"Ao fim das crônicas conheça os poemas do autor"

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domingo, 8 de setembro de 2013

OUTRAS IMPORTAÇÕES

 Todos nós sabemos que o brasileiro gosta de ter boa vida. Isso, aliado a falta de estrutura do setor nos lugares mais distantes deste país, levou profissionais da área médica a rejeitar as propostas do governo para atuarem no interior. Aí, para limpar a barra, suja desde a copa das confederações, quando veio à tona a diferença entre o luxo dos novos estádios de futebol e os arremedos de hospitais e postos médicos caindo os pedaços no interior do país, sem a mínima estrutura para atender pacientes, os “cérebros” do governo acharam que o problema estaria solucionado com a importação de médicos, a maior parte, de Cuba. Quem assiste pela TV as necessidades do setor nas áreas mais carentes, constata que a solução não está apenas em suprir a falta de médicos, sejam eles brasileiros ou estrangeiros. Acredito que, instalações adequadas, equipamentos modernos, remédios, além de uma boa dose de dedicação e de humildade por parte dos profissionais (coisas implícitas nos juramentos dos formandos), bastariam para que inexistisse, ou fosse bem menor o problema com os médicos brasileiros que, atualmente, resistem a essa convocação. Os nossos formandos que, em geral, optam por atuar nas grandes cidades, muitas vezes desistem do sonho do curso, por outra atividade: dão aulas, assumem a direção de negócios da família, evitando assim se arriscar à vergonhosa ciranda dos que acumulam 3, 4, às vezes até mais empregos, em busca da boa vida... pois, não é fácil atender a tantos compromissos esquecendo,  agindo sem escrúpulos, muitas vezes entrando em jogadas, esquemas sujos  (coisa tão banal no país, nos dias atuais!),  avessos ao sofrimento daqueles que buscam socorro médico e tantas vezes morrem pelo não atendimento...
         Há os que culpam a falta de seriedade dos brasileiros aos degredados portugueses que, na época dos descobrimentos, eram enviados à Colonia para cumprimento de pena. Mas, será que passados todos esses séculos, não houve nenhuma depuração nessas índoles? Brasília, por exemplo, tornou-se um modelo de pouca vergonha. No entanto, seria injusto não assinalar que nos canais TV Câmara, TV Senado e TV Justiça, a gente descobre que no meio do flagelo da corrupção do péssimo exemplo dado por homens públicos, há sempre bons elementos dispostos a lutar pela Pátria. Alguns políticos tradicionais que se juntam outros, jovens e inflamados, no judiciário há quem queira trabalhar com lisura, dando exemplos de seriedade, igualando todos no cumprimento da Lei. 
         Infelizmente, nós temos o hábito de copiar de outras nações apenas o fácil, o fútil, o que não dá trabalho e rende bom dinheiro. No entanto, há tanta  coisa importante que poderíamos “importar” de outros povos, e que contribuiria para transformar o Brasil, numa moderna Nação. A política séria! Por exemplo, o socialismo da Suécia, onde os político não são tratados com as regalias com que são tratados os brasileiros; o bipartidarismo de tantas grandes nações; o sistema penitenciário e as leis dos Estados Unidos cumpridas rigorosamente; a seriedade, do Japão ou da Suíça no trato com a coisa pública, praticado em países de mínimas áreas geográficas. Até mesmo leis rigorosas de alguns países árabes já davam para ser “importadas”, para combater a bagunça da nossa lei onde só é beneficiado quem possui dinheiro...
         Raras nações do mundo podem competir em tamanho e riquezas minerais ou agrícolas que a mãe Natureza e os portugueses nos contemplaram. Riquezas em profusão, espaços que poderia acomodar famílias com dignidade, sem precisar ferir as poucas matas que restam nos grandes centros. Com honestidade, planejamento, sem “toma lá, dá cá”, nem “é dando que se recebe”, nem tantas mazelas que atacam como vírus feroz os homens públicos do Brasil, poderíamos resolver os nossos problemas utilizando nossos próprios cidadãos além de transformarmos enfim este país numa grande Nação.

