"Ao fim das crônicas conheça os poemas do autor"

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quarta-feira, 12 de outubro de 2011

DIA DA CRIANÇA

Cenário: sala de estar do apartamento de uma família média alta.
Personagens: Mãe; Izabella, filha, de 8 anos; e Romarius, filho, de  7.
Ato único.
 
O que a garota Izabella, que já possui o baton, o himel, o estojo de maquiagem, a sandalinha, a bolsinha, as botinhas, a maria-chiquinha, a camisetinha, o dvdzinho, tudo da linha “X” altamente divulgada, e que concede status à menininha mais simples, gostaria de receber de presente no Dia da Criança? Interrompendo a leitura da sua revista favorita, “Bocas”, a mãe volta a insistir com a filha:
- Então, filha, vai querer a boneca mesmo, não é?...
- Bo-neeee-ca?! Mas... nem pensar! Quero é me inscrever no curso de modelo. Ou, então... no de estrelinha de novela!
A mãe, que costuma embelezar a filhinha com o baton, o himel, o estojo de maquiagem, a sandalinha, a botinha, a Maria-chiquinha, a camisetinha, tudo da linha “X”, se espanta:
- Mas, minha filha! Você ainda não tem idade!...
- Se não for possível, então eu quero é uma roupa indiana para a dança do ventre, igual a das meninas da novela, e um CD com as músicas. Se liga, mãe! “Boneca”, tá por fora!...
- Oh, Deus!... E o meu querido “Rominha”, vai querer a bola que viu naquela vitrine?
Rominha é o apelido familiar do filho Romárius. Ele, que já possui a bola do time, a camisa do time, o calção do time, o tênis do time, o álbum do time, o caneco do time, a mochila do time, o caderno do time, o estojo do time, o lápis do time, a borracha do time; já visitou até a sede do time, quando foi ao Rio, foi taxativo:
- Quero um celular igual ao do David!
- Mas, o celular David o pai dele trouxe dos Estados Unidos, filho. E você, não já tem um?
- Mas não faz o que o do David faz! (uma pausa) Então, o Laptop!
- Você é muito novo para um Laptop!...
- Pronto: um computador. Mas, só pra mim!
- Computador? Só pra você?...
- Isso mesmo. Todo amigo meu tem computador no seu quarto. Já dei a lista que você pediu. Agora, é você quem decide!...
A mãe, já quase entrando em desespero:
- Meus filhos, ouçam bem: quando sua mãe era criança...
- Ih, mãe, sem essa de sermão, tá?! (para o irmão) Ela agora deu pra fazer sermão... igual ao pastor da televisão.
- Tá bom... tá bom... Hoje, que é dia da visita do seu pai, vou falar pra ele o que vocês querem ganhar... 
- Se vier com uma bola, eu dou um bico pela janela! Tô avisando! 
- E, se trouxer uma boneca, eu pego a faca do churrasco e esquartejo ela todinha, boto no saco e deixo na lixeira, igual o cara fez com a mulher na televisão...
 
CAI O PANO.   

sábado, 1 de outubro de 2011

O ÉBRIO E OS VICIADOS EM CULTURA

A ACIC (Associação Comercial e Industrial de Campos, na comemoração dos seus 120 anos de existência, promoveu uma bonita festa no seu auditório, no 16º. andar do edifício Ninho das Águias, centro da cidade, com entrega de comendas e show com artistas locais.
Em razão dos últimos acontecimentos políticos envolvendo a prefeita e a justiça eleitoral, o Café Literário que aconteceria no CCAG (Centro Cultural Antony Garotinho) na última quinta-feira não foi realizado. deixando o nosso grupo, sempre ávido de diversão e cultura, buscando outras opções...
Diante do fechamento do CCAG nessa noite, restou àqueles que se encaminhavam para o Café Literário, dirigir-se ao imponente prédio da ACIC, no edifício Ninho das Águias, para assistir a um espetáculo comandado pelo ator Toninho Ferreira. E, quem lá esteve não se decepcionou. Às 21 horas, o som do local entra com a possante voz de Vicente Celestino interpretando a sua criação maior, “O Ébrio”. Logo em seguida, é a vez de Toninho Ferreira entrar em cena para interpretar o texto que, no disco, antecede à música. Confesso que me emocionei ao ver Toninho interpretando magistralmente as palavras com que Vicente Celestino preparava o público para a sua inesquecível criação. Simplesmente fantástico! Fez-me lembrar os antigos espetáculos que o Cine Pax, de Mossoró, promovia de vez em quando, com os monstros sagrados da nossa música ou do nosso teatro. De cara limpa, sem os andrajos que o grande tenor vestia para caracterizar o personagem, o ator conseguiu empolgar a platéia. Muitos dos que assistiam ao espetáculo, certamente, nunca ouviram falar em Vicente Celestino, nem das desventuras sofridas pelo personagem criado pelo grande tenor brasileiro, que empolgava multidões onde se apresentava, chegando a se apresentar nos maiores teatros, e ser adorado pelas classes mais influentes. Vem a sua decadência, motivada por traições e por mortes na família. É quando ele se entrega à bebida, acabando por levar vaias no picadeiro de circos miseráveis. Durante a interpretação, notei senhoras mais idosas levando o lencinho aos olhos, enxugando as lágrimas diante da magistral interpretação desse notável ator campista.
Se o espetáculo preparado pela ACIC para festejar a data, compreendesse apenas esse texto vivido pelo Toninho Ferreira, eu já estaria satisfeito. No entanto ainda havia outras boas surpresas, como a marcante interpretação de Adriana Medeiros para o seu poema “Amante” (ou seria “A Poesia”?), vencedor de um dos últimos concursos de poesia falada da FCJOL. Maria Fernanda, muito afinada desfilando pérolas da MPB, e Daniele Nunes em gostosos números musicais e belas declamações. Parabéns para a ACIC e sucesso para os autores do espetáculo.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

