Tornou-se banal, corriqueiro, nós brasileiros convivermos com o crime.
Ele está ao nosso lado vinte e quatro horas por dia. E, o que é pior:
comandado, em grande parte, por aqueles que nós nos acostumamos chamar de “futuro da Nação”. Como
é que pode o Brasil chegar a uma situação dessas? Se ainda havia alguma dúvida
a respeito do problema relacionado à violência no seio da nossa juventude, o
episódio exibido nos jornais televisivos desta semana vem esclarecer: um adolescente,
na garupa de uma moto, tenta roubar outra moto, ameaçando seu ocupante com um
revolver. Para sorte do dono do moderno veículo, um policial militar ativo e
consciente do seu dever, passava na ocasião e evitou que o crime se consumasse,
baleando o menor criminoso e recuperando a moto para o seu dono.
A cena que a televisão exibiu chocou a sociedade brasileira. Não foi
apenas o dono daquela moto que se viu ameaçado. Quem ali estava sob a mira de
uma arma, era a própria sociedade refém, em grande parte, de uma juventude
entregue às drogas e ao crime, quando deveria estar em boas escolas, com
professores bem pagos, estudando em turnos integrais para amanhã ou depois
estar no mercado de trabalho como um profissional competente e de responsabilidade,
livre do futuro que espera essa garotada que ora se encontra praticando crimes,
como o que vimos...
Não se trata aqui de tecermos elogios gratuitos a quem quer que seja. No
entanto, a ideia de Darci Ribeiro e Leonel Brizzola, se fosse levada a sério,
certamente teríamos hoje no país outro quadro educacional: com menos jovens
delinquindo e mais estudantes em cursos modernos. E, não são apenas eles que
merecem citações. Cristóvão Buarque, por exemplo, tem debatido constantemente o
assunto na tribuna; e Paulo Freire, um idealista, que não viu o seu sonho de
erradicar o analfabetismo no país se tornar realidade. Afinal, para tudo
dependemos da política, coisa que aqui não é levada a sério. A meta dos que
entram para a Política neste País, na grande maioria, é “encher os seus
bolsos”, da sua família e de seus amigos e correligionários. O resto... bem, o
resto nós, que agimos com seriedade, pagando os nossos impostos e, acima de
tudo, amamos o nosso maltratado Brasil, somos obrigados a assistir diariamente
pela televisão...