sábado, 20 de julho de 2013

O ESCRITOR



Mais uma vez, aqui estou eu selecionado na categoria de escritor campista, na homenagem que o CCAG presta à classe, na noite de 19 de julho. Mas, seria Escritor um cronista que de vez em quando acorda fazendo poesia? Ou tem, ainda, engavetados textos de teatro? Ou escreveu livros e organizou a antologia da Academia Pedralva, de onde é acadêmico? Não sei... Mas, como adquiri este hábito de passar sentimentos para o papel, seja em que formato for, e, já com 6 livros escritos e 2 em preparação, o que na realidade eu sinto é uma grande satisfação em poder expressar esta dádiva que Deus me deu,
Porém, não custa nada questionar:
Se você, quando pequenino, ouviu da sua mãe histórias que costumavam levá-lo ao sono mas que, aos poucos, a sua mente infantil transformava em sonhos....
Se, mais tarde, na alfabetização, você conheceu a magia da leitura e, com ela, a curiosidade pelos primeiros textos que, apesar de singelos, mexeram com o seu inconsciente...
Se, com a adolescência, o seu coração bateu mais forte por uma vizinha, uma colega de escola, ou mesmo uma amiga da sua irmã que um dia esteve em sua casa, e você não conseguia tirar aquela imagem da sua cabeça...
Se, depois, no colégio o professor de português lhe pedia para falar sobre determinado tema e a sua dissertação acabava elogiada pelas construções que você costumava empregar no texto...
Se, um livro que marcou, um poema que tocou fundo o seu coração, uma peça teatral que lhe arrebatou, um artigo jornalístico que você por empolgação, leu e releu tantas vezes, mexendo com seus sentimentos de cidadão...
Se, na morte do seu pai, da sua mãe, no seu casamento, ou no nascimento dos seus filhos, meditando sobre o inevitável CICLO DA VIDA, você escreveu textos e poemas tocantes que causaram admiração dos que leram...
Se, nas suas noites de angústias, na sua solidão, quando você tantas vezes recorreu a DEUS, e rezou uma prece que um dia ouviu ou leu e que nos seus momentos de sufoco a ela recorreu, como remédio, um bálsamo para a alma...
Se, você já passou, ou passa por tudo isso, meu caro, acredite: são momentos como esses que fazem de alguém um poeta, um cronista, um escritor. E, é esse ESCRITOR que, ao transpor para o papel o seu sentimento, vai construindo as suas criações, que manipula, dá vida e sentimento, transferindo-lhes sempre um pouco daquilo que já viveu...
Via de regra, cada autor tem a sua característica, a sua  marca, ou seja: a maneira como escreve o seu texto. Com sutileza, graça, malícia, erotismo, amor, retórica, crença no que está dizendo, e tudo o mais que, com o seu estilo peculiar, vai torná-lo conhecido como ESCRITOR.

