"Ao fim das crônicas conheça os poemas do autor"

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domingo, 30 de novembro de 2014

RIR (AINDA) É O MELHOR REMÉDIO?

           Aprendi, desde menino, que “rir é o melhor remédio”. Com o passar do tempo, já em outras idades, acrescentei a essa prática, duas outras igualmente saudáveis: exercícios para o físico e para a mente. É verdade que atualmente, atento aos acontecimentos políticos que envolvem a todos, tornou-se mais difícil exercitá-las como gostaria, já que noticiários televisivos, canais a cabo e computador costumam nos prender em casa, numa poltrona, durante muitas horas diariamente.
        Mas, eu prometi a mim mesmo que hoje falaria sobre outro assunto: o riso em minha vida. Como falei na abertura, o riso é meu companheiro desde criança. Nos filmes de Rocky Lane, por exemplo, que assistíamos nos vesperais aos domingos, havia um “doidelo”, personagem cômico, amigo do cowboy, sempre disposto a ajudá-lo nas suas aventuras. Gordo, tinha um chapéu preto amassado e, a despeito do físico avantajado, estava sempre pronto para correr e rolar, em defesa do amigo e para o bem da coletividade. Era o contraponto do humor às cenas de luta, com muitos socos e tiros que o cowboy protagonizava...
          Claro que o incomparável Charles Chaplin, genial criador de Carlitos, também fez parte do meu imaginário desde cedo. Só não me recordo bem do momento sequencial em que me diverti pela primeira vez com a sua arte, criada durante o Cinema Mudo, mas este foi, sem dúvidas, um marco nas minhas diversões cinematográficas: o vagabundo que derrotava vilões, poderosos, sempre ao lado dos menos favorecidos. Os filmes “O Circo”, “O menino” e o genial “Tempos Modernos” ficaram gravados para sempre na minha memória.
          Quando comecei a assistir aos filmes brasileiros, me diverti bastante com Oscarito e Grande Otelo botando o “bandidão” José Lewgoy para correr, tropeçando, caindo e rolando de precipício, para mostrar que, mais cedo ou mais tarde, o bem e a verdade sempre vencem. “Aviso aos navegantes”, “Nem Sansão, Nem Dalila”, e “O homem do Sputinik”, são exemplos de filmes hilariantes da dupla, numa época em que o país era mais  feliz, podíamos confiar nos poderes constituídos, e as famílias iam à noite ao cinema se divertir, sem se preocupar com a volta para casa...
          Depois, na televisão, marcou presença o seriado Os Trapalhões, liderados por Renato Aragão (cujos episódios costumava ver com os meus filhos), ao lado dos inseparáveis amigos  Dedé, Mussum ou Zacarias, com os quais, em ritmo de brincadeira, levavam sempre a melhor sobre os arrogantes e os que gostam de levar sempre vantagem em tudo...
         Não poderia esquecer também outros grandes comediantes que vindo do teatro ou do cinema fizeram grande sucesso na televisão. É o caso da fantástica Dercy Gonçalves que, além de programas de diversão em outros canais, participou da novela global  “Que rei sou eu?” mas que depois foi para a “geladeira”, privando seus fãs das performances da  grande comediante  que tinha o seu ponto alto nas caras, bocas e palavrões que proferia com tamanha arte e humor, que as pessoas não se sentiam agredidas. Na mesma linha de Derci, o hilariante Costinha também merece destaque. Dei boas gargalhadas com as interpretações humorísticas de ambos. Outros dois comediantes, famosos pela quantidade de tipos que criaram durante anos são, por muitos, considerado gênios: Chico Anisio e Jô Soares, e merecerão melhores comentários, em outra oportunidade...   
            Atualmente, o humor não é o mesmo. Felizmente, nos canais a cabo, temos a possibilidade de rever as grandes atuações de Chico Anísio e de Jô Soares, nos programas que faziam semanalmente na TV, com incontáveis tipos que não precisavam de tantas apelações pornográficas e/ou palavras chulas para fazer rir o telespectador, para agradar as famílias que iam para frente de um televisor fazerem o exercício do riso coletivo, sem se preocupar com a presença de idosos, crianças ou convidados na sala.
         Impossivel não destacar aqui, também, o humor simples, porém fantástico, do mexicano Roberto Bolaños, o Chaves, que há décadas vem dominando  a preferência da garotada pelo seriado exibido no canal de Silvio Santos, com a sua inocência quase infantil, que só os gênios conseguem transmitir para alegrar telespectadores de todas as idades. Por uma triste coincidência, após longa doença, Roberto Bolaños veio a falecer ontem no México, justamente ontem, dia em que eu decidira iniciar esta crônica, sobre a arte de fazer humor. Descanse em paz, Chaves, e obrigado pelas situações de humor puro que nos presenteou.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

