Concordo que nem tudo é poesia na Internet. Mas, há algumas coisas que apenas ela é capaz de realizar. Por exemplo: um site onde você descobre empolgado tudo o que gostaria de saber, de rever, de “curtir” sobre a sua cidade. Provavelmente, quem lá resida não sinta tamanha emoção. Mas, para o filho ausente, a emoção é grande. E, o sentimento aumenta na quantidade de anos distantes.
Há muitos anos residindo no Rio de Janeiro, embora retornando periodicamente à “capital do oeste potiguar”, fiquei surpreso e ao mesmo tempo feliz quando a amiga Sulena, de Freirinho (que também já mora há anos no Rio) me falou do blog Azougue, criado por uma pessoa dinâmica chamada Caby. Qual a razão da minha euforia? Simplesmente, porque esse moço conseguiu reunir num blog tudo que se relacionasse à cidade, nos seus mais diversos aspectos. São notícias atuais, entrevistas, mossoroenses “out”, fotos do tempo “do bumba”, filhos da terra que acontecem, fotos comparativas da cidade, críticas, etc.
Na seção de fotos de pessoas e famílias da cidade, por exemplo, chamou-me a atenção as do casal Dr. João Monte e Dona Aldiva, pelas transformações causadas pelo tempo que, não obstante, não tirou do casal a antiga simpatia e cortesia tão suas... Os familiares de D. Odete e de D. América, viúvas de dois membros da família Rosado, a mais tradicional da cidade, e seus inúmeros herdeiros, dão uma demonstração da seriedade do trabalho do Caby. Acho até que, nesse empreendimento, falta mais apoio de outras famílias que, com fotos dos seus álbuns, enriqueceriam ainda mais essa crônica internética de Mossoró.
Adorei ver fotos antigas do Cine Pax, onde me viciei em cinema; do antigo pavilhão Vitória, na praça do Pax (essa, em linguagem atual, bem “jurassic”!) Me emocionei com os amigos Cizinho e Berício, que já partiram para o reino de Deus. Mas, ainda descubro inúmeros amigos e conhecidos na seção “Do bumba”, em mais de 300 arquivos pesquisados. O Grande Hotel (hoje mutilado, uma pena!) a Catedral, o Pax, o Caiçara (onde assisti a vários Fellini), a ponte sobre o rio Mossoró, tudo muito meu, muito minha infância, eu revisitei no blog do Cabi!
Eu fico imaginando mossoroenses que trabalham em plataformas de petróleo, na solidão do oceano, por exemplo, se deliciando e ao mesmo tempo se emocionando com essas visões da sua terra. Não sei se o cronista cearense que Mossoró adotou, Cláuder Arcanjo, que é um desses bravos trabalhadores, já teceu comentários sobre o blog Azougue.com. Certamente, com o seu talento, teria muito o que comentar. E, daí, quem sabe, outros amantes da Internet, ao tomarem conhecimento desse que é uma crônica informática da cidade de Mossoró, também não se animem a fazer algo semelhante sobre a sua cidade. Os filhos da terra agradecerão. Os ausentes, principalmente...
"Ao fim das crônicas conheça os poemas do autor"
...
sábado, 6 de fevereiro de 2010
sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
CALMA LÁ!
Calma lá, Sr. Pedro Bial! Tá certo que você pode conclamar os cidadãos(?) brasileiros a “espiar” cada vez mais... que agora teremos como atração do programa apreciador desta ou daquela opção sexual... que teremos sala disso ou daquilo... efeito esse ou aquele... tudo bem! Mas, Sr. Pedro Bial chamar de HERÓIS um bando de desocupados que buscam nesse tal BBB alguns momentos de fama para, de modo geral, faturar depois com facilidade nas revistas que exploram o corpo da mulher ou do homem, e em atividades correlatas, no exato momento em que nossos HERÓIS DE VERDADE estavam morrendo em terra distante, à qual foram chamados para socorrer uma população desnorteadas de famintos, miseráveis, é demais para qualquer mente cidadã, por menor cultura que possua.
