Há pessoas que não ligam para a data do aniversário. Para elas, um abraço de parabéns, uma lembrancinha dos mais próximos; um telefonema de alguém mais distante é o suficiente. Eu sou desse time. Para outras, não. A festa é imprescindível. Ivoneide joga nesse. Tudo concorre para a celebração. Que pode ser simples, com um bolinho e refrigerante, para se cantar parabéns, mesmo com um reduzido numero de participantes, ou uma grande festa, como a que a mesma organizou para comemorar os meus 60 anos. Uma festa linda, marcante, com a presença de grande número de amigos, no Café Literário.
Outro que faz parte do segundo bloco (o dos festeiros) é Adriano. Conheci Adriano quando participamos, juntamente com meia dúzia de outros idosos, do curso de informática para adultos do CCAG. Semana passada encontrei-me com ele no supermercado Walmart. Estava ao lado da esposa, empurrando dois carrinhos abarrotados de produtos para festa, principalmente latinhas de cerveja, e, conversador como todo bom carioca, ao me ver foi logo disparando:
- Não vai furar, não, hein! Olhe aqui, a aniversariante... (e me apresentou a sua esposa que, bastante simpática, também reforçou o convite). Ele insistia:
- Você vai, não vai? Para você, “campista” há mais tempo do que eu, chegar lá não vai ser nenhuma dificuldade. É simples: pega a 28 de Março, e... (gastou um tempinho para explicar o itinerário. Eu ouvindo tudo atento). Depois, continuou:
- Bota uma camisa da seleção e chega lá, por volta das oito. Vai ser um barato! No início a coisa é mais “light”... Tem a dança da criançada. Tem dança de salão. Quando a coisa já estiver esquentando, lá pela meia-noite, o sambão entra pra valer. Vira Carnaval! Escola de Samba! Você sabe, nós que viemos do Rio de Janeiro, festejamos mesmo é com samba: com batucada, cantoria, apito, gongozela, o escambau.
- E os vizinhos?... ponderei eu.
- Ah... Os vizinhos gostam... participam. Não temos problema. Nem de som, nem de hora...
Como estava com pouca mercadoria, me dirigi a outro caixa que me liberasse mais rápido. Antes de sair, desejei um feliz aniversário à sua esposa, e uma ótima festa para o “festeiro” Adriano. E, vim para casa imaginando a cena: o som da batucada misturado ao barulho estridente das gongozelas, no silêncio da noite campista, fazendo “bombar” pelos ares, a incrível festa do Adriano.
- Pode deixar, companheiro, que farei tudo para comparecer!
Isso foi semana passada. Agora vou ligar pro meu amigo, para saber como transcorreu o aniversário da sua esposa. Arranjando, logicamente, uma desculpa sensata pelo meu não comparecimento.