"Ao fim das crônicas conheça os poemas do autor"

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sábado, 23 de maio de 2009

SENHORA DO DESTINO (ou quando a reprise supera a estréia)

Três fatos determinaram esta minha crônica: a escolha do poeta Antonio Francisco para compor a seção Meus Poetas, Meus Amigos; a publicação, depois de 40 anos na gaveta, do meu texto “Jurema”; e a constatação de que assistir à reprise da novela “Senhora do Destino” virou uma obrigação para mim... Publicar o meu amigo Antonio Francisco, membro da Academia Brasileira de Cordel, é uma honra para mim; trazer “Jurema” a público depois de tanto tempo, uma grande alegria... o mais difícil fica por conta de falar o que sinto sobre “Senhora do Destino”.
Não me lembro bem a razão, mas não acompanhei essa novela no seu lançamento. Agora, quando da sua reprise, me vi de repente atraído por esse clássico da teledramaturgia brasileira: a epopéia de uma nordestina que resolve encarar a cidade grande, na tentativa de resolver seus problemas familiares, e acaba bem sucedida financeiramente. Só que, para complicar a situação, a sua filha é seqüestrada logo que chega ao Rio, em meio ao caos que se instalara com a luta estudantil contra a ditadura, fazendo com que a mãe passe toda a novela na luta para encontrá-la.
Com basicamente dois núcleos (a família de Maria do Carmo na Baixada Fluminense, e a do Barão, na zona sul, representando a classe A carioca), tornou-se fácil para o autor criar os seus personagens. E, é com que maestria ele faz isso! Eu, como nordestino, me identifiquei de cara com a obra porque, por coincidência, ela tem início justamente na época em que cheguei ao Rio... A interpretação do elenco está irreparável, desde a neta “atrevida” da protagonista, sempre a questionar a madrasta (ex-paquita Letícia Spiller) até o barão, Raul Cortez, em ótima parceria com Glória Menezes; Suzana Vieira, José Wilker, José Mayer, o triângulo romântico estão perfeitos; Não diria o mesmo de José de Abreu, na novela ex-marido de Maria do Carmo; depois, vem: Carolina Dieckman, boa; Leandra Leal, ótima; Du Moskovis, bom, mas podia render tanto quanto a ambiciosa companheira. Agora, Renata Sorrah, com a sua incrível “Nazaré” é, sem sombra de dúvidas, o grande destaque de interpretação.
A minha identificação com a novela de Agnaldo Silva tem sido tanta que muitas vezes me pego emocionado, quando, por exemplo, enxergo em determinados personagens, cópias autênticas de pessoas nordestinas tão minhas. Em época de enjoado “blá-blá-blá indiando”, e de falsíssima, apesar de belíssima, vilã vivida por Letícia Sabatella, só me resta elogiar e agradecer aos responsáveis por esta obra-prima chamada “Senhora do Destino”.