Na minha concepção de garoto do interior, admirador do way of life americano que via sempre nos filmes no cinema da minha cidade, as coisas aconteciam assim: países que se destacavam no cinema ou em outras artes, eram paises de 1º mundo; assim como aqueles que incentivavam o espírito olímpico dos seus jovens; eram civilizados, também, aqueles que tinham boas universidades de fácil acesso e laboratórios onde os jovens pudessem desenvolver pesquisas científicas; bem como aqueles cujas leis fossem práticas, exeqüíveis, sem brechas para a corrupção; ainda os que, com a quantidade mínima de partidos fizessem constantes alternâncias no poder; e os que, sendo presidencialistas ou parlamentaristas, tivessem como objetivos primordiais a educação dos filhos, o bem estar da sociedade, a manutenção da ordem e a busca pelo contínuo desenvolvimento do país...
Pois é, “sonhar não custa nada”, já dizia um samba famoso... E eu sonhava que um dia chegaria ao primeiro mundo, “sem precisar sair do Brasil”. Nos meus sonhos, eu imaginava que chegaríamos ao ano 2000 com auto-estradas amplas, trem-bala interligando o país, metrôs em todas as capitais, ensino básico com horário integral para a garotada, saúde digna para o povo, e aposentadoria que não fosse achatada tão depressa, (levando aqueles que trabalharam tantos anos a sofrerem humilhações constantes!); a Amazônia sendo tratada com mais espírito ecológico e menos privilégios políticos; nos grandes centros, ações que viessem a quebrar a vergonhosa corrente “falta de instrução/desemprego/tráfico/milícias/barbarie”, e mais: o fim das prisões lotadas e desumanas, além do “prende e solta” abonado por uma justiça retrógrada, que costuma beneficiar apenas o rico...
O que parece é que o projeto do grande estadista brasileiro Juscelino Kubischek de encontrar o desenvolvimento através da integração, transferindo os poderes para o interior do país, transformou-se numa grande “ilha da fantasia”, onde cada um procura adquirir mais fortuna, desviando ilicitamente montanhas de dinheiro que poderiam, se cumprissem seus objetivos originais, mudar o destino do país. É... com a atuação desonesta e de conluio das nossas elites, o país de primeiro mundo dos meus sonhos parece ainda estar muito longe da realidade!
Mesmo assim, brasileiros sérios, talentosos e conscientes, lutaram e lutam para honrar o nome do país, e fazem aqui, muitas vezes, o que deveriam fazer os governantes. São talentos como Ayrton Senna, Fernanda Montenegro, Gisele Bunchen, Diane dos Santos, Diego Hipólito, o pessoal do futebol, do vôlei, da natação, nossos médicos, físicos, cientistas... Vencedores, eles fazem a sua parte com extrema galhardia, honrando o seu nome e o nome do país, ao contrário daqueles que ganham para serem nossos representantes, mas se acostumam com as “maracutaias” fáceis do poder e envelhecem, melancolicamente, tentando impor ao povo que “o certo é fazer o errado”!...