"Ao fim das crônicas conheça os poemas do autor"

...

sábado, 2 de abril de 2011

FOI-SE O TEMPO

Foi-se o tempo em que nossas companhias teatrais em respeito ao público no Rio de Janeiro, São Paulo, Teresina, Belém ou Manaus, se esmeravam no preparo de um repertório para mostrar a arte de Dionísio. Como verdadeiros mambembes, o sacrifício era compensado pelos aplausos aos seus magníficos espetáculos. Foi-se o tempo em que Procópio e Bibi Ferreira, Jaime Costa, Eva Todor, Maria della Costa, Tonia Carrero, Paulo Autran, verdadeiros bandeirantes da arte teatral, pela batuta de Adolfo Celli, Amir Hadad, Gianni Ratto, José Celso Martinez Corre, e outros bravos diretores mostravam a arte da representação e do canto, com tamanha maestria que lotavam os mais belos e importantes teatros nacionais, para a satisfação mútua: dos atores e do público.
Hoje em dia, as grandes salas de espetáculos do pais estão entregues aos “astros globais”. E, aí vem a pergunta: a quais astros globais? Tônia Carrero? Juca de Oliveira? Eva Wilma? Natalia Timberg? Teresa Raquel, Glória Menezes, Itala Nandi? Não, infelizmente não! Os teatros brasileiros estão entregues, principalmente, aos “astros ou produtos globais”, tipo Kayke Brito (para citar um muito comentado ultimamente, depois de ter seu espetáculo suspenso no Piauí, após um membro do elenco da sua peça ter desrespeitado o povo de Teresina, com expressão jocosa e de certa forma preconceituosa).
Nós, os mais antigos, que através de grandes companhias, um dia já assistimos a “Os Pequenos Burgueses”, “O Balcão”, “Eles não usam Black Tie”, “O Pagador de promessas”, “A ópera dos 3 vinténs”, “A Capital Federal”, “O Noviço”, por exemplo, ficamos deveras tristes com o que está acontecendo com o teatro brasileiro. Entregue a uma garotada convencida de que: “por terem passando pelo vestibular da novelinha das 6 ou das 7 (com o suporte de um empresário ambicioso. que lhe arranja um texto qualquer e depressa, para que a sua imagem não fuja das retinas das menininhas deslumbradas!), já podem dominar no palco a arte de Sófocles, de Shakespeare, de O’Neill, de Miller, de Brecht, de Mayakoviski, de Martins Pena, de Guarnieri ou de Plínio Marcos...
Pobres coitados! O caminho pela frente costuma ser longo e nem sempre tão fantasioso o quanto imaginam. Exige talento, dedicação, estudo e respeito... muito respeito ao público! A louca fantasia que a televisão costuma incutir na cabeça do garoto e da garota, faz com que, ao participar da novela das 6 ou das 7 (com raras exceções, é claro!) já se considerem grande ator teatral, o que lhes daria direito a atitudes deslumbradas e impensadas...
Recentemente, os grupos de Kayki Brito, do sertanejo universitário Luan Santana e da banda RESTART, cometeram graves indelicadezas, para não dizer grosserias, com o povo de Teresina (PI), de Belém (PA) e de Manaus (AM), respectivamente. Os fatos estão na INTERNET. O lamentável é que empresários que cuidam com tanto rigor dos contratos dos seus “seus meninos prodígios”, não lhes ensinam as regras básicas de respeito ao próximo, principalmente àqueles que lhes acolhem tão bem e lhes pagam regiamente por suas apresentações, muitas vezes pobres e improvisadas!
É... na verdade já não se produzem grandes espetáculos, nem artistas carismáticos e educados como antigamente!