"Ao fim das crônicas conheça os poemas do autor"

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sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

NO BRASIL, TODO MUNDO TÁ FELIZ!

Pelos meus filhos e neto... pelos filhos e netos de todo brasileiro, da grande cidade ao rincão mais distante... não posso me omitir!

Especialmente porque estamos na véspera do Natal, festa máxima da cristandade, época em que costumam estar mais presente entre os homens os sentimentos de Fraternidade, Amor, Paz, Saúde, Tranquilidade, Harmonia e Felicidade – sentimentos estes que elevam a auto estima de cada um mas que, nos dias atuais, encontram-se difíceis de ser encontrados em qualquer parte do nosso conturbado planeta.  

Estamos assistindo, através dos meios de comunicação, a uma crise financeira mundial sem precedentes em que os países ricos (Estados Unidos e Europa) se esforçam na busca de uma solução e “desovam montanhas de euros e dólares” das suas reservas, na ajuda aos seus pares. O Brasil aparentemente confortável em relação à crise financeira vive, porém, uma crise moral sem precedentes. Como se um grande tumor que tivesse sido lancetado, Brasília cheira a podridão com seus escândalos que vêm à tona diariamente...

Ministros e outras figuras influentes do governo caem como se fossem um gigantesco dominó da corrupção. E, ainda, certos da impunidade que obterá junto aos seus pares nas mais importantes casas parlamentares do país e pela Legislação Brasileira, mentem descaradamente ou fazem gracinha com a Presidente da República que, aparentemente, sabedora das falcatruas dos subordinados, muitas vezes titubeia na hora de puni-los, de dispensá-los...

Por outro lado, a segurança do país, parece padecer de um grande câncer que caminha celeremente para uma cruel metástase, deixando perplexo o cidadão que já padece com a saúde precária, a educação ameaçada (literalmente!) e vê, diariamente, escândalos envolvendo figuras influentes do governo envolvidas em atos delituosos, como se isso fosse a regra e não a exceção...

Se, grande parte dos nossos representantes se aproveitam da corrupção aliada à impunidade, o jovem brasileiro na maioria das vezes, só a custa de esforço hercúleo consegue uma profissão digna, os outros com poucas perspectivas, afundam-se nas drogas... A mulher brasileira que se desdobra para manter financeiramente a casa assiste aos filhos se drogarem (patrocinando, assim, o crime!) ou serem aliciados pelo próprio mundo do crime, para serem seus soldados e virarem manchete policial a qualquer hora!...

Difícil, muito difícil a situação do cidadão brasileiro. Assistir ao drama dos avós morrendo na porta de hospitais; dos filhos eliminados por cobrança de traficantes ou das milícias; das irmãs ou filhas, como prostitutas de luxo, por ser o meio mais fácil de ascender na vida; das adolescentes alucinadas oferecendo-se para ser mãe dos filhos de Neymar ou de Luan Santana; e, finalmente, da televisão mostrando que, no Brasil, está tudo normal... “Todo mundo ta feliz”!!!

Que o Menino Jesus que veio para nos salvar, tenha piedade de nós, e, vislumbrando o futuro do nosso país, nos livre de tantos elementos perversos (muitos deles nossos legítimos representantes!) que contribuem para que o resultado seja esta sociedade tão desigual e injusta como essa que conseguiram construir para nós, cidadãos brasileiros!

sábado, 19 de novembro de 2011

A CHEGADA DE “MARCOS”

Caro amigo Caby,

Aqui estou eu novamente para parabenizá-lo pela coluna “Marcos”. A princípio, confesso, fiquei em dúvida se se tratava de mais um colunista do seu Blog (que já dispõe dos ótimos Caby, Emeri e Borjão, ou se era uma coluna para elevar o nome de pessoas, fatos ou lugares que um dia marcaram a terra de Santa Luzia. Cheguei à conclusão de que a segunda opção é mais real.
Fiquei feliz por me deparar com pessoas do meu tempo de Mossoró, como Jorge Ivan, Canindé Alves, Padre Sátiro, Laurinete... a propósito da legenda da bela miss Rio Grande do Norte, que apesar de não eleita causou grande sucesso naquele ano na eleição de Miss Brasil, eu pergunto: não teria sido Silveirinha Soares a primeira candidata de Mossoró a ser eleita Miss Rio Grande do Norte? Ou estou enganado? Acredito que não. Porque naquele tempo Concurso de Miss era o principal assunto da sociedade local... A propósito, eu estudava no Colégio Diocesano quando Teresinha Morango, Miss Brasil de (?) passou por aí, causando um tremendo rebuliço na escola quando, no dia seguinte à sua apresentação na cidade, o apresentador Jorge Ivan, a caminho do aeroporto com a miss, resolveu fazer uma parada no colégio dos padres... colégio por sinal já àquela altura, dirigido pelo dinâmico Padre Sátiro
Outro de quem guardo boas recordações é o Canindé Alves que era “pau para toda obra”, na Tapuyo, onde atuei com o amigo Wilson Bezerra, no programa “A voz do Estudante”, fazendo redação e locução. Depois, trabalhei como locutor da rádio e como colunista do Diário de Mossoró. Mas, o dia da partida já estava se aproximando e ficou tudo como boas experiências.
Como temas para os próximos MARCOS, sugiro que sejam lembrados: a badalada Churrascaria O Sujeito, o Cine Pax, as Caixas D’agua, o professor Solon Moura, a União Caixeiral hoje corretamente transformada em Biblioteca Municipal, a cadeia, importante museu municipal. E, figuras como: o fotógrafo Manuelito cujas lentes registraram para a posteridade figuras como Pedro da Rabeca, Manoel Cachimbinho, Padre Mota. Outras sugestões: Padre Humberto (com o seu folclore!), Alto Louvor com suas mulheres (porque não? se hoje em dia, prostitutas, garotas de programa, etc... são grandes atrativos em programas de rede nacional. O jornaleiro Luiz que trazia notícias de jornal apenas à noite, depositando e distribuindo seus volumes recém-chegados na calçada do cinema Pax. Os grandes cortejos fúnebres que saiam da Catedral, acompanhados até o final por badaladas melancólicas...
Os circos que nos visitavam. Os blocos carnavalescos, e os times de futebol. Não sei se estou sendo egoísta ao pedir “notícias”da Mossoró do meu tempo, tempo que nem pavimento havia nas ruas do centro e em que as famílias iam para as calçadas conversar e pegar um pouco do Vento Nordeste que só costumava chegar à noitinha.
Amigo Cabi, devido ao sentimentalismo que fui acometido ao comentar a novidade do seu Blog, MARCOS, resgatando imagens de outrora, informo que vou utilizar também esses comentários como crônica do “paineldogurgel”, uma vez que os bons assuntos da atualidade, são somente corrupção, e a Rocinha, com sua guerra, suas misérias e, não dá para escrever mais com essas tristezas do nosso cotidiano... Receba o meu abraço. José Gurgel dos Santos

terça-feira, 25 de outubro de 2011

ADMIRAÇÃO E ALGUNS CONSELHOS

Minha cara leitora...,

          Devo confessar que seus textos bem produzidos causaram-me uma bela surpresa. Sinto, no entanto, você ansiosa por divulgá-los... o que, na minha opinião, é natural a todos aqueles que amam escrever. Por isso, vou passar um pouco da minha experiência nesta arte. No meio jornalístico, principalmente. A minha vivência como cronista (dois jornais em Campos, 3 anos de INTERNET, ensinou-me que a simplicidade na utilização das palavras é essencial, por mais complexo que seja o tema. O leitor, em geral, não se identifica com um autor que opta pelo rebuscamento, com palavras que pedem a utilização constante de um dicionário. Não. Escrever não é mostrar (ou querer mostrar!) esnobismo ou erudição. Por outro lado, a mensagem deve ser bem cuidada, revista quantas vezes forem necessárias. Muitas vezes, uma simples palavrinha que você esqueceu de deletar, ou de  substituir corretamente, vai gerar  uma grande diferença no contexto. Daí, a necessidade de cuidar bem do ofício pelo qual você optou, revendo com carinho os textos produzidos...

