"Ao fim das crônicas conheça os poemas do autor"

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terça-feira, 18 de junho de 2013

A VOZ DO POVO


Seria omissão da minha parte eu não emitir uma opinião sobre o momento em que estamos vivendo. Como “blogueiro” mas, acima de tudo  como cidadão brasileiro, devo dizer que me surpreendi, não com a razão do protesto, mas com a mobilidade dos internautas que se uniram através da rede, e levou o povo à rua. Isso foi algo positivo, mostrando que a Internet não está aí apenas para cultivar futilidades, mas serve também, em determinados momentos, para levar a população a se manifestar.
Sabemos que a Democracia é o governo do povo. Quando o povo fica esquecido, em benefício de minorias, mais cedo ou mais tarde, a revolta eclodirá. Nos anos sessenta, a falta dela no Brasil, fez com que o povo fosse à rua, lutasse, e derrubasse o regime ditatorial. Hoje, a história se repete. Não, com os militares no poder. Mas, sob o comando de gente que lutou pela Democracia.
Alguns itens essenciais a qualquer governo são muito lembrados durante as eleições: Educação, Emprego, Moradia, Saúde, Segurança... No entanto, depois de eleitos, parecem que os políticos entram numa longa crise de amnésia. Esses itens citados são suficientes para mostrar o sofrimento atual do brasileiro. Basta assistirmos aos atuais jornais televisivos.  Acrescentem-se a eles, os benefícios a parentes e amigos dos governantes, a má aplicação de verbas em obras publica, a corrupção... Mas, quando arguidas, as autoridades não aceitam conversa. Para elas, está tudo certo. Está tudo bem. Será?! A fortuna que estão gastando para a tal Copa das Confederações, contrasta com a péssima situação das escolas, dos hospitais, das estradas, acima de tudo, a segurança, não apenas no Rio e em São Paulo, mas no país inteiro. Crimes bárbaros estão diariamente nas manchetes. Em geral, praticados por menores que, beneficiados por leis omissas que parlamentares não demonstram interesse em modificar, se tornaram os juízes das ruas, matando quem acha que deve morrer.
Está difícil. Parece que a alienação é geral e o governo se beneficia disso. Estádios são preparados para que a juventude desafinada moral e pedagogicamente se divirta, embalada pelo tchan ou pelo tchu... o resto que se dane! Por isso mesmo, deve ter causado surpresa a sonora vaia na presidente, ao lado do presidente da FIFA, na abertura do torneio... Mas, o povo não suporta mais tanto descaso. E, as pessoas colhem o que plantam, não é verdade?... Pena que não tenhamos hoje, como tema musical do movimento, o Chico, o Vandré, o Milton (“Apesar de você”,  “Caminhando e cantando”, “Coração de Estudante”, “Pode ser a gota d’água”)... Lula e Dilma iriam se emocionar, lembrando os velhos tempos...

segunda-feira, 10 de junho de 2013

LEMBRANDO O POETA


O poeta Antonio Roberto Fernandes foi uma pessoa admirável. Nascido na cidade de São Fidélis, município fluminense vizinho de Campos, alfabetizado muito cedo, muito cedo começou a fazer poesia, familiarizado que estava com a leitura dos clássicos da poesia brasileira. As grandes famílias brasileiras de antigamente tinham que ter um médico entre os seus filhos. Na de Antonio Roberto, ele fora o escolhido. Com um pouco de sacrifício de todos, lá estava ele na Faculdade de Medicina de Campos, mexendo com autópsias, operações, aprendendo como tratar fisicamente dos mais diferentes órgãos do corpo humano, inclusive o coração. Mas, o poeta não tinha muita habilidade com a profissão. Para ele era difícil lidar com diagnósticos, estetoscópio, doenças, consultas ou técnicas para cuidar de órgãos humanos, incluindo aí o coração. Sua habilidade com esse órgão vital do ser humano, principalmente o feminino, ele aprendera a tratar desde muito cedo de outra forma. O seu tratamento exigia galanteios, atenções, flores e versos. Isso, o fazia uma pessoa extremamente humana no tratamento dos seus semelhantes. Por essa razão, ele, após conclusão do seu curso, renunciou a Medicina e, passando num concurso para o Banco do Brasil, desenvolveu sua vida profissional, constituiu família e educou seus três filhos.
Antonio Roberto não possuía curso de letras, mas sabia, como ninguém, tudo sobre literatura brasileira. E, o mais importante, partilhava o seu conhecimento com qualquer um que o buscasse para esclarecer uma dúvida ou uma prosear sobre assunto literário. Eu, que em Campos fui seu colega no BB, aos poucos fui conhecendo melhor o poeta. Primeiro, participando dos lançamentos dos seus livros. Depois, participando de um curso de literatura por ele criado no Palácio da Cultura, onde era Diretor da Biblioteca. A partir do ano 2000, ele passou a comandar, no palácio, a sua criação maior, o “Café Literário”, onde, durante oito anos, doou o melhor de si, numa grande festa em que intercalava declamações de poesia com música, folclore, dança, e convidados importantes da literatura brasileira. Em determinado momento das duas horas que durava o café, ele costumava dizer, após a leitura de um vibrante texto poético: “Eu não tenho inveja de nada de nada nesta vida, a não ser de alguém que escreveu um texto como esse!...” Um grande homem e poeta que, entre as inúmeras atrações, apresentadas no seu Café Literário, nos presenteou com uma grande mulher e poetisa: LYSA CASTRO.

Obs: o texto acima faz parte de um livro sobre a poetisa Lisa Castro, em preparação.