terça-feira, 9 de julho de 2013

O MEU MINISTÉRIO

Não é preciso, apenas, apontar erros. Necessário se faz também apresentar sugestões. Por isso, descrevo aqui como queria o meu ministério, já que o atual se apresenta como um dos pontos causadores da crise governamental. Aliás, tudo no governo soa falso, parece brincadeira. As chefes dos ministérios reunidas, com o devido respeito, parecem mais festa de debutantes de antigamente, clube da Luluzinha ou deslumbradas que muito tagarelam, mas pouco sabem das suas atribuições.
Bom... mas deixa eu falar do “meu ministério” que, não precisaria de mais que 15 pastas, certamente.  É claro que Educação, Saúde, Transportes e Segurança, não poderiam faltar. Estes itens, que desde muito tempo são temas de discursos inflamados de políticos, com promessas que muitas vezes chegam a convencer os mais incautos, mas que, regra geral, são esquecidas tão logo o candidato assume o seu mandato.
Tempos atrás, eu achei que haviam descoberto o “x” da questão, a solução dos nossos problemas, quando criaram o Ministério do Planejamento. Eu assim pensava: “não necessitamos de mais nada, pois já temos um lugar onde pessoas sensatas e de caráter possam buscar a solução dos problemas brasileiros”. Enganei-me. Vocês já imaginaram como estaríamos agora (nós, povo amante do futebol!) se, após a euforia da escolha da Copa no Brasil, os planejadores brasileiros entrassem em ação vendo os prós e os contras, levando em conta nossos problemas básicos e as disponibilidades financeiras do país para a construção de monumentos faraônicos?
- Ah, mas aí a competência não é do Ministério do Planejamento. É do Ministério dos Esportes...
- E, por quê existe o Ministério dos Esportes?! Para agradar Pelé, Havelange, Plater, Ronaldinho??? Esse ministério, juntamente com o da Cultura, poderiam ser partes do MISTÉRIO DA EDUCAÇÃO!...
Continuando. Uma coisa, certamente, eu desdobraria. O atual Ministério da Defesa. (E, olha que em 1968 eu fui para as ruas contra os militares). Penso que, como está, Exército, Marinha e Aeronáutica não correspondem às suas finalidades básicas. Com status de ministério, nossas forças armadas seriam muito mais eficientes no combate ao problema crucial do tráfico de drogas, na vigilância das nossas fronteiras e na defesa da Pátria, quando necessário.
O Ministério das Cidades e outros, que a gente fica imaginando para que servem – além de beneficiar partidários, parentes e amigos dos companheiros! – seriam extintos, ajudando o governo a solucionar problemas mais prementes como o reajuste dos benefícios dos aposentados que com o achatamento das suas aposentadorias e pensões ano após ano, mal sobra dinheiro para os seus remédios vitais. É uma situação lamentável a que vive os idosos no Brasil, já que estão sempre precisando de um serviço médico, e, com o que contamos, como é que fica?
De uma coisa eu garanto que não abriria mão: da criação do ministério da SERIEDADE e da COMPETÊNCIA. Talvez alguns questionassem, porque, normalmente, há sempre uma fila de “afilhados” aguardando a sua “boquinha”, para “mamar nas tetas do governo”, mesmo que, nem sempre, tenha afinidade com o cargo que venha ocupar. Por outro lado, quem conhece a desorganização dos nossos empreendimentos públicos, já está cansado dos seus desmandos. São financiamento milionário para filme inacabado; rodovias que não são concluídas; pontes que se tornaram monumentos à falta de seriedade com o dinheiro público; porto largado no meio do caminho com milhões enterrados; e, transposição de um rio que, “no andar da carruagem”, empacou e jamais solucionará o problema da seca no Nordeste. Tudo gerando prejuízos incalculáveis para os cofres públicos. Mesmo assim, depois de tantos fracassos e prejuízos, chegamos à constatação que, certos da Impunidade, muitos continuam brincando com o dinheiro público – o nosso precioso dinheiro público para o qual eu e você contribuímos – que tanta falta faz na Educação e na Segurança, por exemplo.
Mas, pensarão alguns: “o que significam esses detalhes para um país tão rico e abençoado por Deus (como o nosso!) onde o governo faz tudo para que ao povo nunca faltem o “pão e o circo”, hoje representados por bolsa “isso”, bolsa “aquilo” e por construções monumentais, onde ao pobre, ironicamente, não é dado o direito de assistir a sua diversão predileta, em razão do elevado preço dos ingressos... Como diria o Boris, “isto é uma vergonha!”
Até o surgimento das atuais manifestações políticas, encabeçadas pelos jovens das redes sociais, sinceramente, eu não acreditava que houvesse mais uma solução para o Brasil, tamanha a bandalheira aqui está implantada e o aparente desinteresse da juventude pelos problemas nacionais. Puro engano, graças ao bom Deus!