          Você, como mulher, sabe perfeitamente o valor de um bom acessório, não é verdade? A combinação correta da pulseira ou do colar com o traje que você escolheu... A pintura, tão importante no cotidiano da mulher atual, também pode servir de exemplo. Assim é um belo texto: uma boa idéia, com complementos corretos (adjetivos, sinônimos, figuras de linguagem, etc.) que contribuirão para o todo. Ter cuidado para não adjetivar tudo o que encontre pela frente, é muito importante... como também é importante, sempre que possível, usar frases curtas. Torna o texto mais ágil, além de não confundir o leitor.

 
          Gostei dos textos que você me apresentou. Talvez, na ânsia de apresentar as suas idéias, você se estenda um pouco nas descrições. Mas, nada que tire o seu valor. Persista na produção dos mesmos. A ferramenta adequada para a construção, você possui: o seu ótimo conhecimento da língua. Agora é colocar "mãos à obra", com coragem e determinação... Como em todo começo, baseando-se em determinada opinião ou no seu próprio julgamento, o autor  pode achar que o resultado não foi o esperado. Mas, não desanime! A coisa funciona assim mesmo para quem se aventura a escrever no Brasil. Como já descobri a sua persistência, a sua garra, imprescindíveis para quem resolve escrever, não vejo como você não ser bem sucedida nesse novo ofício.

        Receba os meus sinceros votos de sucesso!

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

DIA DA CRIANÇA

Cenário: sala de estar do apartamento de uma família média alta.
Personagens: Mãe; Izabella, filha, de 8 anos; e Romarius, filho, de  7.
Ato único.
 
O que a garota Izabella, que já possui o baton, o himel, o estojo de maquiagem, a sandalinha, a bolsinha, as botinhas, a maria-chiquinha, a camisetinha, o dvdzinho, tudo da linha “X” altamente divulgada, e que concede status à menininha mais simples, gostaria de receber de presente no Dia da Criança? Interrompendo a leitura da sua revista favorita, “Bocas”, a mãe volta a insistir com a filha:
- Então, filha, vai querer a boneca mesmo, não é?...
- Bo-neeee-ca?! Mas... nem pensar! Quero é me inscrever no curso de modelo. Ou, então... no de estrelinha de novela!
A mãe, que costuma embelezar a filhinha com o baton, o himel, o estojo de maquiagem, a sandalinha, a botinha, a Maria-chiquinha, a camisetinha, tudo da linha “X”, se espanta:
- Mas, minha filha! Você ainda não tem idade!...
- Se não for possível, então eu quero é uma roupa indiana para a dança do ventre, igual a das meninas da novela, e um CD com as músicas. Se liga, mãe! “Boneca”, tá por fora!...
- Oh, Deus!... E o meu querido “Rominha”, vai querer a bola que viu naquela vitrine?
Rominha é o apelido familiar do filho Romárius. Ele, que já possui a bola do time, a camisa do time, o calção do time, o tênis do time, o álbum do time, o caneco do time, a mochila do time, o caderno do time, o estojo do time, o lápis do time, a borracha do time; já visitou até a sede do time, quando foi ao Rio, foi taxativo:
- Quero um celular igual ao do David!
- Mas, o celular David o pai dele trouxe dos Estados Unidos, filho. E você, não já tem um?
- Mas não faz o que o do David faz! (uma pausa) Então, o Laptop!
- Você é muito novo para um Laptop!...
- Pronto: um computador. Mas, só pra mim!
- Computador? Só pra você?...
- Isso mesmo. Todo amigo meu tem computador no seu quarto. Já dei a lista que você pediu. Agora, é você quem decide!...
A mãe, já quase entrando em desespero:
- Meus filhos, ouçam bem: quando sua mãe era criança...
- Ih, mãe, sem essa de sermão, tá?! (para o irmão) Ela agora deu pra fazer sermão... igual ao pastor da televisão.
- Tá bom... tá bom... Hoje, que é dia da visita do seu pai, vou falar pra ele o que vocês querem ganhar... 
- Se vier com uma bola, eu dou um bico pela janela! Tô avisando! 
- E, se trouxer uma boneca, eu pego a faca do churrasco e esquartejo ela todinha, boto no saco e deixo na lixeira, igual o cara fez com a mulher na televisão...
 
CAI O PANO.   

sábado, 1 de outubro de 2011

O ÉBRIO E OS VICIADOS EM CULTURA

A ACIC (Associação Comercial e Industrial de Campos, na comemoração dos seus 120 anos de existência, promoveu uma bonita festa no seu auditório, no 16º. andar do edifício Ninho das Águias, centro da cidade, com entrega de comendas e show com artistas locais.
Em razão dos últimos acontecimentos políticos envolvendo a prefeita e a justiça eleitoral, o Café Literário que aconteceria no CCAG (Centro Cultural Antony Garotinho) na última quinta-feira não foi realizado. deixando o nosso grupo, sempre ávido de diversão e cultura, buscando outras opções...
Diante do fechamento do CCAG nessa noite, restou àqueles que se encaminhavam para o Café Literário, dirigir-se ao imponente prédio da ACIC, no edifício Ninho das Águias, para assistir a um espetáculo comandado pelo ator Toninho Ferreira. E, quem lá esteve não se decepcionou. Às 21 horas, o som do local entra com a possante voz de Vicente Celestino interpretando a sua criação maior, “O Ébrio”. Logo em seguida, é a vez de Toninho Ferreira entrar em cena para interpretar o texto que, no disco, antecede à música. Confesso que me emocionei ao ver Toninho interpretando magistralmente as palavras com que Vicente Celestino preparava o público para a sua inesquecível criação. Simplesmente fantástico! Fez-me lembrar os antigos espetáculos que o Cine Pax, de Mossoró, promovia de vez em quando, com os monstros sagrados da nossa música ou do nosso teatro. De cara limpa, sem os andrajos que o grande tenor vestia para caracterizar o personagem, o ator conseguiu empolgar a platéia. Muitos dos que assistiam ao espetáculo, certamente, nunca ouviram falar em Vicente Celestino, nem das desventuras sofridas pelo personagem criado pelo grande tenor brasileiro, que empolgava multidões onde se apresentava, chegando a se apresentar nos maiores teatros, e ser adorado pelas classes mais influentes. Vem a sua decadência, motivada por traições e por mortes na família. É quando ele se entrega à bebida, acabando por levar vaias no picadeiro de circos miseráveis. Durante a interpretação, notei senhoras mais idosas levando o lencinho aos olhos, enxugando as lágrimas diante da magistral interpretação desse notável ator campista.
Se o espetáculo preparado pela ACIC para festejar a data, compreendesse apenas esse texto vivido pelo Toninho Ferreira, eu já estaria satisfeito. No entanto ainda havia outras boas surpresas, como a marcante interpretação de Adriana Medeiros para o seu poema “Amante” (ou seria “A Poesia”?), vencedor de um dos últimos concursos de poesia falada da FCJOL. Maria Fernanda, muito afinada desfilando pérolas da MPB, e Daniele Nunes em gostosos números musicais e belas declamações. Parabéns para a ACIC e sucesso para os autores do espetáculo.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

TRANSPORTE RODOVIÁRIO, TEM SAÍDA?

