"Ao fim das crônicas conheça os poemas do autor"

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quarta-feira, 14 de setembro de 2011

TRANSPORTE RODOVIÁRIO, TEM SAÍDA?

Não sei se foi a última, mas certamente a vigésima e tanto das viagens rodoviárias entre o Rio de Janeiro e o Nordeste, por mim efetuada, será provavelmente a mais marcante. Por que? Porque na volta (Natal/Rio) meditei bastante sobre o envelhecimento da minha família; fiz o esboço do que seria o meu primeiro romance; e, vendo os ônibus trafegando vazios ou quase vazios como estão, pensei muito naquele fenômeno que vem acontecendo com as viagens rodoviárias a longa distância, com a corrida em massa dos passageiros para os aeroportos...
São assuntos bem distintos: o primeiro, não tem como buscar soluções, a não ser entendê-lo como uma fase natural da vida! Já o segundo, há muito o que discutir. Por exemplo: Como entendermos que, a proporção que o tempo de viagem diminui (a minha primeira viagem Natal-Rio, nos anos 60, demorou 4 dias!) os passageiros desaparecem?... Hoje ela é feita, com relativo conforto, em 40 horas... é verdade que o avião faz o mesmo percurso em 4 horas apenas, sem paradas, sem o “frigorífico” que o ônibus se torna à noite que, de tão gelado, parece transportar carga de bois abatidos; sem banheiros que mais parecem brinquedos de choca-choca, a gente se desequilibrando, molhando a roupa toda... É verdade, tudo isso acontece nas longas viagens rodoviárias. Mas, tem coisas que não podem ser eliminadas, a não ser que surjam outras melhores. No caso, aqui, o trem-bala seria uma boa substituição, já pensou: Rio-Natal, no trem bala! Não acredito que chegarei a ver esse progresso no meu país...
Mas, enquanto não surge o trem-bala, e, diante do pavor “tatuado na alma” do avião, o jeito é me adaptar ao novo transporte rodoviário, e, dentro do possível, transmitir alguns conselhos. Veja bem, senhores empresários: se os ônibus hoje viajam com apenas a metade da lotação, por que não experimentar baixar o preço da passagem (em geral, mais caras do que as passagens aéreas) para o veículo voltar a trafegar com a lotação completa, ou quase... Acho que esse seria o primeiro ponto a se refletir. Porque para conter o atual esvaziamento, caso não surjam soluções mais práticas, só apelando para soluções mais radicais. Por exemplo: poltronas reversíveis, do tipo trem, para se gastar o tempo num longo carteado, por exemplo; cabines especiais com acústica, a prova de gritos e sussurros, para jovens casais; salão para bailes e outros eventos; tudo em prol da boa viagem do reduzido numero de passageiros que hoje em dia ainda opta pelo simpático meio de transporte de passageiros para longa distância.