"Ao fim das crônicas conheça os poemas do autor"

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terça-feira, 26 de agosto de 2014

O MODELO TIRIRICA

          Cantores que já conheceram a fama querem ser nossos representantes no parlamento; jogadores que também já foram famosos querem ser nossos representantes; ex-BBBs, aventureiros que tiveram seu espaço na mídia, querem ser nossos representantes; palhaços, artistas “pornôs”, dançarinos, figuras extravagantes, todos que tiveram um dia os seus momentos de fama, a maioria sem nenhuma atuação política, querem ser nossos representantes... Apreensivos e impotentes diante de candidatos tão extravagantes, assistimos ao “carnaval eleitoral no país do futebol, do samba” e da pouca vergonha, em horário nobre na nossa televisão. Enquanto isso, os nossos candidatos a cargos eletivos mais altos, beneficiados por uma legislação eleitoral irresponsável, batem palmas, buscando capitalizar para a sua legenda o palhaço tal, a estrela de pornô tal o vagabundo tal, que possa lhe garantir a vitória nas urnas e a governabilidade tranquila no seu mandato.
         É incrível como em países sérios, apenas 2 partidos comprometidos com a Nação são suficientes para comandar o destino do país. Aqui, não. São dezenas e dezenas deles, e a cada dia aparece mais um “Zé Mané” para criar um novo, confiante nas “suas” ideias, achando que o Brasil comporta essa barafunda toda, quando na verdade, o que todos visam é a auto promoção e os benefícios que os conchavos, o “toma lá dá cá”,  e as maracutaias com os dois ou três partidos maiores (que se revezam no poder) com as suas jogadas mais sujas possíveis, possam lhes proporcionar.
         Getúlio Vargas foi ditador do Brasil por 15 anos e, tivemos, na sua gestão uma era de grande desenvolvimento. A Ditadura Militar, contra a qual eu, estudante no Rio, lutei nas ruas, apesar da sua TORTURA, condenável sob todos os aspectos, procurou dar um rumo no desenvolvimento da nação. Espero que não confundam o que estou falando... Quanto ao brasileiro, principalmente o da classe dirigente, pelo visto, não entende nada do significado da palavra Democracia. No nosso país, sobretudo no governo, esta palavra é confundida com “faça o que quiser, você pode”, corrupção, “toma lá, dá cá”, falta de vergonha na cara, “Lei do Gérson”, vale tudo comportamental, desrespeito às leis. Com uma agravante muito forte: enquanto o país se aproxima da acefalia total, seus dirigentes buscam outra forma de governo/ideologia, e cuidam mais de pessoas lá de fora do que da valorização do nosso povo. Julgam que para nós, cidadãos brasileiro, o velho lema de imperadores romanos “Panis et Circense” é suficiente. E tome bolsa tal, cheque tal, “tudo por um real”, grandes shows para comemorar isso ou aquilo. A impressão que dá é que não temos dívidas astronômicas nem dilapidação da nossa maior estatal para tratar; setores como saúde, segurança e educação estão às mil maravilhas; não existe corrupção, e, vai por aí... A verdade é que saímos de um período negro da violência da ditadura, para entrarmos na bagunça destruidora da chamada “democracia brasileira”.
         O partido dito “salvador” e que primou pela corrupção e esteve, quase sendo alvo de um impeachment,com o poder da máquina do Estado nas mãos, luta agora com todas as forças e artimanhas para se perpetuar no poder. A sua estrela maior, exibindo a cada apresentação eleitoral, modelos caríssimos, e penteados idem, dignos de atrizes hollywoodianas, tenta encobrir atitudes nada perdoáveis, tentando dessa maneira, a qualquer custo, continuar no poder.
         Próximo das eleições, lamento que uma morte prematura ceifasse tantas esperanças de mudança no nosso alquebrado quadro político. E, cidadão brasileiro que luta para sobreviver, só me resta buscar no hino inglês (GOD SAVE THE QUEEN!), inspiração para o momento atual do nosso país: DEUS SALVE O BRASIL!       