Não sei se foi a última, mas certamente a vigésima e tanto das viagens rodoviárias entre o Rio de Janeiro e o Nordeste, por mim efetuada, será provavelmente a mais marcante. Por que? Porque na volta (Natal/Rio) meditei bastante sobre o envelhecimento da minha família; fiz o esboço do que seria o meu primeiro romance; e, vendo os ônibus trafegando vazios ou quase vazios como estão, pensei muito naquele fenômeno que vem acontecendo com as viagens rodoviárias a longa distância, com a corrida em massa dos passageiros para os aeroportos...
São assuntos bem distintos: o primeiro, não tem como buscar soluções, a não ser entendê-lo como uma fase natural da vida! Já o segundo, há muito o que discutir. Por exemplo: Como entendermos que, a proporção que o tempo de viagem diminui (a minha primeira viagem Natal-Rio, nos anos 60, demorou 4 dias!) os passageiros desaparecem?... Hoje ela é feita, com relativo conforto, em 40 horas... é verdade que o avião faz o mesmo percurso em 4 horas apenas, sem paradas, sem o “frigorífico” que o ônibus se torna à noite que, de tão gelado, parece transportar carga de bois abatidos; sem banheiros que mais parecem brinquedos de choca-choca, a gente se desequilibrando, molhando a roupa toda... É verdade, tudo isso acontece nas longas viagens rodoviárias. Mas, tem coisas que não podem ser eliminadas, a não ser que surjam outras melhores. No caso, aqui, o trem-bala seria uma boa substituição, já pensou: Rio-Natal, no trem bala! Não acredito que chegarei a ver esse progresso no meu país...
Mas, enquanto não surge o trem-bala, e, diante do pavor “tatuado na alma” do avião, o jeito é me adaptar ao novo transporte rodoviário, e, dentro do possível, transmitir alguns conselhos. Veja bem, senhores empresários: se os ônibus hoje viajam com apenas a metade da lotação, por que não experimentar baixar o preço da passagem (em geral, mais caras do que as passagens aéreas) para o veículo voltar a trafegar com a lotação completa, ou quase... Acho que esse seria o primeiro ponto a se refletir. Porque para conter o atual esvaziamento, caso não surjam soluções mais práticas, só apelando para soluções mais radicais. Por exemplo: poltronas reversíveis, do tipo trem, para se gastar o tempo num longo carteado, por exemplo; cabines especiais com acústica, a prova de gritos e sussurros, para jovens casais; salão para bailes e outros eventos; tudo em prol da boa viagem do reduzido numero de passageiros que hoje em dia ainda opta pelo simpático meio de transporte de passageiros para longa distância.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

OS VELHOS ÍDOLOS

“Lábios de Mel”, “Vida da Bailarina”, “Cinderela”, “Babalu”, você se lembra de algum desses hits; e, de “O grito”, “Verdes campos do lugar”, “Aline”?...
É claro que se você tiver mais de 50 vai se lembrar de muitos, senão de todos eles... Pois, vejam vocês que maravilha! Dia 31 de agosto, no majestoso Teatro Riachuelo num dos grandes shoppings da capital potiguar – eu já afivelando as malas para voltar a Campos – tive o prazer de assistir a todos esses hinos ao romantismo (coisa rara nos dias atuais!) por seus interpretes originais: Ângela Maria e Agnaldo Timóteo. Eu, Ivoneide, minha irmã Dodora e uma platéia vibrante, formada por antigos fãs da dupla que aguardava, ansiosa a apresentação.
Ângela abriu o show. Com problemas de diabetes que lhe afetava a visão, justificado logo no início do espetáculo ela, por algumas vezes, precisou de ajuda de um ou outro componente da banda que os acompanhava. Mas, foi só iniciar os acordes da primeira música para que tudo a respeito do seu estado físico fosse esquecido. Quem brilhava a partir daquele momento era a estrela maior da MPB. A voz já não era a mesma? Usava de artifícios para contar com o coro do público? Que importa? Para o público, o mais importante era estar juntos, cantar com aquela que tantas vezes embalara sonhos adolescentes, foram “trilhas musicais” dos nossos primeiros romances... No final, uma surpresa: parece que ela havia se poupado para cantar “Babalu”. que interpretou de forma magnífica, encerrando a sua parte sua parte solo, dando a vez a Agnaldo Timóteo.
Timóteo, que de uns tempos para cá passou a ser mais político do que cantor, falou do seu passado, iniciando pelo fato de ter sido motorista de Ângela. Toda hora ia até o tecladista confabular alguma coisa. Brincou, dialogou com a platéia. Mas, fez também grandes interpretações como quando cantou, por exemplo, “Aline” ou “Os verdes campos do lugar”. Ao contrário da “sapoti”, que foi generosa com a platéia entoando os seus principais hits, sempre aclamada, ele cantou pouco, talvez a metade do que cantou sua parceira.
Na parte em dupla apenas duas músicas, e nem foram as mais famosas. “Cabecinha no ombro”, por exemplo, ficou de fora. Mas, as cabeças brancas, calvas ou pintadas que lotavam o teatro, saíram maravilhadas, de alma lavada com a noite mágica ali vivida. É maravilhoso ver ídolos brasileiros sendo aclamados no país, da forma que Ângela Maria e Agnaldo Timóteo foram (vocês se lembram até quando Frank Sinatra cantou?) a despeito de uma mídia preconceituosa que pouca ou nenhuma atenção dá aos mais antigos. A não ser, quando morrem...

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

LANÇAMENTO DO LIVRO "VIA INTERNET", NO PALÁCIO DA CULTURA DE CAMPOS DOS GOYTACAZES


1 - O presidente honorário da Academia Pedralva, José Salles, faz a sua saudação.



2 - O médico Otávio Cabral prestigiou o evento.



3 - Marcília exibe os seus exemplares.



4 - D. Conceição de Maria presta homenagem ao autor.



5 - Acadêmicos Herbson Freitas, Roberto Acruche, Gildo Henrique, e José Assad aguardando os seus exemplares.




6 - O abraço do autor da capa do livro, designer Gildo Henrique.



7 - O autor com os confrades da Academia Pedralva, Roberto Acruche e José Viana



8 - O autor recebe abraços das poetisas Ana Lucia e Sueli Petrucci, acadêmica e presidente da Academia Pedralva.



9 - O cantor Dino Mendi apresentou belos números do seu repertório.



10 - Os cantores Dino Mendi, Amalia Marins, Gladys Costa, Ferrer e a presidente da UBT-Campos, Neiva Fernandes, numa mesa animada.



11 - Visão panorâmica da festa



12 - Outra visão panorâmica.

domingo, 7 de agosto de 2011

ATÉ A VOLTA.

