"Ao fim das crônicas conheça os poemas do autor"

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sábado, 19 de setembro de 2009

AFRO-DESCENDENTES

Está claro que os tempos são outros: temos negros na corte maior da nossa justiça, no Congresso e no Ministério. Mas houve um tempo em que o negro de maior destaque no país era um comediante, Grande Otelo. Depois, numa amplitude maior, já que atingia o lado internacional, conhecemos Léa Garcia, Lourdes de Oliveira, Breno Mello e outros artistas afro-descendentes que, pelas mãos de Vinicius de Moraes, autor da adaptação do drama de Orfeu para o cenário carioca, estrelaram o premiado filme “Orfeu do Carnaval”. A atriz e cantora Zezé Mota também foi destaque neste cenário, com sua interpretação em “Xica da Silva”. Hoje, graças à luta dos artistas negros no país, podemos assistir ao talento e à beleza de Taís Araújo, em núcleo de novela (que não é mais o de empregados domésticos!) na vitrine mais importante do país que é a novela das 9,00 da Globo.
Todos nós sabemos que, depois da Abolição, os negros não tiveram por parte do governo o apoio dado a estrangeiros para iniciarem nova vida. Em conseqüência, tiveram que buscar sobrevivência nas cidades, inchando-as, dando origem às famosas, mas humilhantes favelas.
Durante anos os negros tiveram boas chances em apenas dois setores: no samba e no futebol, deslumbrando os espectadores do Brasil e do mundo! Pareciam ser essas as suas únicas opções profissionais, já que era fácil conseguir bons dólares através de suas performances...
Mas, a inteligência negra aliada à sua luta, demonstraram que o jovem pode tornar-se excelente profissional em qualquer área. Através do ensino, principalmente do médio, onde a Escola Técnica, Sesi, Senac e outros órgãos, tem produzido mão-de-obra qualificada que resulta em bons salários. Evidentemente, havia os que sonhavam com campos mais avançados como os centros cirúrgicos, os tribunais, etc. o que só era possível a custa de sacrifício redobrado...
Numa crônica do meu livro “A Ponte” eu falo de uma nova realidade entre os afro-descendentes, onde alguns dos seus membros desfilam carro último tipo, freqüenta shoppings, tem laptop e buscam a melhor educação para seus filhos... devido principalmente, aos bons salários que recebem como funcionários da Petrobrás, principalmente. Lembro a Petrobrás porque a proximidade que temos com as plataformas petrolíferas, nos leva a conhecer o dia-a-dia de muitos profissionais residentes em Campos. Daí ter produzido a citada crônica...
A página de hoje surgiu em razão do debate no Congresso sobre vagas para negros em universidades. Tão inteligentes e competentes quanto os brancos, está comprovado que eles são... Por isso, talvez nem fosse preciso uma lei que trouxesse esse benefício. Mas, a dívida que os governantes da época da Abolição legaram à população afro-descendente foi tão grande que, por mais discutível que possa parecer uma lei que venha beneficiar os seus descendentes, ela será uma lei justa!

