O movimento musical “Sertanejo Universitário” que, teoricamente, deveria ser um evento musical mais refinado do que o outro Sertanejo, para poder justificar o nome, poderia ser mais cuidadoso... O cantor tido como o “papa” do movimento, por exemplo, canta coisas desse tipo: “Tô de cara com você. Tô de cara com você...” Talvez ele quisesse dizer: “Tô de caso com você...” Acho que, pela posição que conseguiu, não fica bem ele ficar maltratando a “Última Flor do Lácio” assim!
Tem uma dupla aí, cujo grande sucesso é: “O jeito é dar uma fugidinha com você; o jeito é dar uma fugidinha com você...” repetindo inúmeras vezes a mesma coisa. Experimente, trocar o G, por um D... Foi-se o tempo em que duplo sentido não era tão direto assim. Convenhamos: pegar um grupo de garotos cantando dessa maneira e apresentá-los como Sertanejo Universitário é, no mínimo, um contra-senso. Porque, na verdade, não se trata nem de uma coisa, nem de outra (o mais correto seria considerar o movimento como “fórmula fácil de se ganhar dinheiro”, assim como outros produtos que a TV vende, destinados à criança, principalmente, embalados em fantásticos cenários e produções.
O país que já produziu a “Tropicália”, a “Bossa Nova” e a “Jovem Guarda”, lamenta que as novidades musicais que surgem não se equiparem, em qualidade, aos citados movimentos. Por outro lado, jogar no lixo obras do tipo “Rancho Fundo”, “Tocando em frente”, “Tristeza do Jeca”, “Nuvem de Lágrimas”, “O menino da porteira”, “Fio de Cabelo” entre tantos sucessos, só porque temos agora uns meninos saltitantes que, em mega shows, enlouquecem as meninas do Brasil, é preocupante e até desrespeitoso para a nossa cultura musical.
Sei que os tempos são outros, são raros os verdadeiros universitários, engajados no estudo e no crescimento do país. Os “universitários”, que compuseram a tal Fugidinha... certamente, foram incentivados por alguém que falou: “É isso que dá dinheiro!!! Nada de conhecer a obra de Chico Buarque, Caetano, Gil, Roberto Carlos, Cartola, Paulinho da Viola e tantos mestres da MPB. Nada disso! Façam gestos sensuais, pulem e gritem, que do resto nós cuidamos. Afinal, não é disso que o as menininhas gostam?!...”
É, as menininhas gostam!... O problema é saber quem vai reparar os dramas de crianças indesejadas jogadas pelo muro, no lixo, na lagoa... Quem cuidará dos traumas produzidos e das despesas geradas na Saúde Pública?. Porque, pela fantástica filosofia do Sertanejo Universitário: “Primeiro a gente foge, depois a gente vê! Primeiro a gente foge! Depois, a gente vê!”...
"Ao fim das crônicas conheça os poemas do autor"
...
quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
segunda-feira, 10 de janeiro de 2011
LIXEIRA, NÃO!
A conversa surgiu devido a problemas comuns nos seus telhados, após a construção de um edifício ao lado:
- Ah... o senhor não tem ideia do que a gente tem sofrido aqui (reclamava a mais velha) toda hora cai objeto lá de cima... embalagens usadas, sacolas de supermercados... resto de cigarro, então... às vezes, vem até acesos! Fui obrigada a mudar a posição do gás. Já imaginou se uma ponta daquelas acesa caindo em cima do bujão? A vila toda vai pelos ares!
- É verdade, D. Sandra, uma tremenda irresponsabilidade! Será que eles não sabem o risco que podem causar? Todo o dia a gente vê notícia de incêndios causados por atos desse tipo. Falou o velho aposentado.
- E... o senhor pensa que é só isso? (a mais jovem, católica fervorosa, que acompanha as programações religiosas na TV, revezando entre a Rede Vida e a Canção Nova, respira fundo para dar continuidade) O pior... foi o que eu recolhi semana passada, quando estava catando as sujeiras que eles jogaram... (parou de repente).
- Foi o quê, que esses irresponsáveis fizeram, D. Isabel? (Ele deu ênfase aos “irresponsáveis” para que ela concluísse).
