"Ao fim das crônicas conheça os poemas do autor"

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sábado, 16 de junho de 2012

O QUE FOI FEITO DO ROMANTISMO?

Quem tem mais idade lembrará, certamente, dos versos doridos de Noel Rosa que, em época junina como a que estamos vivendo agora, assim escreveu: “Nosso amor que eu não esqueço/ e que teve o seu começo/ numa festa de São João/ morre hoje sem foguete/ sem retrato, sem bilhete/ sem luar e sem violão/...” Havia nos versos da canção vários ingredientes de um romantismo, um lirismo cheio de paz onde os jovens buscavam os seus relacionamentos e que perdurou por muito tempo no cancioneiro popular brasileiro...
Vinícius de Moraes, diplomata que, para o bem da nossa MPB, deixou a carreira da diplomacia para unir-se a parceiros como Tom Jobim, Carlos Lira, Baden Powell, Edu Lobo, entre outros, nos deixou verdadeiras pérolas que embalaram outros casais igualmente românticos, apaixonados, que procurando conhecer melhor a pessoa amada, muitas vezes, buscavam inspiração e apoio nos versos cheios de sentimento do nosso grande poeta romântico... um dos clássicos dele com Carlos Lira uniu muitos casais enamorados da época: “Se você quer ser minha namorada/ ah, que linda namorada você poderia ser/...”
Roberto e Erasmo Carlos parecem ser os últimos da nossa música a inspirar corações enamorados com letras como: “Eu tenho tanto pra lhe falar/ mas, com palavras não sei dizer/ Como é grande o meu amor por você/...” quantos casais não trocaram alianças e juras de amor eterno ao som desse lindo poema musicado pela dupla...
Está certo que já não há mais clima para serenatas ao luar. Mas, o amor não costuma sair de moda. A não ser da maneira como ele está sendo tratado ultimamente, onde os jovens saem como abelhas buscando o mel em qualquer flor que encontre, competindo em festas alucinantes para ver quem beijou mais, quem “ficou mais”...O triste é a gente não encontrar mais amor nos modernos relacionamentos, que são embalados por “pérolas” como: “Vou te levar, na minha humilde residência/ Mas, por favor, tenha um pouco de paciência/ a cama tá quebrada e não tem cobertor”... ou esta outra: “Ex-my love, ex-my love,/ se botar seu amor na vitrine/ ele nem vai valer R$ 1,99”.
Não. Não é apenas o ex-amor do compositor de um dos maiores sucessos da nova MPB que não está valendo nada. No contexto atual, infelizmente, é o próprio AMOR que já não vale mais nada...

segunda-feira, 4 de junho de 2012

SERIA HILÁRIO, SE NÃO FOSSE EMBARAÇOSO

Uma manhã dessas estava me dirigindo à padaria para comprar o pão para o café da manhã quando, ao entrar no corredor da nossa vila que leva à rua, deparei-me com uma cena desagradável: uma jovem senhora segurando a corrente, controlava o seu cachorrinho que nervosamente buscava a melhor posição para fazer suas necessidades fisiológicas na nossa passagem:

- P.Q.P.! Bem em cima do hidrômetro! Fiquei nervoso e irritado por estar começando mal o meu dia e fui conferir a irregularidade... Assustada, porém zelosa com a saúde e o bem estar do seu pequeno e peludo amigo, a mulher esperou impassível pela minha chegada. Enquanto o pequeno animal continuava sua pesquisa do local farejando e rodando em torno de si mesmo, um tanto indeciso... teve uma hora que ele ficou na posição característica da evacuação canina. Foi quando eu cheguei próximo dela...

- Oh, minha senhora, aí, não! Por que não leva seu cachorro para fazer suas obrigações em outro lugar. Quer emporcalhar a entrada da vila!?

Parece que a essa altura, o cãozinho entendeu a situação e desistiu daquele esforço. A mulher, no entanto, tranquila e impassível me encarou:

- Emporcalhar, não senhor! Eu só ando prevenida! (A essa altura, eu notei uma folha de jornal e um saco plástico na sua mão).

- Não senhor! Cachorro meu não deixa sujeira na rua, porque eu tenho consciência que a limpeza tem que ser feita! Eu retiro a sujeira que ele faz todas as vezes que saímos para caminhar...

Mudando o tom da minha voz, diante das justificativas daquela educada senhora, busquei um argumento para a minha atitude:

- A senhora vai me desculpar, mas há de compreender como é desagradável pisar em cocô de cachorro bem cedo, não é verdade?

- Certamente, daí a minha preocupação em limpar as sujeiras dele e, às vezes, até de outros que encontre...

- Olha! Peço-lhe desculpas e dou-lhe os meus parabéns! Raramente a gente vê pessoas agindo assim como a senhora... Caminhar nas calçadas esburacadas, disformes e desniveladas como são as nossas e, ainda por cima, cheias de sujeiras de cachorro... encontrar uma pessoa com a sua atitude, parece até milagre! Eu que imaginava ter perdido o meu dia, por causa do seu cãozinho, acabei ganhando o dia com a sua conscientização. Afinal, nem tudo está perdido (pensei)... Parabéns!

Saímos: eu para a padaria; eles para a árvore mais próxima, onde o animalzinho ficou farejando o local. De longe, dando uma discreta virada e notei a senhora abaixada na louvável tarefa de limpar os excrementos do seu cãozinho, atitude que poucos que passeiam com seus animais de estimação pelas cidade ensolarada costumam praticar...