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

UM EPISÓDIO LAMENTÁVEL

O episódio envolvendo Nelsinho Piquet que bateu o seu carro numa corrida de Fórmula-1 do ano passado para favorecer o seu companheiro de equipe na Renault me deixou, como brasileiro, bastante constrangido. Esse rapaz beneficiado com a fama conseguida por seu pai, não precisava se envolver num escândalo de tamanha proporção! Com a sua entrada num grupo tão restrito já facilitada, não precisava mais do que talento (comprovado com o seu retrospecto em outras fórmulas), garra (também comprovada) e... paciência. Só isso! O tempo se encarregaria do restante.
Na minha juventude, não havia tantos brasileiros fazendo sucesso nos esportes lá fora. Lembro-me de Maria Ester Bueno, tenista campeã por diversas vezes em Wimbledon; de Éder Jofre, grande campeão do boxe; de Ademar Ferreira da Silva, campeão olímpico, único brasileiro a conseguir duas medalhas individuais em Olimpíadas... todos, comprovadamente, vencedores por seus próprios méritos. Assim como os automobilistas Emerson Fittipaldi, Nélson Piquet, e Airton Senna que mais tarde, com muita luta triunfariam na Fórmula Um.
Em 1958, na Suécia, os bons ventos começavam a soprar para o nosso país. Nesse ano o Brasil se tornou campeão mundial de futebol. Título conseguido com talento, garra e paciência. O dinheiro fácil só faria a cabeça dos jogadores anos mais tarde pois, ainda em 1962, quando fomos bi-campeões no Chile, Garrincha conheceu a fama, mas chegou tarde para a fortuna e morreu pobre.
Depois, veio a consagração de ídolos isolados (Nélson e Rodrigo Pessoa, Torben e Lars Grael, Popó e Guga) e dos times brasileiros de basquete, vôlei, vôlei de praia, futebol de salão, de praia, etc., sempre com atletas com talento, garra e muita luta. Acredito que faltaram essas qualidades ao filho do grande corredor Nelson Piquet.
Infelizmente, vivemos num país onde não existem maiores referências morais. Os nossos dirigentes são os primeiros a dar maus exemplos. Um percentual muito grande deles encontra-se envolvido em corporativismo, “toma lá, dá cá”, maracutaias... A famosa Lei de Gérson (que ao fim de uma antiga propaganda televisiva, dava um sorriso meio “cínico” e dizia: “Gosto de levar vantagem em tudo. Certo?”) parece continuar em pleno vigor, o que não traz nenhum benefício à mente do jovem que busca o seu caminho.
Felizmente, por educação ou por índole, mesmo num meio adverso, os nossos jovens vão à luta! Já faz algum tempo que eles, em nome do desenvolvimento, como modernos bandeirantes, deixavam a sua casa e partiam para tomar posse numa agência qualquer do Banco do Brasil, nos confins do país; hoje, como bravos pioneiros, trabalham em alto mar para produzir petróleo e gerar divisas para a Nação; não esquecendo o que as nossas Forças Armadas enfrentam para garantir a nossa segurança. Em razão de atitudes positivas como essas, ainda é possível acreditar no futuro deste país. Mas, não assistindo a espetáculos grotescos como esse do Nelsinho Piquet...

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

CARTA AO FILHO QUE VAI SER PAI

Rodrigo, meu filho,

Você me transmite hoje a noticia mais auspiciosa dos últimos tempos: a de que vai ser pai... Desde que a ouvi, como todo avô que se preza, me sinto em estado de graça: rindo, cantando, levando às pessoas a novidade... Devo lhe dizer que nenhum tratado, obra, tarefa, que você já tenha feito ou que venha a produzir um dia, se compara a essa maravilha que é a fecundação, da qual, somos apenas intermediários, uma vez que o seu autor supremo é Deus!
Quis o destino que ela fosse acontecer neste recanto brasileiro tão bravo, tão querido, tão calorento e acalorado, que é o Piauí. Mas, quis também o destino que vivêssemos outro tempo: o da globalização. Aquele em que podemos falar e ver a imagem e a voz do outro, “em tempo real”. Tudo isso ameniza a distância que nos separa do abraço físico, porque o espiritual é uma constante.
O importante é que todos estamos torcendo para que chegue ao lar de vocês um garoto ou uma garota saudável que lhes traga muita alegria. Para tanto, junto ao amor que devota à sua mulher, você agora precisa acrescentar outro sentimento que é o do cuidado, da atenção redobrada, de que ela precisará nesses meses de espera.
Sabemos que a graça, a alegria, o encantamento do momento, que invade o coração de todos, contrasta com a violência, a corrupção, a ganância dos homens, principalmente daqueles tem mais responsabilidade que nós, homens comuns, por serem nossos representantes e conduzirem o destino da Nação. Por isso, é que se faz necessário que lutemos cada vez mais pelo bem, pela justiça, pela fraternidade, pela grandeza do nosso país, pela conservação do nosso planeta e pela propagação do amor, tão em baixa nos dias atuais... Tudo isso para que essa e todas as crianças que estão para chegar, possam viver um outro tempo, onde prevaleçam o amor, a fraternidade, a fé em Deus...
A viagem que estava planejando para revê-los, certamente será agora será encurtada e, logo logo, estarei por aí para, comemorarmos juntos a boa nova!
Que Deus cubra de bênçãos vocês e a criança que está para chegar!

sábado, 29 de agosto de 2009

CARTA A ROBERTO GÓES

Campos dos Goytacazes, julho de 2009.

