A mente humana é algo fantástico! Quando eu vejo tanta aberração acontecendo com a infância e a adolescência no nosso país, fico preocupado. Porque na realidade eu sou leigo no assunto, mas sou curioso, e sei que muita coisa que acontece ao menino ou à menina irá refletir futuramente no adulto, com maior ou menor intensidade. E, o modo de viver de um doente mental é impressionante: o seu mundo próprio; o relacionamento com as outras pessoas; suas inesperadas reações; é tudo muito subjetivo, especial.
Ao longo da vida me deparei com muitos doente mentais, inclusive, com o famoso “Gentileza”, que pregava a bondade, o evangelho, na sua pacífica caminhada pelas ruas do Rio, nos anos 60/70. Contam que a causa da sua loucura foi ter perdido a família no incêndio de um circo em Niterói. Menos famosos, mas com algum problema psíquico, lá no Rio mesmo, cruzei muitas vezes com gente no meio da multidão falando sozinho ou discutindo com o imaginário...
Já morando em Campos, tomei conhecimento de uma série de loucos que já habitaram nossas ruas. No entanto, como cheguei aqui em 1980, só conheci uns poucos. Um deles, metia medo! Não sei como a psiquiatria denomina a doença em que a pessoa tem a sua própria personalidade, mas de repente encarna outra... Eu trabalhava no centro e muitas vezes via um homem que nas horas de normalidade era livreiro e quando estava atacado, se vestia de militar, com um cacetete na mão e esbravejando ao vento. O interessante é que até fazia poesia, com o pseudônimo de Salen Rod. Por que lembrar-me de Salen Rod nesta crõnica? Porque muitas vezes quando, vestido de militar, esbravejando na praça São Salvador, ao me ver passar, vinha na minha direção falando frases ininteligíveis, como se fossem ameaças. Estaria eu representando determinado personagem que lhe fora algoz tempos atrás? Taí uma coisa que nunca vou saber. Primeiro, porque em vida, eu nunca ousei perguntar-lhe. Segundo, porque ele agora está morto.
Esse papo sobre loucura vem a propósito da magnífica interpretação que o ator Bruno Galiasso vem dando ao seu personagem, filho da Cristiane Torloni na trama. Essa, no meu entender, é uma das poucas coisas boas que acontecem nesta novela das Índias...
Como falei antes, não sou estudioso da mente humana, nem das suas complexidades. Mas, a loucura, no caso dessa novela, provavelmente deve ser caso de hereditariedade. É só observar o procedimento da mãe dele. Vocês já imaginaram como deve ter sido a infância daquele personagem do Bruno?... “Hala-baba”!!!