"Ao fim das crônicas conheça os poemas do autor"

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segunda-feira, 9 de junho de 2014

NÃO ERA PARA EU ESTAR ASSIM...

        Não. Não era para eu estar assim. Cabisbaixo, apreensivo... Afinal, é o mundo todo que nos visita. Delegações e mais delegações aqui chegam a toda hora, para participar de um campeonato, na expectativa de encontrar a boa acolhida e o bom humor brasileiro. Características nossas que se acham tão em baixa, atualmente, diante da maneira como estão sendo realizados os preparativos para a Copa, no Brasil.
         A primeira Copa do Mundo que eu me lembro de ter acompanhado, foi a de 1958. Eu, garoto, torcendo, junto à família, pelo rádio! A televisão ainda não havia chegado a Mossoró e as emoções vinham não tão límpidas ou transparentes através das ondas do rádio, de um país chamado Suécia, que a gente imaginava ser no fim do mundo, sem imaginar as facilidade que teríamos um dia... Só depois, através dos jornais e da revista O Cruzeiro é que ficamos sabendo de todos os detalhes da vitoriosa campanha. Havia uma música que dizia: “Didi, Pelé, Vavá, bailaram lá na Europa, e a Copa vem pra cá!”... Depois da vitória e do famoso gesto de Bellini, erguendo a taça, o país virou uma grande festa!
         Em 1962, ainda embalados pela festa de 58, fizemos bonito em Santiago, do Chile, e, trouxemos o bicampeonato, com a magistral atuação de Garrincha e a bonita façanha de Amarildo, que teve de substituir Pelé, machucado. A seleção foi recebida com muita festa. Com desfile em carro de bombeiros, puxando um carnaval improvisado pela população. Em1966 não tivemos a mesma sorte.
         Já em 1970, no México, a coisa foi ainda mais empolgante com a conquista do Tri. Teve o capitão Carlos Alberto erguendo a taça. Desfile em carro de bombeiro, carnaval na Avenida Rio Branco. Uma festa fantástica para comemorar o terceiro campeonato. De lá para cá, a coisa mudou um pouco para este torcedor: vieram o casamento, os filhos, as responsabilidades aumentaram... Ao lado da alegria das conquistas futebolísticas, fui compreendendo que a vida era também composta de lutas, de cansaços, de decepções, de stress, de frustrações, e, senti que patriotismo não é nada do que Nelson Rodrigues cunhou nas suas crônicas esportivas... Torcer, sim. Mas há coisas mais importantes!
         2014. De novo, mais uma Copa do Mundo. Desta vez, no Brasil. Com todo o problema decorrente da desorganização e da corrupção já tão discutidos na mídia por uma população sofrida que ama o esporte mas não goza dos mesmos privilégios concedidos à FIFA. Porém, precisamos ser cordiais com as seleções e torcedores dos países que nos visitam. Eles não tem culpa dos nossos problemas. Os nossos governantes, sim! É a eles que temos que voltar a reclamar ao final da Copa. Ganhe quem ganhar!... Porque, Pátria é a dignidade de um povo, é a sua a soberania e não o que a mídia, por interesse financeiro, costuma ensinar...