Tudo bem que você, poeta conhecido, use a sua fala mansa, bem estudada, para arrebanhar para a audiência da emissora milhões e milhões de espectadores. Tudo bem que a consciência política do povo brasileiro há muito tempo foi para o “beleléu”, e aqueles que lutam pela pátria sem tanta regalia nem tanta orgia quanto as existentes no programa que o senhor comanda não tem reconhecimento. Mas, daí, colocar no mesmo saco de deturpações, saltitantes participantes do BBB e pracinhas que em nome da pátria acabaram morrendo em terra distante... da mesma forma, essa moderna heroína brasileira que, não contente em salvar a vida das nossas crianças, foi àquele país depauperado, tentar socorrer uma infância tão sofrida, é uma infâmia!
Tudo bem que a atual mentalidade do brasileiro, pode ser tangida com facilidade por um aboio mais bonito, pela sofisticação que a televisão costuma passar. É o domínio da ilusão. Mas, convenhamos, o senhor que atualmente ganha, aparentemente, só para se dedicar a este programa, deveria cuidar melhor das palavras (recorra aos dicionários para buscar termos que combinem melhor com seus participantes do BBB. HERÓIS, não!!! Colocar a médica Zilda Arns, e os militares mortos heroicamente no Haiti, no mesmo saco da ilusão televisiva, é inconcebível!
Tudo bem que você, poeta conhecido, use a sua fala mansa, bem estudada, para arrebanhar para a audiência da emissora milhões e milhões de espectadores. Tudo bem que a consciência política do povo brasileiro há muito tempo foi para o “beleléu”, e aqueles que lutam pela pátria sem tanta regalia nem tanta orgia quanto as existentes no programa que o senhor comanda não tem reconhecimento. Mas, daí, colocar no mesmo saco de deturpações, saltitantes participantes do BBB e pracinhas que em nome da pátria acabaram morrendo em terra distante... da mesma forma, essa moderna heroína brasileira que, não contente em salvar a vida das nossas crianças, foi àquele país depauperado, tentar socorrer uma infância tão sofrida, é uma infâmia!
Tudo bem que a atual mentalidade do brasileiro, pode ser tangida com facilidade por um aboio mais bonito, pela sofisticação que a televisão costuma passar. É o domínio da ilusão. Mas, convenhamos, o senhor que atualmente ganha, aparentemente, só para se dedicar a este programa, deveria cuidar melhor das palavras (recorra aos dicionários para buscar termos que combinem melhor com seus participantes do BBB. HERÓIS, não!!! Colocar a médica Zilda Arns, e os militares mortos heroicamente no Haiti, no mesmo saco da ilusão televisiva, é inconcebível!
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
UMA HISTÓRIA DE AMOR
Hoje, eu lhes trago uma história de amor. Está tão fora de moda esta palavra, atualmente, não é mesmo? O que se vê na mídia, diariamente, é o contrário, o desamor. Por isso que ela merece ser contada... Foi entre dois seres que durante determinado período se amaram intensamente. Dois anos de perfeita união. Os amigos comentavam o bom relacionamento entre eles. Ele tímido, aos poucos foi se soltando, apresentando a companheira com orgulho. Ela o atraíra por seu carisma, seu charme, sua simplicidade. Era um mundo diferente: tudo nela lhe atraia. Daí, rolar fácil a conquista, o convívio intenso. Quinzenalmente costumavam festejar com os amigos a sua felicidade, em animados encontros que se prolongavam pela noite. Os dois pareciam o casal mais perfeito do mundo. E, se os dois aparentavam tanta união, nada mais natural que uma separação agora causasse tanto constrangimento.
Ela era um amor. Acatava os mimos que o amante lhe proporcionava, tornando-se, com isso, mais atraente e jovial, o que, a despeito da idade, exibia sem nenhum constrangimento. Conhecedora da vida, já vivera outros casos de amor antes. Mas, o parceiro atual era diferente. Cobria-lhe de atenções, de cuidados, de elogios, incrementando sempre aquele relacionamento. Muitas vezes, buscava nos antepassados da família da amada desvendar o carisma da companheira. Gostava de ir fundo nos seus pensamentos, seus mistérios, suas fantasias, suas dores, sim, porque como todo ser, ela também tinha ocasiões de carência, de necessidades diversas, e, nesses momentos ele redobrava suas atenções, seus carinhos... Um tipo de amor, talvez até ultrapassado pelos novos modelos de vida: comunicações fáceis, amores fugazes, que a mídia quase nos impõe a cada dia, de forma charmosa, mas nem sempre feliz.