- Não. Eu não acredito que você ainda queira ir por terra! Não tem cabimento. Gastar 40 horas numa viagem que poderia fazer em apenas 4!...
- É verdade...
- Pensa no conforto, Homem! No que você poderia fazer com o tempo economizado!
- Eu sei... eu sei...
- O conforto é fundamental na vida da gente. Por terra você chega todo descadeirado, com os pés inchados, enfadado, só quer pegar uma rede para descansar e recuperar o sono, porque eu sei que você não dorme na viagem!... Na viagem aérea, você se livra dos buracos... dos cochilos do motorista... choro de crianças... banheiros fedidos... um horror!
- É isso mesmo...
- E, por que essa dúvida toda?!
- O avião!
- Mas, você não já viajou de avião? (pausa) Tá certo que tinha pressa. Velório da mãe. Além do mais, o tempo naquele dia não estava nada bom. Teve turbulência, gritaria, mulher histérica... Agora, com todo mundo viajando de avião, acontecem essas coisas. Mas, avião é o meio de transporte mais seguro do mundo, meu irmão. Depois daquela viagem eu já fui ao nordeste mais de 10 vezes. Sem problema! Não quero outra vida!
- ... (silêncio da parte dele que fixa o olhar num ponto distante).
- Já sei, é problema de dinheiro, não é? Olha só que coisa boa: você não vai pagar nada! Já ouviu falar em “milhas”, não já? (ele confirma com a cabeça) Pois bem: aqui em casa agora todo o mundo economiza milhas e com as que já temos você pode até ir de graça. Voltar, também, se quiser!
- (Retornando da divagação) Sabe de uma coisa, mana: o que eu gosto mesmo é sentir o chão, a todo momento, cheiros diferentes... Sentir o chão quando o motorista anuncia nova parada. Gente que hoje em dia já faz o caminho inverso, buscando oportunidades que agora surgem no Nordeste... no Norte. Conhecer seus planos, seus sonhos, suas histórias...
Os acidentes podem até acontecer. Dizem ser muito maior do que nas viagens aéreas, mas, mana, viajar milhares de quilômetros por esse Brasil afora, vendo amanheceres magníficos lá fora, pessoas alegres e costumes diferentes, é tudo muito fascinante na viagem por terra. (Como caindo numa realidade) Claro que há estradas mal conservadas, motoristas esgotados e loucos no volante, que não podiam estar dirigindo, trazendo perigo para quem utiliza a estrada. Mas... um dia, o combate a isso será prioridade, e a viagem se tornará mais agradável, ainda. Até a volta, mana!

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Via internet, repercussões

Pra ser sincero, eu não escrevi "Via Internet" para me emocionar constantemente com as reações dos amigos.
O lançamento foi bastante emotivo, as palavras da educadora Beth Araújo, idem; mas vejam vocês o que
eu acabo de receber de ROBERTO GÓIS, de Campina Grande, autor do magistral soneto "De mãos dadas partimos"
que eu, com muita honra inclui na coletânea Meus amigos poetas, última parte do livro. É, ou não é para abalar alicerces?
Nem transmissão do Galvão abalaria tanto. HAJA CORAÇÃO!!!... a começar pelo título que ele colocou: GURGEL - O ILUMINADO!


"AO FALAR SOBRE O POETA E ESCRÍTOR JOSÉ GURGEL EU PODERÍA BUSCAR, NAS LÍNHAS ELEMENTARES DA VÍDA,
PALAVRAS QUE REGÍSTRASSEM SUA ESSÊNCÍA HUMANA, SEU ESPÍRÍTO CARÍSMÁTÍCO E O SORRÍSO PECULÍAR
QUE ACALMA E ETERNECE OS AMÍGOS QUE O CERCAM. SUA EXÍSTÊNCÍA, PORÉM, É SUSTENTADA EM UMA TRÍADE
POUCO COMUM ÀQUELES QUE NÃO CONSEGUEM ENTENDER A ALMA DE UM POETA: SENSÍBÍLÍDADE, AMOR E
PAÍXÃO.
AO CRÍAR O HOMEM E DOTÁ-LO DE ÍNTELÍGÊNCÍA, DEUS PRÍVÍLEGÍOU ALGUNS DELES COM O DOM DA
POESÍA E, AÍNDA ASSÍM, FOÍ PRECÍSO QUE SEUS CORAÇÕES RECEBESSEM UM REFORÇO ÍNUSÍTADO E SEUS OLHOS
UMA PROTEÇÃO ESPECÍAL. O REFORÇO DO CORAÇÃO GARANTÍU AOS POETAS SOBREVÍVEREM ALÉM DE SUAS
EMOÇÕES. OS OLHOS, POR SUA VEZ, TORNARAM-SE MAÍS DENSOS, PARA RECEBER O EXCESSO DE UMÍDADE
QUE EMANA MUÍTO MAÍS DOS SENTÍMENTOS QUE DOS SOFRÍMENTOS ELEMENTARES DO POETA.
HÁ QUEM DÍGA QUE O MUNDO VÍVERÍA SEM ÁGUA, LUZ, E -PASMEN- POESÍA. ALÍÁS, CHESTERTON(1874- 1936)
AFÍRMOU QUE "O GRANDE POETA EXÍSTE PARA MOSTRAR AO HOMEM PEQUENO COMO ESTE É GRANDE".
AO LANÇAR NO SEU NOVO LÍVRO, " VÍA ÍNTERNET", UMA COLETÂNEA DE POESÍA DOS AMÍGOS, GURGEL ACENDE
A CHAMA DO AMOR E CHAMA O FEÍTO AO SEU DEVÍDO LUGAR, EMOCÍONANDO ÍNSTÍTÍVAMENTE TODOS OS QUE
TEM A OPORTUNÍDADE DE LER AS LÍNHAS MARCANTE DE SUA OBRA.
SE VÍVO FOSSE, WALLACE STEVENS( 1879- 1955) TERÍA NO POETA GURGEL A PROVA CABAL DE SUA TEORÍA SOBRE ESSES EMOCÍONADOS PENSADORES; " UM POETA OLHA PARA O MUNDO COMO UM HOMEM OLHA PARA UMA MULHER".
UMA VÍDA DE GRANDES SOFRÍMENTOS, COMPENSADA COM OS ARROUBOS DE UM CORAÇÃO APAÍXONADO, REVÍGORADA
COM OS REFLEXOS DE UMA MENTE ÍNSPÍRADA E SUSTENTADA NA PLENÍTUDE DE UMA ALMA ÍLUMÍNADA.
SEUS POEMAS E DE SEUS COLEGAS QUE FAZEM A "PEDRALVA" EXPRÍMEM O MÁXÍMO DE ÍNTENSÍDADE E DE EMOÇÃO ENVOLTOS EM SUTÍL MÚSÍCA VERBAL. DAÍ PORQUE SEU LÍVRO E SUAS POESÍAS SÃO PARA SER LÍDOS COM A VÍSÃO
DE QUEM PERCEBE ESTAR DÍANTE DE ALGO BELO - TÃO BELO QUE COMO DÍRÍA SAÍNT-JOHN
PERSE, POR NATUREZA SE TORNA ÍNDEFÍNÍVEL.

ABRAÇOS FRATERNOS

ROBERTO LÍMA DE GOES- CAMPÍNA GRANDE- 29/07/2011.

OBS: DESCULPE ÁS LETRAS "GARRAFAÍS", AÍNDA ESTOU SÓ ESCREVENDO COM A MÃO DÍREÍTA. SUA "CARTA AO FÍLHO
QUE VAI SER PAÍ" ME LEVARAM ÁS LÁGRÍMAS. EU, COMO BÍ-VÔ, ME EMOCÍONEÍ BASTANTE."

quinta-feira, 21 de julho de 2011

NOITE DE LANÇAMENTO DO LIVRO “VIA INTERNET”

Boa noite!