TRANSPORTE RODOVIÁRIO, TEM SAÍDA?

Não sei se foi a última, mas certamente a vigésima e tanto das viagens rodoviárias entre o Rio de Janeiro e o Nordeste, por mim efetuada, será provavelmente a mais marcante. Por que? Porque na volta (Natal/Rio) meditei bastante sobre o envelhecimento da minha família; fiz o esboço do que seria o meu primeiro romance; e, vendo os ônibus trafegando vazios ou quase vazios como estão, pensei muito naquele fenômeno que vem acontecendo com as viagens rodoviárias a longa distância, com a corrida em massa dos passageiros para os aeroportos...
São assuntos bem distintos: o primeiro, não tem como buscar soluções, a não ser entendê-lo como uma fase natural da vida! Já o segundo, há muito o que discutir. Por exemplo: Como entendermos que, a proporção que o tempo de viagem diminui (a minha primeira viagem Natal-Rio, nos anos 60, demorou 4 dias!) os passageiros desaparecem?... Hoje ela é feita, com relativo conforto, em 40 horas... é verdade que o avião faz o mesmo percurso em 4 horas apenas, sem paradas, sem o “frigorífico” que o ônibus se torna à noite que, de tão gelado, parece transportar carga de bois abatidos; sem banheiros que mais parecem brinquedos de choca-choca, a gente se desequilibrando, molhando a roupa toda... É verdade, tudo isso acontece nas longas viagens rodoviárias. Mas, tem coisas que não podem ser eliminadas, a não ser que surjam outras melhores. No caso, aqui, o trem-bala seria uma boa substituição, já pensou: Rio-Natal, no trem bala! Não acredito que chegarei a ver esse progresso no meu país...
Mas, enquanto não surge o trem-bala, e, diante do pavor “tatuado na alma” do avião, o jeito é me adaptar ao novo transporte rodoviário, e, dentro do possível, transmitir alguns conselhos. Veja bem, senhores empresários: se os ônibus hoje viajam com apenas a metade da lotação, por que não experimentar baixar o preço da passagem (em geral, mais caras do que as passagens aéreas) para o veículo voltar a trafegar com a lotação completa, ou quase... Acho que esse seria o primeiro ponto a se refletir. Porque para conter o atual esvaziamento, caso não surjam soluções mais práticas, só apelando para soluções mais radicais. Por exemplo: poltronas reversíveis, do tipo trem, para se gastar o tempo num longo carteado, por exemplo; cabines especiais com acústica, a prova de gritos e sussurros, para jovens casais; salão para bailes e outros eventos; tudo em prol da boa viagem do reduzido numero de passageiros que hoje em dia ainda opta pelo simpático meio de transporte de passageiros para longa distância.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

OS VELHOS ÍDOLOS

“Lábios de Mel”, “Vida da Bailarina”, “Cinderela”, “Babalu”, você se lembra de algum desses hits; e, de “O grito”, “Verdes campos do lugar”, “Aline”?...
É claro que se você tiver mais de 50 vai se lembrar de muitos, senão de todos eles... Pois, vejam vocês que maravilha! Dia 31 de agosto, no majestoso Teatro Riachuelo num dos grandes shoppings da capital potiguar – eu já afivelando as malas para voltar a Campos – tive o prazer de assistir a todos esses hinos ao romantismo (coisa rara nos dias atuais!) por seus interpretes originais: Ângela Maria e Agnaldo Timóteo. Eu, Ivoneide, minha irmã Dodora e uma platéia vibrante, formada por antigos fãs da dupla que aguardava, ansiosa a apresentação.
Ângela abriu o show. Com problemas de diabetes que lhe afetava a visão, justificado logo no início do espetáculo ela, por algumas vezes, precisou de ajuda de um ou outro componente da banda que os acompanhava. Mas, foi só iniciar os acordes da primeira música para que tudo a respeito do seu estado físico fosse esquecido. Quem brilhava a partir daquele momento era a estrela maior da MPB. A voz já não era a mesma? Usava de artifícios para contar com o coro do público? Que importa? Para o público, o mais importante era estar juntos, cantar com aquela que tantas vezes embalara sonhos adolescentes, foram “trilhas musicais” dos nossos primeiros romances... No final, uma surpresa: parece que ela havia se poupado para cantar “Babalu”. que interpretou de forma magnífica, encerrando a sua parte sua parte solo, dando a vez a Agnaldo Timóteo.
Timóteo, que de uns tempos para cá passou a ser mais político do que cantor, falou do seu passado, iniciando pelo fato de ter sido motorista de Ângela. Toda hora ia até o tecladista confabular alguma coisa. Brincou, dialogou com a platéia. Mas, fez também grandes interpretações como quando cantou, por exemplo, “Aline” ou “Os verdes campos do lugar”. Ao contrário da “sapoti”, que foi generosa com a platéia entoando os seus principais hits, sempre aclamada, ele cantou pouco, talvez a metade do que cantou sua parceira.
Na parte em dupla apenas duas músicas, e nem foram as mais famosas. “Cabecinha no ombro”, por exemplo, ficou de fora. Mas, as cabeças brancas, calvas ou pintadas que lotavam o teatro, saíram maravilhadas, de alma lavada com a noite mágica ali vivida. É maravilhoso ver ídolos brasileiros sendo aclamados no país, da forma que Ângela Maria e Agnaldo Timóteo foram (vocês se lembram até quando Frank Sinatra cantou?) a despeito de uma mídia preconceituosa que pouca ou nenhuma atenção dá aos mais antigos. A não ser, quando morrem...