Caro amigo Roberto Góes,

Nem sei se ainda mereço desculpas pela demora em responder às duas cartas enviadas pelo amigo. Ainda assim, vou tentar justificar a minha demora em respondê-las. Estou com o filho mais velho se formando pela UENF; o segundo, que é biólogo, estudando e buscando oportunidades no Piauí; e o caçula começando a trabalhar... Dentro do possível, vou administrando o meu tempo de viúvo, porque assumi o compromisso (desde que a mãe deles partiu para a eternidade) de não deixar “a peteca cair”. Infelizmente, a atividade que encontrei para preencher o meu tempo não é nada rentável e a aposentadoria, que era para nos dar uma velhice tranqüila, se desvaloriza ano após ano! Ela, a atividade literária, pelo menos, preenche o tempo e me trás alegrias, como a criação do blog http://www.paineldogurgel.blogspot.com/ pelo meu filho Rodrigo. Quer dizer, aquilo que eu fazia a título de “colaboração” para os jornais da cidade, agora faço com uma amplitude bem maior através da Internet, tendo ainda a oportunidade de criar seções como “Meus poetas, Meus amigos”, onde eu publico trabalhos de poetas que me são caros. Em breve incrementarei mais o blog introduzindo uma seção de fotos, entre outras novidades. Por outro lado, o tempo que gasto como essa obrigação, aliado às minhas atividades na Academia Pedralva e no Café Literário, me deixa quase sem nenhuma margem... Sem falar da casa (uma bagunça eterna!) e da comida que faço, de vez em quando para variar o self-service. Bom... é a vida, não é mesmo?
Falando do amigo: em primeiro lugar, conhecendo o seu drama familiar, por já ter vivido problema semelhante, quero trazer a minha solidariedade e a confiança em Deus, que é quem nos sustenta nesses casos. Coragem, amigo! Afinal, estamos todos aqui de passagem...
Voltando às suas remessas de trabalhos, sem achar que sou a pessoa indicada para a tarefa, devo dizer que gostei muito das suas memórias, principalmente quando retratam personagens de Mossoró, que também são muito meus, uma vez que lá vivemos em época semelhante. João Fernandes, Padre Mota e tantos outros que você descreve com precisão e riquezas de detalhes, me deixaram fascinado. Parabéns! Acho que você poderia criar um trabalho agrupando os seus personagens mossoroenses, ambientando-os dentro daquele cenário luminoso e quente que é próprio da cidade.
Peço desculpas mais uma vez pela demora e rogo a Deus pela saúde da sua mulher. Na expectativa de novos contatos, agora mais fáceis, graças à Informática, envio o meu abraço fraterno.

Saúde, sucesso e felicidade, deseja o amigo

José Gurgel dos Santos

sábado, 22 de agosto de 2009

UM CERTO SERMÃO

Nutro pelo Monsenhor Paulo Pedro Seródio uma grande admiração. E, não é somente pela sua oratória envolvente. O atual vigário da Catedral do SS Salvador é também um pintor de categoria, já tendo exposto aqui suas belas telas retratando o sofrimento de Jesus no Calvário. Por outro lado, no meio intelectual da cidade já ouvi alguém, num rasgo de admiração, dizer: “Amei o seu texto! Gostaria de tê-lo escrito!” Vou me valer desse entusiasmo para dizer da minha admiração não por um texto escrito, mas por um sermão pronunciado. O da missa de domingo pelo Monsenhor Seródio.
Não sei se por orientação eclesiástica ou por inspiração momentânea, o fato é que ele, mudando um pouco o seu tom eloqüente, manteve com seus paroquianos naquele sermão um quase “diálogo”, onde esses respondiam com risos miúdos a cada uma das suas falas hilárias (apesar da seriedade dos temas abordados). Disse o Monsenhor, entre outras coisas: “Acho engraçado como as pessoas ficam olhando para mim num restaurante. Por quê? Um padre não pode comer, nem beber?”... Que não aceita ser chamado de solteiro, muito menos de solteirão, porque é casado com a Igreja... Que está careca devido às luzes dos fotógrafos sobre sua cabeça nos casamentos que realiza... Sobre a vaidade feminina: “De vez em quando uma fiel chega pra mim e pergunta: - Não se lembra de mim?” “Claro que não!” A mulher fez tanta plástica que está irreconhecível! Comentou também sobre vaidade masculina: “Os rapazes agora andam tão ligados em musculação, que não usam mais camisa normal. Só camisetas para destacar os músculos sarados”.
O que mais prendeu a atenção dos fiéis, no entanto, foi quando ele detalhou o seu dia-a-dia na Pastoral dos Nômades (ciganos, gente de circo, etc.) que há alguns anos vivenciou. Contou o Monsenhor: “O sacrifício começa com o acordar, quando, fazer a higiene matinal com uma caneca d’água torna-se um ato de malabarismo. E, fazer as necessidades no mato? Eu, então, que sofro de uma prisão de ventre crônica? Quando chegava num lugar e encontrava uma privada, ficava deslumbrado! E o anoitecer? Dormir ao relento? Vocês já dormiram no chão? Para os gordinhos é um sacrifício, Não tem onde se apoiar, quando se levanta!...”
Tem ocasiões em que um gravador faz falta. Aquele sermão em que o sacerdote usou a ironia para falar do sofrimento humano, foi uma delas. Nem sempre é preciso falar difícil. Muitas vezes, a fala coloquial transmite mais do que uma enfiada de palavras eruditas. Saí da igreja leve e feliz, certo de que o filho de Deus que se fez homem e viveu entre nós defendendo os humildes e oprimidos, certamente, após esboçar um discreto sorriso, terá dado também o seu aval àquele sermão antológico.