- No meio do lixo que eles jogaram, uma revista... e eu como gosto de ler, apanhei. Não que eu goste de fofocas de artistas ou de gente famosa, não. Mas, como estava na minha área, eu peguei. Não acreditei no que estava vendo! Mulher pelada...
- Já é por conta do carnaval! Ponderou o velho aposentado.
- Carnaval, nada! Revista por-no-grá-fi-ca! Isso é coisa de se jogar pela janela?! Deus me livre! O mundo está perdido mesmo!
- Você não me mostrou, Isabel!...
- Como é que vou ficar mostrando pornografia pra você, Sandra!? Deus me livre! Cruz credo!
O homem achou complicado prolongar a conversa com aquelas senhoras e se despediu. Mas, saiu dali se lembrando de uma história parecida que ouvira há pouco tempo:
Um moço ascendera na vida social, morando num dos novos e luxuosos prédios da cidade. Ao lado, numa casa arborizada e confortável, morava uma senhora zelosa pelo seu imóvel. O moço tinha o péssimo hábito de, toda noite, jogar camisinhas usadas pela janela, indo as mesmas cair bem no centro da área da senhora, o que naturalmente a deixava intrigada. Não se sabe como, mas ela garantia que eram dele... Na primeira vez, gritou, na direção do seu apartamento, reclamando; pedindo para que desse outro destino ao objeto usado. Mas, nada! Toda noite, nova camisinha usada era jogada; e, toda manhã, lá estava ela indignada, fazendo a sua remoção.
Apesar da figura influente que se tornara, ele era dessas pessoas que tiveram facilidade de ascender na vida, galgando luxuosos edifícios por elevadores requintados, mas não tiveram o devido escrúpulo de respeitar os semelhantes que lá embaixo permaneceram querendo apenas ser tratados com dignidade.
- Ah... o senhor não tem ideia do que a gente tem sofrido aqui (reclamava a mais velha) toda hora cai objeto lá de cima... embalagens usadas, sacolas de supermercados... resto de cigarro, então... às vezes, vem até acesos! Fui obrigada a mudar a posição do gás. Já imaginou se uma ponta daquelas acesa caindo em cima do bujão? A vila toda vai pelos ares!
- É verdade, D. Sandra, uma tremenda irresponsabilidade! Será que eles não sabem o risco que podem causar? Todo o dia a gente vê notícia de incêndios causados por atos desse tipo. Falou o velho aposentado.
- E... o senhor pensa que é só isso? (a mais jovem, católica fervorosa, que acompanha as programações religiosas na TV, revezando entre a Rede Vida e a Canção Nova, respira fundo para dar continuidade) O pior... foi o que eu recolhi semana passada, quando estava catando as sujeiras que eles jogaram... (parou de repente).
- Foi o quê, que esses irresponsáveis fizeram, D. Isabel? (Ele deu ênfase aos “irresponsáveis” para que ela concluísse).
- No meio do lixo que eles jogaram, uma revista... e eu como gosto de ler, apanhei. Não que eu goste de fofocas de artistas ou de gente famosa, não. Mas, como estava na minha área, eu peguei. Não acreditei no que estava vendo! Mulher pelada...
- Já é por conta do carnaval! Ponderou o velho aposentado.
- Carnaval, nada! Revista por-no-grá-fi-ca! Isso é coisa de se jogar pela janela?! Deus me livre! O mundo está perdido mesmo!
- Você não me mostrou, Isabel!...
- Como é que vou ficar mostrando pornografia pra você, Sandra!? Deus me livre! Cruz credo!
O homem achou complicado prolongar a conversa com aquelas senhoras e se despediu. Mas, saiu dali se lembrando de uma história parecida que ouvira há pouco tempo:
Um moço ascendera na vida social, morando num dos novos e luxuosos prédios da cidade. Ao lado, numa casa arborizada e confortável, morava uma senhora zelosa pelo seu imóvel. O moço tinha o péssimo hábito de, toda noite, jogar camisinhas usadas pela janela, indo as mesmas cair bem no centro da área da senhora, o que naturalmente a deixava intrigada. Não se sabe como, mas ela garantia que eram dele... Na primeira vez, gritou, na direção do seu apartamento, reclamando; pedindo para que desse outro destino ao objeto usado. Mas, nada! Toda noite, nova camisinha usada era jogada; e, toda manhã, lá estava ela indignada, fazendo a sua remoção.
