"Ao fim das crônicas conheça os poemas do autor"

...

segunda-feira, 26 de julho de 2010

E-BOOK

Vou começar a tirar das prateleiras os meus velhos e queridos livros de papel, me preparando para mais uma mudança radical, desta feita atingindo aqueles que nos trouxeram conhecimento e alegria: os livros. Livros que foram adquiridos por necessidade intelectual ou comprados por motivação passageira; adquiridos em sebos ou feiras de livro; ou acalentados por algum tempo e que nos alegram sempre quando a eles retornamos; os que compramos por indicação e os que não conseguimos passar do primeiro capítulo... todos condenados, democraticamente, a desocupar espaço.

A tecnologia opera maravilhas, mas ao mesmo tempo transtorna a vida das pessoas. Eu costumo brincar com meu filho caçula, dizendo que o ser humano que já colabora com a ciência através das suas digitais e das suas iris/pupilas em programas informáticos, só falta agora colaborar com o seu espirro... espirrou e, junto com aquele discreto ou escandaloso ato, o homem terá todas as suas dúvidas esclarecidas sobre qualquer tema... Tudo personalizado e com a rapidez que a informática exige...

Mas – falando sério! – é incrível como o avanço tecnológico nos obriga constantemente a nos separarmos de tanta coisa que um dia colecionamos com carinho e dedicação. Até a época do rádio, por exemplo, a coisa era menos avassaladora. Durante muitos e muitos anos nos contentamos com esses aparelhos: a princípio enormes, depois em tamanhos mais apropriados, até chegar aos portáteis que já davam sinais do que seria o progresso tecnológico que viria por aí... caminhando lado a lado, a antiga vitrola, fora substituída pela radiola, que conjugava no mesmo objeto rádio e toca-disco no pioneiro e discreto 2em1 da história.

A partir daí, vimos surgir o toca-fitas, e muito rapidamente o toca-cd. E, com o avanço da tecnologia, começou o dilema: “o que fazer?” O que fazer com as pilhas de disco que já haviam substituído o vinil? (long-plays, duplos, simples); Com os sonhos ali contidos: as valsas, os boleros, Nélson, Altemar, Elizeth, Chico, Elis e tantos outros? E, com a radiola desativada? Depois, com o advento do CD, foi a vez de aposentar o toca-fitas, junto com suas caixas... Agora, após tantas seleções e tantos CDs empilhados, vem a possibilidade transformar tudo em lixo, já que um minúsculo aparelho chamado pen-drive é capaz de armazenar tudo o que você deseja em matéria de “som”, transformando-se na mais extraordinária discoteca.

Com os livros também está próximo de acontecer uma mudança radical. Drástica, como toda mudança que chega para promover substituição. Os queridos livros que ao longo da nossa vida foram arrumados cuidadosamente em lugar privilegiado da casa, estarão em breve vestindo uma roupagem nova: despindo-se da forma original de papel, desocupando estantes, ou grandes paredes repletas de importantes obras, estarão dando lugar a uma “única” tabuleta eletrônica que substituirá toda a sua coleção literária, numa atitude bem compatível com as transformações da informática.

Aí, então, aqueles velhos e queridos amigos que folheávamos com prazer, por sua poesia, suas aventuras, seus temas envolventes, promoverão um melancólico “Encontro Marcado”: Machado, Hermingway, Garcia Marques, Vargas, Helder Câmara, Drummond, Bandeira, Adélia, Cecília e Quintana, entre tantos, num misto de festa e velório... partirão para sua nova moradia: uma tabuleta eletrônica, onde viverão todos juntos, calados, sumidos, até serem acionados um dia por um simples botão que lhes dará vida, tudo patrocinado pelo fantástico avanço da Tecnologia.

Certamente que não é para hoje, mas estamos num caminho sem volta. Você pode reagir a essa nova mudança, pranteando o fim da sua bela e bem cultivada biblioteca, ou então, empacotando-a e viajando com ela para o Xingu, em busca do tempo perdido... Isso, se o Xingu ainda existir, após tanta degradação que vem acontecendo na Amazônia...

quarta-feira, 14 de julho de 2010

AS IMAGENS (Outra fotocrônica)

Diz o ditado que “Uma imagem vale mais do que mil palavras”. Então, se da minha recente viagem ao Nordeste nem tudo consegui captar fotograficamente, ao menos, alguns dos fatos mais marcantes que consegui, gostaria de lhes mostrar. As imagens feitas, a princípio com uma velha Kodak, ganharam mais qualidade, (graças ao mano Tarcísio!), quando passaram geradas a partir de uma digital. Vamos então conferir algumas imagens da viagem?...



Foto 01. Primeira parte da viagem. No ônibus, rumo a Natal.




Foto 02. Em Natal, reunião familiar, com os manos Tarcísio e Dodora, e a cunhada Ione.




