"Ao fim das crônicas conheça os poemas do autor"

...

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

AMIGOS E FOTOGRAFIAS

Aprecio bastante fotografias, assim como cultivar amigos. Fotos de familiares, e depois de amigos, sempre foram um hobby para mim. A minha esposa, de quem consegui realizar belas fotos, faleceu no ano 2000. A essa altura eu fazia parte de dois movimentos culturais na cidade de Campos – a Academia Pedralva e o Café Literário – o que muito me ajudou a enfrentar “a barra” do doloroso acontecimento. Em ambos os movimentos pude constatar que, quem não pode ter “um milhão de amigos” conforme Roberto Carlos, pode certamente cultivar algumas dezenas de “amigos de fé, irmãos e camaradas”. É o que tem acontecido comigo – graças a Deus! – nos rincões que me cabem deste imenso Brasil: Campos, Mossoró e Natal. A saudável convivência com grandes amigos, resultaria em grandes momentos fotográficos.
Como a vida me deu o privilégio desta coleção maravilhosa coleção, não custa nada reparti-la com os meus mais novos amigos – muitos dos quais provavelmente nunca conhecerei pessoalmente! – que são aqueles que me dão a honra de visitar este blog. São fotografias de lançamentos dos meus livros, encontros na Academia Pedralva e outros momentos informais com familiares e pessoas que me são muito caras.
A autoria das fotos é de Avelino, Viviane, Sobral, dos meus filhos Roberto e Rodrigo, e de amigos mossoroenses e natalenses, autores de momentos marcantes da minha vida cultural. Passemos, então, a alguns desses registros fotográficos...


Aqui, com o poeta Antonio Roberto, na sua memorável criação: o Café Literário.



Com o saudoso escritor campista Waldir Carvalho e D. Zeni.


Em Mossoró, com Dorian Jorge Freire, de saudosa memória, fonte de inspiração para o meu trabalho como cronista.



Ainda em Mossoró, com o grande incentivador das letras mossoroenses, saudoso professor Vingt-um Rosado.



Em Natal, em conversa informal com o mano Tarcísio e o sobrinho Bruno.




No stand da Academia Pedralva, na 5ª Bienal do Livro de Campos, com o então prefeito Alexandre Mocaiber, e o então presidente da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, professor Luiz Guilherme Fernandes.


Na Academia Pedralva, os grandes eventos terminam sempre numa foto coletiva. Aqui, na posse da acadêmica Jaélzia Denise (a 3ª a partir da direita).



Em Natal, a família prestigiando o lançamento do meu livro “Em Família”



No Sebo do Canindé, em Mossoró, com um grupo de poetas e intelectuais locais.



“Sêbado” é o título original deste sebo que funciona aos sábados. Na foto com o seu proprietário, o dentista Marcus Pereira, e Canindé, no lançamento do meu livro “A Ponte” em Mossoró.



Em encontro informal em Mossoró, com o cronista José Nicodemus e o grande cordelista brasileiro do momento, Antonio Francisco.


Com meus amigos e ídolos em Campos: a poetisa Lysa Castro e o poeta e comunicador mais antigo da radiofonia brasileira, José Florentino Salles (86 anos).

Obs.: Para o trabalho fotográfico que ilustra a crônica de hoje, contei, mais uma vez, com a colaboração do estúdio do meu amigo e maior fotógrafo de Campos, Dib Hauaji.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

