O jornalista Chico Pinheiro tem produzido uns saraus para homenagear artistas vivos ou que já partiram para a outra vida, mas que completam no ano corrente uma data redonda (50, 70, 100 anos, por exemplo) contando para isso com depoimentos de amigos e familiares dos homenageados. Aqui mesmo no painel eu, nesse novo formato do blog, já reproduzi a sua bela homenagem/sarau para homenagear os 100 anos de nascimento de Luiz Gonzaga.
Outro grande artista provavelmente já homenageado pelo Chico Pinheiro é o também pernambucano como o Rei do Baião, que chegou ao Rio de Janeiro bem jovem, tornou-se jornalista, apaixonou-se pelo futebol e pelo modo de vida do carioca, que ele retratou como nenhum outro nas suas magníficas peças teatrais.
Como jornalista e torcedor apaixonado do Fluminense, levou para as páginas do jornal o clima, a epopeia dos grandes encontros cariocas entre o seu clube de coração e o Flamengo, o Vasco e o Botafogo, tratando-os sempre de maneira inflamada, de acordo com a paixão de cada time. Grandes ídolos, como Roberto, do Vasco, e Rivelino, do Fluminense, mereceram crônicas imortais do Nélson Rodrigues.
Porém, tão ou mais apaixonante que a sua torcida pelo futebol, foi o seu amor pelo teatro. Retratando nos seus textos teatrais, os conflitos sentimentais entre membros da família carioca, numa época em que os relacionamentos eram mais discretos, ele conseguiu tocar nas feridas sociais, trazendo a baila assuntos como adultério, relações homossexuais, traições, dia a dia dos bordéis e de "inocentes" colegiais, com a maestria que só os grandes dramaturgos poderiam conceber. A sua criação com "Vestido de Noiva" é tida como um marco, uma revolução no teatro brasileiro. Nélson Rodrigues é um desses escolhidos por Deus para inovar, tirar do marasmo a sua arte, assim como o foram nas suas concepções, os poetas Manoel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade, bem como o também centenário neste ano, o romancista Jorge Amado.
Nélson Rodrigues também se notabilizou na construção de frases que ficaram, às vezes cunhadas com uma certa irreverência ou crueza, mas sempre com criatividade. Uma das mais conhecidas e que eu também admiro muito é a que diz: "Toda unanimidade é burra!" Nada mais simples, óbvio e democrático, não é verdade?...