Nota: Por falta de tempo, transcrevo do meu livro “A ponte” esta crônica sobre um sermão antológico do Monsenhor Paulo Pedro Seródio. Sem ser formal, foi uma das pregações mais brilhantes que eu tive a graça de assistir. Monsenhor Seródio também me causou impacto quando visitei a expressiva e brilhante exposição de seus quadros, sobre a agonia de Jesus.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

AMIGOS E FOTOGRAFIAS

Aprecio bastante fotografias, assim como cultivar amigos. Fotos de familiares, e depois de amigos, sempre foram um hobby para mim. A minha esposa, de quem consegui realizar belas fotos, faleceu no ano 2000. A essa altura eu fazia parte de dois movimentos culturais na cidade de Campos – a Academia Pedralva e o Café Literário – o que muito me ajudou a enfrentar “a barra” do doloroso acontecimento. Em ambos os movimentos pude constatar que, quem não pode ter “um milhão de amigos” conforme Roberto Carlos, pode certamente cultivar algumas dezenas de “amigos de fé, irmãos e camaradas”. É o que tem acontecido comigo – graças a Deus! – nos rincões que me cabem deste imenso Brasil: Campos, Mossoró e Natal. A saudável convivência com grandes amigos, resultaria em grandes momentos fotográficos.
Como a vida me deu o privilégio desta coleção maravilhosa coleção, não custa nada reparti-la com os meus mais novos amigos – muitos dos quais provavelmente nunca conhecerei pessoalmente! – que são aqueles que me dão a honra de visitar este blog. São fotografias de lançamentos dos meus livros, encontros na Academia Pedralva e outros momentos informais com familiares e pessoas que me são muito caras.
A autoria das fotos é de Avelino, Viviane, Sobral, dos meus filhos Roberto e Rodrigo, e de amigos mossoroenses e natalenses, autores de momentos marcantes da minha vida cultural. Passemos, então, a alguns desses registros fotográficos...


Aqui, com o poeta Antonio Roberto, na sua memorável criação: o Café Literário.



Com o saudoso escritor campista Waldir Carvalho e D. Zeni.


Em Mossoró, com Dorian Jorge Freire, de saudosa memória, fonte de inspiração para o meu trabalho como cronista.



Ainda em Mossoró, com o grande incentivador das letras mossoroenses, saudoso professor Vingt-um Rosado.



Em Natal, em conversa informal com o mano Tarcísio e o sobrinho Bruno.




No stand da Academia Pedralva, na 5ª Bienal do Livro de Campos, com o então prefeito Alexandre Mocaiber, e o então presidente da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, professor Luiz Guilherme Fernandes.


Na Academia Pedralva, os grandes eventos terminam sempre numa foto coletiva. Aqui, na posse da acadêmica Jaélzia Denise (a 3ª a partir da direita).



Em Natal, a família prestigiando o lançamento do meu livro “Em Família”



No Sebo do Canindé, em Mossoró, com um grupo de poetas e intelectuais locais.



“Sêbado” é o título original deste sebo que funciona aos sábados. Na foto com o seu proprietário, o dentista Marcus Pereira, e Canindé, no lançamento do meu livro “A Ponte” em Mossoró.



Em encontro informal em Mossoró, com o cronista José Nicodemus e o grande cordelista brasileiro do momento, Antonio Francisco.


Com meus amigos e ídolos em Campos: a poetisa Lysa Castro e o poeta e comunicador mais antigo da radiofonia brasileira, José Florentino Salles (86 anos).

Obs.: Para o trabalho fotográfico que ilustra a crônica de hoje, contei, mais uma vez, com a colaboração do estúdio do meu amigo e maior fotógrafo de Campos, Dib Hauaji.