"Ao fim das crônicas conheça os poemas do autor"

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sexta-feira, 26 de outubro de 2012

FALANDO DE ATIVIDADES LITERÁRIAS

Depois de me ver incluido, com muita honra, num blog da Prefeitura municipal de Campos, intitulado "Autores Campistas"; depois de assistir a talentosa
Maria Helena interpretar meus poemas no Café Literário; depois de me relacionar com tanta gente inteligente, em Campos, Natal, Mossoró e Teresina/PI,
onde conheci o "Sarau dos amigos do poeta Cineas" - que lembra muito o nosso querido Café Literário; guardo forças agora para a apresentação
do monólogo que escrevi, intitulado "Cida, Cidinha, Aparecida", que o grande diretor campista Fernando Rossi resolveu levar aos palcos.
E, não vou dizer que trata-se da minha última aventura literária, num ano tão generoso para esse humilde "amante das letras" como está sendo este 2012!
Sim, porque se Deus quiser, pretendo, até o final do ano, publicar mais um livro, que deverá se chamar "Prestação de Contas". Por enquanto,
gostaria de passar para meus queridos amigos, o cartaz que Fernando Rossi e seu grupo prepararam para o espetáculo.


terça-feira, 23 de outubro de 2012

PERSONAGENS

Uma coisa que gosto de fazer é me aventurar em viagens rodoviárias Nordeste-Rio, Rio-Nordeste, buscando nas mesmas conhecer pessoas, tipos, personagens. Com o passar dos anos e, algumas vezes, utilizando-me do avião, a colheita de tipos ficou até mais reduzida. Por exemplo, para pegar ainda o velório de um cunhado falecido em Mossoró, tive de pegar um enorme avião; fazer escala em Salvador; chegar alta madrugada em Natal; e, pegar o primeiro carro para a zona oeste do estado. Uma correria que contou com a colaboração da mana Dodora e da sobrina-afilhada Juliana que me levaram pela fria madrugada natalense à rodoviária, onde aguardei o primeiro ônibus para Mossoró. Eu falava sobre apreciação de novos tipos. Porém, em um gigante onde mal dá para se locomover, guardando as emoções para um breve encontro familiar, pouco sobra para observar personagens. No início da viagem, tentando ser o mais concentrado possível na leitura da revista semanal que tratava do processo do Mensalão, lançando de repente, um olhar sobre uma coisa redonda chamada janela (são milhares delas!) e presencio, piscando, do lado de fora uma coisa imensa chamada asa, pronta para decolar, mas que me maltratava com a demora provocada pelo tempo chuvoso. Devido a um temporal grande que caiu sobre o Rio de Janeiro, fomos obrigados, devidamente "encaixotatos" numa minúscula poltrona, a aguardar mais de uma hora pela orientação do piloto que por algumas vezes se utilizou do microfone para informar das condições para levantar voo, tranquilizar(?) os passageiros e dar outras orientações.

De início, a minha intenção era falar nesta crônica sobre personagens interessantes que descobri (na viagem de volta) em ônibus do sertão para a cidade de Campos. Como a descrição do meu pavor pela viagem aérea já levou quase metade deste trabalho, vou ter que falar mais detalhadamente sobre os mesmos em outra oportunidade. Eu que já me referi aqui a figuras curiosas como um chinês que procurava conhecer melhor a nossa língua e, na brincadeira que se torna uma constante entre os passageiros em viagens desse tipo, algumas vezes, era induzido a aprender significados de palavras diferentes da realidade por rapazes gozadores que vão ao sudeste em busca de trabalho. Desta vez, descobri pelo menos três personagens curiososos: um circunspecto senhor de atitudes "suspeitas" que retirava de uma bem guardada moxila coisas que distribuia a jovens (bem jovens mesmo!) que foram recrutados para trabalhar no sudeste. Descobri mais tarde, a atitude cuidadosa do homem em relação aos jovens: era alimento que distribuia aos mesmos, dois deles eram seus filhos... Outro personagem: um contorcionista que, na sua poltrona, utilizava-se das mais diferentes formas para dormir, indo até o chão do carro e muitas vezes dobrando-se na forma de um celular, transformando-se numa compacta e estranha figura; finalmente uma ex-dançarina de grupo de forró, agora funcionária de uma multinacional, igualzinha às piriguetes que aparecem na televisão, que pegou o coletivo na Bahia, com destino ao Espirito Santo. Pelo seu tipo exuberante, ela chamava a atenção de qualquer pessoa. Entretanto, quase chegando, depois de revelar que estava sem comer desde o dia anterior, acabou por me levar a última e deliciosa fatia do bolo "mesclado", preparado com muito carinho pela minha nora, lembrando as atenções da minha mãe quando das minhas primeiras viagens ao Rio...

