Palavra
Existe em mim algo forte
(que só agora descobri)
Possui da nobreza o porte
E tem leveza de colibri.
Algo em mim transmite paz
Diz coisa que alivia a dor
Lamenta sonhos de jamais
E fala versos de amor.
Esse algo, às vezes, em mim
Feito uma arma, uma foice
Ou de uma bomba, o estopim
Pode zangar-se, dar coice.
Esta força tão impulsiva
Que, de graça, Deus me deu
Força que clama, força viva
Emana do coração meu.
A força que em mim descobri
Tal qual o ouro de lavra
É o giz, meu bisturi
Qual o seu nome? PALAVRA!
"Ao fim das crônicas conheça os poemas do autor"
...
terça-feira, 13 de janeiro de 2009
Poema do livro Em família
A família
Apesar da modernidade, do desamor,
da invasão do lixo televisivo,
há de prevalecer a família.
Ela - capenga, caolha, partida -
a base da vida!
Suporte para vôos maiores!
Mesmo com as futricas, as ciumadas,
as mazelas;
pois, nem todos são obrigados
a ter formação de príncipes
(até porque, constata-se: há muita podridão
na realeza).
Há de prevalecer a família solidária!
Aquela que briga unida
e que, se separada, reza pela felicidade do filho
ausente.
Apesar da modernidade, do desamor,
da invasão do lixo televisivo,
há de prevalecer a família.
Ela - capenga, caolha, partida -
a base da vida!
Suporte para vôos maiores!
Mesmo com as futricas, as ciumadas,
as mazelas;
pois, nem todos são obrigados
a ter formação de príncipes
(até porque, constata-se: há muita podridão
na realeza).
Há de prevalecer a família solidária!
Aquela que briga unida
e que, se separada, reza pela felicidade do filho
ausente.
Crônica do livro A ponte
UM MENDIGO NA FESTA REQUINTADA
Dezembro de 2003, Festa de encerramento do ano na Academia Campista de Letras. Apesar do convite não exigir traje especial, os participantes se esmeravam nos modelos e nos perfumes. Eles chegavam, assinavam o ponto e, formando pequenos grupos, confabulavam espalhados pelo auditório.
Não demora e a solenidade tem inicio, com o apresentador passando a palavra à presidente. Esta faz um balanço do seu trabalho à frente daquela casa de cultura. Na seqüência, acadêmicos fazem uso da palavra discorrendo sobre o Natal, já que a data do nascimento de Jesus, que se aproximava, dava motivo aos pronunciamentos. Longas ou breves, as falas se sucediam, algumas conseguindo emocionar os presentes.
De repente, as pessoas se voltam para um mendigo que, adentrando o auditório, vai sentar-se na primeira fila. Com ar de deslumbrado, ele assiste às apresentações. A parte da oratória já se encaminhava para o final quando ele, movido a algumas doses de cachaça (ou sei lá o quê!) pede para declamar um poema de sua autoria. Surpresa geral. Uma festa tão brilhante como aquela poderia se atrapalhada pela interferência de um reles mendigo? Ou, um desvalido da sorte estaria naquela noite, tortuosamente, se reencontrando com os seus talentos literários? O certo é que numa Festa Natalina, quando todos têm o coração "mole", o mendigo venceu.
No parlatório, ele balbuciou palavras sem nexo. Mesmo assim, ao final, foi aplaudido como se tivesse pronunciado brilhante discurso. Agradeceu os aplausos e voltou a sentar-se na primeira fila onde, além da visão privilegiada dos oradores, dava para admirar a atraente mesa de salgados que aguardava a hora do coquetel. Não demora, os pronunciamentos chegam ao final e o apresentador convida a todos para o momento gastronômico. Na mesa, bandejas com todo tipo de salgadinhos aguçavam o apetite dos comuns. Imaginem de um mendigo! A essa altura, garçons com suas bandejas faziam malabarismos pelo salão. Todos comiam e se confraternizavam. menos o mendigo. Faminto e cansado de só olhar, ele se dirige à mesa, furando uma muralha de elegantes e perfumados convivas. Logo, os olhares duros; logo, o distanciamento. A professora Armonia foi quem, num gesto de caridade e solidariedade, habilmente contornou a situação, providenciando um pratinho de salgados e refrigerante para o estranho.