Na verdade, a fantasia literária acima não se refere a nenhum relacionamento homem-mulher. Trata-se do meu caso de amor com a Academia Pedralva. Um caso daqueles tão intensos que a gente nem vê o tempo passar. Há poucos tempo, quando notei, já estava se encerrando o meu mandato. Tentei fazer o novo presidente, o que seria a meu ver, uma continuação, mas ele não topou. Para concluir alguns trabalhos, candidatei-me novamente, mas a maioria já havia se comprometido com a outra chapa...
O certo é que os dois últimos anos foram anos de luta, de fraternidade, de felicidade intensas vividas plenamente com a minha querida Academia Pedralva. Tão íntimos fomos, que considerei esta, uma verdadeira história de amor. Coisas que só o coração entende...
Ela era um amor. Acatava os mimos que o amante lhe proporcionava, tornando-se, com isso, mais atraente e jovial, o que, a despeito da idade, exibia sem nenhum constrangimento. Conhecedora da vida, já vivera outros casos de amor antes. Mas, o parceiro atual era diferente. Cobria-lhe de atenções, de cuidados, de elogios, incrementando sempre aquele relacionamento. Muitas vezes, buscava nos antepassados da família da amada desvendar o carisma da companheira. Gostava de ir fundo nos seus pensamentos, seus mistérios, suas fantasias, suas dores, sim, porque como todo ser, ela também tinha ocasiões de carência, de necessidades diversas, e, nesses momentos ele redobrava suas atenções, seus carinhos... Um tipo de amor, talvez até ultrapassado pelos novos modelos de vida: comunicações fáceis, amores fugazes, que a mídia quase nos impõe a cada dia, de forma charmosa, mas nem sempre feliz.
Na verdade, a fantasia literária acima não se refere a nenhum relacionamento homem-mulher. Trata-se do meu caso de amor com a Academia Pedralva. Um caso daqueles tão intensos que a gente nem vê o tempo passar. Há poucos tempo, quando notei, já estava se encerrando o meu mandato. Tentei fazer o novo presidente, o que seria a meu ver, uma continuação, mas ele não topou. Para concluir alguns trabalhos, candidatei-me novamente, mas a maioria já havia se comprometido com a outra chapa...
O certo é que os dois últimos anos foram anos de luta, de fraternidade, de felicidade intensas vividas plenamente com a minha querida Academia Pedralva. Tão íntimos fomos, que considerei esta, uma verdadeira história de amor. Coisas que só o coração entende...
domingo, 6 de dezembro de 2009
CLIMA DE NATAL
- Moço, me dá uma moeda...
Levantei o olhar do chão esburacado da calçada do Palácio da Cultura, que já me tombou em outra ocasião, parei, e me voltei para a dona daquela voz:
- Que foi que a senhora falou?
- Uma moeda, moço! Para comprar um pão...
Eu havia comprado comida num restaurante próximo e, sem necessidade, mas atraído pelo cheiro especial que vinha do bacalhau, acabei gastando mais um pouco com o prato... E, estava no dilema, dar o dinheiro para a mulher “beber cachaça”? Havia sinais, inclusive de machucados pelo rosto da infeliz, tudo levando a crer que se tratava de mais um viciado na bebida. Nesses casos, não costumo dar dinheiro a quem pede, por isso questionei...
- Tem certeza que é para comprar pão, mesmo?
- É sim, moço. Estou sem comer desde ontem.
Era meio-dia. Nas quentinhas, comidas escolhidas e aquele bacalhau que eu não comia há bastante tempo me esperando, e a infeliz da mulher, magra, olhar perdido de quem já não vê mais futuro em nada, e eu, questionando se devo ou não devo dar uma moeda para uma miserável “comprar pão”...
