"Ao fim das crônicas conheça os poemas do autor"

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segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

O BANCO DO BRASIL E A VISÃO DE FELIPÃO

Se há uma instituição que merece respeito, por tudo que já representou na história do país, ela se chama Banco do Brasil. É verdade que os tempos são outros: tempo de desvalorização do construído com seriedade, com sangue, suor e lágrimas. Essa foi a saga do Banco do Brasil durante muitas décadas, desde a sua fundação, no tempo do império. Ao longo dos anos houve privilégios para seus funcionários? Sim, houve. Mas, como não se oferecer vantagens a funcionários que iriam entrar para um regime especial, misto de militar, sacerdócio e vastos conhecimentos.

Confesso que sempre tive grande admiração por esta casa que durante muitos anos foi tão desejada pelos jovens de todo o país (a princípio, apenas os do sexo masculino; só muitos anos depois ele passaria a admitir mulheres nos seus quadros) Cheguei mesmo a prestar um exame para os seus quadros quando ainda era adolescente, sem obter sucesso, tal o índice de dificuldade nas suas provas. Entrar para o BB era uma aventura. E, ela se concretizava ao ser o novo funcionário geralmente designado para os lugares mais inóspitos do pais. Era comum a gente perguntar a qualquer funcionário onde fora a sua posse, e recebermos as mais estranhas respostas: sul do Pará, Rondônia, sertão da Bahia, Rio Grande do Sul. Como num regime militar, o jovem, ao entrar, tomava conhecimento da rigidez das leis da casa, da sua seriedade, bem distante da família, da namorada, dos amigos... Era uma missão de bandeirantes, onde o novo funcionário do BB desbravaria matas, conheceria a realidade da região seca, ou aportaria em regiões muito distantes, muitas vezes limítrofes a outros países sul-americanos, porque esta era a sua função: assumir onde uma agência nova tivesse sido implantada ou onde houvesse carência de funcionários. E, com o ímpeto característico da juventude, lá ia o novo funci do BB de peito estufado, enfrentar a luta, de avião, navio ou por terra, enfrentando estradas precárias porque, tão valioso quanto vencer um vestibular para medicina, engenharia ou direito, (até alguns anos atrás) era passar num concurso para o Banco do Brasil...

Muitos anos depois, mais precisamente com 35 anos de idade, tentei outro exame para o BB. Dessa vez, passei. Vibrei. Mas a época era outra, com política financeira bem desfavorável às nossas instituições. Mesmo assim, assumi o emprego tão almejado na juventude. Entretanto, já não fui bandeirante, nem gozei de muitas vantagens outrora oferecidas, até porque diante das inúmeras transformações que aconteciam, o próprio banco chegou a ser ameaçado de alienação...

Há pouco tempo, o novo técnico da seleção brasileira de futebol, foi deveras infeliz ao tentar diminuir o brilho de uma casa tão importante para o país. Sempre ouvi dizer que quando "a boca fala é porque o coração está cheio" Daí, eu chegar à seguinte conclusão: o senhor Felipão (que infelizmente muito contribuiu para o rebaixamento da equipe do Palmeiras para o Campeonato Brasileiro do ano que vem) deve, na sua juventude, ter tentado sem êxito passar num concurso para o BB. Ou, então, a sua declaração infeliz faz parte da bagunça generalizada que se abateu sobre o nosso país, onde a filosofia do BBB, por exemplo, vale bem mais do que uma casa de tradição e honradez que sempre foi o nosso Banco do Brasil.