Há muito tempo eu não me deliciava tanto com um programa de televisão como agora com o “Esquenta”, comandado pela Regina Casé. É aos domingos, no horário do almoço, na TV Globo. Não somente dou boas risadas como, muitas vezes, me emociono com fatos que subitamente surgem no programa, sem que haja intenção de alavancar índice de audiência da atração. Regina passeia pelo programa como quem recebe convidados para uma grande festa. Como a própria apresentadora fala: - Pode chegar! Ou seja, é atração, é do gosto do povo, pode chegar. Deixe a “máscara” lá fora e entre... O bom do “Esquenta” é a autenticidade dos convidados e da própria Regina, no trato com cada um...
Gosto do programa do Ratinho como gostava do programa do Chacrinha. Gosto de música, de brincadeira, de alegria. Mas, Ratinho, não sei porque razão, deu para inserir clips do Mundo Animal que, a meu ver não tem nada a ver com o espírito, do seu programa. No “Esquenta”, por exemplo não sinto espaço para tratadores atacados por fera, ou felinos africanos perseguindo, matando e se alimentando de presas que, na verdade ali estão para esta função. No entanto, assistir a uma violência num programa científico é bem diferente do que vê-la num programa que a gente liga para se divertir. Da mesma forma acredito que a violência que Datena e seus seguidores utilizam como forma de aumentar a audiência, nunca terão vez no “reino” mágico da Regina Casé. Porém numa sociedade desigual como a nossa, eles em determinados horários podem até ser programas úteis.
Tenho amigos que dizem que eu tenho bronca da TV Globo. Não é verdade. Eu falo aquilo de que eu gosto. Não fiquei feliz ao ver Derci Gonçalves, anos e anos na geladeira (pode até ser ato de profissionalismo global, mas, certamente, nada tem a ver com o espírito brasileiro) impedindo as apresentações da extraordinária atriz; também não fiquei feliz quando ela foi parcial no BBB, expulsando apenas um por discutível estupro, prática essa que ela tanto incentiva, criando ambiente propício para tal... Hoje, a parceira do delito continua a abraçar, beijar a ir para baixo de edredons, além de se deliciar com o “pênis imenso” de outro participante, tudo com o aval do “poeta” Pedro Bial que a todo momento chama os telespectadores brasileiros para dar uma espiadinha... Também as novelas globais, que só agora outras emissoras resolveram copiar, continuam copiando umas as outras (quem viu Nazaré, em Senhora do Destino, pode até pensar que ela tenha reencarnado em Teresa Cristina, da atual novela das 9,00, não é verdade? E, o que falar do sumiço da Fátima Bernardes?...
Pois é, a gente muitas vezes se admira de uma ou outra atitude radical, talvez até importada, da Venus Platinada. Mas, quem pensou que eu tinha bronca da Globo, aqui estou eu para parabenizá-la por uma produção sensacional: inteligente e empolgante, sem precisar deixar de ser família e autenticamente nacional. Programa que emociona sem precisar apelar, e enleva o nosso espírito por sua capacidade de emocionar!
Como numa gigantesca festa a “rainha” Regina acolhe seus súditos de maneira respeitosa, calorosa, transformando, ao lado do Arlindo Cruz e outros, o nosso domingo numa autêntica festa brasileira. Que os “cérebros”globais se dignem conservá-la por muitos e muitos anos. Amém!
"Ao fim das crônicas conheça os poemas do autor"
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segunda-feira, 12 de março de 2012
sábado, 3 de março de 2012
CINE PAX, DE MOSSORÓ
Recentemente, tivemos uma nova premiação do Oscar para a escolha dos melhores do cinema. E, não é que Merryl Streep ou Glenn Close não sejam atrizes excepcionais, merecedoras dos maiores prêmios. Mas o cinema no contexto atual é uma coisa tão singela em relação a algumas décadas atrás...
Antes da televisão, tudo girava em torno do cinema. Em cidades pequenas eles eram certamente as atrações maiores. Lembro-me sempre dos grande filmes que assistia no Cinema Pax, de Mossoró.
O ritual era o mesmo, mas fascinava sempre. A música cessava; as luzes coloridas do imenso salão aos poucos iam se apagando; apenas uma meia-dúzia delas continuavam acesas para garantir a penumbra; “O Guarani” crescia nos seus acordes; e a gigantesca cortina abria-se lentamente para dar início ao espetáculo.
Não me lembro do primeiro filme ao qual assisti, mas com certeza, terá sido um daqueles bang-bangs que antecediam ao seriado, nas vesperais barulhentas de domingo. As vesperais eram em preto e branco. Filme colorido só em sessão noturna. Muito cedo, porém, eu comecei a assistir à sessão das sete. “O Maior espetáculo da terra” foi um dos primeiros. Um filme fantástico, do qual ainda guardo lembranças. Além da cor e da movimentação de um grande circo em turnê pelos Estados Unidos, havia o drama sentimental do palhaço Botões. Foi o primeiro filme sério a que assisti. Na época, além dos musicais da Metro, muitos filmes juvenis como “Carrossel”, “Férias no Havaí” eram frequentes no Pax. Em geral eram filmes que apresentavam o “way of life” da juventude americana: dourada, alegre, rica... De repente, o avesso da história, com Marlon Brando e James Dean, em filmes que retratavam outra realidade...