- “Och!...” diriam alguns amigos campistas: “dar dinheiro a uma vagabunda pra tomar cachaça?...” Era a primeira vez que eu via aquele infeliz tão desprezível, vestida de andrajos, com um pano enrolado na cabeça, mais parecendo um vulto saído da escravidão. E eu ali estático, na calçada esburacada, matutando o que fazer...
- ... (a mulher não falou mais nada. Apenas me olhava esperando a minha reação)
- ... (mais alguns segundos, se passaram até que eu tomasse a decisão, que veio com uma advertência:
- Taí, mas é pra comprar o pão mesmo!... Foi quando o “outro eu” passou a me criticar pela atitude mesquinha com que eu dei aquela moeda. Com o clima de Natal instalado, eu (com o bacalhau que me enchia a boca dágua) na quentinha me esperando, fazendo questão de 1 real para dar a uma miserável... O “outro eu” me lembrou as bandalheiras de Brasília, a proximidade de Natal, a mesa posta aguardando o bacalhau, e eu fazendo questão por um real. Meu “outro eu” que quase não me deixou almoçar direito, explodiu:
- Ora, que se dane se ela foi comprar pão ou cachaça. Um real vai te fazer falta? Então não f...? Quem deveria cuidar desses infelizes não cuida. Deixa de ser mesquinho, cara! O clima do Natal já está no ar!...
Só então pude degustar tranqüilo o tão desejado bacalhau.
Levantei o olhar do chão esburacado da calçada do Palácio da Cultura, que já me tombou em outra ocasião, parei, e me voltei para a dona daquela voz:
- Que foi que a senhora falou?
- Uma moeda, moço! Para comprar um pão...
Eu havia comprado comida num restaurante próximo e, sem necessidade, mas atraído pelo cheiro especial que vinha do bacalhau, acabei gastando mais um pouco com o prato... E, estava no dilema, dar o dinheiro para a mulher “beber cachaça”? Havia sinais, inclusive de machucados pelo rosto da infeliz, tudo levando a crer que se tratava de mais um viciado na bebida. Nesses casos, não costumo dar dinheiro a quem pede, por isso questionei...
- Tem certeza que é para comprar pão, mesmo?
- É sim, moço. Estou sem comer desde ontem.
Era meio-dia. Nas quentinhas, comidas escolhidas e aquele bacalhau que eu não comia há bastante tempo me esperando, e a infeliz da mulher, magra, olhar perdido de quem já não vê mais futuro em nada, e eu, questionando se devo ou não devo dar uma moeda para uma miserável “comprar pão”...
- “Och!...” diriam alguns amigos campistas: “dar dinheiro a uma vagabunda pra tomar cachaça?...” Era a primeira vez que eu via aquele infeliz tão desprezível, vestida de andrajos, com um pano enrolado na cabeça, mais parecendo um vulto saído da escravidão. E eu ali estático, na calçada esburacada, matutando o que fazer...
- ... (a mulher não falou mais nada. Apenas me olhava esperando a minha reação)
- ... (mais alguns segundos, se passaram até que eu tomasse a decisão, que veio com uma advertência:
- Taí, mas é pra comprar o pão mesmo!... Foi quando o “outro eu” passou a me criticar pela atitude mesquinha com que eu dei aquela moeda. Com o clima de Natal instalado, eu (com o bacalhau que me enchia a boca dágua) na quentinha me esperando, fazendo questão de 1 real para dar a uma miserável... O “outro eu” me lembrou as bandalheiras de Brasília, a proximidade de Natal, a mesa posta aguardando o bacalhau, e eu fazendo questão por um real. Meu “outro eu” que quase não me deixou almoçar direito, explodiu:
- Ora, que se dane se ela foi comprar pão ou cachaça. Um real vai te fazer falta? Então não f...? Quem deveria cuidar desses infelizes não cuida. Deixa de ser mesquinho, cara! O clima do Natal já está no ar!...
Só então pude degustar tranqüilo o tão desejado bacalhau.
terça-feira, 24 de novembro de 2009
FOTOCRÔNICA
É natural que a pessoa que escreve traga consigo recordações marcantes da cidade onde nasceu. Comigo não é diferente, e aí está Mossoró, o lugar onde nasci.