Apesar da figura influente que se tornara, ele era dessas pessoas que tiveram facilidade de ascender na vida, galgando luxuosos edifícios por elevadores requintados, mas não tiveram o devido escrúpulo de respeitar os semelhantes que lá embaixo permaneceram querendo apenas ser tratados com dignidade.
quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
VOTOS DE FELIZ NATAL!... OU DE BOAS FESTAS!
Se você neste final de 2010 vai saudar alguém mandando cartão, e-mail ou, na última hora, utiliza-se do telefone, preste atenção: caso se dirija àqueles velhos parentes, muitos já aposentados, ou àqueles trabalhadores que suam a camisa o mês inteiro para garantir um salário digno; ou os que na incerteza do serviço informal, vive entre o suor e a ameaça de ver confiscado todo o seu material de trabalho, de uma hora para outra; parentes ou conhecidos nossos que fazem malabarismo para sustentar suas famílias (o comando, muitas vezes, nas mãos de uma mulher); pois bem, nesse caso a saudação correta é aquela mesma, tradicional, cheia de fé, perseverança e muita humildade, exatamente como ensinou, na sua trajetória pela terra, o aniversariante do dia 25:
- FELIZ NATAL! Com muita paciência e resignação para agüentar o tranco da vida, cada vez mais complicada e difícil...
Agora, se você é um privilegiado por conta de favores políticos (recebe sem trabalhar ou tem outros privilégios!), é familiar ou deve favores eleitorais e, quer levar a sua saudação àqueles que parecem ganhar “tão pouco” para o “muito” que trabalham – nossos queridos deputados e senadores! – que resolveram se locupletar da sua função para jogarem seus ganhos para o limite máximo possível, desrespeitando todo e qualquer índice salarial proclamado e defendido pelo próprio governo, vocês, por favor, não desejem Feliz Natal, mas sim:
- BOAS FESTAS! BOA FESTANÇA! BOA FARRA! BOM CARNAVAL! BOM FORRÓ! BOA QUADRILHA! Agora que a animação no Congresso ficou completa com a presença de um palhaço “oficial”, esses pobres coitados que ganham tão pouco, certamente estarão muito felizes com o belo ato praticado, que além de beneficiar a senhora presidente, ministros, os próprios senadores e deputados federais, ainda concorrerão para o polpudo aumento, dentre outros, dos senhores governadores, deputados estaduais, prefeitos e vereadores, além dos enormes stafs de cada um. Pensando bem... como o Brasil nada em dinheiro, o que representa um aumentozinho “tão insignificante como esse?”
Afinal de contas, a festa vai recomeçar mais uma vez, e, para a farra, o baile, o carnaval, a quadrilha, os pobres dos políticos carecem de mais dinheiro nosso, dos contribuintes, nos seus bolsos. Enquanto isso, os inativos vêem suas aposentadorias chegarem a nível “astronômico” e, claro, sem nenhum problema financeiro, gastam os seus milhões se divertindo nas mais alegres e caras estações nacionais ou internacionais.
- FELIZ NATAL! Com muita paciência e resignação para agüentar o tranco da vida, cada vez mais complicada e difícil...
Agora, se você é um privilegiado por conta de favores políticos (recebe sem trabalhar ou tem outros privilégios!), é familiar ou deve favores eleitorais e, quer levar a sua saudação àqueles que parecem ganhar “tão pouco” para o “muito” que trabalham – nossos queridos deputados e senadores! – que resolveram se locupletar da sua função para jogarem seus ganhos para o limite máximo possível, desrespeitando todo e qualquer índice salarial proclamado e defendido pelo próprio governo, vocês, por favor, não desejem Feliz Natal, mas sim:
- BOAS FESTAS! BOA FESTANÇA! BOA FARRA! BOM CARNAVAL! BOM FORRÓ! BOA QUADRILHA! Agora que a animação no Congresso ficou completa com a presença de um palhaço “oficial”, esses pobres coitados que ganham tão pouco, certamente estarão muito felizes com o belo ato praticado, que além de beneficiar a senhora presidente, ministros, os próprios senadores e deputados federais, ainda concorrerão para o polpudo aumento, dentre outros, dos senhores governadores, deputados estaduais, prefeitos e vereadores, além dos enormes stafs de cada um. Pensando bem... como o Brasil nada em dinheiro, o que representa um aumentozinho “tão insignificante como esse?”