"Tive fome e me alimentaste"!" Tive sede, e me deste de beber"! Neste momento a festa se completava. Festa digna do aniversariante!
Dezembro de 2003, Festa de encerramento do ano na Academia Campista de Letras. Apesar do convite não exigir traje especial, os participantes se esmeravam nos modelos e nos perfumes. Eles chegavam, assinavam o ponto e, formando pequenos grupos, confabulavam espalhados pelo auditório.
Não demora e a solenidade tem inicio, com o apresentador passando a palavra à presidente. Esta faz um balanço do seu trabalho à frente daquela casa de cultura. Na seqüência, acadêmicos fazem uso da palavra discorrendo sobre o Natal, já que a data do nascimento de Jesus, que se aproximava, dava motivo aos pronunciamentos. Longas ou breves, as falas se sucediam, algumas conseguindo emocionar os presentes.
De repente, as pessoas se voltam para um mendigo que, adentrando o auditório, vai sentar-se na primeira fila. Com ar de deslumbrado, ele assiste às apresentações. A parte da oratória já se encaminhava para o final quando ele, movido a algumas doses de cachaça (ou sei lá o quê!) pede para declamar um poema de sua autoria. Surpresa geral. Uma festa tão brilhante como aquela poderia se atrapalhada pela interferência de um reles mendigo? Ou, um desvalido da sorte estaria naquela noite, tortuosamente, se reencontrando com os seus talentos literários? O certo é que numa Festa Natalina, quando todos têm o coração "mole", o mendigo venceu.
No parlatório, ele balbuciou palavras sem nexo. Mesmo assim, ao final, foi aplaudido como se tivesse pronunciado brilhante discurso. Agradeceu os aplausos e voltou a sentar-se na primeira fila onde, além da visão privilegiada dos oradores, dava para admirar a atraente mesa de salgados que aguardava a hora do coquetel. Não demora, os pronunciamentos chegam ao final e o apresentador convida a todos para o momento gastronômico. Na mesa, bandejas com todo tipo de salgadinhos aguçavam o apetite dos comuns. Imaginem de um mendigo! A essa altura, garçons com suas bandejas faziam malabarismos pelo salão. Todos comiam e se confraternizavam. menos o mendigo. Faminto e cansado de só olhar, ele se dirige à mesa, furando uma muralha de elegantes e perfumados convivas. Logo, os olhares duros; logo, o distanciamento. A professora Armonia foi quem, num gesto de caridade e solidariedade, habilmente contornou a situação, providenciando um pratinho de salgados e refrigerante para o estranho.
"Tive fome e me alimentaste"!" Tive sede, e me deste de beber"! Neste momento a festa se completava. Festa digna do aniversariante!
Poema selecionado pela FEBRABAN para fazer parte do "Banco de Talentos", edição 1995.
COMO UM PASSARINHO
Abandonado, o menino
está na rua.
O menino de rua
fere a estética do local.
- Incomoda!
O menino de rua
brinca a sua infância na rua.
- Incomoda!
O menino de rua
cheira cola, se engana.
- Incomoda!
O menino de rua
pede esmola.
- Incomoda!
O menino de rua
rouba.
- Incomoda!
O menino de rua
é indefeso, porém livre
- Incomoda!
E, (solução simplista)
como tudo que incomoda
se elimina,
o menino de rua é abatido
como se abate um passarinho.
Abandonado, o menino
está na rua.
O menino de rua
fere a estética do local.
- Incomoda!
O menino de rua
brinca a sua infância na rua.
- Incomoda!
O menino de rua
cheira cola, se engana.
- Incomoda!
O menino de rua
pede esmola.
- Incomoda!
O menino de rua
rouba.
- Incomoda!
O menino de rua
é indefeso, porém livre
- Incomoda!
E, (solução simplista)
como tudo que incomoda
se elimina,
o menino de rua é abatido
como se abate um passarinho.
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