Foi nessa importante e iluminada cidade potiguar que eu vivi a minha infância e a adolescência. Uma infância saudável, com direito a irmãos pequenos e animas que faziam a nossa alegria. Foi aí que fiz a primeira comunhão e conclui os estudos básicos.



As transformações da adolescência trouxeram os namoros, as festas do tipo “quadrilhas”, e as de clube, incluindo o Carnaval; além do Tiro de Guerra...



A gente ia crescendo, e assistindo aos amigos partindo para o Rio ou São Paulo, alimentando a idéia de um dia também partir. Nesta foto, um grupo de potiguares, novos no Rio de Janeiro, num viaduto do Aterro do Flamengo. (Na época, o bigodão a la Doutor Jivago era moda, e eu o adotei)...

No final do aterro, próximo ao Aeroporto Santos Dumont, ficava o Restaurante Calabouço, onde estudantes secundaristas como eu se alimentavam e alimentavam um nacionalismo inflamado contra a ditadura militar. Em 68, por exemplo, participei da famosa passeata dos 100 mil, após a morte do estudante Edson Luiz num confronto com a polícia militar. Na foto, estou na 2ª fila, logo atrás dos grandes intelectuais da época que encabeçavam a passeata.

Foto: Evandro Teixeira. JB
Eu não sabia que a grande paixão da minha vida morava no Catete, próximo de mim. Um dia, fatalmente, nos encontraríamos... E, quando isso aconteceu, foi amor à primeira vista. O Parque do Flamengo foi testemunha, servindo de cenário em muitas ocasiões,...

Paixões fulminantes não conseguem esperar. E olha nós aí, na roça, jurando amor eterno. Os parentes e amigos viajaram do Rio, para conferir a “amarração”...



A fase das brincadeiras, das aventuras, passara. Agora tinha que suar a camisa para trazer o pão para casa. Numa época de emprego bons e fartos, entrei para a EMBRATEL, onde convivi durante dez anos com uma turma muito amiga. Gostava do serviço que era completar ligações internacionais, via telex ou telefone, num ambiente onde a camaradagem reinava.


Não demorou muito e, Ricardo veio aumentar a nossa alegria; três anos depois a dose se repete com Rodrigo, os cariocas da família.
O Rio agitado obriga-nos a optar pela tranqüilidade de Campos para criarmos os filhos. Aqui trabalhei um ano na Junta de Conciliação e Julgamento, de onde saí em virtude de “um sonho de criança”: passar num concurso para o Banco do Brasil...

Com a chegada do campista Roberto, a família ficou completa. Mas, essa formação durou apenas 14 anos, quando Deus chamou Neli. Vivemos anos difíceis como todos que já viveram drama semelhante. Felizmente, a minha afinidade com as letras e o meu espírito fraterno, fez com que aos poucos fôssemos retornando à normalidade.
Dentre tantos amigos conquistados ao longo dos anos, sobressai um antigo colega de banco que se destacou como grande poeta e figura de proa na cultura campista e da região. Falo do poeta Antonio Roberto Fernandes cuja convivência, notadamente através do seu Café Literário, e da Academia Pedralva Letras e Artes, muito contribuíram para que me tornasse o homem de letras que hoje sou...


