"Ao fim das crônicas conheça os poemas do autor"

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quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Cida Cidinha Aparecida, na Praia do Farol

A peça "CIDA, CIDINHA, APARECIDA", escrita por José Gurgel dos Santos e dirigida por Fernando Rossi, será apresentada na Tenda Cultural da praia do Farol (Campos RJ) no dia 16/01/2013 às 20:00 HS.


“LA DOLCE VITA” E A ACADEMIA DE SHEILA CARVALHO


Um dia desses, ao sair à rua e andar em direção à Pelinca, levei um baita mas agradável susto que me trouxe à memória um filme do diretor italiano Federico Fellini. Esse fantástico diretor, na sua obra-prima “La Dolce Vita” (onde retratou a burguesia italiana dos anos 60 de maneira magistral), mostra a certa altura a beleza esplendorosa de Anita Ekberg, uma bela miss Suécia que se tornara estrela de Hollywood. Fellini, misturando ficção com realidade, introduz Anita no seu filme, fazendo com ela um incrível alvoroço pela cidade de Roma. Vão a boates, aos pontos turísticos, incluindo um sensual banho tomado pela estrela na Fontana di Trevi, e um enorme out door em que ela faz propaganda de determinada marca de leite.
Essa ousada propaganda aconselhava a população a beber mais leite, onde o ponto central da campanha se detinha primordialmente no generoso decote da atriz, que deixava os homens alucinados com a sua pose sensual, onde os seios fartos e belos tomavam quase todo out dor. Estrategicamente, à frente dos famosos seios (àquela altura só comparados aos de Jayne Mansfield e de Sofia Loren) um grande copo de leite, principal motivo da campanha, era um mero coadjuvante... os lábios sensuais da atriz pareciam dizer “Beba mais Leite, que Leite faz bem...” conforme ensinava um jingle que era tocado no filme. O certo é que, no enredo do filme, um cidadão romano enlouquece com o out door tão insinuante, a ponto de ter sonhos sensuais com a atriz e sua enorme propaganda indo, no auge do seu delírio, parar entre aqueles fartos e  maravilhosos seios, quase se afogando, no seu fantástico delírio.
Naqueles anos tão marcantes para as artes, em que o entretenimento era dominado pelo cinema americano, os atributos físicos mais admirados da mulher eram os seios. Daí, o enlouquecimento do cidadão romano no referido filme. Depois o Brasil, através do samba e da praia veio glorificar o bumbum feminino. Mais, ainda, quando a loura e a morena do “É o Tchan”, resolveram explorá-lo em todas as dimensões e em todos os ritmos. Viraram mania e unanimidades nacionais.
No início da surpresa causado por um sensual out door colocado à frente de uma academia de musculação, com a nossa fabulosa morena Sheila Carvalho. Ela ali estava em tamanho natural revelando sensualidade em tudo: eram os seus belos e profundos olhos verdes; seus lábios sensuais, provocativos, como a convidar: “faça musculação, musculação faz bem”...; e um corpo de deixar alucinado qualquer mortal que ficasse mais tempo a admirar aquele monumento de pernas esculturais e aveludadas. Se Fellini filmasse hoje La Dolce Vita, e se conhecesse a sensualidade do out dor da academia de Sheyla Carvalho, acho que ele pensaria duas vezes em quem escolheria para simbolizar melhor a sedução no seu filme.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

O BANCO DO BRASIL E A VISÃO DE FELIPÃO

Se há uma instituição que merece respeito, por tudo que já representou na história do país, ela se chama Banco do Brasil. É verdade que os tempos são outros: tempo de desvalorização do construído com seriedade, com sangue, suor e lágrimas. Essa foi a saga do Banco do Brasil durante muitas décadas, desde a sua fundação, no tempo do império. Ao longo dos anos houve privilégios para seus funcionários? Sim, houve. Mas, como não se oferecer vantagens a funcionários que iriam entrar para um regime especial, misto de militar, sacerdócio e vastos conhecimentos.