“Museu de Cera”. Foi o meu primeiro filme de terror. O vilão matava mocinhas incautas e as cobria de cera, transformando-as em belas peças de museu. As pessoas, em certas cenas se assustavam, soltando gritos de horror. Hichcock, em seguida, também assustaria muita gente com os seus filmes de suspense.
No início do Cinemascope, os bíblicos foram muito admirados. “O Manto Sagrado”, “Os Dez Mandamentos”, e clássicos, como Sansão e Dalila e “Salomé”, em que Rita Hayorth, mostrava toda a sua beleza e resplandecia na dança dos sete véus, desnudando-se para Herodes...
As chanchadas, comédias nacionais onde estrelavam Oscarito, Grande Otelo, Eliana e tantos outros, lotavam os cinema. Sem grandes recursos técnicos, elas agradavam pela alegria que conseguiam passar com muito samba, ingenuidade, brejeirice... A Atlântida era a produtora do Rio de Janeiro. Já de São Paulo, os filmes vinham através da Vera Cruz que chegou a produzir clássicos como “O Cangaceiro”, “Sinhá Moça”, além dos alegres filmes de Mazzaroppi.
Depois, vim para o Rio; depois, veio a Revolução; e os “meus” filmes foram se tornando mais raros, sendo substituídos por outras atrações ou atividades.
Os tempos mudaram, o velho Pax resistiu o quanto pode à concorrência da televisão e às investidas de novas religiões e supermercados, chegando até à fase do “pornô”... para sobreviver. Na minha última viagem, pude constatar que o templo da magia do cinema na cidade abriga agora uma das maiores lojas de roupas femininas do país. São as transformações que o progresso e o modernismo nos impõem. Fazer o quê?!...
Antes da televisão, tudo girava em torno do cinema. Em cidades pequenas eles eram certamente as atrações maiores. Lembro-me sempre dos grande filmes que assistia no Cinema Pax, de Mossoró.
O ritual era o mesmo, mas fascinava sempre. A música cessava; as luzes coloridas do imenso salão aos poucos iam se apagando; apenas uma meia-dúzia delas continuavam acesas para garantir a penumbra; “O Guarani” crescia nos seus acordes; e a gigantesca cortina abria-se lentamente para dar início ao espetáculo.
Não me lembro do primeiro filme ao qual assisti, mas com certeza, terá sido um daqueles bang-bangs que antecediam ao seriado, nas vesperais barulhentas de domingo. As vesperais eram em preto e branco. Filme colorido só em sessão noturna. Muito cedo, porém, eu comecei a assistir à sessão das sete. “O Maior espetáculo da terra” foi um dos primeiros. Um filme fantástico, do qual ainda guardo lembranças. Além da cor e da movimentação de um grande circo em turnê pelos Estados Unidos, havia o drama sentimental do palhaço Botões. Foi o primeiro filme sério a que assisti. Na época, além dos musicais da Metro, muitos filmes juvenis como “Carrossel”, “Férias no Havaí” eram frequentes no Pax. Em geral eram filmes que apresentavam o “way of life” da juventude americana: dourada, alegre, rica... De repente, o avesso da história, com Marlon Brando e James Dean, em filmes que retratavam outra realidade...
“Museu de Cera”. Foi o meu primeiro filme de terror. O vilão matava mocinhas incautas e as cobria de cera, transformando-as em belas peças de museu. As pessoas, em certas cenas se assustavam, soltando gritos de horror. Hichcock, em seguida, também assustaria muita gente com os seus filmes de suspense.
No início do Cinemascope, os bíblicos foram muito admirados. “O Manto Sagrado”, “Os Dez Mandamentos”, e clássicos, como Sansão e Dalila e “Salomé”, em que Rita Hayorth, mostrava toda a sua beleza e resplandecia na dança dos sete véus, desnudando-se para Herodes...
As chanchadas, comédias nacionais onde estrelavam Oscarito, Grande Otelo, Eliana e tantos outros, lotavam os cinema. Sem grandes recursos técnicos, elas agradavam pela alegria que conseguiam passar com muito samba, ingenuidade, brejeirice... A Atlântida era a produtora do Rio de Janeiro. Já de São Paulo, os filmes vinham através da Vera Cruz que chegou a produzir clássicos como “O Cangaceiro”, “Sinhá Moça”, além dos alegres filmes de Mazzaroppi.
Depois, vim para o Rio; depois, veio a Revolução; e os “meus” filmes foram se tornando mais raros, sendo substituídos por outras atrações ou atividades.
Os tempos mudaram, o velho Pax resistiu o quanto pode à concorrência da televisão e às investidas de novas religiões e supermercados, chegando até à fase do “pornô”... para sobreviver. Na minha última viagem, pude constatar que o templo da magia do cinema na cidade abriga agora uma das maiores lojas de roupas femininas do país. São as transformações que o progresso e o modernismo nos impõem. Fazer o quê?!...
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