...capaz de transformar uma meia dúzia de fotografias numa Fotocrônica, com o pretexto de exaltar o valor da FRATERNIDADE.

Foi nessa importante e iluminada cidade potiguar que eu vivi a minha infância e a adolescência. Uma infância saudável, com direito a irmãos pequenos e animas que faziam a nossa alegria. Foi aí que fiz a primeira comunhão e conclui os estudos básicos.



As transformações da adolescência trouxeram os namoros, as festas do tipo “quadrilhas”, e as de clube, incluindo o Carnaval; além do Tiro de Guerra...



A gente ia crescendo, e assistindo aos amigos partindo para o Rio ou São Paulo, alimentando a idéia de um dia também partir. Nesta foto, um grupo de potiguares, novos no Rio de Janeiro, num viaduto do Aterro do Flamengo. (Na época, o bigodão a la Doutor Jivago era moda, e eu o adotei)...

No final do aterro, próximo ao Aeroporto Santos Dumont, ficava o Restaurante Calabouço, onde estudantes secundaristas como eu se alimentavam e alimentavam um nacionalismo inflamado contra a ditadura militar. Em 68, por exemplo, participei da famosa passeata dos 100 mil, após a morte do estudante Edson Luiz num confronto com a polícia militar. Na foto, estou na 2ª fila, logo atrás dos grandes intelectuais da época que encabeçavam a passeata.

Foto: Evandro Teixeira. JB
Eu não sabia que a grande paixão da minha vida morava no Catete, próximo de mim. Um dia, fatalmente, nos encontraríamos... E, quando isso aconteceu, foi amor à primeira vista. O Parque do Flamengo foi testemunha, servindo de cenário em muitas ocasiões,...

Paixões fulminantes não conseguem esperar. E olha nós aí, na roça, jurando amor eterno. Os parentes e amigos viajaram do Rio, para conferir a “amarração”...



A fase das brincadeiras, das aventuras, passara. Agora tinha que suar a camisa para trazer o pão para casa. Numa época de emprego bons e fartos, entrei para a EMBRATEL, onde convivi durante dez anos com uma turma muito amiga. Gostava do serviço que era completar ligações internacionais, via telex ou telefone, num ambiente onde a camaradagem reinava.


Não demorou muito e, Ricardo veio aumentar a nossa alegria; três anos depois a dose se repete com Rodrigo, os cariocas da família.
O Rio agitado obriga-nos a optar pela tranqüilidade de Campos para criarmos os filhos. Aqui trabalhei um ano na Junta de Conciliação e Julgamento, de onde saí em virtude de “um sonho de criança”: passar num concurso para o Banco do Brasil...

Com a chegada do campista Roberto, a família ficou completa. Mas, essa formação durou apenas 14 anos, quando Deus chamou Neli. Vivemos anos difíceis como todos que já viveram drama semelhante. Felizmente, a minha afinidade com as letras e o meu espírito fraterno, fez com que aos poucos fôssemos retornando à normalidade.
Dentre tantos amigos conquistados ao longo dos anos, sobressai um antigo colega de banco que se destacou como grande poeta e figura de proa na cultura campista e da região. Falo do poeta Antonio Roberto Fernandes cuja convivência, notadamente através do seu Café Literário, e da Academia Pedralva Letras e Artes, muito contribuíram para que me tornasse o homem de letras que hoje sou...