quarta-feira, 3 de julho de 2013

O CIDADÃO E A FARSA DO PODER


O governo está brincando... Enquanto o povo na rua protesta, exigindo coisas imediatas e essenciais, existentes em qualquer país, como a boa educação pública (onde o filho da empregada possa estudar ao lado do filho dos patrões); saúde “padrão FIFA”, para acabar de vez com a tragédia dos hospitais públicos, onde pacientes morrem na porta, antes de serem atendidos por falta de vagas ou de equipamentos básicos para o exercício de uma boa medicina; sistema de transportes que dê melhores condições financeiras e de segurança aos motoristas de caminhões, que hoje se encontram nas estradas, reivindicando melhorias; segurança pública, para tranquilizar a família brasileira que a todo dia, vê seus filhos, - que estudam ou que já se formaram - serem executados por criminosos que matam como se estivessem brincando; e menores ou ex-menores, que um dia já foram “aviões” do crime, beneficiados por uma lei ultrapassada, que o governo insiste em ignorar. Governo que, ao invés de atacar com pressa problemas necessários e imediatos que toda a população clama por soluções, e outros tão graves quanto aqueles, como a exagerada corrupção, os desvios do dinheiro público, as cadeias entulhadas de presos como “sardinha em lata” - uma vergonha nacional! A despeito de tudo isso, o governo, travestido de imperador romano, toca sua harpa alucinada e se extasia diante dos colossos por ele criados, a custa de gastos astronômicos, ignorando os clamores do povo.  Depois que os jovens das redes sociais levaram multidões à rua para protestar, dá para se notar a reação dos representantes do povo, em razão da pressa com que deputados e senadores desengavetam projetos guardados por muitos meses e anos e, que, por algum motivo escuso, só agora chegam ao consenso e à resolução...
Enquanto isso, feito o mais snob dos intelectuais que busca sempre utilizar-se de palavras eruditas para mostrar a sua pretensa sabedoria, (modo com que procura iludir pacatos ouvintes ou leitores), o Governo “tira onda” de bom moço e oferece ao povo um PLEBISCITO. Sim, plebiscito, coisa com seria certamente beneficiado, pois teria como certos preciosos meses para urdir novos planos, para engabelar seus clientes fiéis: aqueles que nem querem mais trabalhar, por causa do “bolsa isso”, “bolsa aquilo”  (até porque, na prisão, além dos Direitos Humanos, ele terá a sua ótima “bolsa detenção” garantida!).  Por isso, é permitido aos baderneiros que se infiltrem nas passeatas, fazendo quebradeiras, que nada tem a ver com o movimento. A farsa que querem nos impor, e até agora não conseguiram, seria demonstrar que o movimento surgido na Internet era o responsável pela baderna. Felizmente, deputados e senadores acordaram e estão bradando do alto da tribuna, em favor do povo brasileiro. Alguns velhos patriotas de outros combates. Muitos, de olho nos eleitores, visando as próximas eleições. Outros, com bem menos idade já conhecemos a sua luta como representantes do povo . Isto leva-nos a crer que ainda resta uma luz no fim do túnel, a despeito de eles catequizar-nos como se fossem os salvadores da Pátria. Só se for a “pátria de chuteiras”, como muitos consideram o país, onde qualquer um pode ser tratado como HERÓI, como alguns locutores muito bem pagos, enchem a boca para chamar; muito embora, alguns desses “heróis” na sua vida privada, deixem muito a desejar... HERÓI, é quem dá o seu sangue lutando pela Pátria... Pelo menos, foi esse o conceito que aprendi em no grupo escolar, com TIRADENTES, como símbolo maior!
O ruim de tudo isso é que, como diz o ditado,  “O exemplo vem de cima!” E, pelo país afora, ficamos sabendo que em menor escala, muitos políticos se locupletam dos seus mandatos, e brincam com o dinheiro público como se fosse propriedade sua, da sua família e da de seus amigos, travestidos de bons moços, de pastores e de tudo o mais que possa disfarçar a roubalheira... Mas, eu tenho fé que a luz no final do túnel que chegou com a garotada da Internet, não se apague tão cedo, para o benefício nosso, da Democracia e do BRASIL!