UMA PERGUNTA

Uma pergunta: por que manter num país de tanta desigualdade, a custo incalculável, gerido por elementos que só se realizam no ilícito, um Senado que não corresponde à sua finalidade? Não estou cometendo nenhum crime com este questionamento, porque sabemos que há muitos países que são unicamerais e legislam bem. Além disso, com o fim de um senado podre, estaríamos exterminando da sociedade um câncer em fase de pré-metástase, e garantiríamos bem mais verbas para a educação, a saúde e a segurança do povo que são péssimas.
Como acreditar numa instituição onde o alvo das acusações tenta cinicamente demonstrar inocência? Onde um imaturo político quando acuado, rosna e ameaça o interlocutor com olhar satânico. E, como ainda crer numa classe onde o maior acusador do presidente, pessoa tida como impoluta pela maneira firme com que faz acusações, na verdade também faz das suas com o dinheiro público, e, quando descoberto, apressa-se a consertar devolvendo aos cofres públicos a dívida contraída com afilhado no exterior? Como acreditar?
Não sou nenhum analista político. Sou um cidadão brasileiro patético com os crimes e a bagunça generalizada provocados por senadores irresponsáveis. E, pensar que em muitos países “cabeça branca” é sinônimo de caráter, honradez e honestidade... são famosos os conselheiros orientais, que são consultados na velhice por suas experiências e conduta ilibadas. O contrário ocorre no nosso senado, onde parece que nenhuma cabeça branca merece confiança. No entanto, a despeito do pensamento de líderes e do mandatário maior da nação, favoráveis à permanência do gerador dessa bagunça, o momento é de se questionar... e muito! Para o bem de todos e da Nação. Portanto, senhores senadores pensem no País; nos pobres que os elegeram. Dêem exemplos! Comecem por ser honestos! Entendam, em seguida, que são apenas funcionários da Nação. Não seus donos!
Sabemos das duras punições a políticos que cometem delitos, em outros países, principalmente os do oriente. Lá existem penas severas para políticos corruptos. Nos Estados Unidos, político anda na linha porque sabe o rigor da lei nacional. Não quero dizer que devêssemos implantar no país, castigos físicos do tipo perda progressiva das falanges ou das próprias mãos, como prova de honestidade. Mas, convenhamos, estamos presenciando uma “casa de mãe Joana” de luxo, acobertada por um desavergonhado corporativismo, onde tudo é permitido. A lei é cada um fazer o que quiser, principalmente com o dinheiro público e depois desfilar por aí com seus sorrisos irônicos, e livres como se fosse o mais honesto dos homens.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

HERÓIS

Um “herói” nacional foi preso por não pagar pensão alimentícia. Outro “herói” há pouco tempo envolveu-se com travestis numa noitada de motel. Um terceiro “herói” desertou; não das forças armadas, mas de uma empresa que lhe pagava régio salário. É... na nossa pátria, não se concebem mais heróis como antigamente. Na verdade, o conceito de herói hoje apregoado pela mídia diverge muito do seu antigo: aquele ser que se sacrifica por uma causa, dando o seu sangue, e, se preciso, a própria vida na sua defesa.
Pelo conceito atual, herói e aquele que nasceu com sorte... Desenvolveu habilidade para determinada atividade, arranca aplausos de platéias empolgadas, e suspiros de moçoilas louras, naturais ou fabricadas. Sofre ataques firmes dessas poderosas inimigas acabando por capitular, ou seja, rendendo-se ao casamento. A sua participação em competições milionárias, leva-os muitas vezes a certas conquistas, o que lhe garante, na volta à Pátria, o honroso abraço presidencial.
Quanto engano! A nossa sorte nesse deslumbramento é que somos um país abençoado por Deus: único no mundo com tanta riqueza em tanta dimensão! Não devemos nos esquecer que se, apesar das bandalheiras, chegamos aos dias atuais sendo admirados e respeitados pelas demais nações, muito devemos aos atos de bravura de homens como Estácio de Sá, Tiradentes, Duque de Caxias, Almirante Tamandaré, e tantos heróis nacionais, que lutaram e/ou morreram para garantir aos brasileiros esta pátria imensa e rica, chamada Brasil.
Responsável pela fabricação de falsos Imperadores, Rainhas, Príncipes e Princesas a mídia deslumbrada, no afã de consagrar esta ou aquela figurinha da vez, e acostumada a dirigentes trapalhões e a constantes corporativismo dos poderes republicanos, esquece de abrir espaço para aqueles que realmente consagraram sua vida à Pátria, defendendo-a incansavelmente, seja de inimigos, seja do atraso, da prepotência, do analfabetismo, e de mazelas que travam o desenvolvimento nacional.
Os restos mortais dos nossos pracinhas que combateram nos campos da Itália, no Monumento dos Pracinha, Aterro do Flamengo, nos dá a verdadeira dimensão do significado da palavra herói. Jovens militares que deram o seu sangue pela liberdade. Além do confronto da 2ª Guerra Mundial, outros pracinhas brasileiros também arriscariam suas as vidas em outros conflitos mundiais, como o do Canal de Suez, e, nos dias atuais, pacificando uma nação de miseráveis, o Haiti. Estes, sim, com todas as letras e todos os galardões, podem e devem ser reverenciados como HERÓIS!

