Isso mesmo: para o mundo! Pode até ser que ninguém o acesse. Não importa, mas a chance de você ser lido em qualquer parte do planeta, é real! Quando o meu filho Rodrigo me propôs criar este blog, confesso que tive medo. Não das palavras que produziria, mas de um mecanismo que já em 2009, fazia girar esse mecanismo ultramoderno, capaz de enviar sua mensagem na mesma hora para qualquer lugar do planeta.
Em 1970 eu fui admitido na EMBRATEL, que fora criada no  país, indo trabalhar como Operador de Telex Internacional. Em tese, fazia o mesmo trabalho que a INTERNET faz hoje, sem a mesma tecnologia. O operador de telex completava ligações para diversos países, algumas vezes solicitando auxílio de terceiros (Italcable, Wui, Wud, entre outras companhias). Bem diferente do sistema atual onde, do conforto da sua casa você consegue, sem auxílio de ninguém, conexão no mesmo instante com qualquer parte do planeta, podendo ainda utilizar o recurso de imagem, desde que disponha de câmara acoplada ao seu micro...
Bom, eu comecei falando a respeito do Blog e acabei falando da minha experiência como operador de telex, que vem a ser um parente distante da atual comunicação Via Internet, que acabou interferindo em todos os meios de comunicação. Além disso, ela dá a chance de qualquer pessoa ser,  ao mesmo tempo, usuário e protagonista de fatos inusitados, ao colocar na rede seus momentos divertidos ou curiosos.
Quanto ao blog, em geral, é utilizado pelos seus criadores para expor suas idéias, questionando, divulgando pensamentos, o cotidiano do lugar, etc. Em Campos, por exemplo, tem excelentes Blogs, como o de Roberto Morais, o de Claudio Andrade, que tratam de política; o Historiar, de Helvio, Enockes e Leandro, que fala, basicamente, da história da cidade, o Estou procurando o que fazer, surgido após o fechamento do jornal Monitor Campista onde emitem suas opiniões, entre outros, Sergio Mendes, Jane Nunes e Rose Davi. A nossa Academia Pedralva, além do blog da entidade, criado pelo acadêmico Carlos Augusto de Alencar, também possui os blogs de Agostinho Rodrigues, de Roberto Acruche, e o Gurgeldapedralva. Na verdade, são inúmeros os bons blogs, podem ser visitados a qualquer hora, por qualquer usuário “urbi et orbi”... 
Como Campos, Mossoró também não foge à regra da modernização informática. O blog mais importante da cidade é o Azougue.com, do homem de comunicações que adotou o nome “internáutico” de Caby. O blog do meu amigo Caby permite a conterrâneos distantes, ausentes há pouco ou muito tempo, matar um pouco a saudade da cidade, já que oferece um Menu variado: “Do bumba”, “Mossoroenses-out”, “Entrevistas”, “Antigamente”, “Marcos”, “Identidade”, além das colunas do criador do blog e de outros bons cronistas locais.
Na verdade, o que vemos hoje em dia é a migração do jornal de papel para os mais variados tipos de blogs; é a modernização da Internet  nos obrigando a incríveis adaptações.  O êxito fica por conta do talento de cada um.