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

LANÇAMENTO DO LIVRO "VIA INTERNET", NO PALÁCIO DA CULTURA DE CAMPOS DOS GOYTACAZES


1 - O presidente honorário da Academia Pedralva, José Salles, faz a sua saudação.



2 - O médico Otávio Cabral prestigiou o evento.



3 - Marcília exibe os seus exemplares.



4 - D. Conceição de Maria presta homenagem ao autor.



5 - Acadêmicos Herbson Freitas, Roberto Acruche, Gildo Henrique, e José Assad aguardando os seus exemplares.




6 - O abraço do autor da capa do livro, designer Gildo Henrique.



7 - O autor com os confrades da Academia Pedralva, Roberto Acruche e José Viana



8 - O autor recebe abraços das poetisas Ana Lucia e Sueli Petrucci, acadêmica e presidente da Academia Pedralva.



9 - O cantor Dino Mendi apresentou belos números do seu repertório.



10 - Os cantores Dino Mendi, Amalia Marins, Gladys Costa, Ferrer e a presidente da UBT-Campos, Neiva Fernandes, numa mesa animada.



11 - Visão panorâmica da festa



12 - Outra visão panorâmica.

domingo, 7 de agosto de 2011

ATÉ A VOLTA.

- Não. Eu não acredito que você ainda queira ir por terra! Não tem cabimento. Gastar 40 horas numa viagem que poderia fazer em apenas 4!...
- É verdade...
- Pensa no conforto, Homem! No que você poderia fazer com o tempo economizado!
- Eu sei... eu sei...
- O conforto é fundamental na vida da gente. Por terra você chega todo descadeirado, com os pés inchados, enfadado, só quer pegar uma rede para descansar e recuperar o sono, porque eu sei que você não dorme na viagem!... Na viagem aérea, você se livra dos buracos... dos cochilos do motorista... choro de crianças... banheiros fedidos... um horror!
- É isso mesmo...
- E, por que essa dúvida toda?!
- O avião!
- Mas, você não já viajou de avião? (pausa) Tá certo que tinha pressa. Velório da mãe. Além do mais, o tempo naquele dia não estava nada bom. Teve turbulência, gritaria, mulher histérica... Agora, com todo mundo viajando de avião, acontecem essas coisas. Mas, avião é o meio de transporte mais seguro do mundo, meu irmão. Depois daquela viagem eu já fui ao nordeste mais de 10 vezes. Sem problema! Não quero outra vida!
- ... (silêncio da parte dele que fixa o olhar num ponto distante).
- Já sei, é problema de dinheiro, não é? Olha só que coisa boa: você não vai pagar nada! Já ouviu falar em “milhas”, não já? (ele confirma com a cabeça) Pois bem: aqui em casa agora todo o mundo economiza milhas e com as que já temos você pode até ir de graça. Voltar, também, se quiser!
- (Retornando da divagação) Sabe de uma coisa, mana: o que eu gosto mesmo é sentir o chão, a todo momento, cheiros diferentes... Sentir o chão quando o motorista anuncia nova parada. Gente que hoje em dia já faz o caminho inverso, buscando oportunidades que agora surgem no Nordeste... no Norte. Conhecer seus planos, seus sonhos, suas histórias...
Os acidentes podem até acontecer. Dizem ser muito maior do que nas viagens aéreas, mas, mana, viajar milhares de quilômetros por esse Brasil afora, vendo amanheceres magníficos lá fora, pessoas alegres e costumes diferentes, é tudo muito fascinante na viagem por terra. (Como caindo numa realidade) Claro que há estradas mal conservadas, motoristas esgotados e loucos no volante, que não podiam estar dirigindo, trazendo perigo para quem utiliza a estrada. Mas... um dia, o combate a isso será prioridade, e a viagem se tornará mais agradável, ainda. Até a volta, mana!