Afinal de contas, a festa vai recomeçar mais uma vez, e, para a farra, o baile, o carnaval, a quadrilha, os pobres dos políticos carecem de mais dinheiro nosso, dos contribuintes, nos seus bolsos. Enquanto isso, os inativos vêem suas aposentadorias chegarem a nível “astronômico” e, claro, sem nenhum problema financeiro, gastam os seus milhões se divertindo nas mais alegres e caras estações nacionais ou internacionais.
sábado, 11 de dezembro de 2010
É NATAL!
Aleluia! Glória a Deus nas alturas e Paz na terra aos homens de boa vontade! É época de confraternização, de alegria; de presentes, de agito comercial e de famílias reunidas; de orações, de encontros, de presépios, de glorificarmos ao Senhor. É sempre assim, todo final de ano. E... se o nascimento de Jesus fosse festejado mais vezes, como fazem com o Carnaval, que é reprisado, com várias denominações, por todo o país... A razão da proposta? Observe o Jornal Nacional. Esse jornal que já foi o noticioso da família, discreto, tranquilo, hoje bem que poderia se chamar “Jornal Criminal”, tal a violência instalada no país, que ele diariamente noticia. E, olha que não estou me referindo apenas aos acontecimentos recentes do Morro do Alemão. Não!
Tornou-se comum assistirmos, diariamente, a crimes de arrepiar que são divulgados nos jornais televisivos, com o maior requinte da tecnologia, e com direito ao “charme” dos apresentadores que trocam olhares enigmáticos no meio de cada notícia dada, como se isso contribuísse para a sua maior autenticidade. “Charmes globais” a parte, o que assusta, realmente, é a constância de crimes bárbaros que vem acontecendo por todo o país. Maus tratos a idosos, como uma mulher de São Paulo, focalizada há poucos dias, que parecia sentir prazer no tratamento que dava a uma irmã mais velha: ela batia, esmurrava, puxava o cabelo da idosa com tamanha crueldade que era de estarrecer! E, o que dizer de uma garotinha de 8 anos sequestrada e abusada por uma irmã de 14 e seu namorado(?), um elemento com mais de 40 anos, pedindo socorro à polícia, de madrugada, com a voz trêmula mas consciente do seu drama?
Está tudo complicado. Parece que a palavra “crime” perdeu o seu significado. O desamor é grande, o culto ao dinheiro (não importa se ganho honestamente!) é assustador; o controle familiar na classe menos favorecida inexiste; e, muito precocemente meninas e meninos são levados para o crime sexual e das drogas, gerando violência familiar. Aberrações com as quais aos poucos nos familiarizamos, por estarem tão presentes nos jornais televisivos, sejam eles especializados no assunto (Datena e cia.) ou nos jornais que já não são mais modelos de sobriedade e de leveza...
Como o Natal é época de doação, de amor, não custa nada sonhar. Sonhar como seria bom se incorporássemos o espírito natalino mais vezes no ano, na busca de um mundo mais fraterno. De menos violência, menos poder do dinheiro que leva ao poder da morte. Um mundo tão sonhado pelos poetas, onde reine mais a alegria, a confraternização, a caridade, fazendo cada vez mais presente a real mensagem do menino que veio ao mundo para nos salvar!
Feliz Natal para todos!
Tornou-se comum assistirmos, diariamente, a crimes de arrepiar que são divulgados nos jornais televisivos, com o maior requinte da tecnologia, e com direito ao “charme” dos apresentadores que trocam olhares enigmáticos no meio de cada notícia dada, como se isso contribuísse para a sua maior autenticidade. “Charmes globais” a parte, o que assusta, realmente, é a constância de crimes bárbaros que vem acontecendo por todo o país. Maus tratos a idosos, como uma mulher de São Paulo, focalizada há poucos dias, que parecia sentir prazer no tratamento que dava a uma irmã mais velha: ela batia, esmurrava, puxava o cabelo da idosa com tamanha crueldade que era de estarrecer! E, o que dizer de uma garotinha de 8 anos sequestrada e abusada por uma irmã de 14 e seu namorado(?), um elemento com mais de 40 anos, pedindo socorro à polícia, de madrugada, com a voz trêmula mas consciente do seu drama?