domingo, 15 de abril de 2012

ELEIÇÕES À VISTA

Curioso o país em que vivemos, não é verdade? A maioria das pessoas não tem onde morar, não tem trabalho, e vive de benefício do "bolsa isso", "cheque aquilo", "restaurantes, transportes e farmácias quase de graça", e vai por aí... Por outro lado, uma minoria privilegiada tem padrão de vida digno de marajás. E, os escândalos denunciados diariamente demonstram que a riqueza dessas pessoas é, na maioria das vezes, resultado de maracutaias, conchavos, acordos espúrios, troca de favores... tudo financiado com os impostos pago pelo povo. O pior é que, aparentemente, não se vê luz no fim do túnel. Entra governo, sai governo; entra partido, sai partido e a "farra com o dinheiro público" é a mesma.
Esses programas populistas não resolvem os problemas do pobre, no entanto contribuem e muito para o aumento da popularização dos seus autores. Um caso emblemático que, tempos atrás repercutiu por todo o país, é o das costureiras cearenses. Algumas dessas trabalhadoras fizeram um curso de aperfeiçoamento para trabalharem numa cooperativa. Quando foram chamadas recusaram para não perderem o "bolsa sei lá o que"... Nesse caso, parece que o tal auxílio, ao invés de ajudar, incentiva o ócio, para não dizer a vagabundagem. Porque pensando bem, quem é que, não tendo nada, recebendo uma esmola mensal do governo, vai querer "trabalhar"... O bom seria se houvesse trabalho real, honesto e digno para o brasileiro. Ele trabalharia honestamente e ensinaria a seus filhos a importância do trabalho para a vida do cidadão.
Na verdade, se a política governamental beneficia alguns acaba prejudicando outros. Refiro-me àqueles que trabalharam honestamente, descontaram o INSS regularmente, na expectativa de ter, um dia, a sua aposentadoria justa como contratada pelo órgão governamental. Mas, o que esse trabalhador tem em troca, quando se aposenta? A frieza e a indiferença governamental argumenta não ter dinheiro e corrigindo o seu salário diferentemente do "mínimo"acaba achatando o benefício aceleradamente, o que é uma lástima para quem na velhice precisa de um benefício atualizado.
Voltando às manobras políticas. São inúmeras as jogadas que a gente assiste em ano de eleição. Obras de fachada, às vezes faraônicas, quando as necessárias, sob a terra, são esquecidas; concursos que já poderiam ter sido realizados; shows, muito shows... é a velha história do "Panis et Circenses": com a fome sendo controlada por cheques e programas fantasiosos, nada melhor do que no ano eleitoral alegrar o povão. E, povão alegre significa eleição garantida...
Pobre ilusão estudantil aquela minha dos anos 60/70, imaginando que os heróis que enfrentaram a Ditadura Militar, seriam capazes de colocar a honradez, a honestidade, o estudo, o trabalho, e o patriotismo de volta aos trilhos da política brasileira. Pobre de mim que no auge do confronto Estudante x Polícia, no Rio, tantas vezes me arrisquei na Rio Branco, lutando por uma causa que resultou em vão!...

domingo, 1 de abril de 2012

UM ANJO FANTASIOSO SOBE AO CÉU

Mossoró certamente está mais triste. Partiu para o céu na semana passada a mítica Nazira, filha de D. Tonha e S. Quincas Gomes, irmã de Nilza, Neuza, Naíde, Nilde e Neide, pelo time feminino, e Nilo, Nicomedes e Nemézio, pelo masculino, se não me falha a memória...
Nos anos 50 e 60, não havia televisão na cidade. Informática, Internet eram "ficção científica". Mas, em compensação, havia dois clubes sociais com bailes semanais, dois cinemas com filme novo praticamente todos os dias, salão de sinuca, churrascaria que avançava sobre o rio Mossoró e zona do meretrício onde o sexo pago era festejado todas as noites. Além de praças ajardinadas onde garotas bonitas passeavam e trocavam olhares com rapazes interessados em namoros. Os bairros mais distantes com ruas sem asfalto sofriam com a poeira. E, era nessa mágica cidade que Nazira morava, apesar de viver num mundo só seu...
Qualquer descuido familiar significava uma fuga incrível que podia levá-la rapidamente a qualquer ponto da cidade. Da rua do comércio, onde uma loja qualquer a atraía com o brilho de uma pulseira de miçanga, aos pontos mais distantes, familiares (ou não!), onde as damas da noite a respeitavam e cuidavam de providenciar o seu retorno ao lar, ela tinha uma compulsão pela fuga de casa. Tantas e tão frequentes se tornaram as suas fugas, que restou ao velho Quincas providenciar a colocação de uma corrente junto à sua rede, fixada à parede, o que mantinha Nazira em casa, para o sossego dos familiares. Mesmo assim, em razão das suas constantes fugas, como que um folclore. muitas histórias surgiram, como esta em que ela apressada, em fuga, tromba com um cego:
- Você parece que vem "cego"! fala ela. E o ceguinho:
- E você, parece que vem "doida"!
É incrível como certos personagens ficam gravados em nossa mente para a vida toda. Nazira, que foi vizinha nossa da Souza Machado, foi uma dessas pessoas. Não havia viagem que fizesse a Mossoró que não fosse visitá-la. Levando sempre uma pulseira ou outro acessório que alegrasse a sua fantasia. Porque, se não levasse a cobrança era inevitável.
- Hei, não trouxe a minha pulseira, não!...
Nazira partiu para uma boa. Com certeza, será mais um anjo no céu. Livre da severa vigilância familiar. Se bem que a corrente, em razão da sua idade avançada já fora aposentada, ficando a vigilância bem mais light.
Mossoró, não possui mais sinuca no Bar Suez; cinema, no Cine Pax; nem bailes, nos clubes ou na churrascaria. O Clube Ipiranga, bem em frente à casa de Nazira, sucesso no meu tempo de adolescente, sem restauração, cai aos pedaços. Tudo leva a crer que, com a era do petróleo e de outros empreendimentos, o romantismo não tem mais vez. Quem sabe se Nazira, na inocência das suas fantasias, de repente, lá do céu, não consegue de volta um pouco do romantismo daquela época para os dias de hoje.