Confesso que sempre tive grande admiração por esta casa que durante muitos anos foi tão desejada pelos jovens de todo o país (a princípio, apenas os do sexo masculino; só muitos anos depois ele passaria a admitir mulheres nos seus quadros) Cheguei mesmo a prestar um exame para os seus quadros quando ainda era adolescente, sem obter sucesso, tal o índice de dificuldade nas suas provas. Entrar para o BB era uma aventura. E, ela se concretizava ao ser o novo funcionário geralmente designado para os lugares mais inóspitos do pais. Era comum a gente perguntar a qualquer funcionário onde fora a sua posse, e recebermos as mais estranhas respostas: sul do Pará, Rondônia, sertão da Bahia, Rio Grande do Sul. Como num regime militar, o jovem, ao entrar, tomava conhecimento da rigidez das leis da casa, da sua seriedade, bem distante da família, da namorada, dos amigos... Era uma missão de bandeirantes, onde o novo funcionário do BB desbravaria matas, conheceria a realidade da região seca, ou aportaria em regiões muito distantes, muitas vezes limítrofes a outros países sul-americanos, porque esta era a sua função: assumir onde uma agência nova tivesse sido implantada ou onde houvesse carência de funcionários. E, com o ímpeto característico da juventude, lá ia o novo funci do BB de peito estufado, enfrentar a luta, de avião, navio ou por terra, enfrentando estradas precárias porque, tão valioso quanto vencer um vestibular para medicina, engenharia ou direito, (até alguns anos atrás) era passar num concurso para o Banco do Brasil...

Muitos anos depois, mais precisamente com 35 anos de idade, tentei outro exame para o BB. Dessa vez, passei. Vibrei. Mas a época era outra, com política financeira bem desfavorável às nossas instituições. Mesmo assim, assumi o emprego tão almejado na juventude. Entretanto, já não fui bandeirante, nem gozei de muitas vantagens outrora oferecidas, até porque diante das inúmeras transformações que aconteciam, o próprio banco chegou a ser ameaçado de alienação...

Há pouco tempo, o novo técnico da seleção brasileira de futebol, foi deveras infeliz ao tentar diminuir o brilho de uma casa tão importante para o país. Sempre ouvi dizer que quando "a boca fala é porque o coração está cheio" Daí, eu chegar à seguinte conclusão: o senhor Felipão (que infelizmente muito contribuiu para o rebaixamento da equipe do Palmeiras para o Campeonato Brasileiro do ano que vem) deve, na sua juventude, ter tentado sem êxito passar num concurso para o BB. Ou, então, a sua declaração infeliz faz parte da bagunça generalizada que se abateu sobre o nosso país, onde a filosofia do BBB, por exemplo, vale bem mais do que uma casa de tradição e honradez que sempre foi o nosso Banco do Brasil.

domingo, 2 de dezembro de 2012

EU SOU DO TEMPO...