terça-feira, 18 de junho de 2013

A VOZ DO POVO


Seria omissão da minha parte eu não emitir uma opinião sobre o momento em que estamos vivendo. Como “blogueiro” mas, acima de tudo  como cidadão brasileiro, devo dizer que me surpreendi, não com a razão do protesto, mas com a mobilidade dos internautas que se uniram através da rede, e levou o povo à rua. Isso foi algo positivo, mostrando que a Internet não está aí apenas para cultivar futilidades, mas serve também, em determinados momentos, para levar a população a se manifestar.
Sabemos que a Democracia é o governo do povo. Quando o povo fica esquecido, em benefício de minorias, mais cedo ou mais tarde, a revolta eclodirá. Nos anos sessenta, a falta dela no Brasil, fez com que o povo fosse à rua, lutasse, e derrubasse o regime ditatorial. Hoje, a história se repete. Não, com os militares no poder. Mas, sob o comando de gente que lutou pela Democracia.
Alguns itens essenciais a qualquer governo são muito lembrados durante as eleições: Educação, Emprego, Moradia, Saúde, Segurança... No entanto, depois de eleitos, parecem que os políticos entram numa longa crise de amnésia. Esses itens citados são suficientes para mostrar o sofrimento atual do brasileiro. Basta assistirmos aos atuais jornais televisivos.  Acrescentem-se a eles, os benefícios a parentes e amigos dos governantes, a má aplicação de verbas em obras publica, a corrupção... Mas, quando arguidas, as autoridades não aceitam conversa. Para elas, está tudo certo. Está tudo bem. Será?! A fortuna que estão gastando para a tal Copa das Confederações, contrasta com a péssima situação das escolas, dos hospitais, das estradas, acima de tudo, a segurança, não apenas no Rio e em São Paulo, mas no país inteiro. Crimes bárbaros estão diariamente nas manchetes. Em geral, praticados por menores que, beneficiados por leis omissas que parlamentares não demonstram interesse em modificar, se tornaram os juízes das ruas, matando quem acha que deve morrer.
Está difícil. Parece que a alienação é geral e o governo se beneficia disso. Estádios são preparados para que a juventude desafinada moral e pedagogicamente se divirta, embalada pelo tchan ou pelo tchu... o resto que se dane! Por isso mesmo, deve ter causado surpresa a sonora vaia na presidente, ao lado do presidente da FIFA, na abertura do torneio... Mas, o povo não suporta mais tanto descaso. E, as pessoas colhem o que plantam, não é verdade?... Pena que não tenhamos hoje, como tema musical do movimento, o Chico, o Vandré, o Milton (“Apesar de você”,  “Caminhando e cantando”, “Coração de Estudante”, “Pode ser a gota d’água”)... Lula e Dilma iriam se emocionar, lembrando os velhos tempos...

segunda-feira, 10 de junho de 2013

LEMBRANDO O POETA


O poeta Antonio Roberto Fernandes foi uma pessoa admirável. Nascido na cidade de São Fidélis, município fluminense vizinho de Campos, alfabetizado muito cedo, muito cedo começou a fazer poesia, familiarizado que estava com a leitura dos clássicos da poesia brasileira. As grandes famílias brasileiras de antigamente tinham que ter um médico entre os seus filhos. Na de Antonio Roberto, ele fora o escolhido. Com um pouco de sacrifício de todos, lá estava ele na Faculdade de Medicina de Campos, mexendo com autópsias, operações, aprendendo como tratar fisicamente dos mais diferentes órgãos do corpo humano, inclusive o coração. Mas, o poeta não tinha muita habilidade com a profissão. Para ele era difícil lidar com diagnósticos, estetoscópio, doenças, consultas ou técnicas para cuidar de órgãos humanos, incluindo aí o coração. Sua habilidade com esse órgão vital do ser humano, principalmente o feminino, ele aprendera a tratar desde muito cedo de outra forma. O seu tratamento exigia galanteios, atenções, flores e versos. Isso, o fazia uma pessoa extremamente humana no tratamento dos seus semelhantes. Por essa razão, ele, após conclusão do seu curso, renunciou a Medicina e, passando num concurso para o Banco do Brasil, desenvolveu sua vida profissional, constituiu família e educou seus três filhos.
Antonio Roberto não possuía curso de letras, mas sabia, como ninguém, tudo sobre literatura brasileira. E, o mais importante, partilhava o seu conhecimento com qualquer um que o buscasse para esclarecer uma dúvida ou uma prosear sobre assunto literário. Eu, que em Campos fui seu colega no BB, aos poucos fui conhecendo melhor o poeta. Primeiro, participando dos lançamentos dos seus livros. Depois, participando de um curso de literatura por ele criado no Palácio da Cultura, onde era Diretor da Biblioteca. A partir do ano 2000, ele passou a comandar, no palácio, a sua criação maior, o “Café Literário”, onde, durante oito anos, doou o melhor de si, numa grande festa em que intercalava declamações de poesia com música, folclore, dança, e convidados importantes da literatura brasileira. Em determinado momento das duas horas que durava o café, ele costumava dizer, após a leitura de um vibrante texto poético: “Eu não tenho inveja de nada de nada nesta vida, a não ser de alguém que escreveu um texto como esse!...” Um grande homem e poeta que, entre as inúmeras atrações, apresentadas no seu Café Literário, nos presenteou com uma grande mulher e poetisa: LYSA CASTRO.

Obs: o texto acima faz parte de um livro sobre a poetisa Lisa Castro, em preparação.