Entrevista com Millor Fernandes

Uma pequena homenagem para um grande artista!


Entrevista com Millor Fernandes, Programa Roda Viva (Bloco 1)
http://www.youtube.com/watch?v=ylPkFIwS29k


Entrevista com Millor Fernandes, Programa Roda Viva (Bloco 2)
http://www.youtube.com/watch?v=6m0heyPiLoA&feature=related&noredirect=1

segunda-feira, 12 de março de 2012

ESQUENTA, REGINA!

Há muito tempo eu não me deliciava tanto com um programa de televisão como agora com o “Esquenta”, comandado pela Regina Casé. É aos domingos, no horário do almoço, na TV Globo. Não somente dou boas risadas como, muitas vezes, me emociono com fatos que subitamente surgem no programa, sem que haja intenção de alavancar índice de audiência da atração. Regina passeia pelo programa como quem recebe convidados para uma grande festa. Como a própria apresentadora fala: - Pode chegar! Ou seja, é atração, é do gosto do povo, pode chegar. Deixe a “máscara” lá fora e entre... O bom do “Esquenta” é a autenticidade dos convidados e da própria Regina, no trato com cada um...
Gosto do programa do Ratinho como gostava do programa do Chacrinha. Gosto de música, de brincadeira, de alegria. Mas, Ratinho, não sei porque razão, deu para inserir clips do Mundo Animal que, a meu ver não tem nada a ver com o espírito, do seu programa. No “Esquenta”, por exemplo não sinto espaço para tratadores atacados por fera, ou felinos africanos perseguindo, matando e se alimentando de presas que, na verdade ali estão para esta função. No entanto, assistir a uma violência num programa científico é bem diferente do que vê-la num programa que a gente liga para se divertir. Da mesma forma acredito que a violência que Datena e seus seguidores utilizam como forma de aumentar a audiência, nunca terão vez no “reino” mágico da Regina Casé. Porém numa sociedade desigual como a nossa, eles em determinados horários podem até ser programas úteis.
Tenho amigos que dizem que eu tenho bronca da TV Globo. Não é verdade. Eu falo aquilo de que eu gosto. Não fiquei feliz ao ver Derci Gonçalves, anos e anos na geladeira (pode até ser ato de profissionalismo global, mas, certamente, nada tem a ver com o espírito brasileiro) impedindo as apresentações da extraordinária atriz; também não fiquei feliz quando ela foi parcial no BBB, expulsando apenas um por discutível estupro, prática essa que ela tanto incentiva, criando ambiente propício para tal... Hoje, a parceira do delito continua a abraçar, beijar a ir para baixo de edredons, além de se deliciar com o “pênis imenso” de outro participante, tudo com o aval do “poeta” Pedro Bial que a todo momento chama os telespectadores brasileiros para dar uma espiadinha... Também as novelas globais, que só agora outras emissoras resolveram copiar, continuam copiando umas as outras (quem viu Nazaré, em Senhora do Destino, pode até pensar que ela tenha reencarnado em Teresa Cristina, da atual novela das 9,00, não é verdade? E, o que falar do sumiço da Fátima Bernardes?...
Pois é, a gente muitas vezes se admira de uma ou outra atitude radical, talvez até importada, da Venus Platinada. Mas, quem pensou que eu tinha bronca da Globo, aqui estou eu para parabenizá-la por uma produção sensacional: inteligente e empolgante, sem precisar deixar de ser família e autenticamente nacional. Programa que emociona sem precisar apelar, e enleva o nosso espírito por sua capacidade de emocionar!
Como numa gigantesca festa a “rainha” Regina acolhe seus súditos de maneira respeitosa, calorosa, transformando, ao lado do Arlindo Cruz e outros, o nosso domingo numa autêntica festa brasileira. Que os “cérebros”globais se dignem conservá-la por muitos e muitos anos. Amém!