Além das novidades que a Internet cria para facilitar as comunicações entre os seus usuários (algumas delas bastante sofisticadas), os próprios usuários também inserindo novidades, participando, debatendo, trazendo temas para análises ou recordações: uma comunicação bastante participativa, mesmo sem a presença física do interlocutor. E, quem tem uma idade mais avançada, como eu, costuma ser beneficiado com os temas em questão. Além das críticas ao governo pelos desgovernos que estamos assistindo desde algum tempo, a parte musical, por exemplo, está sempre em evidência, e, é sempre bom receber, de repente, vídeos que alguém nos envia, de apresentações de Beattles, dos franceses Charles Aznavour ou Edith Piaf que, juntamente com os italianos, se tornaram raros na nossa mídia.
               “Eu sou do tempo...”, é uma dessas invenções. A pessoa descreve como foi o seu tempo de maneira lírica ou humorística.  O poeta Antonio Roberto introduziu no Café Literário um longo e irônico poema com esse título, causando admiração e riso entre os de mais idade.  Entre tantas coisas, lembro-me de que o autor falava da brilhantina Glostora, do Leite de Rosas, do Polvilho Granado, das camisas Ban-Lon, das calças de Nycron (que não amassam!), da colônia Avon, do rádio e da vitrola portáteis, da cerveja Brahma, do Rum Montila... Muitos dos tais produtos resistem ao tempo, outros porém, acabaram por ser substituídos por produtos mais modernos, saindo de cena... Lembro-me bem de que na minha mocidade usei praticamente todos aqueles que o autor relembrava na poesia. Principalmente para encontrar com a namorada; levá-la ao cinema, ou para encontrar amigos para jogar sinuca.
               No Rio, já mais “escolado”, continuei a usá-los para ir ao cinema, ao teatro, ou ao encontro de alguma paquera, em qualquer lugar da cidade e, sem nenhuma preocupação com o retorno para casa, fosse a que hora fosse... E, como era gostoso saltar do ônibus, a brisa fresca soprando no rosto, como num antigo sucesso musical, que dizia: “Rio de Janeiro, gosto de você...”, e caminhar tranquilamente rumo à casa, sem preocupação de chegar vivo, ileso, sem ter sido assaltado, nem ter tido o ônibus incendiado.
               Afinal, “Eu sou do tempo...”, melhor dizendo: “Eu vivi um tempo...” de paz e de tranquilidade, numa cidade maravilhosa, sob todos os aspectos...

sábado, 24 de novembro de 2012

QUEM VIU... VIU!

 Para mim, foi uma longa maratona encerrada ontem à noite no teatro do SESC de Campos dos Goytacazes. Na verdade, uma maratona desigual, onde nós (autor, diretor, atores, iluminadores, etc) que montamos “Cida, Cidinha, Aparecida” competíamos com outros espetáculos locais e, principalmente, com a 7ª. Bienal de Campos: Elba Ramalho era a atração.
           Sem querer “puxar a brasa para a minha sardinha”, devo dizer que tinha consciência de que o meu texto (escrito numa das minhas inúmeras rodoviárias ao Nordeste) tinha agradado, a magistral interpretação de Pryscilla Gomes para aquela bela nordestina envolvida com político desonesto (seria pleonasmo?) Até a sua chegada a São Paulo onde é acolhida por um irmão que lá mora há alguns anos, onde ganha dinheiro como cabelereiro.
           A direção irretocável de Fernando Rossi resultou nessa bela montagem. Utilizando-se de parcos recursos, além da boa marcação da atriz em cena, ele optou por trazer para o espetáculo a excelente cantora Maria Fernanda acompanhada pelo violonista Sebastião, que deram um suporte maior ao texto falado, além de terem a oportunidade de nos presentearem com clássicos do cancioneiro do Nordeste.
           Com estacionamento cada vez mais complicado, tomei um susto ao notar que faltando 10 minutos para as 20,00hs. não havia chegado ninguém. Seria uma frustração total. Mas, aos poucos, eles foram aparecendo, reclamando da longa distância do estacionamento dos seus veículos. Chegando... Chegando... o início atrasou meia hora mas, quando o sinal soou 3 vezes tínhamos, pelo menos 30 expectadores-amigos ou amigos-expectadores, valendo cada um por 10, tal a amizade, o talento e o amor de cada um pelas coisas aqui produzidas.
           Quem viu... Viu! Um senhor espetáculo! Produzido com recursos modestos, por gente da cidade. Alguém poderia dizer ao notar o auditório um tanto vazio: “Campos não tem tradição em Teatro...” – NÃO É VERDADE! Pode até ser que o ato criminoso que foi a demolição do magnífico Teatro Trianon, onde até os anos 50 ao lado das grandes companhias também pontuavam grupos campistas com textos de Gastão Machado, por exemplo, tenham construído esta idéia... Naquela época os autores e intérpretes locais esbanjavam talento nos palcos campistas. Hoje em dia, com a divulgação feita pela televisão, qualquer garoto ou garota, muitas vezes com textos(?) duvidosos, e repetindo chavões televisivos, levam montanhas de dinheiro nosso, dinheiro que bem poderia ser melhor aproveitado na reconstrução de um respeitável teatro campista.