Em primeiro lugar queria agradecer a presença de todos que atenderam ao convite.
Aqui estamos para a festa de lançamento de um livro. Porém, ela também é festa de confraternização, de recordação, de homenagem. Homenagem àquele que um dia criou, neste espaço, um sarau, uma reunião literária, uma fraternidade... Esta reunião, ou seja o Café Literário, existiu neste espaço sob o comando do poeta Antonio Roberto durante oito anos, sendo interrompida pela sua morte. Nós, seus amigos e seguidores, no entanto, resolvemos que a sua bandeira deveria seguir adiante e, com muita garra, demos continuidade, fazendo, durante algum tempo, reuniões em lugares inadequados, até ocuparmos os espaços atuais nos altos da Casa da Carne e no Centro Cultural Antony Garotinho.
A semente plantada com carinho pelo Lavrador das Letras em terra firme e aproveitando o bom tempo... germinou, e tem dado bons frutos nos campos de Campos dos Goitacazes. Poderia classificar o livro que ora apresento como fruto do movimento criado pelo poeta. E, o seu título poderia ser outro... Por exemplo: “A época do Café Literário”, “O legado de um poeta”, “Literatura versus Fraternidade” ou ainda: “O delicioso cheiro do talento”... Quando o escrevia, descobri que a comunicação atual – bem diversa daquela de antigamente da qual fala o professor Luciano Soares, no seu magistral Prefácio – poderia determinar o título do livro. Entretanto quem folheá-lo, página a página, descobrirá que elas estão impregnadas de recordações de um tempo aqui vivido;... cheias de lirismo e de doces sentimentos...
Além de destacar do blog Painel do Gurgel textos em forma de crônica e poesia, tive a idéia de incluir no trabalho a poesia de amigos. E, o resultado não podia ter sido melhor! Tudo o que de mais subjetivo e marcante na obra de cada amigo poeta eu busquei para embelezar ainda mais o livro: poetas de gêneros diversos e de diversas regiões, como o meu distante Nordeste. Quem viu, graças a Deus, gostou do resultado! A educadora Beth Araújo (que por motivo de saúde de parente não pode estar presente), achou bonito o meu gesto ao divulgar a poesia dos amigos, classificando-o de “Partilha da Solidariedade Poética”. Acredito que há muita bondade na expressão da nobre educadora. Prefiro acreditar que agindo assim estou consolidando a nossa amizade, interagindo conhecimentos literários, ao trazer ao público textos geniais de grandes amigos poetas.
Gostaria de finalizar esta apresentação com uma citação curiosa do poeta Vinícius de Moraes, que está circulando pela Internet, na qual ele diz: “EU PODERIA SUPORTAR, EMBORA NÃO SEM DOR, QUE TIVESSEM MORRIDO TODOS OS MEUS AMORES, MAS ENLOUQUECERIA SE MORRESSEM TODOS OS MEUS AMIGOS”.

sábado, 9 de julho de 2011

AVENIDA PELINCA E O PADRE QUE LHE DEU O NOME

Gilson é o dono de uma lanchonete localizada no térreo do Shopping Center Pelinca Square. Amante da cultura e da história da cidade, decorou o seu estabelecimento com belas e curiosas fotos da Campos de antigamente. Uma pessoa que a gente sente prazer em, de vez em quando, bater um papo.
Eu estava lhe apresentando a última prova do “Via Internet” quando o mesmo foi chamado para atender a dois homens que se postavam junto à caixa do estabelecimento. Por imaginar se tratar de assunto particular, comercial ou não, retornei à mesa em frente à televisão onde, vez por outra, costumo fazer um lanche. No entanto, logo em seguida ele me surpreendeu ao chamar-me para dividir a conversa com aqueles estranhos. Mais surpreso ainda fiquei ao tomar conhecimento do teor da conversa.
Os dois estavam na cidade a passeio, aproveitando para conseguir mais informações sobre o Padre Pelinca, que deu nome àquela importante via. Contaram que já visitaram o centro e estiveram na biblioteca em busca de mais informações sobre o padre de quem eram contraparentes, pois os mesmos pertencem à família Pelinca, de Macau, Rio Grande do Norte. Como sou curioso pelas coisas potiguares e campistas, Gilson quis saber se eu teria mais informações sobre o assunto. Contei-lhes que sabia de pouca coisa: que fora vigário da Catedral e que fora o celebrante do casamento do ex-presidente Nilo Peçanha. O que praticamente todo campista conhece, era certamente pouca informação para quem viera de longe, da Baixada Fluminense, em busca de mais conhecimentos sobre o ilustre parente. Fiquei de pesquisar com Valnize, filha de Valdir Carvalho, mais subsídios, e eles ficaram de, um dia, retornar...
Com a saída dos visitantes, ficamos discutindo as dificuldades para se obter maiores informações sobre a cidade e os seus vultos ilustres.
Aproveito esta oportunidade para parabenizar Silvia Paes e Aristides Sofiatti pelas denúncias que estão fazendo sobre o abandono dos nossos solares e prédios históricos. Qualquer cidade que se preze cultiva a sua história. Por que Campos não age desta forma? Com um passado tão brilhante!... Por que não haver na cidade um museu de ponta, capaz de ensinar aos estudantes, curiosos e visitantes – como os dessa crônica – o real e glorioso passado da cidade?

domingo, 19 de junho de 2011

FECHANDO O LIVRO - MINHA CONSCIÊNCIA E EU

Depois de textos e fotos selecionados, de poemas de amigos escolhidos, de tantas provas corrigidas, de encontros com o diagramador e de idas à gráfica, finalmente, chega à conclusão o meu quinto livro: “Via Internet”. Na elaboração da obra, foram muitas as discussões que travamos – eu e minha consciência. Transcrevo a última.

- Tem certeza de que não falta mais nada?
- Tenho!
- Vamos dar a última conferida?
- Vamos, sim...
- Comecemos pela capa...
- Ok. Um presentão que veio valorizar a obra!
- Concordo... ok... ok... a ficha catalográfica?
- Providenciada!
- Ok... a epígrafe?...
- Sem dúvida, foi a citação mais adequada!
- Ok... dedicatória?...
- É essa aí. Não podia deixar de homenagear o poeta.
- Inseriu os agradecimentos?
- Claro! Esses não podiam faltar...
- O prefácio?
- Uma aula de Literatura!
- Os textos: estão todos os que desejava? Não faltou nada!
- Está tudo no esquema!
- E, os poemas dos amigos?
- A idéia de homenagear amigos poetas foi excelente! O meu temor é o risco da omissão. Um ou outro poderá ficar sentido! Mas, como em qualquer seleção...
- E as fotos que estavam faltando?
- Consegui!
- Conferiu o índice?
- Página a página!
- E, a biografia?...
- Essas linhas sobre o autor, já são suficientes...
- A contra-capa?...
- É a continuação da bela arte da capa!
- Considera, então, o trabalho concluído?
- Positivo!
- Manda imprimir, então?
- Pode mandar!
- Boa sorte!

Assim, com este insólito diálogo, gostaria de comunicar aos amigos que chega ao final o livro que eu vinha escrevendo. Foi um trabalho árduo, mas prazeroso, que contou com a colaboração de inúmeros amigos, entre eles, Gildo Henrique, autor da capa; Luciano Soares, encarregado do prefácio; e dos meus Amigos Poetas que contribuíram com o seu lirismo para a grandeza do livro. São vates amigos que eu muito admiro em Mossoró, Natal, Campina Grande, São Fidélis, Bom Jesus do Itabapoana, Niterói e Campos. O livro é dedicado ao saudoso poeta Antonio Roberto Fernandes que, à sua maneira, através do Café Literário, conseguiu nos contagiar com o vírus da Poesia.

terça-feira, 24 de maio de 2011

AMADA AMANDA!