sábado, 3 de março de 2012

CINE PAX, DE MOSSORÓ

Recentemente, tivemos uma nova premiação do Oscar para a escolha dos melhores do cinema. E, não é que Merryl Streep ou Glenn Close não sejam atrizes excepcionais, merecedoras dos maiores prêmios. Mas o cinema no contexto atual é uma coisa tão singela em relação a algumas décadas atrás...
Antes da televisão, tudo girava em torno do cinema. Em cidades pequenas eles eram certamente as atrações maiores. Lembro-me sempre dos grande filmes que assistia no Cinema Pax, de Mossoró.
O ritual era o mesmo, mas fascinava sempre. A música cessava; as luzes coloridas do imenso salão aos poucos iam se apagando; apenas uma meia-dúzia delas continuavam acesas para garantir a penumbra; “O Guarani” crescia nos seus acordes; e a gigantesca cortina abria-se lentamente para dar início ao espetáculo.
Não me lembro do primeiro filme ao qual assisti, mas com certeza, terá sido um daqueles bang-bangs que antecediam ao seriado, nas vesperais barulhentas de domingo. As vesperais eram em preto e branco. Filme colorido só em sessão noturna. Muito cedo, porém, eu comecei a assistir à sessão das sete. “O Maior espetáculo da terra” foi um dos primeiros. Um filme fantástico, do qual ainda guardo lembranças. Além da cor e da movimentação de um grande circo em turnê pelos Estados Unidos, havia o drama sentimental do palhaço Botões. Foi o primeiro filme sério a que assisti. Na época, além dos musicais da Metro, muitos filmes juvenis como “Carrossel”, “Férias no Havaí” eram frequentes no Pax. Em geral eram filmes que apresentavam o “way of life” da juventude americana: dourada, alegre, rica... De repente, o avesso da história, com Marlon Brando e James Dean, em filmes que retratavam outra realidade...
“Museu de Cera”. Foi o meu primeiro filme de terror. O vilão matava mocinhas incautas e as cobria de cera, transformando-as em belas peças de museu. As pessoas, em certas cenas se assustavam, soltando gritos de horror. Hichcock, em seguida, também assustaria muita gente com os seus filmes de suspense.
No início do Cinemascope, os bíblicos foram muito admirados. “O Manto Sagrado”, “Os Dez Mandamentos”, e clássicos, como Sansão e Dalila e “Salomé”, em que Rita Hayorth, mostrava toda a sua beleza e resplandecia na dança dos sete véus, desnudando-se para Herodes...
As chanchadas, comédias nacionais onde estrelavam Oscarito, Grande Otelo, Eliana e tantos outros, lotavam os cinema. Sem grandes recursos técnicos, elas agradavam pela alegria que conseguiam passar com muito samba, ingenuidade, brejeirice... A Atlântida era a produtora do Rio de Janeiro. Já de São Paulo, os filmes vinham através da Vera Cruz que chegou a produzir clássicos como “O Cangaceiro”, “Sinhá Moça”, além dos alegres filmes de Mazzaroppi.
Depois, vim para o Rio; depois, veio a Revolução; e os “meus” filmes foram se tornando mais raros, sendo substituídos por outras atrações ou atividades.
Os tempos mudaram, o velho Pax resistiu o quanto pode à concorrência da televisão e às investidas de novas religiões e supermercados, chegando até à fase do “pornô”... para sobreviver. Na minha última viagem, pude constatar que o templo da magia do cinema na cidade abriga agora uma das maiores lojas de roupas femininas do país. São as transformações que o progresso e o modernismo nos impõem. Fazer o quê?!...

sábado, 25 de fevereiro de 2012

“A MINHA CONSCIÊNCIA ESTÁ TRANQUILA...”