sábado, 25 de julho de 2009

DISSIPANDO O CLIMA

Ivoneide me ligou para avisar que recebera o livro. Aproveitou para me “puxar a orelha”, dizendo que eu estava muito “pra baixo” na minha última crônica (e não foi apenas ela a reclamar!) Aí eu falei: “Mas como estar “pra cima” num momento desses em que, para onde a gente olha, é só negatividade?...” “- Você precisa, de vez em quando, voltar a ler a mensagem da D. Cacilda, aquela senhora de noventa e dois anos, que lhe enviei?” –“ Peraí, deixa eu me lembrar...” respondi. “- É...Você não dá mesmo atenção ao que eu lhe mando....
Vou fazer uma revelação e espero que os meus amigos não se zanguem: são muitas as mensagens que chegam ao meu e-mail (cópias de algo interessante que saiu na Internet, por exemplo), o que, às vezes, torna impossível ler todas. Provavelmente, foi o que aconteceu à mensagem dela. Olhei-a de relance, e exclui... Quando abro o meu e-mail, o que não faço diariamente, me deparo muitas vezes com dezenas de mensagens... daí não poder ler tudo na íntegra. Quando eu sinto que é muito importante – como é o caso de uma que descreve as diferenças entre a gripe comum e a gripe “suina” – que ela mesma me enviou, aí é diferente: eu catalogo e dou logo um jeito de divulgá-la.
Mas, o que eu gostaria mesmo, hoje, era narrar alguma coisa engraçada, parecida com as palhaçadas de Oscarito e Grande Otelo, Cantinflas, Jerry Lewis, que a gente ia ver no cinema, para dar boas gargalhadas e deixar os problemas de lado. Atualmente, faço isso assistindo na TV a Jim Carrey, Mr. Bean, CQC, Pânico, Zorra, vídeo cassetadas e pegadinhas. São esses os programas que, hoje em dia, me fazem esquecer um pouco os dramas e as tragédias do cotidiano. Mas não é a mesma coisa do cinema, porque aqui basta entrar um intervalo e você mudar de canal, e, lá vem as maracutaias do Senado, as balas perdidas, o tráfico, as crianças caindo ou sendo jogadas dos edifícios...
Espero que esta venha dissipar o clima “pra baixo” da minha última crônica, até porque, na verdade, não estou “sentado a beira do caminho”... Recentemente me inscrevi num curso de Informática para idosos, no Centro Cultural Anthony Garotinho. A gente entende que as “feras” dos computadores são os jovens. Mas, já que a vida moderna determinou que o homem não pode mais viver sem os micros e a Internet, nós também precisamos dominá-los em todos os seus macetes e mistérios... E, é com a curiosidade com que os pequenos descobrem as primeiras letras, que me encontro com um grupo de idosos nos familiarizando, a partir dos primeiros comandos ensinados, com a magia da Informática.

sábado, 18 de julho de 2009

SENTADO À BEIRA DO CAMINHO...