Está tudo complicado. Parece que a palavra “crime” perdeu o seu significado. O desamor é grande, o culto ao dinheiro (não importa se ganho honestamente!) é assustador; o controle familiar na classe menos favorecida inexiste; e, muito precocemente meninas e meninos são levados para o crime sexual e das drogas, gerando violência familiar. Aberrações com as quais aos poucos nos familiarizamos, por estarem tão presentes nos jornais televisivos, sejam eles especializados no assunto (Datena e cia.) ou nos jornais que já não são mais modelos de sobriedade e de leveza...
Como o Natal é época de doação, de amor, não custa nada sonhar. Sonhar como seria bom se incorporássemos o espírito natalino mais vezes no ano, na busca de um mundo mais fraterno. De menos violência, menos poder do dinheiro que leva ao poder da morte. Um mundo tão sonhado pelos poetas, onde reine mais a alegria, a confraternização, a caridade, fazendo cada vez mais presente a real mensagem do menino que veio ao mundo para nos salvar!
Feliz Natal para todos!
terça-feira, 30 de novembro de 2010
GUERRA DO RIO
Foi, seguramente, o meu record de tempo em frente a uma televisão. Afinal, o país tinha acabado de entrar numa guerra. Não numa Copa do Mundo qualquer, mas numa guerra pra valer, sujeita a confrontos, mortes, atos de heroísmo, enlutamento de famílias. E, o pior: o combate era entre: Brasil x Brasil. Claro que era o Brasil do Bem contra o Brasil do Mal. Neste caso, a torcida só podia ser a favor do Brasil do Bem.
À medida que o tempo passava, torcia bastante para que os traficantes se entregassem, atendendo à legislação universal sobre guerras, saindo segurando os armamentos com os braços levantados sobre a cabeça, para evitar o pior. Imaginava ver, após o ataque final, fileiras ou amontoados de cadáveres vencidos após o derradeiro confronto. A possibilidade de ver brasileiros mortos ou feridos no confronto me assustava. Eu aguardava, atento, todos os acontecimentos. O olho não se desgrudava da tela. A rendição, no entanto, não aconteceu.
No dia seguinte, por volta das 8,00 horas, lembrando grandes filmes de guerra de Hollywood, o tanque da Marinha tomou posição; soldados carregando seus fuzis seguiam “para a morte”. Eram jovens como os meus filhos, e nessa hora o peito fica mais dolorido. Foram momentos de suspense, na busca da vitória sobre o inimigo (o Brasil do Mal). Entretanto, usando de toda a sua esperteza, o exército do tráfico ali instalado, não esperou e fugiu para a mata e para o labirinto da favela que tão bem conhecia, deixando ao comandante do Bem a obrigação de proclamar uma vitória “meio vazia” mas, felizmente, sem derramamento de sangue!
A fortaleza do tráfico que eles julgavam inexpugnável caiu aos pés da força solidária do Brasil do Bem. Mas com a evacuação antecipada da praça de guerra, restou aos homens do bem a tarefa de vasculhar casa a casa da enorme favela, na busca do inimigo, de armamentos e da droga causadora da guerra.
Durante a invasão ao território inimigo, ficou-se conhecendo a grande variedade de armas e de drogas apreendidas. O luxo exibido nas mansões dos chefes do trafico era impressionante. Terrível era o domínio que esses traficantes exerciam sobre seus subordinados, e dolorosa, a decisão de pais que entregaram seus filhos para a polícia, no afã de livrá-los das drogas. Emocionante, o hasteamento das bandeiras do Brasil e do estado do Rio, após a reconquista do território, a brava a atuação das forças armadas e a solidariedade da população. Parabéns! Viva o Brasil do Bem! Viva as forças que derrotaram o Brasil do Mal!
Mas... espere aí! Se houvesse derramamento de sangue, ao fim do combate, só correria sangue brasileiro por terra. Do Bem ou do Mal, era sangue pátrio, nativo, brasileiro. Portanto, muita coisa está errada, concorrendo para essa guerra estúpida entre irmãos. É muito grande o ônus que todos nós brasileiros acabamos pagando. Principalmente os cidadãos honestos das favelas. Muita coisa precisa ser revista para que não presenciemos mais vezes guerras estúpidas como esta! Seria bom que políticos sérios – e não palhaços! – começassem a pensar no Brasil com mais seriedade e patriotismo.
