Foi a vitória do obvio: o melhor time, aquele que treinou junto por anos
buscando a perfeição, foi recompensado no templo do futebol mundial, o
Maracanã. É claro que num embate final, a Argentina poderia também ter chegado
lá e nós, como sul-americanos, a despeito da rivalidade boba existente entre
Brasil e Argentina, no fundo, no fundo, ficaríamos felizes por termos um
vizinho como campeão do mundo, já que para nós não deu. Da mesma forma, o
México também nos alegraria se chegasse lá, pela nossa amizade e pelo futebol
que tem apresentado atualmente. Mas, venceu a Alemanha. Foi a consagração do
obvio.
Antes de voltarmos ao nosso dia a
dia, seria interessante recordarmos as atitudes positivas dos participantes do
torneio, coisas que poderíamos perfeitamente copiar no nosso cotidiano. Por
exemplo, os japoneses limpando os estádios após as partidas envolvendo o seu
time. Para um povo que ainda joga restos de comida e latas de refrigerante
pelas estradas, é um belo exemplo que poderíamos copiar.
Outro ato belíssimo de fraternidade e
de agradecimento foi o dos alemães
comemorando o título, imitando, em pleno estádio, a dança dos pataxós, de Santa
Cruz Cabrália, com a taça colocada no centro do gramado e eles dançando em
volta. Não se esqueceram da hospitalidade recebida dos moradores daquela região
baiana durante o torneio.
Se a dança dos “pataxós alemães” para
celebrar a vitória, emocionou a todos como algo positivo, o mesmo não se pode
dizer da atitude fora da lei dos cambistas internacionais, alguns bem próximos
da FIFA, ladrões profissionais tirando proveito da ocasião. E nós brasileiros,
a nossa Justiça, como de costume, prendemos os pretos e os menos importantes na
hierarquia da quadrilha. Já o influente Ray, “brancão, inglezão”, teve a fuga
facilitada e advogado à sua disposição. Coisas do Brasil! Lugar onde políticos
reconhecidamente corruptos vivem alegres e felizes, não sendo ao menos
processados como na França, por exemplo. Tampouco imploram perdão em público
por seus crimes, como em países orientais.
Está claro que numa competição
grandiosa como esta, curiosidades e situações inusitadas aconteceriam a toda
hora, e nós nos surpreendemos sempre. Uma das coisas que mais chamou a atenção
na Copa foi a “invasão” por terra dos nossoshermanos argentinos. Com seus carros,
barracas, famílias e apetrechos a bordo, eles, depois de outras lugares,
aportaram no Rio, lotando o Sambódromo, o Terreirão do Samba e adjacências,
para apoiar à seleção, na busca do título. Assim, os torcedores, cada um com
seus costumes, foram deixando suas marcas por onde passavam pelo nosso país, da
mesma forma como ficaram conhecendo os nossos costumes. Daqui, eles, além da
famosa caipirinha, eles também se empolgaram com o pão de queijo e com a farofa,
que a princípio, alguns chegaram a confundir com areia! Nessa inesquecível
confraternização, muitos turistas, argentinos principalmente, economizaram um
bom dinheiro fazendo as suas refeições a 1 real, no Restaurante Popular, da
Central do Brasil.
O placar para esta fantástica festa
popular, em que o povo brasileiro teve a oportunidade de repartir com povos do
mundo inteiro, foi de 10 para a hospitalidade e simpatia do nosso povo (já
demonstradas antes na Jornada Mundial da Juventude) e 0 para os resquícios de
arrogância demonstrados por alguns dos chefões da festa, entre eles, o poderoso
Felipão, que não reconheceu seus erros; além dos erros, foi deselegante com
jornalistas e mandou quem não estivesse gostando (o povo!) pro inferno!
E, do erro do Felipão e equipe
(Alemanha 7 x 1 Brasil) a nossa mais sofrida constatação foi de que, o gol
sofrido por Barbosa na copa de 1950, não era motivo para cobrança tão
implacável e humilhante em cima de um excelente e dedicado goleiro como ele.
O resto é a certeza de que agora
depois de 1 mês repleto de alegrias, sonhos, vitórias; mas, também, de emoções,
lágrimas e tristezas, a vida, para nós brasileiros, retorna ao seu ritmo
normal.