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

RETORNO DO CAFÉ AO PALÁCIO

Na noite de 30.08.12, quando o Café Literário foi convidado a retornar ao seu espaço original no Palácio da Cultura de Campos, fiz o seguinte pronunciamento, para os que, emocionados, participavam da reunião:


Senhoras e Senhores,

A vida é uma sucessão de acontecimentos, pessoas, lugares. Vamos passo a passo, a cada dia, galgando os nossos bons e não tão bons momentos. Conhecemos lugares, pessoas, participamos de acontecimentos. Hoje, aqui no Palácio da Cultura, eu participo de um acontecimento memorável: A volta do Café Literário ao seu lugar de origem. Isto vem a ser o reconhecimento do belíssimo trabalho literário apresentado durante oito anos consecutivos por este grande homem que foi o poeta Antonio Roberto Fernandes.

No início da década passada, estava eu abalado pelos anos de padecimento e pela morte, em junho de 2000, da minha esposa Neli. Triste, melancólico com o acontecido, tive a chance de conhecer um movimento cultural em curso na cidade, onde pontuava o poeta Antonio Roberto, com seus poemas marcantes, seu carisma e a capacidade de aglutinar admiradores. O Café Literário do poeta foi a minha muleta, o meu amparo que ajudou a suportar perda tão grande... Dentro da Cultura local, o poeta foi uma pessoa que na sua imensa simplicidade conseguiu atrair para o seu "café" muitos amantes da literatura e da cultura, dividindo com todos seu conhecimento e sua alegria, no agradável encontro que era levado no Palácio da Cultura todas as quintas feiras.

Assim, foram 8 anos de grandes atuações, aqui e em outras salas da região, com importantes participações nacionais como Adélia Prado e Ferreira Gullar. Em determinada ocasião, tivemos o privilégio de acompanhá-lo ao Rio de Janeiro para receber um prêmio que o seu "sarau" havia ganho. Era assim, o Café do poeta. Café que, sob o seu comando, difundia cultura e descobria valores tantas vezes escondidos, nesta vasta planície goitacá.

Mas, tudo na vida acaba um dia e, como no dito popular, "o que é bom, dura pouco". O poeta que foi um ícone na cultura campista após um mês de padecimento num leito hospitalar, morre... deixando órfãos de poesia e de cultura nós, os seus amigos e admiradores, e por que não dizer, toda a cidade de Campos e o norte fluminense.

"O Café Literário morreu com o poeta!" Por algum tempo, a frase dita por alguém influente na cultura local, procurava (quem sabe?) acabar com o movimento criado pelo poeta. Apesar da convicção com que fora pronunciada, uma dezena de frequentadores daquele incrível sarau, mostraram que a realidade poderia ser outra... E, fizeram um pacto. Fariam novas reuniões em qualquer lugar, nem que fosse debaixo da ponte... Hoje, quatro anos após a morte do poeta, o novo café literário volta a ser convidado para retornar ao seu lugar original. E, com muito garbo, para mostrar a sua arte, aqui estão os antigos companheiros, os amantes das letras e da cultura, os familiares, todos para reverenciar o poeta Antonio Roberto e a sua obra que há tantos anos leva cultura e literatura, contribuindo para o saber e a alegria de todos, inclusive do próprio poeta que, lá de cima, certamente estará vibrando pelo auspicioso acontecimento. Salve Poeta!

sábado, 1 de setembro de 2012

CANGAÇO NACIONAL?