Foto 03. Em Mossoró com Caby, criador do “azougue.com”, blog fantástico que consegue revelar a essência da cidade.



Foto 04. Igreja de São Vicente onde a cidade resistiu ao bando de Lampião e onde o espetáculo “Chuva de balas” é encenado anualmente.




Foto 05. Teresina é linda e o palácio do governo, um cartão postal.



Foto 06. O filho Rodrigo e a nora Lúcia, pais de uma jóia chamada Leonardo.



Foto 07. E, aí está ele, pleno de saúde e de beleza. Que Deus o abençoe!



Foto 08. O SALIPI – Salão do Livro do Piauí uma grande festa literária que a cidade realiza anualmente.



Foto 09. Autografando um dos meus livros para uma jovem leitora.





Foto 10. Na tenda de bate papo, com o professor Luiz Romero, um dos organizadores do evento.



Foto 11. Com Assis Brasil, escritor piauiense, ícone da literatura brasileira.



Foto 12. Hora do retornar. As mais de 40 horas da viagem de ônibus nos leva a um relacionamento fraterno, alegre, cúmplice.


E, com a chegada, a rotina nos dá boas vindas...

quinta-feira, 1 de julho de 2010

TERESINA, DUAS EMOÇÕES

Conhecer meu neto era o objetivo maior da minha viagem ao Nordeste, em maio deste ano. Quando cheguei a Teresina, como um rei mago que viera de longe para adorar o Rei de todos, não encontrei a criança envolta em auréolas, num ambiente resplandecente, mas dormindo seu sono inocente no silêncio, na penumbra do seu quarto. Seus dois meses de vida, o medo de machucar tão frágil criatura, não me permitiram pegá-lo no colo de imediato. Com quase uma semana de contatos superficiais, num dia em que ele chorava bastante, consegui retirá-lo do berço, sentir o seu arroto retido e sua golfada aliviadora. Depois, acomodado sobre o meu peito, ele dormiu um sono tranqüilo por um bom tempo. Naquela hora, superados os receios e com a camisa suja da sua golfada, eu pude enfim conhecer o verdadeiro significado da palavra Avô.

Amante das letras, também estava reservada para mim, em Teresina, outra grande emoção: a minha participação no SALIPI, na capital piauiense. Minhas atividades culturais em Natal e em Mossoró não foram tão grandes. Em Mossoró, visitei jornais, amigos, participei de lançamentos e comprei livros. Mas, devido à coincidência de datas não pude ficar para ver o “Chuva de balas no país de Mossoró”, cujo texto é de autoria do mano Tarcísio. Felizmente, o interesse da mídia (leia-se Jornal Hoje, da Globo) pelos festejos juninos no Nordeste, que este ano chegou a Mossoró e os recursos da Internet permitiram que, na minha volta, e em meio aos jogos da Copa do Mundo, eu assistisse ao grande evento artístico realizado na cidade, que celebra a resistência do povo mossoroense ao bando de Lampião.

O 8° Salão do Livro do Piauí – SALIPI -, não foi para mim apenas uma grande festa, mas um dos grandes acontecimentos da minha vivência literária. Apesar de não estar relacionado como atração da belíssima festa, me envolvi de tal maneira com o espírito da feira, participando de conferências e debates -, que só tenho a agradecer aos seus organizadores (Luiz Romero, Jasmine Malta, Feliciano Bezerra, Wellington Soares e Cineas Santos), bem como à secretária da Fundação Quixote, Lana, e demais colaboradores, que me abriram as portas do evento, permitindo inclusive que lá autografasse os meus livros.

De prestígio nacional (ver matéria na revista CULT de maio), a feira deste ano foi um êxito total, o que vem compensar a luta ferrenha dos seus organizadores. Com um vasto programa que incluía nomes como Afonso Romano de Santana e Marina Colassanti; contando com a participação do consagrado autor piauiense Assis Brasil, autor de mais de 100 títulos, entre os quais “Beira rio, beira vida” e “Os que bebem como cães” (que na ocasião proferiu palestra sobre a criação literária); a feira de Teresina que não é bienal, como as que conhecemos em outras regiões brasileiras, mas sim “anual” e está na sua 8ª edição, viveu durante uma semana, dias intensos e fascinantes de literatura, principalmente para os alunos pequeninos e barulhentos que, com suas professoras, percorriam enfileirados e com grande curiosidade as alas e os stands da feira.

Foi a minha nora Lúcia quem me alertou para a realização da grande festa das letras do Piauí, quando lhe falei da viagem para conhecer o meu neto: “Venha no início de junho que o senhor aproveita para assistir ao SALIPI”. Foi o que aconteceu. E não me arrependi. Ao contrário, sou-lhe muito grato pelas duas grandes emoções por mim vividas em Teresina.

Prometo marcar presença no ano que vem. Para comemorar o 1º aniversário do Leonardo e para participar do 9ª SALIPI. Se Deus permitir!