À medida que o tempo passava, torcia bastante para que os traficantes se entregassem, atendendo à legislação universal sobre guerras, saindo segurando os armamentos com os braços levantados sobre a cabeça, para evitar o pior. Imaginava ver, após o ataque final, fileiras ou amontoados de cadáveres vencidos após o derradeiro confronto. A possibilidade de ver brasileiros mortos ou feridos no confronto me assustava. Eu aguardava, atento, todos os acontecimentos. O olho não se desgrudava da tela. A rendição, no entanto, não aconteceu.
No dia seguinte, por volta das 8,00 horas, lembrando grandes filmes de guerra de Hollywood, o tanque da Marinha tomou posição; soldados carregando seus fuzis seguiam “para a morte”. Eram jovens como os meus filhos, e nessa hora o peito fica mais dolorido. Foram momentos de suspense, na busca da vitória sobre o inimigo (o Brasil do Mal). Entretanto, usando de toda a sua esperteza, o exército do tráfico ali instalado, não esperou e fugiu para a mata e para o labirinto da favela que tão bem conhecia, deixando ao comandante do Bem a obrigação de proclamar uma vitória “meio vazia” mas, felizmente, sem derramamento de sangue!
A fortaleza do tráfico que eles julgavam inexpugnável caiu aos pés da força solidária do Brasil do Bem. Mas com a evacuação antecipada da praça de guerra, restou aos homens do bem a tarefa de vasculhar casa a casa da enorme favela, na busca do inimigo, de armamentos e da droga causadora da guerra.
Durante a invasão ao território inimigo, ficou-se conhecendo a grande variedade de armas e de drogas apreendidas. O luxo exibido nas mansões dos chefes do trafico era impressionante. Terrível era o domínio que esses traficantes exerciam sobre seus subordinados, e dolorosa, a decisão de pais que entregaram seus filhos para a polícia, no afã de livrá-los das drogas. Emocionante, o hasteamento das bandeiras do Brasil e do estado do Rio, após a reconquista do território, a brava a atuação das forças armadas e a solidariedade da população. Parabéns! Viva o Brasil do Bem! Viva as forças que derrotaram o Brasil do Mal!
Mas... espere aí! Se houvesse derramamento de sangue, ao fim do combate, só correria sangue brasileiro por terra. Do Bem ou do Mal, era sangue pátrio, nativo, brasileiro. Portanto, muita coisa está errada, concorrendo para essa guerra estúpida entre irmãos. É muito grande o ônus que todos nós brasileiros acabamos pagando. Principalmente os cidadãos honestos das favelas. Muita coisa precisa ser revista para que não presenciemos mais vezes guerras estúpidas como esta! Seria bom que políticos sérios – e não palhaços! – começassem a pensar no Brasil com mais seriedade e patriotismo.
terça-feira, 16 de novembro de 2010
FALTOU WALNIZE NA BIENAL
Minha querida Walnize Carvalho, acredito que compromissos geográficos ou familiares tenham determinado a sua ausência nesta festa fantástica que foi a VI Bienal do Livro de Campos dos Goytacazes. Por isso, tento em breve relato passar para você o que foi o acontecimento que agitou a cidade durante dez dias. Devo informar-lhe que você não foi a única da Pedralva que esteve ausente ao espetáculo. O acadêmico Amir Barbosa, por exemplo, encontra-se na Beneficência Portuguesa onde, em breve, será operado.
Mas, vamos às notícias do evento. A Bienal deste ano foi uma festa! A começar pela criançada que no afã de aproveitar o máximo a novidade, percorria a feira fazendo alvoroço pelos corredores, mais parecendo – na busca por seus primeiros livros! – um chilrear de pássaros na hora matinal do seu alimento, ou à noitinha quando retornam em bandos. Desta vez, a boa localização e a ótima estrutura implantada que cobria as duas praças em frente à catedral, tornaram bem maior a afluência do público à feira. Para você ter uma idéia, no último dia, faltando poucas horas para o encerramento, a lotação era quase total e o público super animado.