Em criança eu me assustava com as histórias que ouvia sobre Lampião e seu bando: as suas atrocidades no sertão nordestino. A "lei do cangaço" era perversa e as sentenças para quem ousasse desafiá-las eram ainda mais cruéis. Iam das mutilações à morte, e a execução (em geral, para servir de exemplo!), era feita sem dó nem piedade. Durante muitos anos o bando espalhou o terror pela região. Por medo, respeito ou admiração, importantes fazendeiros ou gente de poder, em posições geograficamente estratégicas, davam-lhes cobertura, acoitando-os nos seus deslocamentos. Além disso, acostumados ao clima inóspito da região, o grupo também se protegia em grutas escondidas por vegetação seca e retorcida, debaixo de um sol inclemente. Foi justamente num lugar como esse, que o bando de Lampião foi pego de surpresa e exterminado, acabando com o reinado e a fama do Rei do Cangaço. Suas cabeças, durante muitos anos, foram expostas como troféus em Salvador...
Nos dias atuais, o desgoverno, a impunidade, a "lei de Gérson", levam-nos a um panorama que, em alguns casos, se assemelham àqueles terríveis anos de cangaço. Com uma diferença: o clima de pânico já não está mais circunscrito ao Nordeste dos anos 20. Tristemente, concluímos que ele alcança toda a nação, com bandos tão aterrorizantes quanto o do Capitão Virgulino Ferreira. As famílias brasileiras não podem mais sair à noite, frequentar shoppings ou restaurantes. Os jovens para frequentar escolas noturnas correm sérios riscos. Pessoas inocentes viram presas fáceis desses novos cangaceiros, e uma vez dominadas ficam sujeitas aos crimes mais cruéis de que se tem notícia... jovens que cedo entram para a delinquência, acabam virando líderes do terror. E, quando a gente pensa já ter visto de tudo, uma "Maria Bonita" moderna ganha as manchetes policiais ao matar, esquartejar e tentar dar sumiço ao corpo do seu companheiro...
A gente fica a meditar: O que está acontecendo? É a facilidade de corromper com o dinheiro público? É o poder das drogas? É a falta de acompanhamento familiar? É a Educação errada? É a falta de Deus? - "Falta de Deus", não era para ser... Com milhares de novas igrejas arrebanhando multidões com a mágica dos incríveis milagres, com a promessa do enriquecimento rápido, com a "moleza" ambicionada, por elas prometida! Algumas coisas, porém podemos constatar: há muito tempo, o Trabalho no Brasil deixou de ser virtude, para se tornar "coisa de trouxa"; o Estudo foi trocado por reallity shows, que proporcionam ganhos glamourosos (moeda de fácil troca!), e a Política, em época de economia complicada, acabou se tornando o meio "mais fácil e seguro" de se enriquecer...
A cada dia a coisa fica mais esquisita na nossa sociedade.. O que vemos hoje, são os bandidos que estão cada vez mais armados com armas poderosas, ultramodernas tomando conta das ruas enquanto as famílias tornam-se prisioneiras nos seus próprios lares. Quem pensou que em apartamentos ou condomínios estava protegido, se enganou redondamente. Assim como quem imaginou que indo para o interior estaria salvo, também se enganou. Porque, aparentemente, até agora, parece que os nossos códigos foram concebidos somente para dar proteção a bandidos. Porque a Lei brasileira não distingue o dinheiro sujo do ganho honestamente. E, advogados brilhantes posam ao lado de ladrões, mesmo sabendo que não está defendendo gente honesta e os honorários que receberão provém do crime. Enfim, esquecemos que estamos no Brasil...
Mas, ALELUIA! Parece que tem luz cintilante brilhando no fim do longo túnel negro da corrupção e da impunidade brasileira; Da legislação que distingue muito bem a lei dos poderosos, dos colarinhos brancos, da lei dos miseráveis, dos ladrões de galinha... Três processos em andamento no Judiciário e no Legislativo sinalizam com bons resultados para todo e qualquer brasileiro porque, afinal, pela nossa Lei Magna somos todos iguais. Ou, não?... Como temos mania de copiar a fantasia e a futilidade que acontecem no exterior, nos EUA em primeiro lugar, seria muito importante se ao lado do MENSALÃO, que o Supremo está julgando para servir como modelo de honestidade; do CACHOEIRA, que torcemos para que siga a mesma linha; e da reforma do caduco Código Penal, com o que esperamos dotar o país de legislação moderna, severa e que doravante possa cumprir corretamente a sua finalidade.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

SOBRE NÉLSON RODRIGUES

O jornalista Chico Pinheiro tem produzido uns saraus para homenagear artistas vivos ou que já partiram para a outra vida, mas que completam no ano corrente uma data redonda (50, 70, 100 anos, por exemplo) contando para isso com depoimentos de amigos e familiares dos homenageados. Aqui mesmo no painel eu, nesse novo formato do blog, já reproduzi a sua bela homenagem/sarau para homenagear os 100 anos de nascimento de Luiz Gonzaga.
Outro grande artista provavelmente já homenageado pelo Chico Pinheiro é o também pernambucano como o Rei do Baião, que chegou ao Rio de Janeiro bem jovem, tornou-se jornalista, apaixonou-se pelo futebol e pelo modo de vida do carioca, que ele retratou como nenhum outro nas suas magníficas peças teatrais.
Como jornalista e torcedor apaixonado do Fluminense, levou para as páginas do jornal o clima, a epopeia dos grandes encontros cariocas entre o seu clube de coração e o Flamengo, o Vasco e o Botafogo, tratando-os sempre de maneira inflamada, de acordo com a paixão de cada time. Grandes ídolos, como Roberto, do Vasco, e Rivelino, do Fluminense, mereceram crônicas imortais do Nélson Rodrigues.
Porém, tão ou mais apaixonante que a sua torcida pelo futebol, foi o seu amor pelo teatro. Retratando nos seus textos teatrais, os conflitos sentimentais entre membros da família carioca, numa época em que os relacionamentos eram mais discretos, ele conseguiu tocar nas feridas sociais, trazendo a baila assuntos como adultério, relações homossexuais, traições, dia a dia dos bordéis e de "inocentes" colegiais, com a maestria que só os grandes dramaturgos poderiam conceber. A sua criação com "Vestido de Noiva" é tida como um marco, uma revolução no teatro brasileiro. Nélson Rodrigues é um desses escolhidos por Deus para inovar, tirar do marasmo a sua arte, assim como o foram nas suas concepções, os poetas Manoel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade, bem como o também centenário neste ano, o romancista Jorge Amado.
Nélson Rodrigues também se notabilizou na construção de frases que ficaram, às vezes cunhadas com uma certa irreverência ou crueza, mas sempre com criatividade. Uma das mais conhecidas e que eu também admiro muito é a que diz: "Toda unanimidade é burra!" Nada mais simples, óbvio e democrático, não é verdade?...