Numa época em que grande parte da população ignora o problema (da Educação) mas depois lamenta fatos degradantes que vem acontecendo nas escolas; em que o pobre fica cada vez mais alienado em razão das esmolas governamentais, e se deixa levar pela esperteza política; numa época em que o país, necessitando de uma Educação de ponta, carece de investimentos no setor, embora os nossos representantes elejam como prioridade o seu carro novo, os seus privilégios, o aumento abusivo no seu salário, ela surge!...
...não, para - por um dinheiro fácil! - despir-se das suas vestimentas, como fazem tantas outras que alcançam seus minutos de fama. Porém, despindo-se da vaidade, empunhando a bandeira da solidariedade, usando a língua dos seus pares, ela corajosamente enfrenta os poderosos, cara a cara, num dos espetáculos civis mais emocionantes que tivemos a oportunidade de assistir nos últimos tempos. Sem precisar do apoio de grupo, patota, classe ou da multidão simpatizante da mesma causa, a professora Amanda Gurgel enfrentou sozinha os deputados e autoridades de educação do Rio Grande do Norte para defender a sua classe, buscando melhoria salarial da categoria o que representa melhoria do ensino nas escolas públicas. Como ser bom professor tendo que dar aulas em três turnos, pegando ônibus, etc. Como preparar bem as aulas, numa pressão dessas?
Ontem, no Faustão, com o mesmo discernimento com que falou do problema na assembléia do RN, Amanda ratificou todos os seus pontos de vista sobre a necessidade da melhoria da ensino no Brasil. Com garra, consciência e patriotismo, foi brilhante mais uma vez, mostrando a necessidade do novo Brasil ter uma Educação avançada, digna de um futuro que já chegou!
Eu, de origem potiguar e de origem Gurgel, não poderia deixar de parabenizar esta brava representante da terra da educadora Nísia Floresta.
Amada Amanda do Brasil! Que, aclamada no programa Domingão do Faustão, recebeu em pesquisa realizada aprovação de 98 por cento do auditório, dos telefonemas e dos internautas. Parabéns, e que Deus abençoe a sua missão!

sábado, 7 de maio de 2011

TEMPO DE DESCULPAS

Mais de um mês envolvido com móveis empilhados, areia, cimento, brita, prego, arame, vergalhão, andaimes, estacas que para o bem da Ecologia agora são de ferro, betoneira, latão, fios emaranhados sobre as nossas cabeças, porta emperradas, paredes descascadas, destruídas, levantadas, colunas, cintas e laje, poeira, máscaras, caminhão em meia calçada descarregando enormes vigas e tijolos, e eu no meio da pista para controlar carros, polícia, multas, etc., entulhos, regador para baixar a poeira do entulho, alerta aos carroceiros para não derramar material e não deixar os cavalos comerem a grama do bem cuidado jardim da vizinha da frente e não fazer cocô na vila (como se fosse possível controlar as funções dos animais, reza silenciosa para que o pedreiro não despencasse do topo da casa em dia chuvoso e escorregadio, aprendizado com a convivência com pessoas mais humildes (que sonham, brincam, se empolgam com seu time de futebol) e devoram avidamente suas modestas marmitas, a necessidade de mais trabalhadores para ajudar a encher a laje, e, ao final de cada dia, a limpeza: tudo arrumado, o pano de chão em ação para tornar o ar respirável, tudo para continuar a obra no dia seguinte.
Foi assim a minha vida nesse último mês, quando optei pela feitura de uma laje na casa para mais conforto e, principalmente para acabar com a praga dos cupins que acabava com tudo que fosse de madeira dentro de casa. Controlada por máscaras, e pano molhado no chão o tempo todo, a rinite não me perturbou tanto quanto a demora, o passar dos dias sem ver a obra concluída. O computador foi o que mais falta fez, com certeza! As refeições foram improvisadas ou feitas na rua, e as roupas sujas empilhadas (como por para secar roupa num lugar que era só poeira? Enfim, eu que resisti até o último momento, assustado com o que poderia vir, vejo a coisa caminhar para um belo final (graças a Deus!) mesmo que ainda não seja o final final, pois ainda restam coisas menores para fazer ou arrematar.
Hoje que finalmente consegui liberar o computador para teclar este texto para o blog, peço desculpas aos leitores pela espaço vazio ocorrido devido à obra, mas a minha confiança é que quando decidimos enfrentar uma tempestade, uma noite escura ou uma guerra, é porque confiamos que, num futuro próximo, poderemos aproveitar o conforto, o sol e a paz que tanto almejamos.

sábado, 2 de abril de 2011

FOI-SE O TEMPO

Foi-se o tempo em que nossas companhias teatrais em respeito ao público no Rio de Janeiro, São Paulo, Teresina, Belém ou Manaus, se esmeravam no preparo de um repertório para mostrar a arte de Dionísio. Como verdadeiros mambembes, o sacrifício era compensado pelos aplausos aos seus magníficos espetáculos. Foi-se o tempo em que Procópio e Bibi Ferreira, Jaime Costa, Eva Todor, Maria della Costa, Tonia Carrero, Paulo Autran, verdadeiros bandeirantes da arte teatral, pela batuta de Adolfo Celli, Amir Hadad, Gianni Ratto, José Celso Martinez Corre, e outros bravos diretores mostravam a arte da representação e do canto, com tamanha maestria que lotavam os mais belos e importantes teatros nacionais, para a satisfação mútua: dos atores e do público.
Hoje em dia, as grandes salas de espetáculos do pais estão entregues aos “astros globais”. E, aí vem a pergunta: a quais astros globais? Tônia Carrero? Juca de Oliveira? Eva Wilma? Natalia Timberg? Teresa Raquel, Glória Menezes, Itala Nandi? Não, infelizmente não! Os teatros brasileiros estão entregues, principalmente, aos “astros ou produtos globais”, tipo Kayke Brito (para citar um muito comentado ultimamente, depois de ter seu espetáculo suspenso no Piauí, após um membro do elenco da sua peça ter desrespeitado o povo de Teresina, com expressão jocosa e de certa forma preconceituosa).
Nós, os mais antigos, que através de grandes companhias, um dia já assistimos a “Os Pequenos Burgueses”, “O Balcão”, “Eles não usam Black Tie”, “O Pagador de promessas”, “A ópera dos 3 vinténs”, “A Capital Federal”, “O Noviço”, por exemplo, ficamos deveras tristes com o que está acontecendo com o teatro brasileiro. Entregue a uma garotada convencida de que: “por terem passando pelo vestibular da novelinha das 6 ou das 7 (com o suporte de um empresário ambicioso. que lhe arranja um texto qualquer e depressa, para que a sua imagem não fuja das retinas das menininhas deslumbradas!), já podem dominar no palco a arte de Sófocles, de Shakespeare, de O’Neill, de Miller, de Brecht, de Mayakoviski, de Martins Pena, de Guarnieri ou de Plínio Marcos...
Pobres coitados! O caminho pela frente costuma ser longo e nem sempre tão fantasioso o quanto imaginam. Exige talento, dedicação, estudo e respeito... muito respeito ao público! A louca fantasia que a televisão costuma incutir na cabeça do garoto e da garota, faz com que, ao participar da novela das 6 ou das 7 (com raras exceções, é claro!) já se considerem grande ator teatral, o que lhes daria direito a atitudes deslumbradas e impensadas...
Recentemente, os grupos de Kayki Brito, do sertanejo universitário Luan Santana e da banda RESTART, cometeram graves indelicadezas, para não dizer grosserias, com o povo de Teresina (PI), de Belém (PA) e de Manaus (AM), respectivamente. Os fatos estão na INTERNET. O lamentável é que empresários que cuidam com tanto rigor dos contratos dos seus “seus meninos prodígios”, não lhes ensinam as regras básicas de respeito ao próximo, principalmente àqueles que lhes acolhem tão bem e lhes pagam regiamente por suas apresentações, muitas vezes pobres e improvisadas!
É... na verdade já não se produzem grandes espetáculos, nem artistas carismáticos e educados como antigamente!