Uma atração à parte. A estátua do soldado no centro da praça (homenagem aos pracinhas brasileiros mortos na II Guerra Mundial) normalmente ignorada pelo campista que por ela cruza diariamente na sua luta pelo ganha pão, virou atração. Por ser mais alta que o teto comum da bienal ela ganhou uma espécie de cúpula que a cobria e, conforme a iluminação, reproduzia beleza toda especial.
Você, cronista e poeta como eu, iria adorar o bate-papo desses dois mestres da crônica brasileira moderna: Luiz Fernando Veríssimo e Zuenir Ventura, que num humor refinado divertiram uma arena lotada de pessoas interessadas nas opiniões dos autores de “O analista de Bagé” e de “1968 - o ano que não acabou”. Falaram, dentre outras coisas, da amizade que os une e das suas esposas, com quem estão sempre viajando pelo Brasil.
Devo dizer que por estar dando uma atenção ao stand da Academia Pedralva, não tive oportunidade de assistir a todas as palestras que desejava. No entanto, conhecer “ao vivo e a cores” o pensamento de Cora Ronai, de Rui Castro, de Moacir Scliar e de Ivan Junqueira foi sensacional. Como sensacional foi trocar palavras com essa extraordinária mulher chamada Suzana Vargas, que fez de tudo na Bienal: mediou debates, lançou livro, e acima de tudo foi a curadora desse fantástico evento literário em terras campistas.
Houve falhas? Houve, sim. Num projeto gigantesco como esse seria impossível que uma ou outra não acontecesse: ausência de conferencista; carpetes levantando em determinados locais provocando tombos; sons e gritaria próximos ao Café Literário, tirando um pouco o brilho da palestra, por exemplo... Nada, no entanto, que impedisse que o evento ganhasse o entusiasmo e o aplauso da população. De parabéns, portanto, os seus organizadores
Mas, vamos às notícias do evento. A Bienal deste ano foi uma festa! A começar pela criançada que no afã de aproveitar o máximo a novidade, percorria a feira fazendo alvoroço pelos corredores, mais parecendo – na busca por seus primeiros livros! – um chilrear de pássaros na hora matinal do seu alimento, ou à noitinha quando retornam em bandos. Desta vez, a boa localização e a ótima estrutura implantada que cobria as duas praças em frente à catedral, tornaram bem maior a afluência do público à feira. Para você ter uma idéia, no último dia, faltando poucas horas para o encerramento, a lotação era quase total e o público super animado.
Uma atração à parte. A estátua do soldado no centro da praça (homenagem aos pracinhas brasileiros mortos na II Guerra Mundial) normalmente ignorada pelo campista que por ela cruza diariamente na sua luta pelo ganha pão, virou atração. Por ser mais alta que o teto comum da bienal ela ganhou uma espécie de cúpula que a cobria e, conforme a iluminação, reproduzia beleza toda especial.
Você, cronista e poeta como eu, iria adorar o bate-papo desses dois mestres da crônica brasileira moderna: Luiz Fernando Veríssimo e Zuenir Ventura, que num humor refinado divertiram uma arena lotada de pessoas interessadas nas opiniões dos autores de “O analista de Bagé” e de “1968 - o ano que não acabou”. Falaram, dentre outras coisas, da amizade que os une e das suas esposas, com quem estão sempre viajando pelo Brasil.
Devo dizer que por estar dando uma atenção ao stand da Academia Pedralva, não tive oportunidade de assistir a todas as palestras que desejava. No entanto, conhecer “ao vivo e a cores” o pensamento de Cora Ronai, de Rui Castro, de Moacir Scliar e de Ivan Junqueira foi sensacional. Como sensacional foi trocar palavras com essa extraordinária mulher chamada Suzana Vargas, que fez de tudo na Bienal: mediou debates, lançou livro, e acima de tudo foi a curadora desse fantástico evento literário em terras campistas.
Houve falhas? Houve, sim. Num projeto gigantesco como esse seria impossível que uma ou outra não acontecesse: ausência de conferencista; carpetes levantando em determinados locais provocando tombos; sons e gritaria próximos ao Café Literário, tirando um pouco o brilho da palestra, por exemplo... Nada, no entanto, que impedisse que o evento ganhasse o entusiasmo e o aplauso da população. De parabéns, portanto, os seus organizadores
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