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

OS 100 ANOS DE JOSÉ CÂNDIDO DE CARVALHO

       Comemoramos neste mês o centenário de nascimento do mais criativo e exuberante escritor campista – José Candido de Carvalho –, apesar de estarmos sempre lembrando a data desde o início do ano. Nada mais natural, para uma Casa de Cultura que leva o nome do autor; para nós, que fazemos o Café Literário, e, especialmente, para o povo da chamada Baixada Campista.  Afinal de contas, foi graças à sua incrível obra literária,  “O Coronel e o Lobisomem” que a terra, o povo e o linguajar desta região ficaram conhecidos internacionalmente. Neste momento festivo, gostaria de prestar a minha homenagem a este ser humano tímido, filho de modestos lavradores portugueses que, no entanto, criou um romance tão original, rico e grandioso, que é admirado não apenas por leitores do Brasil, como também de inúmeros países que tiveram o prazer de vê-lo editado.
         Alguns fatos curiosos da minha vida em Campos dos Goitacazes, estão de alguma forma ligados a esta Baixada e à obra de José Cândido de Carvalho. Por exemplo: na estrada de Tocos, a caminho de São Martinho, moravam os meus sogros, que eu visitava sempre. A viagem era de ônibus que na época de estiagem me sufocavam de poeira e quando chovia, me emlameavam todo. Foi neles que mantive os primeiros contatos com o povo da região. Anos depois, no meu segundo emprego na cidade, fui trabalhar na Rua Coronel Ponciano de Azeredo Furtado. No banco onde eu trabalhava, em meio a colegas intelectuais, entre eles, o poeta Antonio Roberto Fernandes, alguém certo dia matou a minha curiosidade. Eu queria saber “Quem fora na história da cidade, o CORONEL PONCIANO DE AZEREDO FURTADO? E, em meio a risos passei a conhecer não somente o extravagante personagem que dava nome à rua do meu trabalho, mas também a me interessar mais pelo criador dessa importante figura da literatura brasileira: JOSÉ CÂNDIDO DE CARVALHO. Tomei conhecimento dos seus romances de  personagens exuberantes; das suas atividades como jornalista e funcionário público. Atuando sempre (apesar da sua timidez) com brilhantismo em todas elas, a ponto ser eleito para uma cadeira na Academia Brasileira de Letras – láurea máxima para aqueles que se dedicam à Literatura.
         Outros autores também foram atraídos pelo tema “Baixada Campista”: sua gente, seus atrativos, seus causos... Porém, ninguém com tamanha criatividade conforme o mestre José Candido de Carvalho.

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

O MEU AMIGO “SUPERMAN”

        O velho homem, estupefato, parecia não acreditar no que via. Estava diante do “super-herói” da sua longínqua infância. Aquele que freava trens em movimento; controlava avalanches e perseguia perigosos bandidos, estava ali em ação. A admiração por aquele amigo, travestido de super-herói não era diferente daquela que costumava sentir ao ler as histórias do “homem de aço”, o seu herói preferido em criança. Afinal, estava presenciando uma série de impactantes ações contínuas e incansáveis do amigo. Já ouvira falar de outras incríveis histórias suas, como o caso de uma escola de samba, cujo gigantesco carro alegórico quebrado numa pista, obrigou-o a ficar dois dias numa rodovia, sem dormir, buscando uma solução.
         Mas, nunca o vira com tanta força e tamanha agilidade, quanto na mudança dos bens da nossa Academia Pedralva para um local provisório, em razão da reforma do Palácio da Cultura. Era um tal de empacotar livros, desmontar divisória, empurrar geladeira, liberar enorme mesa de reunião, por tudo no caminhão, livrar-se do trânsito caótico de Campos.  Chegar ao destino, descarregar tudo, arrumar, e, num incrível vapt-vupt RESOLVER MAIS UM DIFÍCIL PROBLEMA! E, quem pensou que era chegada a hora de um merecido descanso??? O nosso super-herói ainda tinha reforma para fazer em casa, velhinhos no asilo para cuidar; reunião literária agendada para comandar... não dava para pensar em tempo para descanso ou para se alimentar. Nada disso! Alguém de Goytacazes o convoca e lá segue ele para mais um socorro. “A noite é uma criança”, pensava. Pois é... pensando dessa maneira é que ele encontrou um tempinho para levar a sua amada Marilza para apreciar uns cantores venezuelanos que estavam de passagem pela cidade, num belo recital que acabaria lá pelo fim da noite.
         Retornando ao lar, o nosso super-herói, ao lado da sua inseparável “mocinha” (como se falava antigamente), repassa o dia que findou – o socorro, o bem praticado – e procura estruturar o dia seguinte, pronto, para enfrentar qualquer situação com a incrível disposição de um super-herói dos quadrinhos de antigamente, e com a alegria pura que só os bons possuem.