LEMBRANÇAS DE UMA SÓRDIDA CAMPANHA

         Me desculpem, mas só agora consigo fazer este comentário. É que a derrota de um sonho acalentado pela metade da população do país me deixou arrasado, desnorteado. Sem saber o que falar... Acho que ideias, agora, já se encontram perfeitamente aptas para esta exposição.  Por exemplo: eu acho até que se o candidato da Oposição enfrentasse sempre a candidata da Situação com o ímpeto que a enfrentou no debate do SBT, a coisa teria sido diferente (quem assistiu àquele debate, certamente se lembra como a desafiante saiu dele quase “nocauteada”, sem saber o que dizer, tomando água para se acalmar). Mas, vieram os marqueteiros, os partidários do partidão em todos os níveis reclamando do tom do tal debate, pedindo “propostas” e não “baixaria” e o resultado foi que mais “educado” no debate seguinte (Record) o candidato acabou sendo dominado pela desafiante que, de proposta não tinha nada, a não ser levantar a bandeira do Bolsa Família até as últimas consequências, fazendo ver à “base da pirâmide” que tinha que ganhar,  para que o programa pudesse continuar... conta-se que no Nordeste e no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, a propaganda correu solta, ameaçando os beneficiários com a hipótese da perda do programa.
         Sobre o candidato “filhinho do papai”, tantas outras infâmias e calúnias foram proclamadas, além da perda do “Bolsa Família”: agressor de mulher (talvez por ter respondido à altura, no primeiro turno à candidata do PSOL, ou quase ter levado a nocaute a sua desafiante, no programa do SBT).  Mas, caramba! Não é isso que o Partidão sempre fez? Omitindo dados negativos  ao governo; mentindo,  xingando, caluniando, difamando qualquer um que atravessasse o seu caminho, tentando se manter no poder, a qualquer custo, eternamente?...
         Não vou questionar o resultado eleitoral. Mas é estranho que antes do pleito computadores ligados ao Palácio do Planalto e a órgãos do governo tivessem tentado modificar textos de jornalistas para beneficiar o governo. Por aí, chegasse à conclusão da facilidade de hakers governistas poderem manipular a eleição (que só á noitinha começou a divulgar resultados). Países tecnicamente mais evoluídos que o nosso, por exemplo, ainda se utilizam dos votos contados manualmente. Seria pela segurança?...
          O que eu sei é que um boato, talvez o mais sórdido de todos que circularam foi o da possível divisão do país entre Nordeste e Sudeste, com Minas se transformando num lago imenso. Eu cheguei até a ficar preocupado já que, nordestino como sou, moro em Campos, no Sudeste,  há mais de trinta anos. Teria eu que providenciar passaporte para visitar a terra que me viu nascer? A terra onde meu segundo filho (que fez o caminho inverso ao meu, indo morar no Piauí) lhe deu trabalho, e onde ele constituiu família?
         Acho muito estranho que um país imenso como o nosso deixe de lado tantos problemas modernos – como a informatização, que aos poucos vai acabando com inúmeras profissões – sem buscar (apesar do tantos ministérios, inclusive um de nome pomposo, “Ministério do Planejamento”) criar atividades específicas para o cidadão, principalmente o de baixa renda, para que ele possa honestamente ter sua família. Ao invés disso, o Brasil, ultimamente, prefere dar ouvidos a políticas ultrapassadas, agraciando outros seguidores com verbas produzidas pelo suor do brasileiro que poderiam estar contribuindo para o trabalho do nosso cidadão.
         A expressão de alegria exacerbada do líder do partido (que comanda a braço de ferro a política do partido e tudo o que ocorre no país nos últimos anos), ao lado de uma presidente de sorriso amarelo, no dia da eleição, retrata bem o desejo de mudança do povo brasileiro (no mínimo a metade dele!) para um país sério, sem privilégios, que não  beneficie apenas alguns (filho, filha, parentes e partidários daqui e lá de fora). O país não é apenas um partido.  Em 12 anos, por exemplo, estamos vendo São Paulo e região sofrendo com a seca, com ares do mais árido Nordeste brasileiro.
         Não seria a hora de pensarmos com seriedade essa grande área que herdamos, e passarmos a tratá-la como um legítimo país, uma grande nação?! Não apenas beneficiar alguns em detrimento de todos?! Vejam a falta de planejamento no desmatamento da Amazônia o que está causando. É hora de pensarmos o Brasil como país, nação, pátria, acima de tudo, e, não ficarmos cuidando de problemas alheios, para que não tenhamos, nos próximos anos, não apenas uma região sofrendo com a seca, mas um imenso país, padecendo por falta de um planejamento capaz de administrar  sa nossa potencialidades de Nação. A Saúde, a Educação, a Segurança a Família, acima de tudo, pedem socorro. É tempo de administrar o Brasil com seriedade!