terça-feira, 22 de março de 2011

BODAS DE DIAMANTE

Deífilo, meu irmão mais velho, dentre outras coisas, poeta, pesquisador e folclorista, casou-se com Zoraide, profunda conhecedora do Lar e seus detalhes, como era costume familiar no início dos anos 50. Seguindo a tradição, eles tiveram 09 filhos. Seus filhos, todos adultos, formados, alguns espalhados pelo Brasil e pelo mundo, conseguiram se reunir em Natal no mês de março para comemorar as BODAS DE DIAMANTE do casal, apesar do casamento ter sido realizado no mês de maio, tradicionalmente o Mês das Noivas.
Como não pude estar presente à festa, pedi ao mano Tarcísio que fosse o portador da seguinte mensagem ao casal:
DEDÊ E ZORAIDE,

"A um CASAL AMANTE do Amor, da Crença em Deus, da Família, dos Amigos, da Fraternidade;
da Boa Mesa, da Comunicação e da Confraternização, da Saúde e da Orientação dos filhos;
da Paz no Lar e no Meio em que Vive, da Alegria, do Folclore, da Boa Conversa, da Estética, do Culto ao Belo;
enfim, da vida tranquila e sossegada que Deus reserva a cada um, e que cada casal constroi à sua maneira...
eu e os meus filhos,
desejamos um momento de festas sem igual, rodeado pela alegria dos seus descendentes, dos parentes e amigos, na gloriosa festa das suas BODAS DE DIAMANTE!
Dedê e Zoraide,
Possa Deus lhes proporcionar mais e mais momentos marcantes como o de hoje, com os quais vocês escreveram esse poema, dançaram essa ciranda de maneira tão mágica, que resultou na construção de uma vida iluminada, que é exemplo para todos! E, que Ele, na Sua infinita bondade, possa lhes dar a chance de continuar a escrever por muitos anos mais, o seu fascinante romance!"

Recebam os nossos Parabéns!
José Gurgel dos Santos e Família.

quinta-feira, 3 de março de 2011

PREFÁCIO

O meu amigo Roberto Acruche me pede um prefácio para o seu livro “O mangue da moça bonita”. Conhecendo o talento que é, nas letras e na política, esse filho do antigo sertão de São João da Barra, hoje próspero município de São Francisco do Itabapoana, arrisco algumas linhas para o seu mais novo trabalho. Roberto Acruche é um empolgado historiador da sua terra, que conheci declamando românticos poemas, no Café Literário de Campos, criação do saudoso poeta Antonio Roberto, onde buscamos crescer literariamente, partilhando com outros poetas e prosadores nossos trabalhos literários.

Sobre o livro: trata-se de uma bonita lenda passada há muitos anos atrás, no manguezal de Gargaú, na foz do rio Paraíba. Ao lê-lo, lembrei-me de outras duas histórias. A primeira, “Cinderela”. Por quê? Porque essa moça bonita da lenda gerou, desde cedo, a inveja de muitos, inclusive das suas irmãs mais velhas: Ilde e Elda. E, desgraçadamente, acabou morta pelas duas, quando a Moça Bonita conquistando o coração de um moço rico que um dia apareceu no mangue, preparava-se para casar, quando usaria (presente do noivo!) um belíssimo vestido de noiva. Conta-se que é com ele que ela aparece, de vez em quando, vagando pelo manguezal. Outra imagem que me vem à mente é aquela de “Gabriela”, de Jorge Amado, vivida na TV por Sônia Braga. Tanto na novela quanto na lenda, as personagens são misto de inocência e sensualidade, gerando inveja que, no caso da moça, acabou sendo fatal.

Preciso ressaltar também, o valor desse resgate cultural (poderia ser qualquer outra manifestação popular). Um povo que não valoriza o seu passado, não pode ser levado a sério. Constantemente vemos imagens de Olinda (seus casarões, sua musicalidade, seu folclore; idem, Salvador, com suas ricas igrejas, sua história, suas tradições africanas; também as cidades históricas de Minas, onde constatamos o nosso heróico passado.

Por tudo isso, abraço o confrade Roberto Acruche, por seu amor à terra, e pelo resgate dessa bela lenda passada no manguezal de São Francisco do Itabapoana. Parabéns!

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

OBRIGADO, DOUTORA

Quando a doutora cobriu o meu rosto, como preparação para a operação de catarata e a rinite reclamou com o pouco de ar que me deixava sufocado, eu reclamei:
- Doutora, vai ser difícil eu aguentar. Não estou respirando nada!
- Tente controlar, porque por aqui, tem que ser por esse sistema, (e tentou encaixar o buraco daquela capa/manta, ou sei lá o que, no meu olho direito, que seria operado)
- Se você colaborar, vai dá para fazer. Caso contrário, teremos que remarcar!
- Deixe comigo Dra., vou colaborar. Esperei mais de 2 anos por este momento! (não seria agora que eu iria fraquejar, adiando a operação tão aguardada).
- Fique calmo, que tudo sairá bem. (com a cabeça imobilizada por faixas adesivas, o olho anestesiado por inúmeras gotas de colírio, foi a vez dela encaixar no olho uma aparelhagem que facilitaria a operação);
A dor fez com que eu gemesse, ao mesmo tempo em que tentava movimentar a cabeça.
- Assim não dá. Ou você colabora, ou remarcamos para outro dia.
- De jeito nenhum, doutora! Pode contar comigo...
- Tudo bem... olhe para o seu pé!
- Como doutora? Não estou vendo nada!
- Imagine! Como se olhasse para a ponta do nariz... Levante o queixo! Por favor, levante o queixo! E olhe para o nariz!
- Estou tentando, doutora... Tô sufocando...
- A auxiliar está tentando chegar ao seu nariz um pouco de oxigênio.
Bendita auxiliar, que por baixo daquela capa/manta sufocante, me socorria com uma lufada de oxigênio vinda daquele caninho salvador.
- Agora melhorou bastante, doutora.
- Vamos ver se dá para concluir, então? Olhe para a ponta do seu nariz!... Para a ponta do nariz! Isso! Levante o queixo! Levante o queixo! Colabora!...
- Estou fazendo o máximo, doutora! (proferir essas poucas palavras, já me sufocava. Mesmo assim, busquei forças para manter o globo ocular na posição que ela pedia).
- Isso! Isso! Mantenha nessa posição!
Por algum tempo, que para mim foi uma eternidade, mantive-me totalmente paralisado, obedecendo às instruções da doutora.
- Mais um pouquinho...
Mais uma “eternidade” naquela posição... Tudo para solucionar um problema que já se prolongava por mais de dois anos. Valia qualquer sacrifício pelo êxito da operação.
- Só mais um pouquinho... Ah... Ah... Pronto! Podem tirar aqui, e fazer o curativo.
- (após um grande suspiro, aliviado, só pude agradecer) Obrigado, doutora! Muito Obrigado!

sábado, 29 de janeiro de 2011

DUAS ROSAS

Campos tem suas características. A filantropia é uma delas. Pessoas caridosas estão sempre se unindo na ajuda aos mais necessitados. Além das igrejas, os centros espíritas fazem com bastante empenho esse trabalho, oferecendo aos miseráveis da cidade – que não são poucos! – pernoites, cafés, sopas, cestas básicas, etc. Um trabalho realmente louvável de amor ao próximo praticado por elementos da sociedade melhor situados na pirâmide financeira.

Essas casas recebem, em geral, um nome iniciado por Casa de Caridade, completado pelo nome de alguém que tenha se destacado em vida, servindo aos seus semelhantes. Uma delas, muito especial para mim, curiosamente, não recebe o nome de “Casa de Caridade”. Tive contato com a mesma nos primeiros anos da década de 80, quando fui trabalhar no CESEC, atual sede da prefeitura campista. Nessa época, eu passava diariamente pela frente da “Fundação Cultural Vovó Teresa” e via, muitas vezes, a porta daquela modesta casa cheia de famintos que para ali afluíam, em busca de comida. Tempos depois, conheci Dona Conceição de Maria, a sua presidente. Negra, baixinha, culta e acolhedora, a sua imagem não revela, nem de longe a grandeza dessa senhora, que, através da sua obra, luta pelo negro, com uma garra extraordinária. Para isso, busca direitos, fala com políticos e passa noites em claro, fazendo um crochê “fino” cuja renda ela reverte para a fundação. Enquanto tece as suas peças, vai imaginando o que mais pode ser feito pela causa que abraçou...

