"Ao fim das crônicas conheça os poemas do autor"

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segunda-feira, 21 de junho de 2010

MEU CUNHADO EPAMINONDAS

Meu cunhado Epaminondas chegou aos 80 anos e, apesar do mal de Parkinson, mantém a serenidade que sempre o acompanhou ao longo dos anos, aliada a um espírito atuante, idealista, capaz de se inflamar quando instigado. Funcionário de carreira do Banco do Brasil, banco que levava legiões de brasileiros a se prepararem para seus concursos, verdadeiros vestibulares, com a diferença de que o pretendente a uma vaga não tinha direito de escolha da agência para tomar posse, como o vestibulando escolhe a faculdade para cursar. Com muito esforço e dedicação ao banco, ele construiu aos poucos um respeitável patrimônio que garantiu conforto à família, e boa educação aos filhos. Esse potiguar de Angicos, além da carreira profissional que viveu, manteve-se sempre atualizado, através dos livros, revistas semanais, enciclopédias, discos, fitas, CDs, etc., trazendo para dentro de casa o melhor da cultura publicada no país.

Eu ainda era garoto quando ele conheceu a minha irmã Dodora em Mossoró, por quem se interessou... Obedecendo ao costume da época, namorou, noivou, para só depois casar. Preso ao seu compromisso profissional ele, só depois de aposentado, resolveu trazer à tona a sua veia poética que, entre o humorístico e o social, descreve de maneira singela algumas situações e emoções sentidas, no passado, principalmente.

É bem interessante a maneira como ele expressa o seu primeiro encontro com a mana Dodora: “Conheci uma garota/ numa praça em Mossoró/ com rabinho-de-cavalo/ bonita como ela só./ Com jeitinho inocente/ e astúcia de serpente/ fisgou este (feliz) brocoió./ Logo dois anos depois/ lua-de-mel em Fortaleza/ tudo era sonho e magia/ muita felicidade – que beleza!/ Não tenho de que reclamar/ nosso destino é amar/ hoje e sempre, com certeza!/ Quando casei com você/ não existia computador/ fui movido, pode crer/ somente pelo amor./ Para felicidade e prazer/ Padre Humberto abençoou...” Não fosse a dedicação integral, o amor devotado ao banco, sobrasse um pouquinho mais de tempo para a arte de Bilac, Bandeira, Drummond e Quintana, certamente um maior número de poemas interessantes conheceríamos dele.

Outra coisa. Em conversa informal que tivemos dia desses, ele me contou que gostaria de também mexer na nossa Gramática: “Não é de hoje que penso no assunto. Começou quando os filhos recorriam a mim, para tirar suas dúvidas de português. E elas foram tantas, que a coisa cresceu. Hoje, se houvesse interesse de alguma editora, eu levaria à frente o meu projeto de reforma da gramática."

Bom, esse é o meu cunhado Epaminondas. Uma daquelas pessoas que chamam a atenção pela simplicidade, e que a gente não imagina do que são capazes de produzir e de criar. Saúde, cunhado, e boa sorte!

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