Todos nós sabemos que o brasileiro gosta de ter boa vida. Isso, aliado a falta de estrutura do setor nos lugares mais distantes deste país, levou profissionais da área médica a rejeitar as propostas do governo para atuarem no interior. Aí, para limpar a barra, suja desde a copa das confederações, quando veio à tona a diferença entre o luxo dos novos estádios de futebol e os arremedos de hospitais e postos médicos caindo os pedaços no interior do país, sem a mínima estrutura para atender pacientes, os “cérebros” do governo acharam que o problema estaria solucionado com a importação de médicos, a maior parte, de Cuba. Quem assiste pela TV as necessidades do setor nas áreas mais carentes, constata que a solução não está apenas em suprir a falta de médicos, sejam eles brasileiros ou estrangeiros. Acredito que, instalações adequadas, equipamentos modernos, remédios, além de uma boa dose de dedicação e de humildade por parte dos profissionais (coisas implícitas nos juramentos dos formandos), bastariam para que inexistisse, ou fosse bem menor o problema com os médicos brasileiros que, atualmente, resistem a essa convocação. Os nossos formandos que, em geral, optam por atuar nas grandes cidades, muitas vezes desistem do sonho do curso, por outra atividade: dão aulas, assumem a direção de negócios da família, evitando assim se arriscar à vergonhosa ciranda dos que acumulam 3, 4, às vezes até mais empregos, em busca da boa vida... pois, não é fácil atender a tantos compromissos esquecendo, agindo sem escrúpulos, muitas vezes entrando em jogadas, esquemas sujos (coisa tão banal no país, nos dias atuais!), avessos ao sofrimento daqueles que buscam socorro médico e tantas vezes morrem pelo não atendimento...
Há os que culpam a falta de seriedade dos brasileiros aos degredados portugueses que, na época dos descobrimentos, eram enviados à Colonia para cumprimento de pena. Mas, será que passados todos esses séculos, não houve nenhuma depuração nessas índoles? Brasília, por exemplo, tornou-se um modelo de pouca vergonha. No entanto, seria injusto não assinalar que nos canais TV Câmara, TV Senado e TV Justiça, a gente descobre que no meio do flagelo da corrupção do péssimo exemplo dado por homens públicos, há sempre bons elementos dispostos a lutar pela Pátria. Alguns políticos tradicionais que se juntam outros, jovens e inflamados, no judiciário há quem queira trabalhar com lisura, dando exemplos de seriedade, igualando todos no cumprimento da Lei.
Infelizmente, nós temos o hábito de copiar de outras nações apenas o fácil, o fútil, o que não dá trabalho e rende bom dinheiro. No entanto, há tanta coisa importante que poderíamos “importar” de outros povos, e que contribuiria para transformar o Brasil, numa moderna Nação. A política séria! Por exemplo, o socialismo da Suécia, onde os político não são tratados com as regalias com que são tratados os brasileiros; o bipartidarismo de tantas grandes nações; o sistema penitenciário e as leis dos Estados Unidos cumpridas rigorosamente; a seriedade, do Japão ou da Suíça no trato com a coisa pública, praticado em países de mínimas áreas geográficas. Até mesmo leis rigorosas de alguns países árabes já davam para ser “importadas”, para combater a bagunça da nossa lei onde só é beneficiado quem possui dinheiro...
Raras nações do mundo podem competir em tamanho e riquezas minerais ou agrícolas que a mãe Natureza e os portugueses nos contemplaram. Riquezas em profusão, espaços que poderia acomodar famílias com dignidade, sem precisar ferir as poucas matas que restam nos grandes centros. Com honestidade, planejamento, sem “toma lá, dá cá”, nem “é dando que se recebe”, nem tantas mazelas que atacam como vírus feroz os homens públicos do Brasil, poderíamos resolver os nossos problemas utilizando nossos próprios cidadãos além de transformarmos enfim este país numa grande Nação.