...capaz de transformar uma meia dúzia de fotografias numa Fotocrônica, com o pretexto de exaltar o valor da FRATERNIDADE.
domingo, 15 de novembro de 2009
LAMENTO PELO MONITOR
Triste, muito triste, a notícia do fechamento do jornal Monitor Campista, de Campos. Não só pelo fato de ser mais uma empresa que deixa dezenas e dezenas de pais de família desempregados numa cidade onde as oportunidades são cada vez mais difíceis, mas, por sentir que o terceiro jornal mais antigo do país, em atividade, ao fechar as suas portas, encerra o ciclo de um jornal que foi testemunha da história campista, atuando sempre com correção e categoria.
O bacana do Monitor começa nas letras do seu título em estilo gótico; passa por colunas como “Campos há 50, 100 e 150 anos”; por matérias isentas de partidarismo político; por um colunismo aberto à criatividade, sem nunca fazer do noticiário policial uma atração. Por tudo isso que o Monitor Campista é tão apreciado pela família campista.
Ao ver as tristes imagens da manifestação de solidariedade em frente à sua sede, com Patrícia, Carla e tantos funcionários em lágrimas, senti um misto de tristeza e de revolta por sentir que a nossa cultura sai ainda mais enfraquecida desse fechamento.
Em momentos assim, eu fico ainda mais melancólico porque inevitavelmente vem à minha mente o “crime” que foi a demolição do Teatro Trianon – símbolo de uma época áurea da cidade! – com toda a sua pompa, e o descaso que acontece com tantos prédios históricos em lamentável estado de conservação que, a persistir a mesma mentalidade, não sobreviverão para mostrar às futuras gerações, o que um dia foi a cidade de Campos...
Infelizmente, parece que preservação da cultura nunca foi o forte da cidade... A mentalidade aqui parece ser outra: “Deu lucro?... derruba! Vende! Que importa o valor histórico de um belo solar, que abrigou figuras históricas, se em seu lugar é possível construir um rentável empreendimento? Às favas com a cultura e a história da cidade!..”
O meu protesto é de um cronista que em 1999 foi colaborador do Monitor. É uma pena que o velho Monitor, por onde passou a nata do jornalismo campista em várias épocas, venha a fechar as portas! Torço por uma possível saída que ainda possa mudar esse quadro sombrio. E, daqui mando o meu abraço de solidariedade ao Jairo e aos demais funcionários do Monitor Campista.
O bacana do Monitor começa nas letras do seu título em estilo gótico; passa por colunas como “Campos há 50, 100 e 150 anos”; por matérias isentas de partidarismo político; por um colunismo aberto à criatividade, sem nunca fazer do noticiário policial uma atração. Por tudo isso que o Monitor Campista é tão apreciado pela família campista.
Ao ver as tristes imagens da manifestação de solidariedade em frente à sua sede, com Patrícia, Carla e tantos funcionários em lágrimas, senti um misto de tristeza e de revolta por sentir que a nossa cultura sai ainda mais enfraquecida desse fechamento.
Em momentos assim, eu fico ainda mais melancólico porque inevitavelmente vem à minha mente o “crime” que foi a demolição do Teatro Trianon – símbolo de uma época áurea da cidade! – com toda a sua pompa, e o descaso que acontece com tantos prédios históricos em lamentável estado de conservação que, a persistir a mesma mentalidade, não sobreviverão para mostrar às futuras gerações, o que um dia foi a cidade de Campos...
Infelizmente, parece que preservação da cultura nunca foi o forte da cidade... A mentalidade aqui parece ser outra: “Deu lucro?... derruba! Vende! Que importa o valor histórico de um belo solar, que abrigou figuras históricas, se em seu lugar é possível construir um rentável empreendimento? Às favas com a cultura e a história da cidade!..”
O meu protesto é de um cronista que em 1999 foi colaborador do Monitor. É uma pena que o velho Monitor, por onde passou a nata do jornalismo campista em várias épocas, venha a fechar as portas! Torço por uma possível saída que ainda possa mudar esse quadro sombrio. E, daqui mando o meu abraço de solidariedade ao Jairo e aos demais funcionários do Monitor Campista.
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