Numa propaganda sobre este lastimável BBB que certamente exprime o pensamento dos seus criadores assim como dos diretores da emissora, um homem, do alto da sua arrogância, assim se expressa: “A minha consciência está tranqüila; até porque o Brasil inteiro está vendo...”
Não tenho certeza se ela começou a ser divulgada antes ou depois que o lamentável episódio do estupro aconteceu. O fato é que já passou da hora do cidadão brasileiro entender o que é sério, e o que nada vale. Sabe-se que os milhões de telespectadores que ligam para dizer se fulaninha está jogando melhor ou pior, abarrotam os cofres da emissora de reais. Isto, com certeza é fútil no momento em que o cidadão ou a cidadã, esquece os seus problemas para discutir se esta ou aquela figura programada para o show está“jogando” certo. É isso que o Brasil precisa? Num momento em que a crise mundial pega fogo e países entram em guerra, ou crises financeiras corroem suas economias.
Seria bem esclarecedor se os produtores do programa pusessem as cartas na mesa e dissessem,tim-tim-por-tim-tim, o quanto lucram com essa brincadeira de mau gosto. Tomemos o caso do modelo que foi expulso da casa por ter “estuprado” uma“donzela” que farreou com ele a noite toda e depois foram para cama. Mas, vem cá... vão dizer que não é isso que a produção deseja: esse sensacionalismo barato, essa pornografia ensaiada que vem desde os primeiros programas com o "espetáculo dos edredons"... Será que os brasileiros que assistem e aqueles que ainda votam nesse porcaria de programa, pensam que o“modelo-monstro” fez tudo errado por conta própria?... E, o que dizer do poeta e intelectual Pedro Bial que a toda hora convida a todos a “dar uma olhadinha”?...Como não querer que nós e nossos jovens nos tornemos todos voyers profissionais, se é isso que eles mais incentivam. Realmente, não dá para entender... Ainda bem que pararam de chamar aquele grupo de exibicionistas interesseiros de “heróis”, pois isso é um tremendo desrespeito àqueles que morreram ou morrem pela pátria.
Pensando bem, De Gaulle tinha razão: nós não vivemos num país sério (não me refiro, obviamente ao Carnaval ou a outras manifestações artísticas, que são a cultura do país). Mas, enfiar pela goela do brasileiro que, para vencer na vida, para tirar proveito financeiro tem que participar de qualquer porcaria é demais! olha o momento que o país está vivendo... olha o contexto mundial... É hora de seriedade. E a televisão é um veículo que pode contribuir muito para a Educação e o Civismo do país. Mas, é preciso que haja uma inversão nos horários de programação. Porque: passar cultura, de madrugada, inversão de valores e pornografia em horário nobre, evidentemente, não ajuda em nada o povo brasileiro. Somos um todo e não “alguns” fazendo o que querem para serem aplaudidos por um bando de alienados... Se acham que não, repito a frase dita por um homem, de forma arrogante, numa propaganda do programa BBB. “A minha consciência está tranquila; até porque o Brasil inteiro está vendo...” (ou seja: o país inteiro “livra a cara” dos produtores desta droga, ao dar o seu aval àquilo que não presta, já que ninguém grita!). Isso, com certeza, é taxar também os cidadãos de bem, aqueles que conseguem vencer pelo estudo ou através de luta honesta e constante, de alienados. Um incentivo ao ganho fácil, à vagabundagem. Certamente, não é disso que o Brasil precisa. Ou será que já não bastam as quadrilhas de Brasília?...

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012


O título são dois versos do poema “Velhice, Bah!...” que virou “Aquela”, do livro “Micro Universo em Prosa e Verso” da escritora Lysa Castro, paraense radicada em Campos dos Goytacazes desde os anos 70. A autora que saíra cedo do Pará, desembarcou no Rio de Janeiro nos anos 40. Depois de ter sido auxiliar de laboratório e de escritório, enviou poemas para jornais, foi premiada, e acabou escrevendo para importantes jornais e revistas do Rio de Janeiro.
E, por que abrir esta crônica com o poema de Lysa? Poema irônico, onde ela tira o maior sarro com a idade e que é obrigada a declamá-lo onde quer que se apresente?... Primeiro, porque é uma maneira de homenagear a grande autora, companheira dos saraus campistas nos últimos 10 anos, pelo menos. Depois, para atender a um pedido de Ivoneide, de Natal, amiga nossa desde os anos que morou em Campos na última década:
- Por quê você não fala, também, da velhice?
- Fiquei dias pensando na idéia por ser um tema difícil de se falar. Acho até que existem duas maneiras de se falar sobre ele: fazendo gozação como fez Lysa Castro no “Velhice, bah!...” ou falando sério. Na segunda forma, só de pensar, a gente fica irritado. Senão, vejamos algumas manchetes policiais recentes: “Avô morre após buscar atendimento médico em vários hospitais”; “Avó é morta pelo próprio neto ao negar dinheiro para comprar drogas”; “Idoso, não resiste ao ver casa ser levado pela enxurrada, e morre”...
Há muita diferença entre o idoso europeu ou asiático e o idoso brasileiro. Lá, ele é ouvido; as suas experiências são válidas e servem sempre de exemplo. Muitos são tratados como conselheiros. No Brasil, o desrespeito tem início quando ele resolve se aposentar pensando num merecido repouso, e assiste, logo após o primeiro ano (os que foram aposentados ganhando mais de um salário mínimo quando existe a necessidade de um ganho perene), ao achatamento do seu benefício, paralelamente ao péssimo atendimento hospitalar para os menos favorecidos.
O Brasil que importa tanta futilidade, tanta bobagem do exterior por que não importa, também, o tipo de tratamento que lá é dado aos idosos? E, não apenas ao idoso, mas a toda classe mais baixa da pirâmide social, tratada aqui com esmolas oficiais. É “chover no molhado” repetir o que os nossos legisladores fazem em causa própria e da sua família, com o cinismo de Don Corleone, mas com a garantia do voto que o seu “gado” lhe proporciona a cada eleição... Para encerrar com Lysa Castro, devo dizer que, se todos tivéssemos aposentadorias iguais à sua (complementada!) teríamos certamente vidas bem mais dignas no ocaso das nossas existências.
Caso não haja mudança, a situação das aposentadorias tende a piorar já que a média de anos de vida do brasileiro aumenta progressivamente. A nossa querida Lysa quando compôs o poema “Velhice, bah!...” tinha chegado ao marco dos 80. Esse ano, mais ativa do que nunca, chegará aos 94. Pois é... antigamente, a gente chegava aos 50 numa euforia enorme por haver chegado ao “meio século de existência”. Agora, com os devidos cuidados, não é difícil chegar-se ao SÉCULO! Urge dar vida melhor a estes brasileiros da terceira idade...

