O
poeta Antonio Roberto Fernandes foi uma pessoa admirável. Nascido na
cidade de São Fidélis, município fluminense vizinho de Campos,
alfabetizado muito cedo, muito cedo começou a fazer poesia,
familiarizado que estava com a leitura dos clássicos da poesia
brasileira. As grandes famílias brasileiras de antigamente tinham
que ter um médico entre os seus filhos. Na de Antonio Roberto, ele
fora o escolhido. Com um pouco de sacrifício de todos, lá estava
ele na Faculdade de Medicina de Campos, mexendo com autópsias,
operações, aprendendo como tratar fisicamente dos mais diferentes
órgãos do corpo humano, inclusive o coração. Mas, o poeta não
tinha muita habilidade com a profissão. Para ele era difícil lidar
com diagnósticos, estetoscópio, doenças, consultas ou técnicas
para cuidar de órgãos humanos, incluindo aí o coração. Sua
habilidade com esse órgão vital do ser humano, principalmente o
feminino, ele aprendera a tratar desde muito cedo de outra forma. O
seu tratamento exigia galanteios, atenções, flores e versos. Isso,
o fazia uma pessoa extremamente humana no tratamento dos seus
semelhantes. Por essa razão, ele, após conclusão do seu curso,
renunciou a Medicina e, passando num concurso para o Banco do Brasil,
desenvolveu sua vida profissional, constituiu família e educou seus
três filhos.
Antonio
Roberto não possuía curso de letras, mas sabia, como ninguém, tudo
sobre literatura brasileira. E, o mais importante, partilhava o seu
conhecimento com qualquer um que o buscasse para esclarecer uma
dúvida ou uma prosear sobre assunto literário. Eu, que em Campos
fui seu colega no BB, aos poucos fui conhecendo melhor o poeta.
Primeiro, participando dos lançamentos dos seus livros. Depois,
participando de um curso de literatura por ele criado no Palácio da
Cultura, onde era Diretor da Biblioteca. A partir do ano 2000, ele
passou a comandar, no palácio, a sua criação maior, o “Café
Literário”, onde, durante oito anos, doou o melhor de si, numa
grande festa em que intercalava declamações de poesia com música,
folclore, dança, e convidados importantes da literatura brasileira.
Em determinado momento das duas horas que durava o café, ele
costumava dizer, após a leitura de um vibrante texto poético: “Eu
não tenho inveja de nada de nada nesta vida, a não ser de alguém
que escreveu um texto como esse!...” Um grande homem e poeta que,
entre as inúmeras atrações, apresentadas no seu Café Literário,
nos presenteou com uma grande mulher e poetisa: LYSA CASTRO.
Obs:
o texto acima faz parte de um livro sobre a poetisa Lisa Castro, em
preparação.
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