O quadro assusta: destruição da camada de ozônio, aquecimento do planeta, degelo da calota polar, mudanças climáticas, oceanos, rios e lagos poluídos. De repente, o cidadão comum – como se não bastasse a ameaça nuclear criada pela ambição e pela insanidade humanas! – passou a conviver, mais recentemente, com ameaças causadas pelo descaso do homem com relação ao meio ambiente. Como resposta, temos assistido a tsunamis, furacões, enchentes ou secas em proporções nunca antes vistas.
O Brasil mesmo, onde sempre tivemos a ousadia de proclamar que “Deus é brasileiro”, devido aos privilégios climáticos ou geológicos que sempre nos livrou de terremotos ou furacões, por exemplo, de repente, se vê com clima completamente desregulado a ponto de nos últimos meses presenciarmos uma inversão na situação climática do país, com o Rio Grande do Sul e Santa Catarina conhecendo o flagelo da seca que devasta plantações e gado, enquanto em muitos estados nordestinos a chuva caia como nunca se vira, transbordando rios, estourando barragens, derrubando barreiras, destruindo estradas, provocando calamidades inéditas em tal magnitude.
Raquel, Graciliano, José Lins, se vivos fossem teriam hoje que descrever não a morte da lavoura ou dos animais, pela seca; não o êxodo dos flagelados para os grandes centros; a falta d’água ou a desertificação do chão nordestino; mas a devastação causada por caudalosos rios que não paravam de subir, destruindo o que estivesse pela frente.
O sertanejo que costuma esperar até o dia de São José, 19 de março, para iniciar o plantio, com a chegada antecipada da chuva este ano, não precisou fazer promessa ou romarias ao santo. Ela veio, mas em volume devastador, enquanto no Sul, o agricultor tomava conhecimento do que era a seca inclemente.
Ao homem simples, assustado com as mudanças climáticas, resta rezar e pedir clemência. Os mais atingidos (em geral, os mais pobres!) dependem de atitudes públicas, às vezes nem tão precisas, como no caso da barragem estourada no Piauí! Os dirigentes donos do mundo, no entanto, parecem ignorar o ser humano, os que vivem em área de risco por necessidade, e boicotam acordos que buscam menos destruição ambiental, deixando o planeta na iminência de uma calamidade maior e irreparável. Que Deus nos acuda!