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

HAJA CORAÇÃO!

Entra ano, sai ano e a novela de muitos brasileiros continua a mesma. Nós a acompanhamos pela televisão, na segurança e no conforto do nosso lar. Chocados, querendo fazer algo; ser autoridade para solucionar os problemas. Como reféns, como se aquelas figuras patéticas exigissem de nós alguma solução...

Foi tomando o meu café da manhã no segundo dia do ano, que assisti a mais um doloroso capítulo desse folhetim real, que parece não tocar jamais o sentimento das nossas autoridades. Um programa dito “policial”, que é exibido nas manhãs pela TV Record mostrou vários flashes de família de moradores de rua na última noite do ano, em três importantes capitais brasileiras: Salvador, Brasília e São Paulo. E, eu posso garantir que mais emocionante do que o desfecho da morte de Odete Reutman, ou os gritos histéricos de poderosa e desvairada “empresária” da atual novela das 9,00, da Globo, foi contemplar toda a crueza da vida desses trabalhadores brasileiros que mais pareciam animais acuados, buscando refúgio em lugares tão inóspitos.

A matéria exibida tinha de tudo: família de sem teto cuja casa o temporal levou; desempregado de aparência tranqüila que pagou pena por haver traficado droga um dia, mas que hoje tem dificuldade para conseguir novo trabalho; crianças de idades diversas, inclusive na barriga da mãe... debaixo de viadutos, convivendo, dividindo seus espaços com paredes de papelão.

Os toscos fogões estavam desativados e uma sobra de um arroz de festa de encontro de final de ano era o que havia para a sua ceia. O mais chocante é que aquelas pessoas não eram mendigos, bêbados ou loucos que perambulam pelas ruas e buscam o espaço para descansar o corpo. São famílias, gente como a gente, pai, mãe, filhos (alguns ainda na barriga, prestes a conhecer essa dura realidade!) que, de alguma, forma tentam conseguir alguns trocados para sobreviver. De que maneira? Catando material reciclável; lavando roupa para fora; fazendo biscates. São famílias que não conseguem sair dessa vida (dá para chamar de “vida” o seu cotidiano?) e, sem nenhuma solução, vão se deixando levar...

Foi nesse lugar (que nenhum ser humano merece viver!), que eles assistiram, olhando pelas frestas dos edifícios que os rodeiam, o brilho de fogos na avenida e na praia. Foi ali que eles repartiram o pouco que conseguiram, desejaram Feliz Ano Novo para todos, mesmo que saibam que a solução para a sua vida miserável está longe de uma solução.

Enquanto isso, políticos que os representam, insensíveis, em festanças milionárias, em lugares privilegiados daqui ou do mundo, se empanturram com ceias requintadas, indo mais tarde, ou sendo levado, para dormir o sono da indiferença, num país cristão que começa a se destacar entre os maiores do mundo.

Haja coração!!!