"Ao fim das crônicas conheça os poemas do autor"

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sexta-feira, 21 de setembro de 2012

RETORNO DO CAFÉ AO PALÁCIO

Na noite de 30.08.12, quando o Café Literário foi convidado a retornar ao seu espaço original no Palácio da Cultura de Campos, fiz o seguinte pronunciamento, para os que, emocionados, participavam da reunião:


Senhoras e Senhores,

A vida é uma sucessão de acontecimentos, pessoas, lugares. Vamos passo a passo, a cada dia, galgando os nossos bons e não tão bons momentos. Conhecemos lugares, pessoas, participamos de acontecimentos. Hoje, aqui no Palácio da Cultura, eu participo de um acontecimento memorável: A volta do Café Literário ao seu lugar de origem. Isto vem a ser o reconhecimento do belíssimo trabalho literário apresentado durante oito anos consecutivos por este grande homem que foi o poeta Antonio Roberto Fernandes.

No início da década passada, estava eu abalado pelos anos de padecimento e pela morte, em junho de 2000, da minha esposa Neli. Triste, melancólico com o acontecido, tive a chance de conhecer um movimento cultural em curso na cidade, onde pontuava o poeta Antonio Roberto, com seus poemas marcantes, seu carisma e a capacidade de aglutinar admiradores. O Café Literário do poeta foi a minha muleta, o meu amparo que ajudou a suportar perda tão grande... Dentro da Cultura local, o poeta foi uma pessoa que na sua imensa simplicidade conseguiu atrair para o seu "café" muitos amantes da literatura e da cultura, dividindo com todos seu conhecimento e sua alegria, no agradável encontro que era levado no Palácio da Cultura todas as quintas feiras.

Assim, foram 8 anos de grandes atuações, aqui e em outras salas da região, com importantes participações nacionais como Adélia Prado e Ferreira Gullar. Em determinada ocasião, tivemos o privilégio de acompanhá-lo ao Rio de Janeiro para receber um prêmio que o seu "sarau" havia ganho. Era assim, o Café do poeta. Café que, sob o seu comando, difundia cultura e descobria valores tantas vezes escondidos, nesta vasta planície goitacá.

Mas, tudo na vida acaba um dia e, como no dito popular, "o que é bom, dura pouco". O poeta que foi um ícone na cultura campista após um mês de padecimento num leito hospitalar, morre... deixando órfãos de poesia e de cultura nós, os seus amigos e admiradores, e por que não dizer, toda a cidade de Campos e o norte fluminense.

"O Café Literário morreu com o poeta!" Por algum tempo, a frase dita por alguém influente na cultura local, procurava (quem sabe?) acabar com o movimento criado pelo poeta. Apesar da convicção com que fora pronunciada, uma dezena de frequentadores daquele incrível sarau, mostraram que a realidade poderia ser outra... E, fizeram um pacto. Fariam novas reuniões em qualquer lugar, nem que fosse debaixo da ponte... Hoje, quatro anos após a morte do poeta, o novo café literário volta a ser convidado para retornar ao seu lugar original. E, com muito garbo, para mostrar a sua arte, aqui estão os antigos companheiros, os amantes das letras e da cultura, os familiares, todos para reverenciar o poeta Antonio Roberto e a sua obra que há tantos anos leva cultura e literatura, contribuindo para o saber e a alegria de todos, inclusive do próprio poeta que, lá de cima, certamente estará vibrando pelo auspicioso acontecimento. Salve Poeta!

sábado, 1 de setembro de 2012

CANGAÇO NACIONAL?