Vovó Teresa foi uma escrava que lutou muito pelos irmãos de raça tendo, por isso padecido todos os sacrifícios reservados a um escravo rebelde. Foi ela quem inspirou Conceição a lutar pelos seus irmãos... A menina que cresceu na miséria, sendo depois empregada doméstica, sofrendo humilhações, jurou a si mesma ser alguém na vida, para cuidar da sua raça! E, foi o que aconteceu. Com a preciosa ajuda de Vovó Teresa, ela se torna enfermeira do corpo e da alma, e dá início à sua missão...

Foi contemplando a sua luta de amor desmedido que, um dia, eu lhe dediquei um poema. Há poucos dias ela me ligou:

- Doutor, queria lhe agradecer pela poesia que o senhor fez para mim. Foi lida na reunião de ontem e o senhor não sabe como foi bonito! (era uma reunião para a criação de uma nova entidade sobre a cultura negra, e o poema fora lido em sua homenagem).

- D. Conceição, a senhora não tem nada a agradecer! Nós é que agradecemos a sua bondade, a sua grandeza, a sua luta em favor da Raça Negra e dos miseráveis que batem à sua porta.

O poema que tem o mesmo título da crônica, “Duas Rosas”, encontra-se na seção MEUS POEMAS ESCOLHIDOS deste blog, e é a versão definitiva do que fora lido na reunião por ela citada, e que há anos eu dedicara a essa linda e emblemática senhora de Campos.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

“SERTANEJO UNIVERSITÁRIO”

O movimento musical “Sertanejo Universitário” que, teoricamente, deveria ser um evento musical mais refinado do que o outro Sertanejo, para poder justificar o nome, poderia ser mais cuidadoso... O cantor tido como o “papa” do movimento, por exemplo, canta coisas desse tipo: “Tô de cara com você. Tô de cara com você...” Talvez ele quisesse dizer: “Tô de caso com você...” Acho que, pela posição que conseguiu, não fica bem ele ficar maltratando a “Última Flor do Lácio” assim!

Tem uma dupla aí, cujo grande sucesso é: “O jeito é dar uma fugidinha com você; o jeito é dar uma fugidinha com você...” repetindo inúmeras vezes a mesma coisa. Experimente, trocar o G, por um D... Foi-se o tempo em que duplo sentido não era tão direto assim. Convenhamos: pegar um grupo de garotos cantando dessa maneira e apresentá-los como Sertanejo Universitário é, no mínimo, um contra-senso. Porque, na verdade, não se trata nem de uma coisa, nem de outra (o mais correto seria considerar o movimento como “fórmula fácil de se ganhar dinheiro”, assim como outros produtos que a TV vende, destinados à criança, principalmente, embalados em fantásticos cenários e produções.

O país que já produziu a “Tropicália”, a “Bossa Nova” e a “Jovem Guarda”, lamenta que as novidades musicais que surgem não se equiparem, em qualidade, aos citados movimentos. Por outro lado, jogar no lixo obras do tipo “Rancho Fundo”, “Tocando em frente”, “Tristeza do Jeca”, “Nuvem de Lágrimas”, “O menino da porteira”, “Fio de Cabelo” entre tantos sucessos, só porque temos agora uns meninos saltitantes que, em mega shows, enlouquecem as meninas do Brasil, é preocupante e até desrespeitoso para a nossa cultura musical.

Sei que os tempos são outros, são raros os verdadeiros universitários, engajados no estudo e no crescimento do país. Os “universitários”, que compuseram a tal Fugidinha... certamente, foram incentivados por alguém que falou: “É isso que dá dinheiro!!! Nada de conhecer a obra de Chico Buarque, Caetano, Gil, Roberto Carlos, Cartola, Paulinho da Viola e tantos mestres da MPB. Nada disso! Façam gestos sensuais, pulem e gritem, que do resto nós cuidamos. Afinal, não é disso que o as menininhas gostam?!...”

É, as menininhas gostam!... O problema é saber quem vai reparar os dramas de crianças indesejadas jogadas pelo muro, no lixo, na lagoa... Quem cuidará dos traumas produzidos e das despesas geradas na Saúde Pública?. Porque, pela fantástica filosofia do Sertanejo Universitário: “Primeiro a gente foge, depois a gente vê! Primeiro a gente foge! Depois, a gente vê!”...

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

LIXEIRA, NÃO!

A conversa surgiu devido a problemas comuns nos seus telhados, após a construção de um edifício ao lado:

- Ah... o senhor não tem ideia do que a gente tem sofrido aqui (reclamava a mais velha) toda hora cai objeto lá de cima... embalagens usadas, sacolas de supermercados... resto de cigarro, então... às vezes, vem até acesos! Fui obrigada a mudar a posição do gás. Já imaginou se uma ponta daquelas acesa caindo em cima do bujão? A vila toda vai pelos ares!

- É verdade, D. Sandra, uma tremenda irresponsabilidade! Será que eles não sabem o risco que podem causar? Todo o dia a gente vê notícia de incêndios causados por atos desse tipo. Falou o velho aposentado.

- E... o senhor pensa que é só isso? (a mais jovem, católica fervorosa, que acompanha as programações religiosas na TV, revezando entre a Rede Vida e a Canção Nova, respira fundo para dar continuidade) O pior... foi o que eu recolhi semana passada, quando estava catando as sujeiras que eles jogaram... (parou de repente).

- Foi o quê, que esses irresponsáveis fizeram, D. Isabel? (Ele deu ênfase aos “irresponsáveis” para que ela concluísse).

- No meio do lixo que eles jogaram, uma revista... e eu como gosto de ler, apanhei. Não que eu goste de fofocas de artistas ou de gente famosa, não. Mas, como estava na minha área, eu peguei. Não acreditei no que estava vendo! Mulher pelada...

- Já é por conta do carnaval! Ponderou o velho aposentado.

- Carnaval, nada! Revista por-no-grá-fi-ca! Isso é coisa de se jogar pela janela?! Deus me livre! O mundo está perdido mesmo!

- Você não me mostrou, Isabel!...

- Como é que vou ficar mostrando pornografia pra você, Sandra!? Deus me livre! Cruz credo!

O homem achou complicado prolongar a conversa com aquelas senhoras e se despediu. Mas, saiu dali se lembrando de uma história parecida que ouvira há pouco tempo:

Um moço ascendera na vida social, morando num dos novos e luxuosos prédios da cidade. Ao lado, numa casa arborizada e confortável, morava uma senhora zelosa pelo seu imóvel. O moço tinha o péssimo hábito de, toda noite, jogar camisinhas usadas pela janela, indo as mesmas cair bem no centro da área da senhora, o que naturalmente a deixava intrigada. Não se sabe como, mas ela garantia que eram dele... Na primeira vez, gritou, na direção do seu apartamento, reclamando; pedindo para que desse outro destino ao objeto usado. Mas, nada! Toda noite, nova camisinha usada era jogada; e, toda manhã, lá estava ela indignada, fazendo a sua remoção.

Apesar da figura influente que se tornara, ele era dessas pessoas que tiveram facilidade de ascender na vida, galgando luxuosos edifícios por elevadores requintados, mas não tiveram o devido escrúpulo de respeitar os semelhantes que lá embaixo permaneceram querendo apenas ser tratados com dignidade.