De repente o filme da nossa vida vai caminhando para o final e a gente nem se dá conta... Uma expectativa aqui, uma emoção a mais acolá, uma trama mais pesada, quando a gente vê o meio do caminho já vai longe. Bendito seja Manoel Bandeira que no seu poema “Consoada”, sobre a morte, falou a certa altura: “...o meu dia foi bom, pode a noite descer...” O médico e intelectual campista Wilson Paes, no seu poema “Missão Cumprida”, em agradecimento a Deus pela vida, diz que cumpriu a sua missão e que, depois de ver crescer a sua grande descendência, está pronto para a partida. Toda a descendência, aliás, presente ao seu velório, um dos mais concorridos que a cidade já viu. A vida passa rápido e felizes são os que podem falar da morte com tanta tranqüilidade.
O avanço da Medicina nos leva a acreditar numa vida cada vez mais longa. Mas, é sempre bom, de vez em quando, fazer um flashback da nossa existência. Eu, por exemplo, alto dos meus 65 anos, começo revendo o casarão novo que meu pai construíra na Alberto Maranhão, em Mossoró, com o cheiro forte de tinta denunciando a minha rinite. O jardim de infância, o grupo escolar, o novo colégio dos padres, tão longe que parecia fora da cidade, os padres comedidos, os padres se casando, provocando comentários. O jipe do pai de Paulo que nos levava (eu, ele, Berício e Cizinho) a inocentes serenatas de Altemar Dutra em vitrolas portáteis, nas janelas das namoradas. A escola de datilografia do professor Antonio Amorim, o Tiro de Guerra, os bailinhos, as namoradas, a zona do meretrício, a partida de Mossoró.
Nessa época Roberto Carlos já era o dono das paradas, mas a música que mais me marcou não era cantada por ele, mas por seu parceiro, Erasmo Carlos: “Sentado a beira do caminho”... Depois foi a vez do Rio de Janeiro, o ano de 1968, a Embratel, o casamento, os filhos, Campos, Macaé, Banco do Brasil (um sonho retardado!), novamente Campos, um poema premiado, a atuação na imprensa local, a morte dos parentes, a viuvez.
Não sei se, na vida, fiquei mais “sentado a beira do caminho”, ou se rodei bastante pelas rodovias da vida. O que eu sei é que vivi procurando entender e respeitar o sentido da vida, um jogo bastante difícil e perigoso, que em certas horas é preciso muita fé para não tropeçar e enveredar pelos vícios, que são tantos e se apresentam tão fáceis. O que eu sei é que torço para amanhã ou depois, sereno, poder dar um alô para a morte, ou falar para Deus: “- Missão cumprida!”

sexta-feira, 10 de julho de 2009

COISA DE LOUCO

A mente humana é algo fantástico! Quando eu vejo tanta aberração acontecendo com a infância e a adolescência no nosso país, fico preocupado. Porque na realidade eu sou leigo no assunto, mas sou curioso, e sei que muita coisa que acontece ao menino ou à menina irá refletir futuramente no adulto, com maior ou menor intensidade. E, o modo de viver de um doente mental é impressionante: o seu mundo próprio; o relacionamento com as outras pessoas; suas inesperadas reações; é tudo muito subjetivo, especial.
Ao longo da vida me deparei com muitos doente mentais, inclusive, com o famoso “Gentileza”, que pregava a bondade, o evangelho, na sua pacífica caminhada pelas ruas do Rio, nos anos 60/70. Contam que a causa da sua loucura foi ter perdido a família no incêndio de um circo em Niterói. Menos famosos, mas com algum problema psíquico, lá no Rio mesmo, cruzei muitas vezes com gente no meio da multidão falando sozinho ou discutindo com o imaginário...
Já morando em Campos, tomei conhecimento de uma série de loucos que já habitaram nossas ruas. No entanto, como cheguei aqui em 1980, só conheci uns poucos. Um deles, metia medo! Não sei como a psiquiatria denomina a doença em que a pessoa tem a sua própria personalidade, mas de repente encarna outra... Eu trabalhava no centro e muitas vezes via um homem que nas horas de normalidade era livreiro e quando estava atacado, se vestia de militar, com um cacetete na mão e esbravejando ao vento. O interessante é que até fazia poesia, com o pseudônimo de Salen Rod. Por que lembrar-me de Salen Rod nesta crõnica? Porque muitas vezes quando, vestido de militar, esbravejando na praça São Salvador, ao me ver passar, vinha na minha direção falando frases ininteligíveis, como se fossem ameaças. Estaria eu representando determinado personagem que lhe fora algoz tempos atrás? Taí uma coisa que nunca vou saber. Primeiro, porque em vida, eu nunca ousei perguntar-lhe. Segundo, porque ele agora está morto.
Esse papo sobre loucura vem a propósito da magnífica interpretação que o ator Bruno Galiasso vem dando ao seu personagem, filho da Cristiane Torloni na trama. Essa, no meu entender, é uma das poucas coisas boas que acontecem nesta novela das Índias...
Como falei antes, não sou estudioso da mente humana, nem das suas complexidades. Mas, a loucura, no caso dessa novela, provavelmente deve ser caso de hereditariedade. É só observar o procedimento da mãe dele. Vocês já imaginaram como deve ter sido a infância daquele personagem do Bruno?... “Hala-baba”!!!