Em criança eu me assustava com as histórias que ouvia sobre Lampião e seu bando: as suas atrocidades no sertão nordestino. A "lei do cangaço" era perversa e as sentenças para quem ousasse desafiá-las eram ainda mais cruéis. Iam das mutilações à morte, e a execução (em geral, para servir de exemplo!), era feita sem dó nem piedade. Durante muitos anos o bando espalhou o terror pela região. Por medo, respeito ou admiração, importantes fazendeiros ou gente de poder, em posições geograficamente estratégicas, davam-lhes cobertura, acoitando-os nos seus deslocamentos. Além disso, acostumados ao clima inóspito da região, o grupo também se protegia em grutas escondidas por vegetação seca e retorcida, debaixo de um sol inclemente. Foi justamente num lugar como esse, que o bando de Lampião foi pego de surpresa e exterminado, acabando com o reinado e a fama do Rei do Cangaço. Suas cabeças, durante muitos anos, foram expostas como troféus em Salvador...
Nos dias atuais, o desgoverno, a impunidade, a "lei de Gérson", levam-nos a um panorama que, em alguns casos, se assemelham àqueles terríveis anos de cangaço. Com uma diferença: o clima de pânico já não está mais circunscrito ao Nordeste dos anos 20. Tristemente, concluímos que ele alcança toda a nação, com bandos tão aterrorizantes quanto o do Capitão Virgulino Ferreira. As famílias brasileiras não podem mais sair à noite, frequentar shoppings ou restaurantes. Os jovens para frequentar escolas noturnas correm sérios riscos. Pessoas inocentes viram presas fáceis desses novos cangaceiros, e uma vez dominadas ficam sujeitas aos crimes mais cruéis de que se tem notícia... jovens que cedo entram para a delinquência, acabam virando líderes do terror. E, quando a gente pensa já ter visto de tudo, uma "Maria Bonita" moderna ganha as manchetes policiais ao matar, esquartejar e tentar dar sumiço ao corpo do seu companheiro...
A gente fica a meditar: O que está acontecendo? É a facilidade de corromper com o dinheiro público? É o poder das drogas? É a falta de acompanhamento familiar? É a Educação errada? É a falta de Deus? - "Falta de Deus", não era para ser... Com milhares de novas igrejas arrebanhando multidões com a mágica dos incríveis milagres, com a promessa do enriquecimento rápido, com a "moleza" ambicionada, por elas prometida! Algumas coisas, porém podemos constatar: há muito tempo, o Trabalho no Brasil deixou de ser virtude, para se tornar "coisa de trouxa"; o Estudo foi trocado por reallity shows, que proporcionam ganhos glamourosos (moeda de fácil troca!), e a Política, em época de economia complicada, acabou se tornando o meio "mais fácil e seguro" de se enriquecer...
A cada dia a coisa fica mais esquisita na nossa sociedade.. O que vemos hoje, são os bandidos que estão cada vez mais armados com armas poderosas, ultramodernas tomando conta das ruas enquanto as famílias tornam-se prisioneiras nos seus próprios lares. Quem pensou que em apartamentos ou condomínios estava protegido, se enganou redondamente. Assim como quem imaginou que indo para o interior estaria salvo, também se enganou. Porque, aparentemente, até agora, parece que os nossos códigos foram concebidos somente para dar proteção a bandidos. Porque a Lei brasileira não distingue o dinheiro sujo do ganho honestamente. E, advogados brilhantes posam ao lado de ladrões, mesmo sabendo que não está defendendo gente honesta e os honorários que receberão provém do crime. Enfim, esquecemos que estamos no Brasil...
Mas, ALELUIA! Parece que tem luz cintilante brilhando no fim do longo túnel negro da corrupção e da impunidade brasileira; Da legislação que distingue muito bem a lei dos poderosos, dos colarinhos brancos, da lei dos miseráveis, dos ladrões de galinha... Três processos em andamento no Judiciário e no Legislativo sinalizam com bons resultados para todo e qualquer brasileiro porque, afinal, pela nossa Lei Magna somos todos iguais. Ou, não?... Como temos mania de copiar a fantasia e a futilidade que acontecem no exterior, nos EUA em primeiro lugar, seria muito importante se ao lado do MENSALÃO, que o Supremo está julgando para servir como modelo de honestidade; do CACHOEIRA, que torcemos para que siga a mesma linha; e da reforma do caduco Código Penal, com o que esperamos dotar o país de legislação moderna, severa e que doravante possa cumprir corretamente a sua finalidade.