"Ao fim das crônicas conheça os poemas do autor"

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sábado, 24 de novembro de 2012

QUEM VIU... VIU!

 Para mim, foi uma longa maratona encerrada ontem à noite no teatro do SESC de Campos dos Goytacazes. Na verdade, uma maratona desigual, onde nós (autor, diretor, atores, iluminadores, etc) que montamos “Cida, Cidinha, Aparecida” competíamos com outros espetáculos locais e, principalmente, com a 7ª. Bienal de Campos: Elba Ramalho era a atração.
           Sem querer “puxar a brasa para a minha sardinha”, devo dizer que tinha consciência de que o meu texto (escrito numa das minhas inúmeras rodoviárias ao Nordeste) tinha agradado, a magistral interpretação de Pryscilla Gomes para aquela bela nordestina envolvida com político desonesto (seria pleonasmo?) Até a sua chegada a São Paulo onde é acolhida por um irmão que lá mora há alguns anos, onde ganha dinheiro como cabelereiro.
           A direção irretocável de Fernando Rossi resultou nessa bela montagem. Utilizando-se de parcos recursos, além da boa marcação da atriz em cena, ele optou por trazer para o espetáculo a excelente cantora Maria Fernanda acompanhada pelo violonista Sebastião, que deram um suporte maior ao texto falado, além de terem a oportunidade de nos presentearem com clássicos do cancioneiro do Nordeste.
           Com estacionamento cada vez mais complicado, tomei um susto ao notar que faltando 10 minutos para as 20,00hs. não havia chegado ninguém. Seria uma frustração total. Mas, aos poucos, eles foram aparecendo, reclamando da longa distância do estacionamento dos seus veículos. Chegando... Chegando... o início atrasou meia hora mas, quando o sinal soou 3 vezes tínhamos, pelo menos 30 expectadores-amigos ou amigos-expectadores, valendo cada um por 10, tal a amizade, o talento e o amor de cada um pelas coisas aqui produzidas.
           Quem viu... Viu! Um senhor espetáculo! Produzido com recursos modestos, por gente da cidade. Alguém poderia dizer ao notar o auditório um tanto vazio: “Campos não tem tradição em Teatro...” – NÃO É VERDADE! Pode até ser que o ato criminoso que foi a demolição do magnífico Teatro Trianon, onde até os anos 50 ao lado das grandes companhias também pontuavam grupos campistas com textos de Gastão Machado, por exemplo, tenham construído esta idéia... Naquela época os autores e intérpretes locais esbanjavam talento nos palcos campistas. Hoje em dia, com a divulgação feita pela televisão, qualquer garoto ou garota, muitas vezes com textos(?) duvidosos, e repetindo chavões televisivos, levam montanhas de dinheiro nosso, dinheiro que bem poderia ser melhor aproveitado na reconstrução de um respeitável teatro campista.